O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os adjetivos e as qualificações do Presidente Lula foram os mais variados nesta Casa. Hoje, quero apresentar mais um: Lula, o sabidinho. Lula, o sabidinho, aquele que marca viagens políticas e administrativas para não pagar transporte, combustível, hotel para si e para sua entourage. É assim que está vivendo o Brasil.

Acredito que o Tribunal Superior Eleitoral, tomando conhecimento desse assunto, vai fazer uma advertência - gentilmente, como sempre faz o Ministro Marco Aurélio, que é, sem dúvida, um ponto alto da Justiça brasileira. É um homem de coragem, de saber e que, sobretudo, sabe a hora de advertir. Ainda há pouco, S. Exª fez uma advertência sobre propagada enganosa. Propaganda enganosa, Sr. Presidente, é sinônimo do Dr. Lula, que só faz mentir. Mente, como se dizia antigamente, que não sente. E, assim, fica enganando o povo na televisão.

Hoje tenho vários assuntos a tratar, inclusive, escalei seu time verdadeiro - os que estão aparecendo na televisão não são os titulares. Os titulares são: Okamotto, talvez o goleiro; Delúbio Soares; Marcos Valério; o meu amigo José Dirceu, Silvio Pereira, Waldomiro Diniz; o Ministro vampiro, autor de tudo isso que está aí, dos sanguessugas; o Cirillo; o Zé Guimarães, que fez chegar a si os dólares na cueca; Ivan Guimarães, do Banco Popular; e mais quatro ou cinco reservas. Estão aqui. Esse é o time. O técnico é o Lula, o goleiro é o Okamotto, e é esse time que faz com que ele, no dia de ontem, ou melhor, anteontem, tenha feito mais uma humilhação ao ex-Presidente da Câmara João Paulo. João Paulo, coitado, teve de ficar escondido no palanque. Enquanto isso, ele se reunia com os artistas. E eu faço questão de dar para transcrição a crônica de quem assistiu ao Ministro da Cultura, Gilberto Gil - oh! Deus, infelizmente baiano - reunir os seus colegas artistas; e foram muito poucos. Os artistas brasileiros estão de parabéns porque não aceitaram o convite do Ministro Gilberto Gil, que é muito bom sujeito, é engraçado, um bom amigo - me dou muito bem com ele e mais ainda com a Flora -, mas, na realidade, ele ganha muito nesses shows mais do que realiza na pasta da Cultura.

Mas foi um fracasso. Mas, além do fracasso, ele se comparou a Fidel Castro. Ele fez xingamentos a algumas pessoas. Pediu uma homenagem a José Dirceu, a José Mentor e a José Genoíno - isso o ator José de Abreu - “todos envolvidos no escândalo do mensalão” - diz Mônica Bergamo. “O Presidente aplaudiu. Na saída, Abreu perguntou a Lula: “Estraguei a festa?” E o Presidente: “Não, não. Não podemos renegar as amizades que temos.”

O Presidente renegou a amizade, publicamente, na televisão. Ele disse que não tinha nada com José Dirceu, nada com o Palocci, nada com esse time todo que forma a seleção do PT no País e no seu Governo.

Isto não foi só Mônica Bergamo. Este grande jornalista, que apesar de eu discordar dele aqui e ali - ele também discorda de mim - Clovis Rossi, no artigo “De ataques e quadrilha” da Folha de S.Paulo de hoje, produz um artigo primoroso a respeito do Presidente do PT, de João Paulo e de muitos outros.

Confesso que esse artigo é uma das melhores coisas que eu li em matéria jornalística; sequer o estou examinando, mas é de quem sabe escrever. Daí por que peço a transcrição deste artigo também: “De ataques e quadrilha”. Não pode deixar de constar dos Anais desta Casa a posição do jornalista Clovis Rossi.

É engraçado! O Presidente está tão animado do ponto de vista econômico! Hoje eu vi vários artigos contra a política econômica do Governo, falando do desastre que vai ser. Diz a manchete do jornal O Globo: “Banco Mundial vai negar dinheiro a país corrupto”. E enquadra o Brasil como um país corrupto. E enquadra muito bem quando diz: “...agravou sua situação, caindo da 59ª para a 62ª posição”. Piorou a corrupção no Brasil no Governo Lula. Está aqui. É o Banco Mundial que apresenta.

