Discurso durante a 148ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Análise sobre a crise ética e moral da classe política e da sociedade brasileira.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA NACIONAL.:
  • Análise sobre a crise ética e moral da classe política e da sociedade brasileira.
Aparteantes
Arthur Virgílio, Flexa Ribeiro, Heráclito Fortes, Mão Santa, Tasso Jereissati.
Publicação
Publicação no DSF de 07/09/2006 - Página 28290
Assunto
Outros > POLITICA NACIONAL.
Indexação
  • ANALISE, POLITICA NACIONAL, CRISE, ETICA, DIFERENÇA, PENSAMENTO, OPINIÃO PUBLICA, CLASSE, ARTISTA, JUSTIFICAÇÃO, MA-FE, PRIORIDADE, RESULTADO, EFEITO, SITUAÇÃO, IMPUNIDADE, INDIVIDUALIZAÇÃO, INTERESSE, PREJUIZO, CONCEITO, SOCIEDADE, PERDA, REPUTAÇÃO, CLASSE POLITICA.
  • REPUDIO, SEPARAÇÃO, ETICA, POLITICA, AUSENCIA, JUSTIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL, ESPECIFICAÇÃO, PROPINA, MESADA, CONGRESSISTA, PREVISÃO, RECUPERAÇÃO, VALOR, DIGNIDADE, BRASIL.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª a gentileza, Sr. Presidente.

            Como praticamente esta deve ser a última sessão a que compareço antes das eleições - é o último esforço concentrado -, não posso deixar de concluir uma análise que fiz, desta tribuna, com relação à situação em que vivem o Brasil e a sociedade brasileira no que tange à forma como levamos a política, a sociedade, os princípios.

            Parece que, de certa forma, estamos vivendo uma hora de anormalidade, uma hora de perturbação generalizada, como se todos nós estivéssemos mais ou menos influenciados por algo que nos tirasse os pés da realidade e como se flutuássemos por um mundo que não soubéssemos qual realmente é.

            Já falei de um ilustre escritor, autor de uma novela da Globo, quando ele, boquiaberto, chamava a atenção, em uma entrevista à revista Veja, para o seguinte aspecto: ao contrário do passado, nas pesquisas que a Globo faz diariamente para examinar os personagens de suas novelas, as respostas da sociedade são de que está certo quem rouba, está certo quem ganha lucro, está certo quem se aproveita. A questão é se aproveitar. Um homem sério e responsável teve sua mulher roubada por um malandro. Na pesquisa, o povo dizia: “Fez bem. Ela era uma mulher muito bonita; ele, um bobalhão. Era um chato aquele marido dela! O malandro fez bem em se aproveitar e ficar com ela”. Diz o escritor que é impressionante a mudança que se operou, nos últimos anos, na maneira de pensar e no conceito da sociedade brasileira. Chama ele a atenção para um episódio que considera uma coincidência com fatos relacionados à crise moral que há na política, à crise de comprometimento. Os fatos vêm sendo anunciados e repetidos na vida pública.

            Nós todos, eu principalmente, temos uma dívida eterna com a classe artística e com a classe intelectual, com cantores, com músicos, com artistas do Brasil, porque, não fossem eles, não teríamos derrubado a ditadura. Foram os artistas e os jovens que conduziram o povo brasileiro, sem tiros e sem violência, à reconstituição da democracia. Eram pessoas como Chico Buarque, com trezentas músicas proibidas, e como Vandré, que disse que “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, que sofreu tortura, que foi praticamente martirizado e que teve de viver no exílio. Quantos, como Chico Buarque, tiveram suas músicas censuradas e sua vida perturbada?

            Chamou a atenção a reunião que os artistas fizeram com Lula, em que alguns conceitos apareceram. Quero, de saída, dizer da admiração que tenho pelo artista Paulo Betti, que, em sua coluna publicada na Folha de S.Paulo, expressa um pensamento que respeito. Não me refiro ao conteúdo das palavras em si, ao conceito deste ou daquele artista, mas ao contexto geral existente, em que está toda a sociedade brasileira.

            Quando se diz que não se pode fazer política sem colocar a mão no barro, na sujeira; quando se diz que política e ética são duas coisas que não caminham juntas, que política é resultado e que, para resultado, vale fazer o que for necessário, praticamente está se vendendo um conceito, está se analisando um fato, e parece que é o que acontece.

