Discurso durante a 146ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Desmentido sobre matéria publicada na imprensa a respeito de S.Exa. e do Senador Ney Suassuna. (como Líder)

Autor
Wellington Salgado (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MG)
Nome completo: Wellington Salgado de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Desmentido sobre matéria publicada na imprensa a respeito de S.Exa. e do Senador Ney Suassuna. (como Líder)
Aparteantes
Pedro Simon, Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DSF de 05/09/2006 - Página 27809
Assunto
Outros > IMPRENSA. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, INEXATIDÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, DESMENTIDO, EXISTENCIA, DOCUMENTO, PROPRIEDADE, NEY SUASSUNA, CONGRESSISTA, ACUSAÇÃO, JOSE SARNEY, RENAN CALHEIROS, ROMEU TUMA, SENADOR.
  • REGISTRO, TRANSFERENCIA, ORADOR, LIDERANÇA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), SENADO, MOTIVO, LICENÇA, NEY SUASSUNA, SENADOR, OBJETIVO, DEFESA, ACUSAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, AMBULANCIA.

O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Caro Presidente João Alberto, demais Senadores, vim a esta tribuna porque foi publicada matéria totalmente infundada em uma revista da qual sou assinante e a qual adoro ler aos sábados, ouvindo um disco. Foi publicado que o Senador Ney Suassuna teria lido para mim cartas que acusavam o ex-presidente José Sarney, o atual Presidente desta Casa, Senador Renan Calheiros, e o meu amigo, Senador Romeu Tuma. Eu queria dizer que isso não é verdade, não aconteceu.

Segunda-feira, quando o Senador Ney Suassuna, licenciado neste momento, comunicou-me que eu assumiria a Liderança do PMDB nesta Casa, fomos conversar. Encontrei o nosso querido Líder, Senador Ney Suassuna, muito angustiado naquele momento. Claro, com uma trajetória política como a de S. Exª, que alcançou a Liderança do PMDB, maior partido nacional no Senado e, de repente, ter que se licenciar para se defender de acusações no Conselho de Ética, além de ter que fazer uma campanha, para ele, é um momento de muita tristeza.

Conversamos sobre vários assuntos. Às vezes, alguns políticos e a própria imprensa esquece que, antes de qualquer coisa, tem que existir amizade entre as pessoas. Há determinados momentos que você tem que conversar com alguém do seu partido ou de outro partido, sendo político, e mostrar atenção, carinho, amizade.

Outro dia, estava numa CPI, quando alguém disse que amizade era dali para fora. Penso diferente, pois acredito sempre no meu amigo. Se tiver provas contrárias ao que ele está dizendo, não acredito mais nele. Mas, enquanto houver meramente suspeitas, primeiramente acredito no meu amigo.

Participei de uma conversa de uma hora com o Senador Ney Suassuna, na qual discorremos sobre toda a trajetória dele, homem da Paraíba, um lutador. Conheci o Senador antes de ele ser político, sempre lutando, homem que veio de baixo. Aí plantam na revista essa história de que ele teria lido para mim cartas acusando os Senadores Romeu Tuma, José Sarney e o Presidente Renan Calheiros.

Quero dizer que, se algum dia alguém ler uma carta para mim acusando essas três pessoas, eu vou rasgá-la ou sair de onde estiver, porque são três pessoas por quem tenho o maior respeito.

O Senador José Sarney já foi tudo na vida, ninguém tem nada contra S. Exª.

O Presidente Renan Calheiros tem se mostrado um grande democrata, conseguindo administrar esta Casa neste momento de pressão total. Nesta Casa e na Câmara dos Deputados, os Parlamentares estão vivendo um momento de pressão total: os bons Senadores e os bons Deputados. Agora, não é possível que não se possa ter uma conversa com um amigo e, de repente, sair na imprensa que estariam sendo feitas denúncias. Nunca isso! Ainda mais contra essas três pessoas que acabei de citar.

O Senador Romeu Tuma está aqui, é meu amigo, nunca houve nenhuma carta contra ele. Ainda mais: eu duvido que o Senador Ney Suassuna possa fazer alguma acusação como a que foi apresentada na imprensa.

Vou continuar lendo essa revista, porque adoro lê-la. No sábado, coloco um CD e leio notícias publicadas nela, que abordam vários assuntos. Mas tive que subir à tribuna para desmentir essa matéria. Não aconteceu isso. O que houve, sim, foi uma conversa, em que o Senador Ney Suassuna passou para mim as funções da Liderança. Sou novo nesta Casa, transformei-me em Líder deste Partido maravilhoso, que é o PMDB, porque os outros Vice-Líderes tinham compromissos político. Por isso, eu acabei assumindo essa função. Quanto menos eu aparecer, melhor, porque este é um Partido que tem Governadores, ex-Presidentes. Todos sabem por que assumi a Liderança neste momento. Mas o Líder eleito pelo PMDB para o Senado é o Senador Ney Suassuna, que se licenciou para defender sua honra e seu mandato.

