Discurso durante a 108ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

A falta de qualificação profissional no Brasil.

Autor
Marcos Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/ES)
Nome completo: Marcos Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ENSINO PROFISSIONALIZANTE.:
  • A falta de qualificação profissional no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 13/07/2006 - Página 24023
Assunto
Outros > ENSINO PROFISSIONALIZANTE.
Indexação
  • ANALISE, FALTA, QUALIFICAÇÃO, TRABALHADOR, PAIS, COMENTARIO, INFERIORIDADE, INVESTIMENTO, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, BRASIL, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, RUSSIA, INDIA, REGISTRO, DADOS, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), NECESSIDADE, AUMENTO, VAGA, ENSINO PROFISSIONAL.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, FORMA, INVESTIMENTO, EDUCAÇÃO, IMPOSSIBILIDADE, SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL (SENAI), SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL (SENAC), SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA (SESI), SERVIÇO SOCIAL DO COMERCIO (SESC), SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE), SECRETARIA DE CONTROLE DE EMPRESAS ESTATAIS (SEST), SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO TRANSPORTE (SENAT), ATENDIMENTO, DEMANDA, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, NECESSIDADE, QUALIFICAÇÃO, TRABALHADOR, REDUÇÃO, DESEMPREGO.

            O SR. MARCOS GUERRA (PSDB-ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores: A falta de qualificação profissional é uma das principais barreiras ao desenvolvimento do País. No Brasil, apenas 20 por cento da mão-de-obra concluiu o ensino médio. Em matéria de ensino profissionalizante, somos mais lentos em investir na formação e atualização profissional que países com expectativas de crescimento semelhantes às nossas, como China, Índia e Rússia.

De acordo com o Censo Escolar de 2004, o Brasil tinha, em 2003, 676 mil alunos no ensino técnico de nível médio. Este número representa menos de 7 e meio por cento do total de alunos que cursam o ensino médio em nosso país.

Dados do próprio Ministério da Educação indicam que seria preciso pelo menos triplicar o número de vagas técnicas para suprir a demanda. Precisaríamos ter, portanto, dois milhões de vagas.

Como explicar esse baixo índice de formação escolar, se o País investe em educação 5 por cento de seu Produto Interno Bruto, percentual superior ao de países como Alemanha, Chile, Itália e Japão, onde a relação chega a 4 e meio por cento?

O problema é que investimos mal. Parte do trabalho de formação profissional vem sendo cumprido, com elogiável eficiência, por meio do chamado Sistema S, integrado pelo Sesi, Senai, Senac, Sesc, Sebrae, Sest e Senat. As instituições ligadas ao Sistema S atendem atualmente cerca de 3 milhões de trabalhadores, proporcionando cursos diversos - mas não podem bancar sozinhas a demanda de educação profissional no Brasil.

Vivemos um círculo vicioso, em que faltam vagas nas escolas e faltam profissionais com ensino técnico de nível médio para preencher as vagas disponíveis no mercado de trabalho. Enquanto isso, trabalhadores de níveis salariais inferiores, que constituem o chamado “chão de fábrica”, enfrentam um dilema cruel: sem acesso a cursos rápidos de atualização que lhes proporcionem capacitação para tarefas mais complexas e para novos tipos de emprego, estão condenados, quando demitidos, ao desemprego permanente, especialmente se já atingiram a meia-idade.

Embora os problemas e desafios com que se defronta a educação técnica no Brasil não sejam insuperáveis, o que prevalece, quando se trata de enfrentá-los, é a ausência de políticas capazes de solucioná-los. Não há planejamento de curto, médio ou longo prazo, não existem programas de orientação profissional para os trabalhadores de “chão de fábrica” desempregados, não se procura adequar o ensino técnico à nova realidade, que exige propostas pedagógicas flexíveis e ágeis.

Se quisermos criar uma economia competitiva e com baixos índices de desemprego, precisaremos conceder prioridade à qualificação profissional. Mas como fazê-lo, se o próprio ministro do Trabalho, em entrevista recente, reconheceu que precisaria cobrar mais recursos do Ministério da Fazenda para atender às necessidades nessa área? Isto equivale a confessar que a atual administração federal não confere ao problema a importância que deveria merecer. É lamentável, pois as conseqüências do descaso estão sendo sentidas agora, e continuarão a sê-lo ao longo de décadas. Educar e qualificar pessoas é um processo contínuo e demorado - mas indispensável à geração de empregos.

Era isso que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/07/2006 - Página 24023