Discurso durante a 147ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Justificação aos requerimentos apresentados nesta data, que solicitam votos de aplauso, com destaque para o transcurso do centésimo quinquagésmio sexto aniversário da criação do Estado do Amazonas. Solidariedade ao Senador Tasso Jereissati em razão das acusações feitas ao seu já falecido pai.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ELEIÇÕES.:
  • Justificação aos requerimentos apresentados nesta data, que solicitam votos de aplauso, com destaque para o transcurso do centésimo quinquagésmio sexto aniversário da criação do Estado do Amazonas. Solidariedade ao Senador Tasso Jereissati em razão das acusações feitas ao seu já falecido pai.
Aparteantes
Antonio Carlos Magalhães, Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 06/09/2006 - Página 27977
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ELEIÇÕES.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ESTADO DO AMAZONAS (AM).
  • CRITICA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CANDIDATO, REELEIÇÃO, ANTECIPAÇÃO, VITORIA.
  • ESCLARECIMENTOS, AUSENCIA, APREENSÃO, ORADOR, RESULTADO, ELEIÇÕES, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO AMAZONAS (AM), POSSIBILIDADE, RETORNO, SENADO, BANCADA, OPOSIÇÃO, COMBATE, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • AMEAÇA, DIFICULDADE, GOVERNO, GESTÃO, REELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PREVISÃO, CRESCIMENTO, BANCADA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL).
  • REPUDIO, PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DESRESPEITO, FAMILIA, TASSO JEREISSATI, SENADOR, TENTATIVA, PREJUIZO, OPOSIÇÃO.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ACEITAÇÃO, CORRUPÇÃO, DESRESPEITO, ADVERSARIO, ELEIÇÕES.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, apresento, antes de tudo, votos de aplauso ao povo do meu Estado pelo transcurso do centésimo qüinquagésimo sétimo aniversário da criação do Estado do Amazonas, desmembrado da antiga capitania do Grão-Pará, depois província do Grão-Pará. Há uma confusão de datas; há quem diga que são 156 anos. Mas, Sr. Presidente, requeiro que o voto de aplauso do Senado Federal seja levado ao conhecimento da população amazonense, por intermédio do Deputado Belarmino Lins, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas.

            Sr. Presidente, faço à Casa uma advertência a respeito do estado de desequilíbrio que demonstra o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Sua Excelência, que se supõe eleito, embora o processo eleitoral esteja em curso, deu agora para, em praticamente todos os seus comícios, se referir a mim, que postulo o governo do Amazonas, tentando fazer comparações entre os índices que supostamente ele acredita que eu teria no Estado e os índices que supostamente ele teria no meu Estado. Ele, de fato, tem enganado muito o povo do Amazonas e ele não está mal no meu Estado. Mas o Presidente Lula precisa compreender melhor o processo democrático.

            Primeiro, deixar de lado essa falsa valentia, porque, quando aqui se o apanhava em flagrante de cumplicidade com a corrupção brasileira, ele não dizia uma palavra: estava quieto, medroso, acoelhado, implorando para que, aqui, não se começasse o processo de impeachment contra ele; depois, fica valente de novo.

            Disputo eleição para o governo do Estado do Amazonas: se vou perder, a urna vai dizer; se vou ganhar, a urna vai dizer. Eleição não tem a figura, Senador Antonio Carlos Magalhães - e V. Exª sabe muito bem disso, melhor do que todos nós - do empate: ou ganha ou perde a eleição. Não tenho medo de ganhar a eleição, porque me sinto responsável para assumir os meus compromissos, nem tampouco qualquer medo de perdê-la, porque nunca poderia eu ter medo, temer o julgamento do meu povo, o julgamento do povo do Amazonas. Mas a coisa que mais vi na minha vida foi o Presidente Lula perder eleições. Ele é um emérito perdedor de eleições! Aliás, só ganhou para Deputado Federal, e depois ganhou a eleição para Presidente na exaustão do Governo Fernando Henrique Cardoso. Perdeu para Governador de São Paulo; perdeu três vezes para Presidente da República. E, em nenhuma dessas derrotas, inúmeras, usei qualquer das inúmeras tribunas que conquistei com o voto popular para tripudiar sobre ele, nenhuma vez. Nunca disse que Lula estava caindo em demérito, em desmerecimento, porque perdeu eleição tal, eleição qual. Só passei a criticá-lo quando vislumbrei, constatei e comprovei que o Governo dele é corrupto. Então, eu não estou aqui falando precisamente de voto. O povo vota em quem quer, vota do jeito que quiser. Se o povo acertar, muito bem; se o povo errar quem paga é o próprio povo, e a própria derrota serve para o povo amadurecer o seu processo de avanço histórico. É assim que vejo a democracia. Ou seja, não discuto a votação boa ou a votação ruim do Presidente Lula; discuto que o Governo dele é corrupto. E, com muito voto ou pouco voto, eu enfrento o Governo corrupto que ele dirige neste País. Esta é que é a verdade. O que vai acontecer no meu Estado, vai acontecer no meu Estado! Se eu tiver que não ser eleito Governador do Estado do Amazonas, volto para o Senado da República! Estarei aqui. Se ele não for Presidente da República, eu o esquecerei. Ele é uma figura menor, nanica - rei Lula, primeiro e único, o nanico; se ele for Presidente da República, eu estarei aqui como membro da Bancada de Oposição ao seu Governo.

