Discurso durante a 156ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

A falta de compromisso com a verdade por parte do presidente Lula e a obrigação da Polícia Federal de informar a verdade sobre a origem do dinheiro que seria usado para a compra do dossiê.

Autor
Jorge Bornhausen (PFL - Partido da Frente Liberal/SC)
Nome completo: Jorge Konder Bornhausen
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • A falta de compromisso com a verdade por parte do presidente Lula e a obrigação da Polícia Federal de informar a verdade sobre a origem do dinheiro que seria usado para a compra do dossiê.
Aparteantes
José Jorge.
Publicação
Publicação no DSF de 27/09/2006 - Página 29492
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COBRANÇA, URGENCIA, INVESTIGAÇÃO, POLICIA FEDERAL, ORIGEM, DINHEIRO, UTILIZAÇÃO, AQUISIÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DOCUMENTO, TENTATIVA, PREJUIZO, CANDIDATURA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PRESIDENCIA DA REPUBLICA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB).
  • QUESTIONAMENTO, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESCONHECIMENTO, OCORRENCIA, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL, CRITICA, AUSENCIA, DEMISSÃO, ASSESSOR, CAMPANHA ELEITORAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

O SR. JORGE BORNHAUSEN (PFL - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as mulheres e os homens de bem deste País estão com um grito atravessado nas suas gargantas. Queremos a verdade. Queremos a verdade sobre tudo que ocorreu nestes últimos 12 dias, que escreveram mais uma página negra de corrupção do Governo Lula. Doze dias é tempo suficiente para que as investigações tivessem chegado àquilo que todos querem saber: a origem do dinheiro, dos reais e dos dólares escusos que somaram R$ 1,7 milhão.

Há 12 dias, foram presos, numa expedição do PT, o Sr. Valdebran e o Sr. Gedimar. Há 12 dias, foi preso o Sr. Vedoin, conhecido tomador de dinheiro público neste País. Há 12 dias que sabemos que houve a tentativa de um golpe sujo, elaborado no comando de campanha do PT, para tentar derrubar a candidatura de Alckmin à Presidência e a candidatura de Serra ao governo de São Paulo.

Surgiu a primeira figura fora daqueles que foram presos em flagrante, o Sr. Freud Godoy, assessor da Presidência da Republica, cuja tarefa principal era patrulhar o Presidente Lula, resolver seus assuntos caseiros, ser seu segurança.

Nervoso, apresentou-se à televisão e fez uma declaração muito sintomática: “o Lula ligou para mim perguntando se eu estava envolvido”. Essa é a intimidade entre o Sr. Freud Godoy e o Presidente da República, a intimidade de corriola, de falta de respeito com a sociedade brasileira.

Em seguida, apareceu o nome do comandante das ações sujas do PT que visavam fazer com que houvesse uma modificação eleitoral em São Paulo. Surge, lamentavelmente para mim, como catarinense, o Sr. Jorge Lorenzetti.

O Sr. Jorge Lorenzetti é enfermeiro de profissão, churrasqueiro preferido do Presidente da República, seu íntimo, com quem o Presidente Lula iria passar as festas de fim de ano no hotel da CUT em Ponta das Canas.

O Sr. Jorge Lorenzetti, por decisão do Presidente Lula, foi nomeado Diretor Administrativo do Banco do Estado de Santa Catarina, cujas ações são do Governo Federal. Quando perguntado a respeito de Jorge Lorenzetti, o Presidente da República, com sua costumeira ação de mentir, disse que ele não pertencia aos quadros de seu Governo. Pertence, sim, Sr. Presidente! Não minta de novo! Tirou licença do Banco do Estado de Santa Catarina para comandar o departamento sujo do PT em Brasília. Essa licença estende-se até 31 de outubro.

O Presidente do Banco do Estado de Santa Catarina, Sr. Eurides Mescolotto, cuja credencial para ser Presidente do Besc era ser Secretário do PT em Santa Catarina, sem qualquer outro vínculo empregatício, dá uma entrevista a um jornal catarinense. Foi-lhe feita a seguinte pergunta: “Lorenzetti será demitido da diretoria ou deveria exonerar-se?” A resposta: “O acionista majoritário do Besc é o Governo Federal, através do Ministério da Fazenda. O Ministério da Fazenda deverá se pronunciar”.

Portanto, depois de o Presidente declarar que ele não pertencia aos quadros do seu Governo, ainda o Presidente do Banco do Estado declara que ele continua diretor e não sabe se o Ministro da Fazenda vai exonerá-lo ou se ele vai pedir demissão. Nada disso aconteceu, a não ser mais uma mentira deslavada do Presidente da República!

Surge, depois, como comandante da ação, o Presidente do PT, o Deputado Ricardo Berzoini, lembrado pelo Senador José Jorge como aquele que deu nome ao Troféu Berzoini de Maldade, por ter colocado na fila velhinhos com mais de 90 anos. Agora é o próprio Presidente que o considera responsável por todo esse crime eleitoral organizado. Neste País, se já combatíamos, e temos de combater, o crime organizado, agora temos que combater o crime eleitoral organizado, comandado pelo Presidente da República, candidato à reeleição, porque é ele quem atribui ao Presidente do seu Partido essa triste e nefasta missão.

