Pronunciamento de Wellington Salgado em 30/08/2006
Discurso durante a 143ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Manifestação de solidariedade ao Senador Jefferson Peres e apelo no sentido de que reconsidere sua decisão.
- Autor
- Wellington Salgado (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MG)
- Nome completo: Wellington Salgado de Oliveira
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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LEGISLATIVO.
ELEIÇÕES.:
- Manifestação de solidariedade ao Senador Jefferson Peres e apelo no sentido de que reconsidere sua decisão.
- Publicação
- Publicação no DSF de 31/08/2006 - Página 27635
- Assunto
- Outros > LEGISLATIVO. ELEIÇÕES.
- Indexação
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- MANIFESTAÇÃO, SOLIDARIEDADE, PRONUNCIAMENTO, JEFFERSON PERES, SENADOR, SOLICITAÇÃO, CONGRESSISTA, RECONSIDERAÇÃO, DECISÃO, SAIDA, VIDA PUBLICA, MOTIVO, FRUSTRAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, GOVERNO FEDERAL.
- APREENSÃO, SITUAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, SUPERIORIDADE, DENUNCIA, CONGRESSISTA, PARTICIPAÇÃO, CORRUPÇÃO.
- COMENTARIO, IMPORTANCIA, VOTO, ELEIÇÕES, REFORÇO, DEMOCRACIA, RECUPERAÇÃO, LEGITIMIDADE, CONGRESSO NACIONAL.
O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Marcos Guerra, Srªs e Srs. Senadores, Senhores telespectadores da TV Senado, hoje vou cometer aquele erro sobre o qual meus conselheiros aqui sempre me advertem. Eles dizem: “Nunca fale de improviso, sempre traga o discurso escrito.” Mas hoje vou falar um pouco com o coração.
Estava eu sentado aqui, assistindo ao discurso do Senador Jefferson Péres, por quem tenho grande carinho, respeito e admiração, porque realmente S. Exª serve como modelo para quem acredita no País, para quem acredita na sociedade, para quem acredita nos políticos e para quem acredita em uma sociedade democrática. E realmente fiquei muito triste com praticamente um adeus da vida pública, com quatro anos de antecedência, do Senador Jefferson Péres.
Sinceramente, embora conheça bem a personalidade do Senador Jefferson Péres, torço para que S. Exª mude de opinião, porque o tenho no maior conceito. Esta Casa é muito valorizada com a presença do Senador. As discussões colocadas por S. Exª são sempre de uma honradez tremenda, falando bem do País.
Fiquei muito triste de estar sentado e vendo como falou o Senador Jefferson Peres. Não sei se S. Exª está um pouco magoado por este momento político que estamos vivendo; talvez esteja um pouco angustiado. Mas S. Exª tem caminhado bastante como candidato a vice-Presidente na chapa do Senador Cristovam Buarque, do PDT. Então, quero pedir que o Senador Jefferson Péres pense um pouco e que relaxe nesse feriado quem vem, analisando toda a história do Congresso Nacional, uma Casa onde os representantes estão presentes pelo voto.
Muitos morreram para que esta Casa não fosse fechada; muitos lutaram para que esta Casa não fosse fechada. Então, estamos vivendo todo esse problema com os políticos, mas não é a maioria do Senado nem da Câmara dos Deputados que está sendo julgada. Em todo grupo, seja de políticos, ou de empresários, ou de qualquer outro ramo, sempre haverá problemas.
Estamos vivendo momentos difíceis. Toda a imprensa está voltada para o Congresso Nacional, para os Deputados, para os Senadores. Uma série de denúncias estão sendo levantadas. Muitos estão sendo acusados, e penso que todos têm direito a defesa. Mas os que não têm mais como se defender - pois já há prova contra eles - estão sendo encaminhados para os órgãos do Congresso para serem julgados e serão condenados na forma como o Congresso permite. E esta Casa vai continuar a existir sempre.
Aqui passam grandes homens da nossa história, tanto no Senado quanto na Câmara. Aqui no Senado, temos ex-Presidentes, ex-Governadores, ex-Senadores que voltaram a ser Senadores. Então, creio que devemos ter um pouco de paciência. Temos de analisar as situações. A sociedade vai votar, e será com o voto secreto, Senador Marcos Guerra, o que é importante. Na hora em que o cidadão chega àquele local fechado onde vai assinalar seu voto, ele é o homem mais poderoso do Brasil. Seja ele da classe social que for, esteja ele ganhando um salário mínimo ou menos, seja ele um grande empresário, um grande milionário do Brasil, terá o mesmo direito ao voto que o outro. Ou seja, só vale um voto. Então, naquele lugarzinho, ele é o homem mais poderoso do País. Ele vai decidir um terço do Senado, que estamos renovando agora, e vai decidir toda a Câmara Federal.