            O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Permita-me V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Vou conceder-lhe o aparte em instantes, com o maior prazer.

            Quando vemos por todos os lados a violência, o erro, a morte, a falcatrua, o roubo, praticamente em todos os cantos do Brasil, sem que nada aconteça; quando vemos que está presa uma senhora que roubou uma galinha num supermercado e que aos que roubam milhões não acontece nada; quando vemos que o Brasil realmente é o País da impunidade; quando vemos que são bilhões de dólares roubados anualmente, que podiam ser aplicados, equacionando o problema da sociedade brasileira, realmente até entendemos que há uma busca de cada um de tentar salvar o que é seu.

            Há um desinteresse geral, uma despreocupação com as coisas que existem e que continuam como estão. E cada um quer tirar vantagem: “Vou cuidar do meu filho, vou fazer com que ele faça faculdade”; “Vou cuidar para ver se consigo ter uma casa própria”. Do jeito que está, cada um tira vantagem do que é seu.

            Será crível que esse seja o conceito da sociedade brasileira? Será que vamos aceitar que a sociedade brasileira marche dentro de um princípio igual a esse, em que há um conceito mais terrível da classe política e em que há um conceito mais despropositado da sociedade? Será que se pode imaginar que o Brasil é isso? Será que se pode imaginar que um País do tamanho deste, com as condições que temos de avançar, avançará assim?

            Achei excepcional o artigo de Dora Kramer: “Os bobos da Corte”. Essa intelectual, que já é uma jornalista de primeira grandeza, faz uma análise, um corte vertical na alma do brasileiro, e mostra que não podemos aceitar isso. Não podemos ficar silenciosos diante de um conceito que se arrasta: Deputado absolvido, porque os daqui absolvem os de lá; o Supremo não condena ninguém; os roubos perpetuam-se, multiplicam-se. O Brasil, atualmente, já tem máfia organizada, que, daqui a pouco, terá mais força do que o próprio Governo na sua organização criminal.

            E nós achamos que as coisas devem continuar assim!

            O próprio Presidente da República diz - e ganha manchete: “Política não é só ética. Política também tem o lado sujo”. É o pensamento do Sr. Lula! E diz ele que não admite crítica da tribuna do Senado Federal por aqueles que não têm autoridade para isso.

            Ora, Sr. Presidente, quero confessar que realmente vivemos a crise mais dolorosa.

            O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - V. Exª me permite um aparte, Senador Pedro Simon?

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Pois não, Senador.

            O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador Pedro Simon, quando V. Exª se reporta...

            O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Senador Arthur Virgílio, sem querer interromper V. Exª e sem pretender interromper o brilhante discurso do Senador Pedro Simon, eu gostaria apenas, com muita satisfação, de registrar a presença, no nosso plenário, da ilustre comitiva de aspirantes da Escola Naval, dos futuros chefes navais, por sugestão desse querido amigo Senador Romeu Tuma. São eles que conduzirão a Marinha do amanhã. Os aspirantes vieram a Brasília participar das comemorações da Semana da Pátria e do desfile cívico-militar na Esplanada dos Ministérios, que ocorrerá amanhã, dia 7 de setembro.

            Muito obrigado pela presença de todos, com o perdão das interrupções. (Palmas.)