E o destaque do dia, os jornais hoje enfatizam, é a corrupção. O Globo: “Banco Mundial vai negar dinheiro a país corrupto”. No Governo do PT, Lula, segundo pesquisa da ONG Transparência Internacional, divulgada no ranking de percepção de corrupção, de outubro de 2005, agravou a situação do Brasil: da 59ª posição para a 62ª, entre 159 países. Ele deve estar contente, porque tem ainda uns oitenta abaixo dele. Mas - Ave Maria! - isso nunca aconteceu no Brasil! Acontece agora. Daí por que O Globo diz que país corrupto está em situação difícil para o próximo ano.

Mas, ainda, Sr. Presidente, a corrupção já levou do País mais de R$10,8 bilhões. Em quatro anos, foram desviados R$10,8 bilhões. Isso é o que pegaram. Aqui não se está contando os abusos, como agora mesmo aconteceu no metrô da Bahia: 150% de superfaturamento. Quem fez? Precisamos apurar.

Tenho falado aqui e não encontrado eco. Não sei se é o Presidente Mozarildo que é o culpado, mas a Comissão de Fiscalização e Controle precisa ver o ônibus comprado - esse, sim, imoral - pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, em segunda ou terceira mão, por R$350 milhões. Aliás, R$350 mil; não quero parecer o Lula, aumentando de mil para milhões - ele gosta disso.

Portanto, Sr. Presidente, a situação do Brasil é crítica.

Mas, hoje, a Folha de S.Paulo traz uma matéria escondida, cheia de elogios, do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dr. Lula, aos militares, inclusive ao Presidente Médici. Lá há vários elogios, e aqui ficam alguns petistas bobocas falando contra o regime militar, contra os generais, quando o Chefe deles faz elogios até ao Presidente Médici! Está na Folha de hoje! Vou também pedir a transcrição dessa matéria, mas, como não a tenho aqui, quero dizer a V. Exª que voltarei à tribuna amanhã para pedir essa transcrição.

É preciso acabar com a corrupção do Governo Lula em todos os sentidos.

O País não agüenta um Governo cuja corrupção é o lema e a desonestidade, a marca. O Brasil não agüenta um Presidente que mente e que se junta a todos aqueles.

A charge de O Globo hoje é interessantíssima. Há o Luizinho, coitado, se arrastando com o João Paulo e a série de figuras atuais que aconselham o Lula e que, talvez, estejam em pior situação do que o Luizinho e o João Paulo. Essa é a situação do Brasil. Tudo se leva aos jornais. Tudo se leva ao povo, mas é preciso que haja uma reação forte em relação ao que acontece neste País.

Nós, a cada dia, nos degradamos mais. A classe política já chegou a quase zero; e vai chegar, e a culpa é do Lula. E o resultado disso é que os seus Ministros, que são candidatos, estão todos eles, quase todos, derrotados.

Falo, agora, da Bahia, onde há um Ministro. Ele foi tão bom Ministro que foi de três Ministérios: do Trabalho, onde teve dois empregos - o dele e o da filha; das Relações Institucionais e do Desenvolvimento Social. Resultado: Paulo Souto, 56, Jaques Wagner, 13. Essa é a situação que está ocorrendo em todo o País.

E aí se pergunta por que Lula está na frente. Está na frente porque o povo não está sabendo do que se passa no seu Governo. O povo precisa saber. Não é só essa tribuna do Senado. Os programas eleitorais têm de mostrar o que ele fez. Tem de se dizer, claramente, em toda a sociedade, no interior e na capital, que esse é um governo de desonestos; que o País não suporta, nem nacional nem internacionalmente, prosseguir mais quatro anos o que aí está. E ninguém pense que ele vai melhorar. Se fosse melhorar, não se estaria escondendo de João Paulo e de Luizinho e, ao mesmo tempo, se unindo a outros tantos.

Sr. Presidente, vejo que V. Exª me olha com aquele olhar de quem diz: seu tempo está a terminar.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - O seu tempo foi prorrogado.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Não quero aborrecê-lo, até porque sei que, no fundo, V. Exª está gostando do que eu digo.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - BA) - Estou concordando com V. Exª. Meu sinal é de concordância.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Mas não vou abusar. Vamos lutar, Sr. Presidente. Vamos lutar para acabar com os crimes praticados por esse Governo incompetente, desonesto e que não tem nenhum amor à moralidade pública. Vamos fazer um novo Brasil, e o novo Brasil passa pela expulsão, pelo voto, de Lula do Palácio do Planalto.

Muito obrigado.

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ANTONIO CARLOS MAGALHÃES EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e §2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Lula afirma a artistas que elite quis fazê-lo ‘sangrar’”

“De ataques e quadrilha”