            Para sintetizar, Sr. Presidente Alvaro Dias, eu não fico medindo as pessoas pelos votos que obtiveram naquela eleição tal, eleição qual. Eu tenho imenso respeito pelo Senador Pedro Simon, que se reelegerá, agora, Senador pelo seu Estado. E o Senador Pedro Simon, certa vez, não se elegeu Governador pelo Estado do Rio Grande do Sul. Fernando Ferrari, seu conterrâneo, não conseguiu ser Vice-Presidente da República, com todos méritos que teve. Se formos ver campanha por campanha muitos valores ser revelam, apesar do não êxito eleitoral; e outros valores se consagram com êxito eleitoral. E alguns valores que se consagravam com o não-êxito eleitoral, como era o caso do Lula, que, enquanto derrotado, era respeitado por todos, e, depois que se elegeu Presidente da República, manchou, maculou, desmoralizou sua própria imagem. Então, acabou obtendo, do ponto de vista histórico - e a História não representa nada para ele -, uma Vitória de Pirro. Não valeu a pena, a Lula, ter sido Presidente, porque desmoralizou a sua própria biografia! E se ele fizer a conta mínima já sabe o que o espera no Senado se se eleger Presidente! Quero crer que o povo terá a ponderação de não permitir que aconteça esse retrocesso na nossa História. Já sabe ele, se porventura se eleger, o que o espera no Senado. O Bloco de Oposição - PFL/PSDB - atingirá de 34 a 36 Senadores. É só olhar no mapa, mapear, basicamente, as pesquisas. Há os independentes do PSDB. Há outros que se revelarão independentes aqui nesta Casa. Ou seja, o Presidente Lula não tem qualquer credibilidade mais para oferecer nenhuma governabilidade séria para o País. Mas como ele é pequeno, como ele é mesquinho...Ontem - eu sei - à tarde inteira, aqui se falou - Sr. Presidente, peço apenas um tempo para concluir - em defesa da memória do ex-senador Carlos Jereissati, pai do Presidente do meu Partido, Senador Tasso Jereissati. De repente, o Sr. Berzoini saca, da sua cartola malévola de bruxo de meia-tigela, uma acusação baseada em brigas provincianas dos anos 50 no Ceará, quando Armando Falcão se opunha a Carlos Jereissati e Carlos Jereissati se opunha a Armando Falcão. Sacou de sua cartola malévola uma acusação a um morto para atingir o adversário implacável. Tasso, Presidente de um grande partido de Oposição, tem mesmo de ser implacável ao fiscalizar o Governo que ele combate. Não podendo dizer nada de Tasso, foram buscar recortes de jornais dos anos 50.

            Quero apenas recordar quem é Berzoini. Berzoini é aquele que colocou nas filas das madrugadas nazistas do INSS os nonagenários brasileiros para que comprovassem que estavam vivos. É o faz-tudo do Governo. Eles devem falar, por exemplo, para o categorizado Deputado José Eduardo Cardozo, para o digno Deputado Paulo Delgado, para o ínclito Deputado Sigmaringa Seixas: “Você diz isso?” Aí eles dizem: “Não digo porque é indigno, porque não é sério, porque é abaixo do respeito à boa política”. Então vão a quem? Vão à meia dúzia de espiroquetas e ao Berzoini, que assina tudo, diz tudo, não respeita morto, não respeita as famílias.