            O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador Pedro Simon, no capítulo do seu pronunciamento tão brilhante, tão lúcido, em que V. Exª se refere à reunião malfadada dos tais artistas com o Presidente Lula, há de se registrar algumas coisas. Primeiramente, quase todos são muito bem patrocinados por órgãos estatais. Em segundo lugar, abre-se mão daquele dever de o intelectual ser vanguarda nas lutas por mais liberdade, por mais justiça para o povo ou por ética na política, que é algo que está na ordem do dia. Em terceiro lugar, a mim me lembraram eles os intelectuais até geniais: o meu xará imortal Virgílio. Com todo seu valor, na verdade, ele era, sobretudo, um intelectual do Império; ele era, sobretudo, um intelectual que cantava as loas do Império. Não era um intelectual que cantava a falta de liberdade do povo romano, nem era um intelectual que cantava o regime de escravidão a que eram submetidos os povos conquistados. Mas V. Exª toca em outro ponto: o Presidente Lula, seguidas vezes, desrespeita este Parlamento. Aliás, ele está com fixação em mim. Minha mulher anda preocupada! Não faz um discurso sem se preocupar com quantos pontos tenho, com quantos pontos não tenho na minha eleição. O Presidente Lula diz que, se fosse um sindicalista da Contag, a crítica o preocuparia, mas que, sendo um Senador, isso não quer dizer nada para ele. Ou seja, esse é o tamanho que ele tem, esse é o tamanho que ele supõe ser o do Congresso Nacional. É assim que ele encara os Poderes: tentando quebrar a harmonia deles. Ele imagina que o Judiciário é para ser manipulado, que o Executivo é para ser hipertrofiado e que o Legislativo é para ser amordaçado. O Presidente Lula revela um tamanho minúsculo e está cercado de intelectuais que o têm como imperador e que cantam seus feitos até desculpando-os, porque seus feitos são os feitos da corrupção. E os seus “virgílios” dizem que é preciso mesmo meter a mão na... Não vou dizer o nome. Houve um deles que disse o que era: meter a mão no excremento. Um deles disse isso. Não tenho por que ficar bajulando quem quer que seja; não bajulei general na época da ditadura, não vou bajular intelectual em época nenhuma da minha vida. Vai-se ver que o homem está patrocinado pela Petrobras, muito bem aquinhoado, numa política de cultura que me faz ter enorme decepção com o Ministro Gilberto Gil, que privilegia pequenos grupos, privilegia grupos ligados ao poder, o aparelhamento da cultura. Cultura para mim, Senador Pedro Simon, não é se dizer o que o povo deve fazer em troca de financiamento de estatal, é se apoiar com financiamento, até estatal, aquilo que o povo quer livremente fazer. É assim que vejo que se pode apoiar a manifestação cultural do povo brasileiro. Parabéns a V. Exª!

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Exª toca em um ponto que, sinceramente, com o maior respeito, não é aquele em que estou tocando. Estou falando sobre o momento em que vive a sociedade brasileira. Num momento como este em que estamos vivendo, o que apareceu na imprensa referentemente àquela reunião foi muito negativo, muito negativo! Nem imagino que eles o tenham feito deliberadamente.

            Tenho aqui e transcrevo uma nota com o pensamento de um dos artistas, em que ele faz a análise e a interpretação da matéria, chamando de hipócritas os que pensam de forma diferente.

            Mas volto a repetir: penso de forma diferente. Não aceito a tese de que político, obrigatoriamente, não pode ter ética; não aceito a tese de que político tem de botar a mão na sujeira; não aceito a tese de que o Brasil é o País dos corruptos; não aceito a tese de que só vai crescer quem se comprometer com a corrupção. Não aceito isso! Não aceito a tese de que Lula, para crescer, tinha de fazer o que fez. Pelo contrário, creio que, se Lula tivesse sido fiel aos seus princípios, se Lula tivesse sido o Lula da campanha, o Lula do sindicato, o Lula líder sindical, ele hoje talvez fosse o maior líder da história do Brasil. Se, em vez de comprar bancada como ele comprou, em vez de gastar fortunas com “mensalistas” como ele gastou, ele tivesse argumentos, ética e princípios e tivesse chamado o povo e a sociedade, ele teria feito as transformações de que o Brasil precisa.

            Não posso aceitar que se diga que vivemos um momento em que a corrupção é necessária. Não aceito que se diga que o cidadão que fala em ética é ridículo, é um homem desmoralizado, é um homem fora da realidade. Não aceito que se diga que o Brasil está nesse caminho e que desse caminho não tem volta. Está mal? Está mal! O momento em que estamos vivendo na política é o pior possível; o momento que estamos vivendo no debate político é inimaginável; este Congresso vive os momentos mais trágicos que já viveu. Isso é verdade. Não houve isso em 1964, com a derrubada do Jango; nem em 1954, com o suicídio de Getúlio; nem com a queda do Presidente Collor. Em momento algum da sociedade brasileira, houve um momento estarrecedor como o que estamos vivendo.