Agora, se o povo decidir os nomes dos Deputados e dos Senadores que vão compor o Congresso Nacional, está decidido, Senador Guerra. Esse é o sistema democrático. É assim que se faz esta sociedade. É assim que se defendem os direitos. Esta sociedade é representada por grupos. No Congresso, tanto no Senado quanto na Câmara, esses grupos se fazem representar, sejam eles com cinco deputados, sejam eles com cinco senadores, sejam eles com dez deputados de uma linha de esquerda, de direita, de centro, negro, branco, amarelo. O importante é que esta Casa vai sempre representar o que é o nosso País. Penso que o bonito é isso: a todo momento vermos a renovação, senadores novos que chegam, senadores mais antigos que se vão.
A sociedade não perdoa o erro. Ela não elege quem ela acha que está errado. Agora, quando ela sente que existe algo de estranho no ar e que aquele candidato que está sendo acusado não é o culpado, ela vai julgar e votar. Isso é que é bonito na democracia.
Alguns erros acontecem? Sim. Entretanto, o que não pode existir, Senador Marcos Guerra, são pessoas que aparecem como se tivessem a definição da moralidade. Alguns estão sendo cassados porque não representam o que é a moralidade. No entanto, outros que deveriam ser cassados estão definindo que aquela moralidade passa.
Então, quem vai definir o que é moral e o que é imoral é o povo, na hora de votar. É o povo que vai definir quem vai voltar para o Congresso e quem não vai voltar.
Voltando ao assunto, eu queria, Senador Jefferson Péres - que com certeza está me ouvindo -, que V. Exª reconsiderasse sua posição, passado este momento. V. Exª deve estar angustiado, talvez seja isso. É um momento difícil para esta Casa, há uma pressão muito grande da sociedade, sempre representada na imprensa, mas não podíamos ficar sem V. Exª nesta Casa. Espero que reconsidere. Tenho-o realmente como um exemplo a ser seguido - não só V. Exª, como vários Senadores aqui. Fiquei muito triste ao vê-lo falar da tribuna tão angustiado e espero ouvir de V. Exª, após a eleição, que agora este é um novo Congresso, um Congresso que representa a vontade do povo e que V. Exª vai cumprir os quatro anos que lhe restam e depois tentar sua reeleição para mais oito anos aqui nesta Casa.
Penso que é isto que está faltando ao Congresso: o otimismo, a vontade de acreditar em um Brasil sempre melhor. E assim tem sido há anos e anos e anos.
Tive oportunidade ontem, Senador Marcos Guerra, de conversar com alguns políticos que citaram Getúlio - período da história da qual não participei -, mostrando que a democracia vem a todo momento enfrentando dificuldades, mas cada vez se consolidando mais. Creio que este direito de eu estar aqui falando para todo o Brasil, falando para os Senadores, para V. Exª, Sr. Presidente, foi conquistado não por mim, mas pelos políticos que nos antecederam. Esses políticos lutaram para que este Congresso continuasse aberto, permitindo a liberdade do debate de que hoje desfrutamos aqui, a ponto de o Senador Luiz Otávio dizer claramente que, se não se submeter à votação uma questão relativa ao Estado para o qual foi eleito para representar, o Pará, S. Exª vai também pedir verificação de quorum para matéria atinente a outro Estado. Este é um direito que a Constituição nos confere: a liberdade. É o maior direito que temos nesta Casa.
Diante de tudo o que está acontecendo, não adianta dizer que existem ou inexistem culpados. O próprio Congresso e o povo vão tirar os culpados. O povo é que elege. O povo é que tira. O povo é que vai podar a árvore - digamos assim. E toda a árvore, depois de podada, cresce forte.
Sr. Presidente, assomei à tribuna hoje para dar uma injeção de otimismo no Senador Jefferson Péres, que me parece hoje um pouco angustiado.
Senador Jefferson Péres, vamos ter calma! Precisamos muito de V. Exª nesta Casa. São maravilhosos os debates dos quais sempre participa e aos quais o público, em casa, está acostumado a assistir. V. Exª conquistou o respeito da sociedade brasileira. Portanto, reconsidere sua posição. Espere as eleições e verá como é reconhecido pela sociedade por suas posições. Espero outra vez estar sentado na minha cadeirinha ali, ouvindo, com certeza, seu discurso dizendo que o País mudou, que V. Exª está mais otimista e que esta sociedade ficará cada vez melhor.
Muito obrigado, Presidente Marcos Guerra.
Era só isso o que eu tinha a declarar.