Discurso durante a 138ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários sobre matéria publicada no jornal El País, intitulada "Brasil está desencantado com políticos". Considerações sobre o quadro de desencanto e desesperança que se generaliza em todo o país, com relação aos políticos. Comentários à consulta do jornal Gazeta do Povo que mostra o desinteresse da população de Curitiba em acompanhar a propaganda eleitoral.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Comentários sobre matéria publicada no jornal El País, intitulada "Brasil está desencantado com políticos". Considerações sobre o quadro de desencanto e desesperança que se generaliza em todo o país, com relação aos políticos. Comentários à consulta do jornal Gazeta do Povo que mostra o desinteresse da população de Curitiba em acompanhar a propaganda eleitoral.
Aparteantes
Marcos Guerra.
Publicação
Publicação no DSF de 23/08/2006 - Página 27311
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, PAIS ESTRANGEIRO, REDUÇÃO, CONFIANÇA, POPULAÇÃO, BRASIL, GOVERNO FEDERAL, FALTA, EXPECTATIVA, ELEIÇÕES.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, GAZETA DO POVO, ESTADO DO PARANA (PR), FALTA, INTERESSE, POPULAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, HORARIO GRATUITO, PROPAGANDA ELEITORAL, RADIO, TELEVISÃO, DEMONSTRAÇÃO, REVOLTA, AUMENTO, CORRUPÇÃO, ETICA, POLITICA, PAIS.
  • REGISTRO, DADOS, INSUFICIENCIA, CRESCIMENTO ECONOMICO, BRASIL, SUPERIORIDADE, PAIS ESTRANGEIRO, HAITI, INFERIORIDADE, AMERICA LATINA, DEMONSTRAÇÃO, INCOMPETENCIA, ADMINISTRAÇÃO, GOVERNO FEDERAL.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho falar do desencanto do povo.

E começo destacando matéria que vem de fora do País. O Jornal El País destaca, em manchete: ”Brasil está desencantado com políticos”.

Leio algumas das expressões utilizadas na matéria:

O Brasil está vivendo um paradoxo. (...) A imagem transmitida para o exterior é de “entusiasmo, simpatia” diante de um momento econômico favorável; internamente, no entanto, reina o desencanto.

A alegria de quatro anos atrás, quando o país comemorava a vitória na Copa do Mundo e a chegada do Presidente Lula da Silva ao poder, contrasta com a apatia de hoje, escreve o correspondente do jornal no Rio de Janeiro, Juan Arias.

Ao longo dos últimos quatro anos, a ortodoxia econômica do governo petista fez a opinião pública entender que “as promessas de Lula de transformação do poder não tinham resposta concreta”. Quando apareceram os escândalos de corrupção “foram como um pesadelo nacional”. “Não há euforia”, diz o correspondente. O medo venceu a esperança.

O povo está apenas desencantado com seus governantes, conclui a matéria.

Sr. Presidente, trago também uma consulta da Gazeta do Povo Online, feita nas ruas de Curitiba, com cinqüenta pessoas apenas - mas já é um sintoma -, sobretudo entre taxistas, comerciantes, estudantes, ambulantes e transeuntes, a maioria esmagadora afirma, simplesmente, não ter vontade de acompanhar a propaganda política. “Desligo a tevê”, “Tiro o som” e “Nem quero saber” são as respostas mais comuns. “A gente já sabe que é tudo mentira”, dizem outros.

Enfim, Sr. Presidente, todos nós que estamos em campanha, percorrendo as ruas do Brasil, sabemos que há uma tempestade de indignação varrendo o País. E não poderia se diferente. Temos de concordar que só há lugar para revolta diante de tantos escândalos, os escândalos maiores da nossa história, que ocorreram nos últimos anos.

O Congresso Nacional é o mais enlameado, marcado pela corrupção. Mas se isso é verdade, Sr. Presidente, é verdade também que a corrupção teve origem no Poder Executivo, no Palácio do Planalto, onde se arquitetou um projeto de poder de longo prazo. A arrecadação de fundos para a sustentação desse projeto de poder foi a parte mais revoltante dessa arquitetura engendrada no Palácio do Planalto.

Instituiu-se a relação de promiscuidade do Executivo com o Legislativo, dando origem a mensalão, valeriodutos, sanguessugas, etc. É por isso, Sr. Presidente, que há, assim, essa revolta latente no seio da população brasileira.

Concedo, Senador Marcos Guerra, o aparte que V. Exª solicita.

O Sr. Marcos Guerra (PSDB - ES) - Senador Alvaro Dias, V. Exª citou um ponto com o qual, infelizmente, tenho de concordar: o desinteresse da população em assistir ao programa eleitoral. Quando mostram obras que não foram construídas, asfaltos que não foram feitos, segurança que não existe, anúncios do crescente número de empregos - constantemente divulgado - neste País, o que, na verdade, não acontece, a população se vê no direito de não acreditar em muitas coisas que são ditas e mostradas nos programas de televisão, principalmente no programa do PT. Infelizmente, Senador Alvaro Dias, só conhece o problema do desemprego quem não tem emprego. Muita gente que, neste momento, está me ouvindo e me assistindo está desempregada e sabe dos reais problemas. Hoje, alguns segmentos em nível nacional - uma meia dúzia - empregam mão-de-obra de forma intensiva e estão sofrendo muito com essa política implantada pelo Governo Federal. Senador, infelizmente, a população tem razão de não ter muito ânimo para assistir aos programas eleitorais, porque a TV, as fitas, os vídeos, os DVDs e os papéis aceitam muitas coisas que são colocadas ali.

Muito obrigado, Senador Marcos Guerra, V. Exª ilustra o nosso pronunciamento com essas informações que traz também do seu Estado, o Espírito Santo.

Quando se fala em desemprego, o Dieese revela que temos 17% de desempregados e, entre os jovens, há mais de 25% de desempregados. E não poderia ser diferente, pois o nosso País cresce de forma irrisória, com um crescimento de 2,3%, que é festejado pelo Presidente da República.

O mundo cresce bastante, a economia mundial viveu um grande momento nos últimos anos e o Brasil conseguiu crescer mais do que o Haiti e é motivo de comemoração para o Presidente da República. Mas o Haiti o povo brasileiro conhece pelas imagens da televisão, onde mora a miséria, a pobreza, a violência e o infortúnio.

O que está acontecendo com o nosso País? O que estão fazendo com os sonhos e as esperanças da nossa gente? Como pode um país com tantos talentos, riquezas naturais, crescer tão pouco, sobretudo comparativamente aos países emergentes ou aos nossos vizinhos da América Latina? Só há uma justificativa, Sr. Presidente: a corrupção somada à incompetência administrativa. Isso é uma desgraça para o povo brasileiro.

O que fazer diante desse quadro de desencanto, de desesperança que se generaliza? Ora, Sr. Presidente, temos o dever de assumir compromissos de que trabalharemos para a construção de uma imagem nova sobre os escombros provocados por esses escândalos de corrupção que semearam revolta, indignação e desesperança. O que fazer? Buscar competência administrativa, honestidade, separar o joio do trigo, limpar a política do País para a idealização de um novo modelo político que possa dar sustentação às instituições públicas valorizadas, respeitadas, mais acreditadas pela população do Brasil e capazes de ressuscitar as esperanças que foram sepultadas pelos escândalos dos últimos tempos em nosso País.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/08/2006 - Página 27311