            Mas digo aos meus irmãos, digo ao povo brasileiro: estamos vivendo o fim de uma era. Aconteça o que acontecer, ganhe quem ganhar - pode até ganhar Lula no primeiro turno -, enganam-se os que imaginam que vai continuar esse escândalo que está aí! O Brasil vai-se levantar. A sociedade vai exigir isso. A ética e a moral vão aparecer, e os ladrões irão para a cadeia.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Permita-me V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Queiram ou não queiram, aceitem ou não aceitem, isso vai acontecer! Garanto ao povo brasileiro que isso vai acontecer, quer queiram, quer não queiram!

            Vim para falar aos meus irmãos, com profunda sinceridade, da minha revolta. Sou uma pessoa que tenho a tranqüilidade de dizer que me comportei assim e que não estou arrependido, não! Não estou arrependido e não digo: “Mas que besta fui, Pedro Simon, de ser um cara sério! Eu poderia ter sido milionário se tivesse posto a mão aqui ou lá”. Sei que muitos são como eu. Conheço muita gente, muitos Vereadores, Prefeitos, Deputados, Governadores, líderes sindicais, operários, muitos que são honestos, dignos, decentes, e não posso aceitar que se diga que o rumo do Brasil é o da corrupção. Não posso aceitar que se diga que a irresponsabilidade, a falta de moral e a falta de ética são a regra geral e que quem não faz isso é burro ou irresponsável. Não é! Eu posso garantir isso.

            Digo aos meus amigos artistas, que são homens de bem, excepcionais, de grande qualidade, que não fizeram bem. Não fizeram bem. E a Lula, que fala que tem medo de uma crítica sindical, mas que não tem medo de alguns Senadores que vêm à tribuna, digo que ele deveria ter medo. Ele deveria ter medo, porque é poderoso, mas não é todo-poderoso. Ele está com força, mas não está com toda a força. Ele está com a perna lá em cima, mas isso acontece e já aconteceu muitas vezes. O Presidente Collor estava no céu e dali foi para o inferno. Nós vimos, muitas e muitas vezes, isso acontecer.

            Se Lula quiser, poderá até ganhar, mas, se achar que vai ganhar na base da corrupção, se achar que já está compondo - e fala-se que já está fazendo um acerto com o MDB, com fulano, com beltrano - com as novas regras do próximo Governo, que serão piores do que as de ontem, não tenho nenhuma dúvida de que triste será seu futuro.

            Se o Presidente permitir, concederei um aparte ao Senador Mão Santa.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Pedro Simon, também não aceito tudo o que V. Exª não aceita. V. Exª representa o Rio Grande do Sul, sua página mais bela: Bento Gonçalves, Guerra Farroupilha, Lanceiros Negros, os precursores da democracia. Eu sou do Piauí. Tivemos coragem, eu e o Senador Heráclito, de expulsar os portugueses pela derrama. Lula está planejando ir a Parnaíba, minha terra natal. Sou candidato a Governador do Estado do Piauí e lá já obtenho 93,84% dos votos. Quero que V. Exª aceite estar presente na cidade de Parnaíba no mesmo dia, para o povo ver a diferença entre a verdade e a mentira, o bem e o mal. Também estendo esse convite à brava Senadora Heloísa Helena.

            O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Senador Pedro Simon, eu gostaria de, em meio minuto, fazer um registro.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Foi difícil a luta de V. Exª na expulsão dos estrangeiros no século passado?

            O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Eu não estava lá, infelizmente, mas gostaria de estar ao lado de Mão Santa. Mão Santa é um ser reencarnado que, agora, tenta expulsar o PT do Piauí e que, com certeza, vai consegui-lo. Senador Pedro Simon, V. Exª faz um discurso preciso. Acabei de mostrar à Senadora Heloísa Helena e a alguns companheiros, Senador Antonio Carlos Magalhães, a maneira como o Governo trata esta Casa e o Brasil. Hoje, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, presidida por V. Exª, houve um debate, do qual o Senador Romero Jucá participou, em que se pediam esclarecimentos sobre os gastos e as contas do Sr. Paulo Okamotto. Ele se nega a vir a esta Casa prestar esses esclarecimentos. No entanto, Senador Tasso Jereissati, em O Estado de S. Paulo, está ele, de braços abertos, na galeria da Câmara, comemorando vitória por aprovação de projeto do Sebrae, o qual preside. Isso é agressão, para mostrar que o Congresso vive um momento difícil. Os aliados de Lula estão tentando criar dificuldades imprevisíveis para a democracia brasileira, o que vemos em atos dessa natureza. Portanto, quero parabenizar V. Exª e dizer à Nação que uma foto fala mais que qualquer palavra. É só abrir a página de O Estado de S. Paulo para ver o Sr. Okamotto desafiando o Congresso brasileiro. Aliás, quero lembrar que há matéria de seu interesse para ser votada, que o Senado não tem o direito de aprovar. É preciso que isso seja esclarecido e que o Sr. Okamotto mande as contas que tem e que deve ao Congresso ou peça desculpas à Nação pelo deboche que fez e que O Estado de S. Paulo registrou. Muito obrigado, Sr. Presidente.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu encerro, Sr. Presidente.