            Esta Oposição soube respeitar gente de várias idades e dos dois sexos da família do Presidente Lula, envolvidos em fatos recentes, atuais e graves ligados a tráfico de influência e corrupção. E nós, aqui, com todos os pruridos.

            Ontem, para atingir Tasso, e acabaram atingindo seus irmãos, atingiram o pai de S. Exª. 

            Eu diria, Sr. Presidente, quando me refiro ao Presidente Lula e sua preocupação com quantos votos vou obter no Amazonas, que eu nunca o desrespeitei por ele ter tido muito ou pouco voto, ele que é um contumaz derrotado em eleições. Ele já foi derrotado três vezes para Presidente da República, uma vez para Governador de São Paulo; nunca teve coragem de disputar a eleição para Senador por São Paulo. O máximo que tinha de votos o deixava ser Deputado por São Paulo, e ele o foi uma vez, e foi um Deputado obscuro e medíocre e pequeno na Assembléia Constituinte. Eu só passei a criticar o Presidente Lula, e não foi pelos votos que ele teve ou não teve, quando o flagrei, quando eu constatei, quando eu o pilhei, quando eu o peguei pela gola apadrinhando governo de corruptos. Ele apadrinha um governo de corruptos como nunca jamais se viu na história deste País.

            Então, Lula, o Imperador Lula, primeiro e único, o nanico, ele tripudia sobre adversários. Berzoini, o bi-campeão da crueldade e da mesquinharia, bi-campeão porque foi campeão quando colocou os nonagenários na fila, e bi-campeão quando vai buscar recortes de uma briga provinciana do Ceará, a respeito do pai do Senador Tasso Jereissati, é o factótum, é aquele que se coloca à disposição do patrão; não tem companheiro, tem patrão. 

            É aquele que não tem companheiro, mas patrão. É aquele que faz qualquer papel. É aquela espécie de feitor da senzala.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Arthur Virgílio.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Concedo o aparte ao Senador Antonio Carlos Magalhães e, em seguida, a V. Exª, Senador Mão Santa.

            O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Senador Arthur Virgílio, subscrevo tudo o que V. Exª diz do Presidente da República. E mais: quero dizer a V. Exª que este Plenário aprovou ontem, por unanimidade - porque até a Líder do PT não votou contra; apenas se absteve -, um voto de repúdio ao Sr. Ricardo Berzoini pelo ataque que fez ao ex-Senador Carlos Jereissati, falecido há 43 anos. Por aí V. Exª vê esse tipo de gente: de “valerioduto”, de mensalão. Muitos deles foram absolvidos no voto secreto e agora pregam o voto aberto para as cassações. Por que não fizeram antes, quando os petistas foram flagrados roubando nos sanguessugas, no “valerioduto”, nos mensalões? Eles viviam nos nossos gabinetes a pedir misericórdia. Ali, realmente, eles marcaram uma posição de incompetência, de falta de seriedade, uma característica deste Governo. Vamos, então, fazer o voto aberto? Sim, mas também fazendo novas votações para todos aqueles que foram absolvidos e cujos nomes o Procurador mandou como participantes de uma quadrilha de ladrões.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Muito obrigado, Senador Antonio Carlos Magalhães.

            Concedo o aparte ao Senador Mão Santa.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Arthur Virgílio, eu gostaria de dar minha solidariedade ao Senador Tasso Jereissati. Sou vizinho do Ceará, formei-me lá. E quero dizer que votei no Senador Carlos Jereissati quando jovem, a imagem de um homem empreendedor, de um empresário e de um político do PTB. Gozava da simpatia e da intimidade de Getúlio Vargas, essa figura que, como Pedro Simon, é orgulho do Rio Grande do Sul pelo trabalho que fez, pela grandeza do trabalho e do trabalhador. E quanto a Tasso Jereissati, eu terminaria com o que está escrito no livro de Deus: “A árvore boa dá bons frutos”. Tasso é o bom fruto do Senador Carlos Jereissati, a quem eu, como jovem estudante, dei meu voto.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Encerro, Sr. Presidente, agradecendo ao Senador Antonio Carlos Magalhães e ao Senador Mão Santa pelos apartes, que só reforçam a solidariedade de ontem, de todo o Senado Federal, ao aprovar um voto de repúdio a essa ação do faz-tudo Ricardo Berzoini.