Doze dias se passaram e não vimos a foto do dinheiro: foi escondida pela Polícia Federal. Não vimos os vídeos do Hotel Ibis, onde estavam hospedados os meliantes, que foram escondidos pela Polícia Federal. Um chegou a tirar o chip do seu telefone, cometendo mais um crime, ao esconder provas. Foram 12 dias sem uma resposta. Quando entramos com a investigação, por meio da coligação PSDB/PFL, no dia 18, eu disse claramente que não merecia a nossa confiança o Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, porque ele tem sido um competente advogado, criminalista que o é, do Presidente de República, mas não Ministro da Justiça. Com sua ação de protelação, com seu engodo, com sua fluência, ele vai arrastando as investigações e impedindo a sociedade de saber de onde veio o dinheiro.

É lamentável tudo isso, Sr. Presidente. É triste viver uma situação dessa às vésperas de uma eleição que decidirá nosso futuro.

Outros assuntos que ocorreram durante esse período até foram esquecidos, como o desaparecimento das cartilhas. Não havendo explicação para o fato, o Governo disse que foram distribuídas pelo PT. Onze milhões estão desaparecidos. Será que irrigaram os cofres do golpe sujo e fazem parte desses R$ 1,7 milhão? Não podemos duvidar, temos de colocar o fato, sim, na pauta dos assuntos, porque o dinheiro desapareceu, a cartilha desapareceu, e agora ninguém tem condições de explicar.

Até as palmas dirigidas ao Secretário Geral da ONU, Kofi Annan, foram transformadas, por montagem fraudulenta e desonesta, em palmas para o Presidente Lula na Assembléia Nacional da ONU.

O Sr. José Jorge (PFL - PE) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. JORGE BORNHAUSEN (PFL - SC) - Concedo o aparte ao Senador José Jorge, com muito prazer.

O Sr. José Jorge (PFL - PE) - Na realidade, Sr. Presidente, são tantos os fatos errados que este Governo do Presidente Lula gera que nós da Oposição não conseguimos acompanhá-los. Efetivamente há três semanas, um importante jornalista escreveu artigo dizendo que essa questão das cartilhas seria o último escândalo do Governo Lula antes da eleição. Depois, já apareceram outros; cada dia, aparece um escândalo novo, porque é muita gente irresponsável, muita gente corrupta que o Presidente Lula coloca ao seu lado e comanda com mão de ferro, para fazer todas essas falcatruas num espaço de tempo tão curto. V. Exª acabou de citar essa questão das cartilhas. Na realidade, tivemos que parar de falar nisso porque apareceu um fato maior, que foi exatamente a questão do dossiê. Mas certamente isso não será esquecido e será investigado, pois é algo de muita responsabilidade também. Deveremos continuar o nosso trabalho para esclarecer tudo e para que essas pessoas que estão roubando o dinheiro público no nosso País sejam punidas e presas. Muito obrigado.

O SR. JORGE BORNHAUSEN (PFL - SC) - Agradeço a V. Exª, Senador José Jorge, candidato da nossa coligação, representando o PFL, na chapa de Geraldo Alckmin, com muito orgulho para todos nós do Partido.

Lembrando a falta de compromisso com a verdade do Presidente Lula, quero dizer que não é possível continuar com a mesma postura. Quando veio o valerioduto, disse que não sabia de nada; quando veio o mensalão, disse que não sabia de nada.

Trabalhei como Ministro no Palácio do Planalto. Ninguém é mais bem informado que o Presidente da República. A ele são entregues, diariamente, relatórios da Polícia Federal, da Abin, dos serviços secretos das Forças Armadas.

Trata-se de mentira deslavada do Senhor Presidente Lula, que, aliás, tem esse costume. É um “lulóquio” que apareceu perante a Nação brasileira. Agora, ele disse que quer debater, debater muito! Será que vai ao debate? É a oportunidade de dizer quem arrumou esse dinheiro escuso, ilícito, para tentar dar o golpe sujo, cujo tiro saiu pela culatra.

Vá ao debate, Presidente Lula! Vá lá mostrar as palmas que não existiram na ONU. Vá lá dizer que não conhece e não sabia do valerioduto, do mensalão. Vá lá dizer que nunca ouviu falar nos “aloprados” - como ele os chamou - Freud Godoy, Jorge Lorenzetti, seus íntimos. Vá lá!

Quem convive com aloprado aloprado é! Essa é a triste verdade que devo dizer desta tribuna.

Sr. Presidente, estamos aqui, em nome do PFL, Partido que tomou posição de Oposição desde o primeiro dia de Governo, para dizer em alto e bom som: queremos a verdade! Queremos a verdade sobre a origem do dinheiro!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/09/2006 - Página 29492