Discurso durante a 161ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solicita a correção no Jornal do Senado de dados das eleições. Cumprimentos ao PT pelos resultados alcançados no recente pleito eleitoral.

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Solicita a correção no Jornal do Senado de dados das eleições. Cumprimentos ao PT pelos resultados alcançados no recente pleito eleitoral.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 04/10/2006 - Página 30123
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, JORNAL, JORNAL DO SENADO, CORREÇÃO, DADOS, TOTAL, VOTO, ELEIÇÕES, TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL (TRE), ESTADO DO ACRE (AC).
  • SAUDAÇÃO, CONGRESSISTA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), VITORIA, DISPUTA, ELEIÇÕES, ESPECIFICAÇÃO, EDUARDO SUPLICY, TIÃO VIANA, SENADOR, SUPERIORIDADE, VOTO, BRASIL, REGISTRO, DADOS.
  • AGRADECIMENTO, ELEITOR, VOTO, ELEIÇÕES, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), COMENTARIO, MANUTENÇÃO, POPULAÇÃO, CONFIANÇA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, SEGUNDO TURNO, ELEIÇÕES, DISPOSIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEBATE, PROGRAMA DE GOVERNO, ESPECIFICAÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO, INVESTIMENTO, COMBATE, CORRUPÇÃO, REDUÇÃO, DESIGUALDADE SOCIAL, REFORÇO, EDUCAÇÃO.
  • REGISTRO, DADOS, DEMONSTRAÇÃO, REDUÇÃO, INFERIORIDADE, POBREZA, CRESCIMENTO, DISTRIBUIÇÃO DE RENDA, BRASIL.
  • CRITICA, ANTERIORIDADE, GOVERNO, COLIGAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), LIBERALISMO, PRIVATIZAÇÃO, AUMENTO, TRIBUTOS, AUSENCIA, COMBATE, CORRUPÇÃO, PROIBIÇÃO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).
  • COMENTARIO, NECESSIDADE, RESPEITO, DECISÃO, POPULAÇÃO, ELEIÇÕES.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Agradeço-lhe, Sr. Presidente, a cessão do tempo que pertencia a V. Exª por cessão do Senador Geraldo Mesquita Júnior.

Primeiramente, Sr. Presidente, solicito que, no Jornal do Senado de hoje, possa ser feita uma correção com base na totalização realizada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Acre às 17 horas e 25 minutos do dia 02 de outubro, porque a ordem dos mais votados que aparece no referido jornal registra, em números absolutos, o Senador Eduardo Suplicy, do PT de São Paulo, com 8.986.803 votos. Portanto, em números absolutos, o Senador Eduardo Suplicy foi o eleito no Brasil com o maior número de votos. Mas, em termos proporcionais, o Senador Tião Viana, do Acre, que, na lista do Jornal do Senado - e acho que a lista foi construída com os dados anteriores à retificação feita pelo TRE - aparece em terceiro lugar, é o campeão de votos no País. O boletim do TRE apresenta o Senador Tião Viana com 88,76% dos votos válidos daquele Estado.

Portanto, eu queria pedir a retificação e parabenizar tanto o Senador Suplicy, por ser o campeão dos votos, quanto o Senador Tião Viana. Os dois Senadores, que muito nos orgulham, pertencem à Bancada do Partido dos Trabalhadores.

Além disso, quero também dar os parabéns a todos os Senadores eleitos pelo Brasil em todos os 27 Estados.

As instituições democráticas estão em plena vigência e vigor em nosso País. A população foi às urnas neste último domingo, declarou seu voto, cravou na urna sua vontade, sua decisão, e todos nós temos de render ao povo brasileiro o mais absoluto respeito pela decisão tomada de forma democrática, com o voto.

Como Líder do PT, além de fazer o registro de que tanto o campeão de votos em termos absolutos como o campeão de votos em termos proporcionais são Senadores do PT, eu não poderia deixar de fazer outro registro, agradecendo de forma muito humilde ao povo brasileiro a confiança que continua depositando no PT.

O PT teve também, como Partido, a maior votação para Deputado Federal no País: foram exatamente 15,01% dos votos para Deputado Federal. Isso nos enche de orgulho, porque não é um resultado de agora, mas é um resultado que se vem mantendo nas últimas eleições de 2000, de 2002, de 2004 e, agora, na de 2006. O PT continua recebendo da população brasileira expressiva votação. Na eleição de 2004, o PT também foi o Partido que obteve a maior votação: 17,2% nas eleições municipais. Na eleição de 2002, também tivemos a eleição da maior bancada, e, no percentual de votos, o PT foi o Partido que obteve melhor resultado: 17,7%.