            Mas encerro com um recado, que, para mim, é final, é definitivo, para o Presidente Lula: não me agrada esse seu caráter bifronte. Recebi, de um amigo comum, proposta para conversar com o Presidente de noite, certa vez. Eu disse: “Não, o que tiver de conversar com o Presidente, vou conversar de dia. Tem de ser assunto nacional e de dia”.

            Essa figura camaleônica, essa figura que vive do mimetismo, essa figura que “quando está em cima” é arrogante e “quando está embaixo” é covarde, essa figura precisa parar de se preocupar com quantos votos eu vou ter ou deixar de ter na eleição para Governador do Estado do Amazonas. Há uma diferença essencial de mim para ele. Os votos que eu vier a obter na eleição para Governador do Amazonas serão votos de gente decente, serão votos obtidos por meios decentes e por quem não se envolveu em negociata, em corrupção, em “sanguessugagem”, em “mensalismo”, em “valerismo”, em “dudismo”, em “dirceísmo”, não se envolveu em “lulismo”, em “santoandrezismo”. Os votos serão aqueles que o povo do Amazonas quiser a mim me destinar. E eu me curvo ao povo do Amazonas e jamais me curvaria ao imperador, a Sua Majestade, Lula, primeiro e único, o nanico, jamais.

            Portanto, Sua Excelência parece mesmo fadado a advertir o povo de que o povo deve derrotá-lo nas eleições, até porque não demonstra a menor categoria, a menor capacidade de se preparar para um diálogo que leve a um verdadeiro entendimento nacional, até porque consegue ter uma figura pequena como presidente do seu partido a atingir o presidente de um dos principais partidos de Oposição; até porque fica espezinhando, se acha que pode, se acha que deve, o líder de um grande partido de Oposição nesta Casa.

            Considero o Presidente Lula uma figura pequena, que desmentiu a idéia de coragem que eu tinha dele. Para mim ele é covarde, ele não é corajoso, porque não é generoso,e quem não é generoso, invariavelmente, Senador Pedro Simon, é covarde, quem não é generoso, invariavelmente, é medroso, quem é arrogante quase que sempre é covarde e é medroso. Até porque quem é arrogante é também prepotente, e a prepotência e a arrogância são características fundamentais do medroso, do covarde, do que não sustenta as suas convicções e as suas posições.

            Tenho muito pouca boa vontade com o Presidente Lula hoje, até porque falta nele esse traço do respeito ao adversário, falta nele esse traço da dignidade básica de saber quais são seus adversários de valor, falta nele a sabedoria básica de saber quais são as pessoas que são capazes de manter as suas convicções e os seus compromissos com o País, não importa com que dureza travem a batalha.

            Se se perguntasse a Heitor, de Tróia, Senador Tião Viana, a opinião dele sobre Aquiles, da Grécia, Heitor, que seria assassinado por Aquiles, segundo a lenda, saberia reconhecer o valor do seu rival; se se perguntasse a Aquiles qual era o guerreiro, o combatente troiano com quem ele mais gostaria de se defrontar para saber se ele, Aquiles, mereceria mesmo a glória do semideus que a lenda lhe lega, Aquiles haveria de dizer do valor, do respeito, da admiração pelo seu rival troiano. Lula, não. Lula age como alguém que meramente faz da oportunidade sua forma de ser.

            Presidente Lula, há uma diferença fundamental entre nós: na eleição, o povo vai lhe dar os votos que, no seu entendimento civilizatório lhe quiser dar. Na eleição, o povo do meu Estado vai dar-me os votos que no seu entendimento civilizatório quiser me dar. Vossa Excelência aceite o resultado. Se ganhar, governe - e vou fazer-lhe oposição. Se perder, parta para fiscalizar, como líder da Oposição, o Presidente eleito. Aceitarei de maneira humilde e firme qualquer compromisso. Se vitorioso, governarei o meu Estado, se derrotado continuarei na luta pelo meu País, até porque a luta pelo meu País independe até de mandato.

            Há uma diferença essencial entre nós dois, Presidente. O Sr. Antonio Fernando disse com clareza que no seu Governo havia quarenta ladrões. Falhou por uma omissão. Para mim, Vossa Excelência é apenas o Ali Babá. Aí fica completa a história de Ali Babá e os quarenta ladrões.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/09/2006 - Página 27977