Discurso durante a 125ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Exaltação do debate sobre a ética na política nacional. Repúdio à acusação do senador Roberto Saturnino de que a bancada da oposição se compõe de privatizadores.

Autor
Tasso Jereissati (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: Tasso Ribeiro Jereissati
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRIVATIZAÇÃO. POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.:
  • Exaltação do debate sobre a ética na política nacional. Repúdio à acusação do senador Roberto Saturnino de que a bancada da oposição se compõe de privatizadores.
Aparteantes
Roberto Saturnino.
Publicação
Publicação no DSF de 04/08/2006 - Página 26059
Assunto
Outros > PRIVATIZAÇÃO. POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.
Indexação
  • CRITICA, DISCURSO, ROBERTO SATURNINO, SENADOR, ACUSAÇÃO, BANCADA, ERRO, PRIVATIZAÇÃO.
  • QUESTIONAMENTO, PROJETO, GOVERNO FEDERAL, PARCERIA, SETOR PUBLICO, SETOR PRIVADO, SEMELHANÇA, PRIVATIZAÇÃO, LUCRO, ESTATIZAÇÃO, RISCOS.
  • ANALISE, HISTORIA, BRASIL, PROJETO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO (PTB), GOVERNO, GETULIO VARGAS, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, INDUSTRIALIZAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO, IMPORTAÇÃO, DIFERENÇA, ATUALIDADE, SITUAÇÃO, GLOBALIZAÇÃO, NECESSIDADE, REDUÇÃO, FUNÇÃO, ESTADO, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.
  • REITERAÇÃO, DEFESA, ETICA, POLITICA NACIONAL.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Pois não, Sr. Presidente.

Na verdade, não estou entendendo direito este debate. De repente, o ilustre Senador Roberto Saturnino, de uma maneira muito vibrante - aliás, fico feliz de vê-lo tão vibrante porque, há dois anos, S. Exª andava tão apático nesta Casa, mas agora o tenho visto muito vibrante -, não sei por que, mas de maneira, em determinados pontos, até agressiva, olhou para trás, apontou o dedo e falou “eles não vão voltar! Eles não vão voltar!”. Eles quem, cara pálida? E ele olhava para cá. Eu não estava entendendo por que ele gritava e apontava o dedo dizendo “eles não vão voltar!” Parecia que estava perdendo o limite da sensatez. Não estou entendendo quem são “eles”.

Senador Sibá Machado, que está olhando para mim, V. Exª sabe quem são “eles”, quem o povo dirá que “não vai voltar”?

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Os privatizadores, os mercadistas, os homens do mercado.

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Senador Roberto Saturnino, não há aparte em pronunciamento pela ordem.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Ah! Eu gostaria de saber quem são eles que “não vão voltar”. Quem são os privatizadores? Quem são os privatizadores?

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Quem privatizou neste País?

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Infelizmente, não há possibilidade deste debate.

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - V. Exª não sabe quem privatizou?

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Srs. Senadores, o Regimento não permite este debate.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Senador Roberto Saturnino, tenha um pouco de calma. V. Exª está nervoso.

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Estou de bom humor.

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - A Presidência solicita a compreensão do Senador Roberto Saturnino. V. Exª usou seu tempo.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - A PPP foi um projeto de privatização? Por favor, Senador Roberto Saturnino, exalte-se. PPP é um projeto de privatização? Meu querido, V. Exª, que é tão fiel a seus compromissos originais, diga-me: PPP é ou não é um projeto de privatização? O projeto de ontem é um projeto de privatização? Nem vi V. Exª por aqui. V. Exª não estava por aqui!

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Mas tenho conhecimento do projeto porque estava na Comissão.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Então, explique-me o projeto V. Exª.

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - É um projeto de...

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - De privatização do lucro, meu querido Senador.

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - De privatização do lucro?

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - De estatização do risco, meu querido Senador. E a PPP o que é, meu querido Senador?

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Não votei na PPP, não.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Ah, não?

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Não.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - O senhor não voltou nela, não? Quem são “eles”, então?

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Pode conferir.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Quem são “eles”, meu querido Senador?

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - A Presidência pede a compreensão do Senador Roberto Saturnino. Não haverá som enquanto não houver respeito ao Regimento. A Presidência solicita a colaboração do Senador Roberto Saturnino.

Está com a palavra o Senador Tasso Jereissati, pela ordem.

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Sr. Presidente, ele faz indagações a mim.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE) - Sr. Presidente, eu queria dizer que o meu saudoso pai, juntamente com o Senador Pedro Simon - gostaria de ver o brilho da palavra do Senador Pedro Simon, que pede a palavra por ter sido citado -, participou da fundação do Partido Trabalhista Brasileiro - ambos têm a mesma origem. Nos anos 30, esse Partido criou o maior projeto de desenvolvimento deste País, muito de acordo com o que acontecia no Brasil e no mundo nessa época.

Nos anos 30, o Brasil era um País agrícola que queria se industrializar. O Partido fez um projeto desenvolvimentista nacionalista chamado de substituição de importação. Lembro a quem não sabe que, nessa época, não havia computador, televisão, comunicações pela Internet nem qualquer tipo de comunicação internacional. O Brasil não tinha uma indústria; vivia do café e do leite. Foi feito esse projeto do qual orgulhosamente minha família participou a vida inteira.

O Senador Pedro Simon é testemunha disso, porque também participou desse grande projeto, liderado pelo saudoso e inesquecível Getúlio Vargas, nos anos 30.

Nos anos 80, mudou o mundo, mudou tudo. E evidentemente ninguém defende mais agora, no ano 2000, nem pode defender, o mesmo projeto implantado nos anos 30. Tem que se lutar por uma reafirmação dos mesmos princípios dentro da realidade do País industrializado, do mundo globalizado, em que a eficiência, a liberdade, a ética - hoje existe democracia, porque nem a ditadura daqueles anos pode servir mais -, a honestidade, a inteireza de princípios, a honradez da palavra são fundamentais.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/08/2006 - Página 26059