Discurso durante a 125ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Identifica como o fulcro do debate a questão do desenvolvimentismo, do projeto nacional, do confronto com o mercado.

Autor
Roberto Saturnino (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
Nome completo: Roberto Saturnino Braga
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.:
  • Identifica como o fulcro do debate a questão do desenvolvimentismo, do projeto nacional, do confronto com o mercado.
Aparteantes
Tasso Jereissati.
Publicação
Publicação no DSF de 04/08/2006 - Página 26064
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, INEXATIDÃO, DISCURSO, TASSO JEREISSATI, SENADOR, AUSENCIA, ORADOR, NEGLIGENCIA, ETICA, IDENTIFICAÇÃO, DIVERGENCIA, POLITICA PARTIDARIA, REFERENCIA, FUNÇÃO, ESTADO, AMBITO, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO, IMPORTANCIA, DEBATE, ASSUNTO, CAMPANHA ELEITORAL.

O SR. ROBERTO SATURNINO (Bloco/PT - RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, realmente é importante não perder o humor, e V. Exª deu uma excelente contribuição.

Eu também quero fazê-lo. Em momento algum, eu me enraiveci. Eu posso ter usado a palavra com ênfase e com um tom de intensidade um pouco mais elevado, mas, em momento algum, em tom raivoso ou odiento.

Agora, escutei uma referência do Senador Tasso Jereissati de que alguém, aqui, teria dito “a ética vá às favas”, “a ética não interessa”. Eu não ouvi nenhum de nós dizer isso.

O Sr. Tasso Jereissati (PSDB - CE) - Eu ouvi.

O SR. ROBERTO SATURNINO (Bloco/PT - RJ) - Vamos conferir nas notas taquigráficas, porque eu não escutei. Até me referi à questão ética com muita importância, quando me referi ao fato de o BNDES, um órgão público que gira dinheiro público, financiar grupos privados para que esses grupos privados, com o dinheiro do BNDES, adquiram empresas estatais e a preço vil. Eu acho isso uma falta de ética muito profunda.

É uma questão de apreciação de pontos de vista.

O Sr. Tasso Jereissati (PSDB - CE) - Houve uma proposta do Partido de V. Exª, ontem, nesse sentido.

O SR. ROBERTO SATURNINO (Bloco/PT - RJ) - Não vamos entrar nesta discussão, absolutamente.

A Petrobras é uma empresa estatal.

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Senador Tasso Jereissati, V. Exª falará depois, como Líder.

O SR. ROBERTO SATURNINO (Bloco/PT - RJ) - A subsidiária da Petrobras também é uma empresa estatal. Não se trata disso.

Os pontos de vista variam. A importância da ética é comum a todos nós, não me consta que nenhum Senador deprecie a ética. Nunca ouvi qualquer pronunciamento nesse sentido.

V. Exª procurou dar esse tom a altercações que ocorreram aqui. O que eu disse é que este Governo não escondeu nada. Quer dizer, tudo o que se quis apurar, foi apurado; funcionaram quatro CPIs. Não creio que na história política deste País tenha ocorrido isso. Por conseguinte, a importância que nós damos à ética é pelo menos tão grande quanto a que V. Exª dá, e em momento algum a depreciamos.

O que eu disse - e penso que é verdade - é que se na questão ética todos estamos de acordo, porque todos valorizamos a ética e a consideramos imprescindível, na questão do mercado, da presença do Estado, do planejamento, do projeto de desenvolvimento econômico ou da retração do Estado para entregar tudo ao mercado e à iniciativa privada, aí sim, é que se caracteriza a grande divergência.

A decisão eleitoral de outubro próximo deve refletir a grande divisão que há entre nós, e não é na questão da ética, que todos somos unânimes em condenar, em considerar imprescindível, em querer apurar - e não estamos aqui dificultando nenhuma apuração -, mas na questão do projeto desenvolvimentista, da presença do Estado, do confronto com o mercado, que, enfim, não produz e nunca produziu desenvolvimento.

O projeto desenvolvimentista brasileiro, que não é de 30, é de 50, obteve o maior êxito que a política econômica do País já obteve. É claro que também nenhum de nós falou em reeditar o projeto de 50. O que queremos é um novo projeto desenvolvimentista, e não a entrega do País ao mercado, a entrega do País à Alca, a entrega do País aos grupos privados, indistintamente.

Esse é o grande problema, essa é a grande divergência entre nós. E é sobre isso que temos de debater, e não ficar explorando a questão da ética como se o Presidente não a prezasse tanto quanto qualquer um de nós. É por isso que temos que recolocar as coisas nos devidos termos. O verdadeiro fulcro do debate, a verdadeira divergência entre nós está na questão do desenvolvimentismo, do projeto nacional, do mercado e da privatização de todas as empresas do Estado.

Era o que eu gostaria de dizer, Sr. Presidente, lamentando que os debates tenham adquirido uma tonalidade e uma intensidade de voz às vezes difícil de controlar, dada a emoção que envolve essas questões quando nos atinge o coração.

Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/08/2006 - Página 26064