Discurso durante a 161ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Saudação à vitória do partido de S.Exa., que ultrapassou a cláusula de barreira. Conselhos de conduta ao presidente Lula e ao candidato Geraldo Alckmin. (como Líder)

Autor
Jefferson Peres (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Saudação à vitória do partido de S.Exa., que ultrapassou a cláusula de barreira. Conselhos de conduta ao presidente Lula e ao candidato Geraldo Alckmin. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 04/10/2006 - Página 30122
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, VITORIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (PDT), CLAUSULA, FIXAÇÃO, NECESSIDADE, OBTENÇÃO, PERCENTAGEM, VOTO, ESTADOS, VIABILIDADE, FUNCIONAMENTO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, PERDA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REELEIÇÃO, PRIMEIRO TURNO, DEMONSTRAÇÃO, DESAPROVAÇÃO, POPULAÇÃO, ATUAÇÃO, CHEFE DE ESTADO.
  • DEFESA, NECESSIDADE, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PROMESSA, TRANSFORMAÇÃO, GOVERNO, PRESERVAÇÃO, ESTADO DEMOCRATICO.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), BRASIL, NECESSIDADE, REFORMULAÇÃO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, GARANTIA, EFICACIA, ATUAÇÃO, GOVERNO, CONTRIBUIÇÃO, DEMOCRACIA, PAIS.

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estou aqui no exercício da Liderança do PDT e inicio saudando a grande vitória do meu Partido, que ultrapassou a cláusula de barreira e será um dos sete partidos sobreviventes no quadro político nacional e, principalmente, no Congresso Nacional.

Mas, Sr. Presidente, menos do que um Líder, quem está aqui na tribuna é um cidadão brasileiro.

Há um mês, fiz um discurso angustiado desta tribuna; angustiado com a perspectiva de o povo brasileiro eleger em primeiro turno o atual Presidente, o que significaria a maioria do povo estar sancionando, Sr. Presidente, todo os erros graves, os desvios éticos que macularam o atual governo do nosso País.

Desta eleição, se o atual Presidente fosse vitorioso em primeiro turno, Sr. Presidente, tenho certeza de que as instituições republicanas estariam em perigo. Não por um golpe de Estado. Não penso nisso; não há condições para isso, mas, na prática, o Presidente sairia desta eleição, Sr. Presidente, tão triunfalista, tão arrogante, tão certo de que o povo o apoiaria em qualquer circunstância, de que tinha obtido uma absolvição da maioria dos eleitores do nosso País, que ele não precisaria de Congresso, não precisaria de apoio de imprensa, não precisaria sequer do seu próprio Partido, do PT; estaríamos marchando para um projeto personalista de poder perigosíssimo, que eu não sei aonde iria desaguar.

O Brasil - estou convencido - saltou uma fogueira. Haverá segundo turno. Ainda que o atual Presidente vença - não quero antecipar a minha posição porque o PDT vai se reunir para tomar uma decisão -, mas ainda que o atual Presidente vença, vencerá em circunstâncias bem diferentes. Ele terá baixado a arrogância. Ele sabe que a maioria do povo brasileiro disse “não” a ele; 51% preferiram outros candidatos que não ele. E mais, Sr. Presidente: se incluirmos os votos brancos e nulos, na verdade, o atual Presidente teve a aprovação de 40% - se muito - do povo brasileiro. A grande maioria lhe disse “não”, repudiou o seu comportamento. Essa história de que ele era um mito blindado contra tudo se esboroou. Não é mito, não; ele perdeu a eleição. Lembrem-se que o Fernando Henrique, que tinha muito menos popularidade do que o Lula, venceu a eleição de 1998 em primeiro turno com 53% dos votos. O Lula não chegou a 49%. Portanto, que sirva de lição ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desça do sapato alto, não se julgue um semideus. O Brasil é uma República, as instituições funcionam. Ele que venha humilde, e mais: faça um mea-culpa durante os debates - seus erros não foram pequenos! E prometa, na hipótese de ser eleito, fazer um governo bem diferente. Se ele não fizer isso, vai perder a eleição.

Mas o Sr. Geraldo Alckmin, se vencer, também terá de assumir este compromisso.

Acho que o Brasil está a caminho da republicanização, país no qual as instituições funcionem acima dos homens. Projetos personalistas de poder não vingarão mais neste País. O Brasil não é nem será jamais Venezuela. O Brasil é uma sociedade complexa. O Brasil tem instituições fortes - está provado. E a mudança que vai ocorrer será boa, inclusive para o Partido dos Trabalhadores, que precisa se purificar, precisa fazer um expurgo. Tomara que o faça, porque o PT é necessário ao País. Eu não me alegraria com a destruição do PT, não. O PT ocupa um espaço no mundo político muito importante, que se ele desaparecesse não seria ocupado talvez por outro. Quero a sobrevivência do PT, mas quero o PT um partido igual aos outros, um partido que não faça do poder um contubérnio de amigos, que não aparelhe a estrutura de poder, que não se julgue acima do bem e do mal, nem ele nem o Presidente da República, porque o Brasil é e será daqui por diante, cada vez mais, uma República. Foi isto que ficou claro com esse segundo turno.

O Brasil saltou uma fogueira, repito. Talvez nem o povo brasileiro nem a classe política saibam o perigo que correríamos se o atual Presidente tivesse vencido a eleição no domingo. A democracia brasileira passou pelo seu teste de fogo. O País está de parabéns.

Era o que eu tinha a comunicar, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/10/2006 - Página 30122