            Permita-me, Sr. Presidente, conceder ainda um aparte ao Senador Tasso Jereissati.

            O Sr. Tasso Jereissati (PSDB - CE) - Senador Pedro Simon, não posso deixar de dizer que é muito bom ouvir uma figura com sua expressão, com sua integridade e com sua credibilidade falando dessa maneira indignada. Pessoalmente, revolta-me ouvir, todos os dias, a tese de que a corrupção é necessária para o político e de que todo político coloca a mão nisso ou naquilo.

            O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Não foi por falta de aviso do Chico Buarque!

            O Sr. Tasso Jereissati (PSDB - CE) - O Presidente Lula praticamente propagou essa tese pelo Brasil, e os jovens ouvem dizer que ser corrupto é necessário, que, para se alcançarem os objetivos, vale a corrupção e que o político é assim. Meus filhos, assim como os dos homens sérios, com razão, estão pedindo para que deixemos a política. Ouvir V. Exª, com a integridade que tem e com a credibilidade que, unanimemente, o Brasil lhe confere - e V. Exª fala com indignação -, é um presente para todos nós. Por isso, agradeço a V. Exª. Eu lamentava que, até agora, depois desses últimos acontecimentos, V. Exª não tivesse falado com toda essa indignação. Espero que o faça mais vezes.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Agradeço-lhe.

            O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Senador Pedro Simon, permita-me um aparte?

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Pois não.

            O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Quero parabenizar o Senado Federal pelo pronunciamento de V. Exª. A indignação que demonstra na tribuna é a de todos os brasileiros de bem. A reação de aplauso dos jovens presentes nas galerias, apesar de não ser permitida, é a demonstração de que o Brasil não aceita a corrupção como forma de se direcionar ou de incutir a questão da votação. V. Exª tem razão. Parabéns pelo pronunciamento! Que a Nação possa tomá-lo como exemplo a ser seguido por todos!

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Agradeço a V. Exª.

            Encerro, Sr. Presidente, dizendo que esta é uma hora em que cada um deve fazer sua parte. Desenvolvendo nossa campanha - cada um tem a capacidade de desenvolvê-la com altruísmo e dignidade - e falando livre e abertamente com o povo brasileiro, temos condições de chegar lá. Tenho convicção absoluta disso.

            Tenho falado muito aos jovens que viveram uma página maravilhosa durante a ditadura, restabelecendo a democracia com os “caras-pintadas”, que viveram uma hora belíssima ao acreditarem que Lula seria a salvação, que se agarraram a ele e que andaram pelo Brasil inteiro com a estrela na mão. Hoje, eles, realmente, vivem uma hora melancólica, de dor, de tristeza, de angústia. Não é hora nem de raiva, nem de mágoa. É hora de prostração. Muitos dizem que perderam até o direito de terem esperança: “Eu não tenho mais coragem de sonhar. Vou sonhar com o quê?”. É por isso que temos de ter a compenetração do nosso papel. Temos a obrigação de entender que é melhor construir um muro, botar lá uma pedra, um tijolo, do que demolir. É melhor ajudar, colaborar, do que demolir. É melhor dar nossa colaboração e fazer nossa parte.

            Volto a dizer: creio nos homens de bem deste País! Confio na sociedade brasileira! Creio que ela haverá de se levantar no sentido de mostrar que o Brasil é um País de homens dignos, um País honrado, de um povo honrado. Mas, nem sempre a economia, nem sempre a política, nem sempre seus líderes correspondem. Mas o Brasil é um País digno, e o povo brasileiro é um povo de bem.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/09/2006 - Página 28290