A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, em primeiro lugar, eu gostaria de elogiar o Senador Tião Viana, como sempre muito calmo e tranqüilo, porque trouxe a este debate algo que tem incomodado muita gente. Trata-se da deterioração do debate político e do rebaixamento da discussão. Infelizmente, com o clima exacerbado desta disputa eleitoral, quando muitas vezes as pessoas ultrapassam todo e qualquer limite e ofendem não somente a pessoa de Luiz Inácio Lula da Silva, mas inclusive a instituição Presidência da República, assistimos aqui a coisas que até produziram artigos e pronunciamentos de cientistas políticos e articulistas da imprensa registrando esse fato lamentável.

Portanto, o debate, o combate, o embate, quando perdem os limites, têm de ser registrados. Não foi a primeira, nem a segunda ou a terceira vez que assistimos a determinadas falas que ultrapassaram todo e qualquer bom-senso e regras de civilidade, as quais, inclusive, não foram ancoradas na realidade dos fatos.

Eu gostaria de contribuir, de forma muito clara e tranqüila, com o debate. Certa feita, eu trouxe dados referentes à Companhia Vale do Rio Doce, que depois foram contestados.

Quero aqui deixar registrado, em primeiro lugar, que a Companhia Vale do Rio Doce não foi vendida pelo patrimônio líquido, mas pelo preço de mercado, das ações - R$26,00. Portanto, 41% das ações vendidas o foram de forma afrontosa aos interesses e à soberania nacional, em prejuízo escandaloso, volto a afirmar, de lesa-pátria.

Para que eu não diga qualquer bobagem, eu vou me ater às notas taquigráficas de um discurso, para uma comunicação inadiável, nos seguintes termos:

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, na manhã de hoje, aprovou projeto que considero da maior importância para a preservação do patrimônio público brasileiro.

Esse projeto proíbe a venda de ações da Petrobras. Não se trata de uma decisão partidária. Não se trata, Sr. Presidente, de postura xenófaba. Trata-se, acima de tudo, da preservação dos interesses nacionais, porque o modelo de privatização vigente em nosso País já nos oferece exemplos suficientes de que caminhamos para uma depredação irreversível do patrimônio público brasileiro.

O Senador Pedro Simon tem dito - e eu repito - que, se instalássemos uma CPI para investigar as privatizações do Brasil, talvez chegássemos ao grande escândalo nacional, ao maior escândalo do século.

Isso foi dito no dia 15 de dezembro de 1999, nada mais, nada menos, pelo Senador que preside esta sessão, o Senador Alvaro Dias. Portanto. Não sou eu que estou falando que a privatização foi o maior escândalo. Quando se trata de questões de apuração, de investigação, de ética, de interesse público, de desvio de recursos, há acúmulo aqui.

Por último, como eu disse inúmeras vezes, é muito difícil participar de processos de investigação quando podem estar envolvidos companheiros do próprio partido. Sofri muito com isso e verbalizei isso, mas entendo que, se houve ilícito, se houve algum ato que não corresponde ao comportamento ético adequado a qualquer personalidade da vida pública, seja quem for, seja de que partido for, tem que ser punido.

Assim, Senador Alvaro Dias, peço que se registre nos Anais da Casa o que está no blog de Fernando Rodrigues, de hoje.

(Interrupção do som.)

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Posso concluir, Sr. Presidente? No blog de Fernando Rodrigues há fotos. Não são fotos quaisquer. São fotos em que, à época, o Ministro da Saúde, José Serra, assiste a discurso de Parlamentares envolvidos na investigação dos “sanguessugas”, como o Sr. Lino Rossi, Ricarte de Freitas, Pedro Henry. Há fotografias em que aparece, à época, o Ministro José Serra entregando chaves de ambulâncias.

Há fotos em que aparecem ambulâncias e sobre elas há uma faixa onde está escrito: “Os Municípios de Mato Grosso agradecem ao Ministro José Serra”.

Devemos fazer todas as investigações. Entendo que esse material que consta hoje do blog do Fernando Rodrigues obviamente também deve fazer parte das investigações. Que apurem tudo e punam todos, para que efetivamente o recurso público possa ser aplicado de forma adequada e lícita no nosso País.