Pronunciamento de Jorge Bornhausen em 19/09/2006
Discurso durante a 153ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Reafirma a necessidade de apuração da origem do dinheiro apreendido na posse de membros do PT, para negociar a compra de dossiê. Defesa de intensa fiscalização das ações do Ministério da Justiça. Reafirma confiança no Tribunal Superior Eleitoral - TSE.
- Autor
- Jorge Bornhausen (PFL - Partido da Frente Liberal/SC)
- Nome completo: Jorge Konder Bornhausen
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
LEGISLAÇÃO ELEITORAL.
ELEIÇÕES.
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
- Reafirma a necessidade de apuração da origem do dinheiro apreendido na posse de membros do PT, para negociar a compra de dossiê. Defesa de intensa fiscalização das ações do Ministério da Justiça. Reafirma confiança no Tribunal Superior Eleitoral - TSE.
- Aparteantes
- Leonel Pavan.
- Publicação
- Publicação no DSF de 20/09/2006 - Página 29265
- Assunto
- Outros > LEGISLAÇÃO ELEITORAL. ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
- Indexação
-
- REGISTRO, APROVAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, ALTERAÇÃO, SISTEMA ELEITORAL, ESTABELECIMENTO, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, DESPESA, CANDIDATO, PARTIDO POLITICO, ELEIÇÕES, REDUÇÃO, CUSTO, CAMPANHA ELEITORAL, AUMENTO, PUNIÇÃO, INFRATOR, LEGISLAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, IMPUGNAÇÃO, CANDIDATURA, CASSAÇÃO, MANDATO.
- CRITICA, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), AQUISIÇÃO, DOCUMENTO, DIFAMAÇÃO, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PARTICIPAÇÃO, CORRUPÇÃO, FRAUDE, LICITAÇÃO, AMBULANCIA, COMENTARIO, NECESSIDADE, JUSTIÇA ELEITORAL, INVESTIGAÇÃO, ORIGEM, DINHEIRO, PAGAMENTO, DOCUMENTAÇÃO.
- QUESTIONAMENTO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, FAVORECIMENTO, NOMEAÇÃO, ENFERMEIRO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PRESIDENCIA, BASE AEREA DE SANTA CRUZ (BASC), CRITICA, PARTICIPAÇÃO, PRESIDENTE, BANCO ESTADUAL, AQUISIÇÃO, DOCUMENTO.
- APRESENTAÇÃO, REQUERIMENTO, AUTORIA, BANCADA, OPOSIÇÃO, TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE), SOLICITAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), PRESIDENTE, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
- COMENTARIO, IMPORTANCIA, VOTO, ELEIÇÕES, CONCLAMAÇÃO, POPULAÇÃO, PROMOÇÃO, RETORNO, MORAL, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, COMPETENCIA, POLITICA, PAIS.
O SR. JORGE BORNHAUSEN (PFL - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente. Meus cumprimentos a V. Exª e às Senhoras e Senadores presentes.
Em agosto do ano passado, depois de assistir a tudo aquilo que foi apurado sobre o uso de dinheiro escuso, produzido pelo Poder Executivo, sobre o valerioduto, sobre o Visanet, entregando recursos para corromper Parlamentares do mensalão e sobre outros fatos tão graves, entendi que era oportuno apresentar um projeto de lei alterando o sistema eleitoral, visando aperfeiçoá-lo, dando transparência às contas dos candidatos e dos partidos, diminuindo os custos de campanha e aumentando as penas para que os infratores tivessem mais receio e temor ao praticar ilegalidades de forma continuada.
Na verdade, esse projeto sofreu alterações, mas, na sua essência, foi aprovado e se tornou a Lei nº 1.300, de 2006. O Tribunal Superior Eleitoral acolheu grande parte dos artigos do projeto aprovado, e estamos vendo os resultados na campanha eleitoral: as cidades estão limpas, não vemos mais postes e árvores inundados de fotografias; a eleição ficou mais educada, com menos custos, e a transparência aumentou, com crescimento da apresentação das entradas e saídas na Internet, feitas já em agosto e setembro.
No entanto, há os que não acreditam na lei, há os que se consideram acima da lei e há os que não têm temor em usar dinheiro escuso para corromper, para tentar alterar resultados eleitorais. Mas se esqueceram de que esta lei era rigorosa nas penas, e o art. 30 da Lei Eleitoral nº 9.504, de 1997, teve acrescentado o parágrafo segundo, aprovado aqui no Senado e, depois, na Câmara dos Deputados, que diz o seguinte:
Comprovados captação ou gastos ilícitos de recursos, para fins eleitorais, será negado diploma ao candidato, ou cassado, se já houver sido outorgado.
