Pronunciamento de Heráclito Fortes em 04/09/2006
Discurso durante a 146ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Repúdio ao pronunciamento da Senadora Ideli Salvatti com relação às declarações do presidente do PT, Deputado Ricardo Berzoini. (como Líder)
- Autor
- Heráclito Fortes (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
- Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
SENADO.:
- Repúdio ao pronunciamento da Senadora Ideli Salvatti com relação às declarações do presidente do PT, Deputado Ricardo Berzoini. (como Líder)
- Publicação
- Publicação no DSF de 05/09/2006 - Página 27847
- Assunto
- Outros > SENADO.
- Indexação
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- CRITICA, RESPOSTA, IDELI SALVATTI, SENADOR, INEXATIDÃO, COMPARAÇÃO, FALTA, ETICA, ACUSAÇÃO, FAMILIA, POLITICO, MORTO, IGUALDADE, DESRESPEITO, USO DA PALAVRA, ESPECIFICAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).
- REITERAÇÃO, CRITICA, PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), OFENSA, REPUTAÇÃO, PAI, TASSO JEREISSATI, SENADOR.
- EXPECTATIVA, ISENÇÃO, INVESTIGAÇÃO, MINISTERIO PUBLICO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), POLICIA FEDERAL, TOTAL, DENUNCIA, INCLUSÃO, IRREGULARIDADE, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).
O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Pela Liderança do PFL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaríamos de evitar a discussão de temas dessa natureza. A Senadora Ideli, brilhante, faz aqui como Stanislaw Ponte Preta, do qual temos saudade, com seu samba do crioulo doido, porque os fatos que compara não têm nenhuma correlação.
O Senador Carlos Jereissati, morto na década de 60, morreu de um enfarte, de morte natural. O Sr. Celso Daniel morreu em circunstâncias até hoje não esclarecidas, e me causa espécie o fato de a Líder do PT não querer que esse assunto seja tratado, porque deve incomodar a memória de alguns de seus membros e de seus colegas.
É, no mínimo, estranho que o PT faça isso com seus mortos. No primeiro caso, queremos que o nosso morto descanse em paz porque cumpriu, em vida, seu papel. O outro, não. Para que descanse e que seus familiares tenham descanso, é preciso que os fatos sejam esclarecidos. Não se admite que, pelo fato de haver pessoas do próprio partido no rol dos acusados, queira se botar uma pedra em cima e fazer silêncio quanto aos fatos.
Ouvi, comovido. Se não fosse um homem forte e amadurecido pela refrega, Senador Antonio Carlos Magalhães, eu teria chegado às lágrimas nesta Casa hoje, quando a Senadora fala dos ataques baixos e cita casos de CPI.
Não se recorda a Senadora de que quem mais procurou revolver casos e arrumar culpados foi ela própria na CPI do Banestado, quando trouxe à tona, nesta Casa, questões pessoais do seu Estado e passou a atacar sistematicamente seus adversários, contando com a boa vontade de alguns membros do Ministério Público, com o Procurador Celso Três, Senadora Ideli Salvatti, como o Sr. Antônio Francisco, antiga musa inspiradora das vinganças petistas como oposição, que hoje, embora vivo, ninguém sabe onde foi colocado porque ninguém ouve mais seus protestos e sua voz.
Dizer que a Oposição ataca os familiares do Presidente Lula é uma injustiça que se faz.
A Senadora sabe que, no Estado de Santa Catarina, em Blumenau, há algumas ONGs envolvendo familiares bem próximos do Presidente, usando recursos duvidosos, com apuração feita pelo Ministério Público. E nunca trouxemos esse problema para o Plenário da Casa.
A infelicidade do Sr. Berzoini, Senador Tasso Jereissati, em citar o seu pai como exemplo - e invoco o Senador Antonio Carlos Magalhães - está em um ponto básico e único: ele tem todo direito de não gostar de V. Exª e de tentar agredi-lo porque V. Exª o incomoda, e de tentar desonrá-lo porque V. Exª cumpre o seu papel, mas, Senadora Ideli Salvatti, o Senador Berzoini, o Deputado Berzoini - graças a Deus Deputado - não tem o direito de falar do pai do Senador Tasso Jereissati, que é pai também do empresário Carlos Francisco Jereissati, de ligações estreitas com o Partido de V. Exª. A ingratidão cometida é imperdoável. Eles são filhos do mesmo pai, e eu não gostaria de trazer isso à tribuna, mas não posso me calar com essa maneira, com essa tática com que o Partido tenta enganar a opinião pública.
Quero saber se o Sr. Jereissati é acusado pelo Berzoini é o pai do Tasso ou o pai do Carlos Francisco - a quem ele já pediu desculpa. Faço isso como um amigo dos dois, amigo que se sente triste ao ver que, para alcançar objetivos, não se escolhem caminhos. Buscam-se nas catacumbas os que morreram e estão em paz, querem que se revolvam os que estão enterrados, mas a verdade dos fatos ainda não chegou à luz. É lamentável, é triste que as coisas neste País, Senador Demóstenes Torres, se passem dessa maneira.
Seria bom que o Ministério Público começasse a esclarecer ao País, Senadora Ideli Salvatti, por exemplo, o caso da apreensão daqueles documentos feita no aeroporto de Curitiba, documentos que dizem respeito a fatos administrativos em Itaipu. Era preciso, Senadora Ideli Salvatti, que os processos que estão sendo apurados, todos eles, não só alguns, tivessem o empenho do Ministro republicano Márcio Thomaz Bastos para que a apuração fosse feita. Lamento que o Ministro Bastos tenha ido a Santa Catarina na companhia da Senadora Ideli Salvatti, mas não tenha cumprido sua missão completa estimulando ao Ministério Público, à sua pasta e à Polícia Federal, a que apurassem todos os fatos, doa quem doer. Não é trazendo a verdade pela metade, nem tripudiando sobre os que já se foram e que não podem se defender que, neste País, se vai chegar a algum lugar.
Portanto, lanço aqui o meu protesto pelo comportamento debochado, displicente e, acima de tudo, desrespeitoso, porque se fez uma defesa com uma justificativa do injustificável.
Quanto a alguns atos de solidariedade, Senador Tasso Jereissati, não os espere e não os queira. Para algumas pessoas, a solidariedade só chega na missa de sétimo dia. Isso mesmo. Se houvesse suspeita de que a causa mortis tivesse sido doença contagiosa, a solidariedade ficaria do lado de fora da igreja. Não entram sequer para serem solidários com os mortos. Não espere, não queira e viva sem esse tipo de solidariedade.
Sei que V. Exª parte daqui hoje como o fez ao longo de todos os dias de sua vida desde o momento em que perdeu o pai. Dorme todo dia com a consciência tranqüila, diferentemente dos que sabem que têm na sua sala e principalmente nas suas consciências um morto sobre o qual a opinião pública deste País insiste em saber a verdade. Enquanto ela não vier à tona, o remorso e acima de tudo a agitação da noite dos que têm culpa em cartório não permitirá que se durma um sono tranqüilo.
Muito obrigado, Sr. Presidente.