Espero que o Senador Ney Suassuna ganhe as eleições na Paraíba, porque representa muito bem aquele Estado. É um lutador, um homem que não afrouxa nunca e é a cara do povo da Paraíba.

Sr. Presidente, contra o Presidente Sarney, nem precisa ser dito nada. Não há por que alguém dizer que existe uma carta contra um homem que já exerceu todos os cargos nesta Casa e neste País. Isso é pura mentira. Nunca aconteceu isso. Pelo contrário! Pelo contrário!

            Senti o Ney muito angustiado porque estava aprontando suas coisinhas no gabinete da Liderança, tirando todo o seu material, a bandeira da Paraíba. Aquele é um momento angustiante. Quem sabe todo o caminho que o Senador Ney Suassuna traçou para chegar à Liderança do maior Partido do Brasil sabe que aquele é um momento de tristeza.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vim a esta tribuna somente para falar isto: não houve conversa nesse sentido. Se, algum dia, algum Senador tentar conversar comigo sobre as três pessoas citadas, podem ter certeza de que saio da sala e não vou escutá-lo, porque não acredito em algo que possa existir contra esses três Senadores.

Concedo o aparte ao Senador Romeu Tuma.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Sr. Presidente, peço a palavra pelo art. 14, porque fui bem citado. O Senador Wellington Salgado de Oliveira é meu amigo pessoal. Recentemente, conheci V. Exª e tenho admiração pelo seu trabalho e sua sinceridade. A dignidade de V. Exª em vir à tribuna trazer a verdade, visto que V. Exª foi citado como participante dessa pseudoconversa, traz tranqüilidade ao Congresso Nacional. V. Exª apresenta esclarecimentos. Digo com sinceridade, Sr. Presidente, que, com todas as queixas que o Senador Ney Suassuna tinha com as apurações, S. Exª foi à tribuna e falou. Ele não se omitiu ao dizer que estava triste com a apuração.

Tivemos não um debate mas um bate-papo, e lhe expliquei como estava fazendo a investigação. Quando se investiga com dignidade e com respeito, investiga-se para apurar a inocência da pessoa e não para acusá-la. Se vierem, como disse V. Exª, fatos concretos que comprovem a ilicitude da ação, não há perdão; mas realmente se deve buscar a comprovação. Como há conflitos entre os funcionários do gabinete dele, estou tentando esclarecer a situação. Acho que o Senador não teria como me acusar de nada, absolutamente nada e, inclusive, disse que ninguém leu a carta que seria destinada a mim. Deve ser apenas um envelope, sem nada dentro.

O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Não existia a carta, Senador.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Estou brincando. V. Exª esclarece. O Senador Renan Calheiros, o Senador José Sarney e o Senador Amir Lando estão cumprindo a sua obrigação congressual. O Senador Renan Calheiros tem-se portado como um magistrado, não tem interferido em nada, em absolutamente nada. O Presidente do Conselho está aqui e sabe que o Presidente Sarney não tocou em nada. Há que se buscar a verdade para aqueles que estão sendo - não digo acusados - relacionados no depoimento do Sr. Luiz Antônio Vedoin. Ontem, apresentei um requerimento. Senador Wellington Salgado, desculpe-me tomar seu tempo.

O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - É uma honra para mim, Senador Romeu Tuma.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Apresentei um requerimento à CPMI solicitando que ele seja reinquirido, para que ele afirme que não irá mentir e esconder fatos, sob pena de perder os benefícios da delação premiada. Por quê? Porque nenhum depoente que tem esse benefício pode voltar atrás, pois, se o fizer, não se poderá confiar mais em todo o seu depoimento. Em relação a essas coisas, é preciso muita cautela e seriedade. Sei que a CPMI é presidida por um procurador, que conhece bem a ação penal. Até agora, ninguém acusou o Senador Ney Suassuna, nem mesmo seus funcionários, em seus depoimentos. É claro que há evidências relativas a funcionários, tanto que a polícia até os prendeu, mas ninguém chegou a citar o Senador como mandante. Agradeço a V. Exª, Senador Wellington Salgado. Eu também me sentiria constrangido por ter de ir à tribuna me defender de não sei o quê. V. Exª toma essa cautela e demonstra claramente que tem toda capacidade de ser um grande líder neste Congresso.

O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Senador Romeu Tuma, agradeço a lembrança. Quero passar esse período apenas lendo jornais no meu gabinete. Como Líder de um Partido que tem entre seus membros ex-Presidente da República, como o Senador José Sarney; ex-Governadores, como o Senador Pedro Simon - para mim, um grande conselheiro -; como o Presidente desta Casa, Senador Renan Calheiros; como o Senador Gerson Camata, que está no Espírito Santo; como o Presidente desta sessão, o Senador João Alberto, o melhor que faço é cumprir com minha tarefa no Partido. Lembro aquela velha frase: “Sou do Exército; então, tenho de cumprir ordens”.

Realmente temos de dar um jeito de mostrar a verdade. Não podemos simplesmente pegar um fato e mostrá-lo de uma maneira completamente diferente da realidade.