Boa hora em que o Congresso Nacional foi rigoroso na penalidade para impedir a fraude, mas nem isso foi suficiente para fazer com que aqueles que costumam atuar no submundo e com os bandidos deixassem de agir. Lamentavelmente, nós vivemos uma ocorrência grave na semana passada, cujos desdobramentos continuam nesta semana. Presos em flagrante dois integrantes do PT, um inclusive contratado,Valdebran e Gedimar foram encontrados com mais de R$1 milhão e mais de US$240 mil. Tentaram disfarçar, dizer que se tratava da compra e venda de um dossiê, que não existia. O CD não tinha nada, as fotos eram públicas. Eles visavam pagar uma entrevista àquele que foi o autor da Operação Sanguessuga, o Sr. Vedoin, que deu uma entrevista a uma revista, aproveitada, no fim de semana, por candidato em São Paulo.
No entanto, a investigação que vinha de Mato Grosso chegou a São Paulo. Foram detidos os meliantes. Nas suas declarações, o Sr. Gedimar afirmou que a operação foi detonada pelo Sr. Freud Godoy, e este declara publicamente que esteve com o Sr. Gedimar quatro vezes; era contratado pelo Palácio do Planalto, na Secretaria particular da Presidência da República, íntimo do Presidente, membro da sua corriola. Lamentavelmente, tenho de dizer isso. Seu depoimento foi reduzido a vinte minutos.
A Nação brasileira quer saber de onde veio o dinheiro. Onde estão as fotografias do dinheiro? O Sr. Freud era amigo íntimo do Presidente da República, pois declarou: “o Presidente Lula me ligou ontem”. Onde o Sr. Freud arrumou esse dinheiro e por que o seu depoimento durou vinte minutos? Essa resposta precisa ser dada à Nação, estarrecida e indignada com fatos que vêm acrescentar mais uma mancha nessa negra história do Governo Lula em pouco mais de 3 anos e meio.
O Sr. Freud Godoy ainda acrescentou que o contato foi feito por um integrante da cúpula nacional do PT, Sr. Jorge Lorenzetti. Lamentavelmente, trata-se de um catarinense que disputou a eleição para Senador quando fui candidato, e eleito, em 1982; disputou a eleição pelo PT para a Prefeitura de Florianópolis e tinha, no seu currículo, como o maior galardão, ser o churrasqueiro do Presidente Lula. Fotografias seguidas ele enviava para os jornais de Santa Catarina mostrando a sua façanha.
Ele, que é enfermeiro formado, foi, por essa ação de cortar churrasco e assar carnes para o Presidente Lula, nomeado Diretor Financeiro do Banco do Estado de Santa Catarina. Ele, que nunca tinha visto um banco na vida, foi galgado a essa função e, agora, aparece no noticiário policial ao lado do Sr. Freud Godoy, numa ação criminosa. Recebeu resposta adequada da coligação Por um Brasil Decente, que tomou a iniciativa de entrar com um processo eleitoral junto ao Tribunal Superior Eleitoral, órgão adequado para fazer essa investigação.
Pediu que os investigados fossem quem? O Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, o beneficiário dessa ação ilegal; o Sr. Márcio Thomaz Bastos, Ministro da Justiça, que não tem permitido o acesso adequado ao processo, mostrando-se sempre mais um criminalista a serviço do Presidente da República do que um Ministro da Justiça; o Sr. Ricardo Berzoini, Presidente do PT, cujos integrantes participaram dessa trama eleitoral; o Sr. Valdebran Carlos Padilha da Silva, preso com dinheiro pela Polícia Federal; o Sr. Gedimar Pereira Passos, preso com dinheiro pela Polícia Federal; e o Sr. Freud Godoy, colocado pelo Sr. Gedimar Pereira Passos como quem autorizou a operação, portanto, um novo Gregório Fortunato.
Sr. Presidente, lamento que o País viva esses momentos tão tristes que estão denegrindo a nossa história republicana. Essa tentativa de mudar o resultado eleitoral não dará certo. A sociedade brasileira está indignada e vai responder. Vamos ter segundo turno, sim. Já tínhamos antes do fato ocorrido. Vamos ter, sim, um debate entre Geraldo Alckmin e o Presidente que patrocinou o valerioduto, o mensalão e, agora, a Operação Vedoin para tentar liquidar com a candidatura Geraldo Alckmin e José Serra.
