Discurso durante a 140ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Aplausos ao êxito do Programa de Mobilização e Capacitação para a Prevenção de Incêndios Florestais na Amazônia, o chamado Proteger.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Aplausos ao êxito do Programa de Mobilização e Capacitação para a Prevenção de Incêndios Florestais na Amazônia, o chamado Proteger.
Publicação
Publicação no DSF de 25/08/2006 - Página 27463
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • COMENTARIO, EFICACIA, RESULTADO, PROGRAMA, GOVERNO FEDERAL, MOBILIZAÇÃO, PREVENÇÃO, INCENDIO, FLORESTA AMAZONICA, COORDENAÇÃO, CAMPANHA, CONSCIENTIZAÇÃO, TREINAMENTO, AGRICULTOR, RACIONALIZAÇÃO, UTILIZAÇÃO, QUEIMADA, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, MUNICIPIO, PORTO VELHO (RO), ESTADO DE RONDONIA (RO), REGISTRO, ATUAÇÃO, FEDERAÇÃO, TRABALHADOR, AGRICULTURA, PARCERIA, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE (MMA), RECUPERAÇÃO, FLORESTA, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, PARTICIPAÇÃO, AGRICULTOR, ESTUDANTE, PESQUISADOR, COMUNIDADE.

            o sr. valdir raupp (pmdb - ro. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a população brasileira certamente se lembra, vivamente, dos incêndios florestais que ocorreram em diversas partes da floresta amazônica, em 1998, causando prejuízos vultosos e danos ambientais gravíssimos. Naqueles dias, intermináveis, as dimensões e a recorrência dos incêndios eram reportados diuturnamente pela mídia, e as pessoas se perguntavam quando aquela tragédia ecológica teria fim.

            O fenômeno El Niño, provocado por mudanças atmosféricas que aquecem as águas e tornam o clima mais seco, propiciou a rápida propagação do fogo nas matas amazônicas, mas a utilização do fogo nas práticas agrícolas foi a causa principal daquela série de incêndios. Estima-se que 250 milhões de toneladas de carbono foram lançadas ao ar, com prejuízos da ordem de cinco bilhões de dólares, de acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia.

            O Estado de Roraima foi o que mais sofreu com os incêndios, que devastaram uma área de 13 mil quilômetros quadrados. Porém, o fogo castigou duramente também os demais Estados da região, entre eles o Estado de Rondônia, que represento neste egrégio Colegiado. Relatório então divulgado pelo IPAM demonstrou que o fogo se alastrou por nada menos que 30 mil quilômetros quadrados da mata amazônica, já excluída a área de Roraima.

            Todo este preâmbulo, Srªs e Srs. Senadores, teve como finalidade avivar nossa memória para que possamos justificar e aplaudir algumas medidas que, tomadas naquela ocasião, hoje dão seus frutos; e que, na impossibilidade de evitar desastres ecológicos, contribuem de forma significativa para minimizar as conseqüências de incêndios e queimadas que periodicamente flagelam a região que concentra a maior floresta tropical do planeta.

            Quero referir-me, especialmente, ao Programa de Mobilização e Capacitação para a Prevenção de Incêndios Florestais na Amazônia, o chamado Proteger, e, no meu Estado, à decisiva contribuição da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia, a Fetagro. O Proteger foi criado como resposta a uma situação emergencial à citada série de incêndios ocorrida na região em 1998, e resultou de uma iniciativa da Rede GTA (Grupo de Trabalho Amazônico) e do Movimento Sindical de Trabalhadores Rurais.

            Em sua primeira etapa, o Proteger I contou com recursos de um milhão de dólares, do Programa Piloto, para coordenar uma campanha de sensibilização e para mobilizar e treinar pequenos agricultores na prevenção de incêndios. Foram treinados nessa etapa, com um resultado que correspondeu à expectativa, cerca de 12 mil agricultores em 322 municípios da Amazônia.

            Com o êxito da primeira fase, foi lançado então o Proteger II, com o objetivo de minimizar o uso de queimadas na agricultura e promover a adoção de prática sustentáveis. Deve-se lembrar, Sr. Presidente, que as queimadas agrícolas respondem por praticamente a totalidade das queimadas no Brasil, e que essa prática está associada a modelos primitivos de produção, embora ainda subsista entre nós na cultura intensiva da cana-de-açúcar e dos cereais em geral.

            O Proteger II desenvolveu diversas parcerias, com governos estaduais e municipais, com federações de trabalhadores na agricultura e com numerosas entidades não governamentais. Nessa segunda etapa, que foi encerrada em 2004, o projeto selecionou 134 municípios, nas regiões de maior ocorrência de desmatamento por queimadas. Nesses municípios, o projeto promoveu a capacitação de 400 monitores, com efeito multiplicador para 40 mil agricultores familiares; realizou seminários estaduais e regionais para capacitação dos monitores; distribuiu 100 mil cartilhas e 80 mil cartazes; formou 240 grupos de mutirão ambiental; e promoveu 12 caravanas anuais para visitas de intercâmbio, com 36 experiências de manejo e produção agrícola sem utilização de queimadas.

            Após a segunda etapa, o projeto passou a ser executado de forma contínua, integrando um consórcio com seis entidades ambientalistas denominado “Consórcio Verde”, com previsão de apoio até 2007. Atualmente, o Proteger conta, entre outros executores, com a participação das Federações de Trabalhadores na Agricultura dos Estados do Acre e do Pará, além da Rondônia, conforme já anunciara.

            No meu Estado, Sr. Presidente, a Federação vem desenvolvendo atividades de recuperação de matas ciliares e de áreas degradadas. Algumas dessas áreas foram escolhidas, com base nos critérios do Proteger, nos municípios de Jaru, Theobroma e Ji-Paraná, onde foram implantados os projetos de recuperação das matas ciliares. Uma das metas da Comissão de Meio Ambiente da Federação, conforme relata o jornal Diário da Amazônia, de Porto Velho, “é trabalhar a educação ambiental, implantando experiências onde os agricultores, estudantes, pesquisadores e a comunidade em geral possam participar e se conscientizar dos problemas ambientais que estão causando a destruição do meio em que vivemos”. O periódico acrescenta que ainda este ano deve ser desenvolvida uma parceria do Ministério do Meio Ambiente com a Federação dos Trabalhadores para recuperação de novas matas ciliares e implantação de 15 áreas de sistema silvopastoril.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a participação intensa da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Rondônia - Fetagro e das entidades congêneres da região em projetos como o Proteger é altamente significativa. Significa que essas entidades compreenderam o alcance de sua mobilização e que, sem ignorar as questões corporativas, estreitam seus laços com a comunidade buscando objetivos comuns. A preservação de nossas riquezas naturais deve ser uma aspiração de todos os amazonenses e de todos os brasileiros, motivo por que aplaudo os êxitos do projeto Proteger e parabenizo os agricultores do Estado de Rondônia por mais essa demonstração de consciência ambiental e de integração com a comunidade.

            Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/08/2006 - Página 27463