A conversa que tive com o Senador Ney Suassuna foi para pedir a S. Exª que me dissesse quais são as funções de um Líder. Queria saber, por exemplo, o que o Líder faz, quem era o responsável pelo encaminhamento de todo o material, como funcionava o dia-a-dia da Liderança. No entanto, ficamos fechados.

Realmente, encontrei Ney Suassuna muito magoado, sentindo-se sozinho. Então, tive com ele uma conversa de amigo, relembrando sua velha história e todo o caminho que ele trilhou, para animá-lo naquele momento em que ele sofria ataques.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - O aparte de V. Exª é uma honra para mim.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - V. Exª, numa hora muito difícil, foi ungido com a Liderança do Partido. A vida, Senador, é feita, muitas vezes, de fatos inesperados, de surpresas - ou, naturalmente, V. Exª não seria o Líder. Evidentemente, o Líder era o Senador Ney Suassuna, que se afastou. Elogiei esse gesto, porque, como Líder, ele não poderia fazer a sua defesa conforme deveria. V. Exª é o Líder agora e tem a confiança da Bancada. O problema não é pedir ao Senador Ney Suassuna que passe tudo para V. Exª. De agora em diante, V. Exª tem de determinar que tudo o que diz respeito à Bancada do PMDB seja decido por V. Exª. A designação dos funcionários da Liderança, tudo é com V. Exª. Quer que eu seja sincero? Vou ser. Por exemplo, quanto aos membros do Conselho de Ética - quem são, se devem sair ou permanecer, tudo isso depende de decisão de V. Exª, porque é um fato novo. O Líder que indicou os membros naquela ocasião agora vai ser julgado. Então, é mais do que natural - não há nada de pessoal - que, nesse fato novo, V. Exª, que é o atual Líder, possa manter os representantes do PMDB no Conselho de Ética ou substituí-los. A decisão é de V. Exª. A partir de agora, vão participar do Conselho de Ética na hora de decidir membros apoiados por V. Exª, que não poderá alegar que não os indicou, porque consentiu que permanecessem lá. Eles estarão lá ou porque V. Exª consentiu que eles ficassem, ou porque V. Exª os substituiu. Está na Presidência um bravo companheiro nosso, que pode dizer se estou ou não dizendo a verdade. V. Exª tem o apoio de toda a Bancada, que quer a verdade. É claro que rezamos para que o Senador Ney Suassuna se saia bem, que tudo dê certo, mas queremos a verdade e não podemos comprometer o PMDB. V. Exª agora exerce esse papel porque houve o fato desgastante de o Líder do PMDB ser apanhado numa circunstância como essa, e da qual está se defendendo. Não quero dizer que ele tenha culpa, mas está se defendendo. Então, a essa altura, V.Exª é o novo Líder do PMDB com autoridade para resgatar nosso papel de assumir esse compromisso. Apoiar seu amigo Ney Suassuna é correto - não penso o contrário -, mas deve haver independência e liberdade para agir e buscar a verdade. V. Exª terá de assumir sua tarefa. V. Exª será marcado por essa liderança. Ela poderá ser o fato marcante que irá determinar sua credibilidade diante de nossa Bancada e sua consagração no próximo pleito com Senador. Essa é uma posição que aparece e, aparecendo, nosso desempenho precisa estar à altura dela. V. Exª não a pediu, V. Exª não a buscou; ela lhe foi entregue. No momento em que o fato lhe foi entregue, V. Exª, com sua autoridade... É claro que V. Exª pode dizer: Eu sou novo, eu cheguei agora, eu estou começando... Ninguém é mais importante do que V. Exª, que é nosso Líder, e, portanto, é mais importante do que eu, do que a nossa Bancada, porque V. Exª a coordena, a comanda, a chefia. Pode ficar tranqüilo porque todos nós vamos atrás de V. Exª, que vai ter a cobertura de todos nós porque o PMDB de todo o Brasil quer que se encontre a verdade. Dou a minha solidariedade, o meu apoio e o meu carinho a V. Exª e rezo a Deus para que V. Exª reúna a competência e a capacidade para desempenhar com dignidade do seu papel, sem avançar demais no sentido de atingir quem quer seja, mas sem recuar no sentido de comprometer o nome e a dignidade de V. Exª.

O SR. WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA (PMDB - MG) - Muito obrigado, Senador. Além de tudo que V. Exª me ofereceu, eu queria a coisa mais importante: o conselho de V. Exª. Isso é que é importante. V. Exª tem toda uma história no PMDB, que é algo que ninguém consegue encontrar nos livros. Por isso, todas as vezes que sei que V. Exª está discursando, sento na minha cadeira e fico a observá-lo, porque essa é uma aula de história. Não deixe de me dar os seus conselhos, que é a coisa mais importante.

Sr. Presidente, muito obrigado. Eu somente queria esclarecer a questão.

Obrigado, Srs. Senadores.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/09/2006 - Página 27809