A resposta será dada nas urnas, mas é muito triste ter que vir à tribuna desta Casa para pronunciar este discurso, dizer estas palavras e alertar a sociedade. Mas eu me sinto recompensado por ser o autor inicial do Projeto de Lei que modificou o sistema eleitoral e criou a pena a que estará sujeito aquele que vier a contrariar, a burlar e a elidir o §2º do art. 22 da Lei Eleitoral. Eu tenho certeza de que a justiça se fará duas vezes: pelo órgão adequado, que é o Tribunal Superior Eleitoral, e pelo órgão democrático, que são as urnas, que vão banir aqueles que vieram para enlamear o Governo, utilizando o dinheiro público em benefício pessoal e eleitoral.
Concedo um aparte ao Senador Leonel Pavan.
O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Senador Jorge Bornhausen, em primeiro lugar, cumprimento V. Exª não apenas pelo pronunciamento, mas pela ação rápida, tanto de V. Exª como do Senador Tasso Jereissati, exigindo transparência da Justiça - do Tribunal Superior Eleitoral - referente ao episódio que envolve pessoas diretamente ligadas ao candidato à Presidência pelo PT, o Lula - pessoas próximas do seu Gabinete, amigas do Presidente. Gostaria, portanto, de cumprimentá-lo. Esperamos que a declaração do Tribunal Superior Eleitoral seja rápida a fim de que a população brasileira saiba realmente o que está acontecendo. V. Exª citou Jorge Lorenzetti. Ele é enfermeiro. Enfermeiros são pessoas preparadas e competentes; são pessoas que têm participação direta na saúde das pessoas. Ele foi nomeado Diretor Financeiro do Banco do Estado de Santa Catarina, que hoje é federalizado, é um banco do Governo Federal. Aliás, no ano passado, se não me engano, o Presidente Lula disse - está aqui no O Estado de S. Paulo -, na Amazônia, no Município de Benevides, que Lorenzetti é uma pessoa em quem todos nós deveríamos confiar, pois é uma pessoa boa, de confiança, e que tem boas relações internacionais. Lorenzetti participou de uma eleição em 1983, como candidato a Deputado Federal pelo PT, e em 1985 foi candidato a Prefeito de Florianópolis, também pelo PT. É uma pessoa muito ligada a José Dirceu. Agora, ele deixou a função, o cargo de confiança para o qual foi nomeado por Lula, para coordenar a campanha pró-Lula em Santa Catarina. Eu quero acreditar que, ele sendo diretor de um banco federal - e imagino que isso não pode acontecer -, esse dinheiro não seja dos “BESCianos”, dos catarinenses. É claro que não é. Mas já há pessoas dizendo, maldosas talvez, que esse dinheiro poderia ser do BESC. Não. Acredito que não. Tomara que não seja. Mas Jorge Lorenzetti é uma pessoa extremamente ligada ao Presidente e à própria Senadora de Santa Catarina.
O SR. JORGE BORNHAUSEN (PFL - SC) - Senador Leonel Pavan, agradeço a V. Exª, que lembra muito bem que o Banco do Estado de Santa Catarina foi federalizado, e que, portanto, a nomeação do Sr. Jorge Lorenzetti foi uma nomeação direta do Presidente Lula, em homenagem aos churrascos que ele vem fazer aqui no Palácio do planalto. Também a atuação do Ministro Márcio Thomaz Bastos tem que ser acompanhada, porque ele tem sido sempre o advogado criminalista do Presidente Lula.
Antes de subir a esta tribuna, recebi da parte do Sr. Luiz César Ramos Pereira, cujo escritório de advocacia é em São Paulo, um e-mail que diz: “O advogado do Freud foi, durante muito tempo, estagiário no escritório do Dr. Bastos, atual Ministro da Justiça, e lá trabalhou como advogado júnior”. Parece um fato real. Ele deixa o telefone. Vou ligar e conferir, mas é evidente que se isso estiver ocorrendo é mais uma ação do criminalista em favor do seu cliente, Luiz Inácio Lula da Silva.
Mas ele vai ter que agir mesmo é no Tribunal Superior Eleitoral, onde a investigação será séria e terá reflexos.
E confiando na Justiça, e, repito, confiando nas urnas e na indignação do eleitor brasileiro, esperamos colocar este País novamente no caminho da moralidade, da decência, da transparência e da competência.