O SR. ROBERTO SATURNINO (Bloco/PT - RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, trava-se todo um debate aqui em torno da censura e de acontecimentos passados, no qual se inclui a questão da privatização e do que nunca foi revelado, ou seja, o que se passou por detrás dessas operações em que o BNDES, o órgão desenvolvimentista brasileiro, financiou grupos privados para tomarem o patrimônio público a preços absolutamente aquém do valor real.

Sr. Presidente, lembro-me muito bem de que o preço da Vale do Rio Doce, na época, foi contestado. Foi de uma forma absolutamente flagrante a benesse que se estava dando para grupos privados tomarem conta de patrimônio que é do povo, que é da Nação brasileira. E agora vem-se dizer que a Vale prosperou porque foi privatizada. Isso é suposição! Claro, o grupo privado tomou empréstimos para adquirir as ações, operou no mercado financeiro com as vantagens que lhe foram oferecidas. Propiciou-se um bom negócio, evidentemente.

Agora, a Vale estatal conseguiu feitos, conseguiu êxito que foi exatamente o que levou a empresa à posição que tinha no momento em que foi privatizada. E jamais grupo privado nenhum teria levado a Vale do Rio Doce àquela situação. Jamais grupo privado nenhum teria feito o que fizeram as estatais brasileiras pelo desenvolvimento. A Petrobras passou a ser uma empresa para dar lucro, comprando navio no exterior, fabricando plataformas no exterior. A Petrobras teve 60% das suas ações vendidas na Bolsa de Nova Iorque.

Quer dizer, esses atentados ao patrimônio público, esses atentados ao projeto desenvolvimentista brasileiro é que acabaram neste País e agora querem retornar. E não vão retornar, porque a consciência nacional vai falar mais forte do que tudo. Acima de tudo, há o interesse da Nação brasileira, do seu patrimônio, do seu desenvolvimento, do seu projeto, do seu destino de Nação desenvolvida que depende exatamente dessa retomada da ação do Estado no desenvolvimento. Não depende do mercado. Mercado não produz desenvolvimento nenhum. A ação estatal, os planejamentos, os investimentos estatais e a escolha dos setores estratégicos é que produziram, no Brasil, o seu momento maior de desenvolvimento, que parou inteiramente no momento que começaram essas privatizações.

Não retornarão! Não retornarão, porque o povo vai dar a resposta a esses que pensam que entregar o Brasil ao mercado é fazer a felicidade do povo. Não vão retornar ao poder e esse é o debate maior que se deve travar nesta campanha eleitoral. Porque este é o ponto crucial: o destino do Brasil. Não é essa questão de ficar dizendo ética para cá e ética para lá. Nunca se apurou tanto no Brasil. Onde foram parar as CPIs pedidas nos Governos anteriores? A CPI dos Empreiteiros, a CPI da Privatização, a CPI da Compra de Votos nunca saíram do papel.

Aqui, neste Governo, pela primeira vez o Congresso instala três CPIs e apura tudo que está apurando.

Então, Sr. Presidente, não vamos falar em ética.

O Sr. Tasso Jereissati (PSDB - CE) - Isso é pela ordem, Sr. Presidente? É pela ordem que ele está falando?

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - É pela ordem.

O SR. ROBERTO SATURNINO (Bloco/PT - RJ) - Vamos falar em desenvolvimento do País. Vamos falar sobre o destino do País. Vamos falar do interesse do povo brasileiro que está acima de tudo.