Discurso durante a 153ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentário sobre a nota de esclarecimento distribuída pela revista Época sobre a sua participação no caso da compra do dossiê.

Autor
Heráclito Fortes (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Comentário sobre a nota de esclarecimento distribuída pela revista Época sobre a sua participação no caso da compra do dossiê.
Publicação
Publicação no DSF de 20/09/2006 - Página 29290
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • TRANSCRIÇÃO, ESCLARECIMENTOS, PERIODICO, EPOCA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), CONDUTA, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DOCUMENTO, JORNALISTA, ACUSAÇÃO, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PARTICIPAÇÃO, CORRUPÇÃO.
  • COMENTARIO, ESCLARECIMENTOS, PERIODICO, CONFIRMAÇÃO, CONHECIMENTO, PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), NEGOCIAÇÃO, JORNALISTA.
  • CRITICA, INFERIORIDADE, REPUTAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), COMENTARIO, NECESSIDADE, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), AUMENTO, INVESTIGAÇÃO, CRIME.
  • COMENTARIO, DESCOBERTA, EMISSÃO, DOLAR, BANCO ESTRANGEIRO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), NECESSIDADE, INVESTIGAÇÃO, POLICIA FEDERAL, ORIGEM, DINHEIRO, AQUISIÇÃO, DOCUMENTO.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero transmitir a esta Casa e à Nação nota de esclarecimento distribuída pela revista Época:

Em depoimento à Polícia Federal, o advogado Gedimar Pereira Passos - que afirma ter sido contratado pelo PT para negociar um dossiê com denúncias contra o candidato José Serra - citou a revista Época. Diante dessa citação, Época gostaria de esclarecer que:

1) Oswaldo Bargas, ex-secretário do Ministério do Trabalho, atual responsável pelo capítulo de Trabalho e Emprego do programa de governo de Lula, procurou há duas semanas o jornalista Ricardo Mendonça, de Época. Ele pediu um encontro com o repórter.

2) O encontro foi marcado para uma suíte do hotel Crowne Plaza, em São Paulo, no final da tarde do dia 6 de setembro. Nessa reunião, estava presente também Jorge Lorenzetti, analista de risco e mídia da campanha de Lula. Bargas afirmou ter sido procurado por alguém que tinha denúncias sérias contra políticos de renome. As acusações, segundo ele, poderiam ser comprovadas por meio de fotos, vídeos e de uma “farta documentação”. Bargas perguntou se havia interesse da revista em publicá-las.

3) O repórter de Época disse que tinha interesse em conhecer o teor das denúncias, mas não se comprometeria a publicá-las. Isso dependeria de uma investigação sobre a relevância e a consistência das acusações.

4) Bargas afirmou não ter nada para mostrar naquele momento. Disse que não podia especificar quais eram as denúncias nem quem era o denunciante. Diante da insistência do repórter, ele disse apenas que as denúncias seriam fortes o suficiente para desmoralizar o candidato do PSDB ao Governo do Estado de São Paulo, Sr. José Serra, e o ex-Ministro da Saúde Barjas Negri.

5) Durante o encontro, Bargas e Lorenzetti disseram várias vezes que aquela reunião nada tinha a ver com o PT nem com o Governo. [Ora, veja só!] Aquele encontro, segundo eles, servia apenas para sondar os interesses de Época. Bargas afirmou que Aloizio Mercadante, concorrente de Serra na disputa pelo Governo de São Paulo, não sabia das denúncias nem da reunião. Disse ainda que, no PT, apenas o Presidente do Partido, Ricardo Berzoini, havia sido avisado do encontro com o repórter, mas sem ter conhecimento do conteúdo do material.

6) No final da reunião, que durou cerca de 30 minutos, Bargas disse que voltaria a falar com o denunciante e depois entraria em contato com o repórter.

7) Naquela mesma noite, Bargas telefonou para avisar que o denunciante voltara atrás e não queria mais apresentar o material nem dar entrevista. Uma semana depois, a revista IstoÉ publicou a entrevista em que Darci e Luiz Antonio Vedoin, os donos da Planan, acusavam Serra e Barjas Negri.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, transcrevo essa nota distribuída pela revista Época na certeza de que se presta, neste momento, um serviço ao País.

Sr. Senador Antonio Carlos Magalhães, mais um nome de ligação estreita com o Governo, no caso o Sr. Bargas, entra nesse xadrez, entra nesse dominó. E o grave é que o Sr. Presidente do Partido, Ricardo Berzoini, declarou à imprensa não ter conhecimento de nada. Tinha, 15 dias atrás, na data do encontro, o conhecimento de que ele seria realizado. Admitamos até que não soubesse do conteúdo, mas teve tempo suficiente para saber de que se tratava aquela reunião tão importante que foi realizada num hotel de São Paulo com uma importante revista do País.

Este é um fato grave que coloca por terra a credibilidade deste Governo e do Partido. Merece-se do Sr. Ministro da Justiça, que se diz republicano, que se ponham em ação, o mais urgente possível, os mecanismos de apuração rápida desses fatos, porque eles são graves. E quanto mais demorar a sua apuração, mais comprometido ficará esse já tão desgastado e desmoralizado Governo.

Sr. Presidente, a segunda informação importantíssima é que o dólar apreendido foi emitido num banco dos Estados Unidos, no mês de abril. E a apreensão, segundo informações chegadas, consta ainda das fitas da instituição bancária americana que fez a entrega. Portanto, a Polícia Federal, se é que já não sabe, tem todo o mecanismo suficiente para saber a quem aqueles dólares foram passados. Dadas essas informações, quero crer que estamos prestando um serviço ao País para que, de maneira mais rápida possível, esses esclarecimentos venham à baila. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/09/2006 - Página 29290