Discurso durante a 147ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento de Dom Luciano Mendes de Almeida.

Autor
Sibá Machado (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Machado Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento de Dom Luciano Mendes de Almeida.
Publicação
Publicação no DSF de 06/09/2006 - Página 27986
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, LUCIANO MENDES DE ALMEIDA, SECRETARIO GERAL, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), ELOGIO, VIDA PUBLICA, COMBATE, DESIGUALDADE SOCIAL, ESPECIFICAÇÃO, DEFESA, CRIANÇA, MENDIGO, DETENTO, GARANTIA, PRESERVAÇÃO, DIREITOS HUMANOS.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), AUTORIA, SECRETARIO GERAL, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), COMENTARIO, IMPORTANCIA, JUVENTUDE, DESENVOLVIMENTO, SOCIEDADE.

            O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero fazer um registro e pedir para que seja dado como lido o discurso de homenagem que pretendo fazer a Dom Luciano, Secretário-Geral da CNBB. Eu, que fui militante das Comunidades Eclesiais de Base, não pude fazer essa homenagem. Trago agora o meu pronunciamento que pretendia fazer na tarde de hoje e peço a V. Exª que o dê como lido.

 

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     SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR SIBÁ MACHADO.

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            O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, caros colegas,como um ex-militante das Comunidades Eclesiais de Base, não poderia deixar de prestar uma homenagem a dom Luciano Mendes de Almeida, morto domingo passado. Para nós que militamos nos movimentos sociais, ele foi um exemplo a ser seguido e lembrado, não só pelo seu trabalho como secretário-geral da CNBB de 1979 a 1987 e presidente da entidade de 1987 a 1995, mas, principalmente, como um grande defensor de reformas sociais.

            Durante quase toda a sua vida esteve ao lado dos movimentos de defesa das crianças, dos moradores de rua e da população carcerária. Ele me passava sempre a idéia que a sua existência tinha significado porque estava sustentava em sua fé em Deus, que fomentava sua luta para um país mais justo. Embora jesuíta, cultivava hábitos franciscanos, como por exemplo levar mendigos para dormir em sua casa, muitas vezes cedendo a própria cama, sem se importar, como foi lembrada na missa de corpo presente, em dormir no chão.

                   Dom Luciano foi importante para pessoas que como eu foram estimuladas a participar da política com instrumento da transformação social, que acredita ser a política a única mediação possível. Nos anos oitenta a reflexão que fazia a Teologia da Libertação nos dava força, traçava o norte da nossa atuação. A propósito disso, penso que o presidente Lula sintetizou bem: é pouco provável que exista “brasileiro ou brasileira que tenha lutado em defesa das crianças, em defesa dos direitos humanos, em defesa da liberdade e da democracia, que não tenha tido Dom Luciano como referência".

                   Dom Luciano, ultimamente estava muito preocupado com a situação dos jovens brasileiros. Dizia que os jovens têm potencial para dar uma contribuição mais decisiva dos destinos no nosso país. Um dia antes de morrer, como fazia todos os sábados, escreveu seu artigo semanal para a Folha de São Paulo e o tema era justamente o papel da nossa juventude na nossa sociedade. Como parte desta homenagem, que não é só mim, mas também do Partidos dos Trabalhadores e, acredito, também do Senado, leio e peço a publicação na íntegra do texto.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR SIBÁ MACHADO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Partilha e perdão”

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Os jovens precisam assumir sua atuação na sociedade, oferecendo a contribuição do idealismo e a riqueza da esperança. O importante são os valores com os quais podem fecundar e dinamizar a sociedade. No mundo de hoje, com o recrudescimento da injustiça e da violência, urge superar esta situação caótica e demonstrar que um outro mundo é possível. Sem dúvida, nossa meta é o céu prometido por Deus. Mas a vontade de Deus, ao nos criar e colocar-nos nesse mundo, é de que já se inicie o caminho para a felicidade, fazendo o bem, como compete a filhos e filhas de Deus.

Quem nos ilumina sobre o desígnio divino da salvação é Jesus Cristo, Filho de Deus, que veio anunciar a Boa Nova e nos ensinar a viver, já nesta vida, os valores do Reino definitivo. Por vontade do mesmo Deus, devemos, a exemplo de Maria, tornar presente a beleza da vida da graça divina em nós. A enumeração desses valores muito nos ajuda, pois nos faz compreender que eles se completam e procuram retratar a vida de Jesus Cristo, que devemos imitar. Essa é a missão dos cristãos e mais ainda dos jovens cristãos.

Jesus nos ensinou a confiança no Pai do Céu. Dessa confiança nasce a força para amar o próximo como Jesus. E aí temos muito que imitar.

São duas as expressões mais fortes da fraternidade cristã: a partilha e o perdão. Por partilha entendemos a capacidade de dividir com os outros o que de Deus recebemos. É preciso, assim, partilhar não só o alimento cotidiano mas também tudo o que somos e temos. Os jovens cristãos são chamados a dar testemunho de vida solidária e feliz pela comunhão de bens para marcar a superação do egoísmo e revelar a força de Cristo em nosso meio.

À medida que partilhamos o pão, a humanidade torna-se mais fraterna, e obteremos como fruto a alegria própria do amor gratuito de quem vive o Evangelho da partilha e da comunhão. A outra atitude que expressa de modo claro e forte a nossa intenção de servir a Deus na vida de discípulos e discípulas de Jesus é o exercício do perdão evangélico. É o que mais falta na sociedade.

Quem crê recebe uma força especial para amar e perdoar.

            Eis aí o testemunho de amor mais forte que os jovens podem dar ao mundo de hoje: pagar o mal com o bem. É essa atitude de amor maior, capaz de vencer o ódio e a vingança e de promover a reconciliação e a concórdia, que há de caracterizar a vida dos jovens cristãos, chamados a alegrar cada dia o mundo com a beleza da confiança, da partilha e do perdão


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/09/2006 - Página 27986