Discurso durante a 158ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro da manifestação ocorrida no município de Aracruz, em protesto contra as ações de supostas tribos indígenas, que alegam direito de propriedade sobre área cultivada pela empresa Aracruz Celulose.

Autor
Marcos Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/ES)
Nome completo: Marcos Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Outros:
  • Registro da manifestação ocorrida no município de Aracruz, em protesto contra as ações de supostas tribos indígenas, que alegam direito de propriedade sobre área cultivada pela empresa Aracruz Celulose.
Publicação
Publicação no DSF de 29/09/2006 - Página 29651
Assunto
Outros
Indexação
  • REGISTRO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, MUNICIPIO, ARACRUZ (ES), ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), PROTESTO, ATO, GRUPO INDIGENA, ESPECIFICAÇÃO, OCUPAÇÃO, AREA, CULTIVO, EUCALIPTO, EMPRESA, CELULOSE, PROVOCAÇÃO, INCENDIO, DESTRUIÇÃO, PATRIMONIO, ALEGAÇÕES, DIREITO DE PROPRIEDADE.
  • REPUDIO, UTILIZAÇÃO, VIOLENCIA, GRUPO INDIGENA, ATENDIMENTO, INTERESSE, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), EXPECTATIVA, POPULAÇÃO, REGIÃO, URGENCIA, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL.

            O SR. MARCOS GUERRA (PSDB -- ES. Sem apanhamento taquigráfico.) -- Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em nosso País, movimentos que se auto-intitulam “populares” especializaram-se, nos últimos anos, em defender causas ilegítimas, acobertados pela impunidade que lhes facilita o desrespeito à lei, recorrendo a táticas quase sempre equiparáveis à chantagem exercida por quadrilhas de criminosos.

                   Felizmente, é raro que a população se deixe enganar por manipuladores dessa espécie. Tivemos um bom exemplo disso no Espírito Santo, no final da semana passada: mais de 5 mil pessoas participaram de uma manifestação no município de Aracruz, em protesto contra as ações de supostas tribos indígenas que alegam direito de propriedade sobre uma área de 11 mil hectares cultivada pela empresa Aracruz Celulose.

            A manifestação lotou a Praça da Paz, no Centro da cidade, na sexta-feira passada, e contou com o apoio do comércio local, que, para demonstrá-lo, fechou suas portas. Ela foi a expressão visível de um movimento de repúdio que vem crescendo a cada dia, e hoje reúne integrantes de 80 organizações, entre associações profissionais, entidades representativas de diversos setores e sindicatos de trabalhadores - todos unidos contra uma reivindicação que não tem a menor base em dados históricos capazes de comprovar sua legitimidade.

            Convém relembrar que, no início deste mês, um grupo que se autodenomina descendente de índios ocupou uma plantação de eucaliptos, em área próxima à fábrica da Aracruz, e passou a derrubar e queimar árvores numa extensão de quase 10 hectares, causando um prejuízo até agora estimado em 1 milhão de reais.

            Os cortes e incêndios prosseguirão, segundo afirmaram líderes da invasão, até que o governo federal decida pela incorporação de mais 11 mil hectares, de propriedade da Aracruz, à atual reserva indígena, que hoje tem uma área de 7 mil hectares.

            Os invasores não se contentaram em destruir patrimônio alheio e colocar vidas em risco ao provocarem incêndios. Também ameaçaram funcionários da Aracruz que tentavam desobstruir as estradas que levam à região, e roubaram seus equipamentos.

            O recurso à violência, à intimidação e ao roubo evidencia o desprezo pelas leis do País. O uso de tais métodos é também mais uma prova de que a legitimidade da reivindicação é mais que duvidosa. Seu único respaldo é um recente laudo favorável da Fundação Nacional do Índio, a Funai - que é desmentido por documentos e relatórios anteriores da própria Funai. Esses documentos provam que os índios tupiniquins viviam em território distante 140 quilômetros da região de Aracruz, e que só em 1967 índios guaranis, vindos do Paraguai e de Estados do Sul do Brasil, chegaram àquela área.

            A manipulação é óbvia, assim como é claro que muitos dos invasores devem ter sido “importados” de outras regiões do País para formar o contingente de herdeiros fictícios das terras, que a Aracruz adquiriu de proprietários legítimos.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Aracruz é uma empresa que já investiu 4 bilhões de dólares na economia capixaba. Como ressaltou, durante a manifestação, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Madeira de Aracruz, Davi Gomes, estão em jogo cerca de 90 mil empregos diretos e indiretos em todo o Estado, dos quais 10 mil apenas na região do município de Aracruz.

            O povo sabe distinguir entre quem está a serviço de suas causas e de seu bem-estar, e grupos de desordeiros que servem aos objetivos de organizações não-governamentais estrangeiras, ao radicalismo e a ideologias totalitárias há muito ultrapassadas. A população do município de Aracruz foi às ruas para manifestar sua rejeição veemente à ação dessas forças que representam o atraso e exigir providências do governo federal. Cabe a nós lutarmos para que sua voz seja ouvida e não prevaleça a pressão de interesses ilegais, exercida por meios violentos.

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigado.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/09/2006 - Página 29651