Portanto, de forma muito humilde, como acho que todos têm de se postar frente ao resultado das urnas, frente ao resultado da votação da população brasileira, não poderia deixar de, como Líder da Bancada do PT no Senado, agradecer aos eleitores os votos que deram ao Senador Suplicy, que me pede um aparte, e ao Senador Tião Viana, com a liderança entre os votos absolutos e os votos proporcionais, respectivamente. Também houve a manutenção dos votos para a Câmara e para o Partido como um todo em três eleições seguidas.

Senador Eduardo Suplicy, ouço com muita atenção e prazer seu aparte. V. Exª, agora, fala por mais de oito milhões de eleitores de São Paulo.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Muito obrigado, Senadora Ideli Salvatti. Agradeço-lhe os cumprimentos e quero dizer que espero continuar colaborando com o Partido dos Trabalhadores, com o Presidente Lula e com o Vice-Presidente José Alencar. Foi muito importante o Brasil ter realizado essas eleições e o povo brasileiro ter se manifestado da forma mais livre possível. Que, então, nesse segundo turno, possa haver debates do mais alto nível entre o Presidente Lula e o ex-Governador Geraldo Alckmin, os dois presidenciáveis! A propósito, foi essencial a colaboração da Senadora Heloísa Helena e do Senador Cristovam Buarque para o debate de proposições e de idéias, mesmo que em tom de críticas ao Governo, o que é uma postura natural. Será muito importante que haja debates sobre temas que digam respeito a como fazer com que a Nação seja muito melhor, com maior crescimento, com oportunidades de emprego de larga escala, com melhor distribuição da renda. Que possam ser esses temas o centro dos debates nessas quatro semanas de outubro, antes do segundo turno! Avalio que, na medida em que nós próprios, do PT, como o Presidente Lula e o próprio Senador Aloizio Mercadante, pudermos colaborar para esclarecer inteiramente o episódio relativo ao dossiê, muito melhor será para todos nós, brasileiros. Mas quero também cumprimentar V. Exª por ter conduzido nossa batalha no Senado Federal e especialmente em Santa Catarina, com tanta determinação, com tanta garra! Meus cumprimentos a V. Exª!

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço-lhe, Senador Suplicy.

Quero deixar aqui bem claro que tem de ser respeitada a vontade do povo brasileiro, que manifestou de forma clara e contundente sua preferência, sua disposição, sua determinação em relação ao que deseja para o Congresso Nacional, para os Governos de Estados, para as Assembléias Legislativas, para a Câmara, para o Senado e para a Presidência da República, ainda indefinida. Vamos para o segundo turno!

Tive oportunidade de ouvir e de ler, muitas vezes, manifestações em que se desqualificava o povo brasileiro, dizendo que ele era comprado por bolsas, que era desinformado, ignorante. Ou seja, quando a tendência do voto ou quando a maioria da manifestação do voto do povo brasileiro não está de acordo com o que determinados segmentos, partidos ou candidaturas desejam, é o povo que não sabe votar, é o povo que está sendo enganado, ludibriado, comprado, aliciado. Ouvi muito isso.

Espero que tenhamos a capacidade de respeitar as urnas e de com elas aprender, e me incluo aí como petista, como integrante da direção do Partido. Teremos, sim, de aprender muito com o que a urna nos deu de resultado, inclusive com o resultado de um segundo turno para Presidente da República. Vamos ter de adequar controles dentro do Partido dos Trabalhadores, vamos ter de adotar posturas que não beirem a soberba, a presunção e a autoconfiança excessiva, evitando que o individual, o regional e o específico se sobreponham ao coletivo. Vamos precisar fazer autocrítica, adotar medidas.

O segundo turno para Presidente da República, Senador Romeu Tuma, será muito bem aproveitado. Tenho acompanhado a disposição do Presidente Lula de transformar esse segundo turno num momento muito especial de debate, de aprofundamento da discussão sobre o País que queremos, sobre o País de que precisamos. Qual é o crescimento, qual é a distribuição de renda, qual é o investimento, qual é o papel do Estado, quais são os mecanismos de combate à corrupção que se pretendem aprofundar em nosso País?

Mas não há possibilidade de se fazer esse debate se algumas posturas não forem evitadas.

Estranho o fato de o Sr. Geraldo Alckmin aparecer nas reportagens de hoje tentando se apresentar como novo, quando todos sabemos que, de novo, não existe nada aí. Desse novo, temos uma experiência de oito anos de Governo PSDB/PFL, de neoliberalismo, de Estado mínimo, de privatização, de aumento da carga tributária, de não-combate efetivo à corrupção, de “engavetador-geral da República”, de CPIs abortadas.

Temos de, efetivamente, fazer o debate do que queremos para o País, temos de apresentar isso de forma clara. E não há como fazer isso, não há como apreciarmos e colocarmos para a população decidir o que pretende para os próximos quatro anos à frente da Presidência da República se não cotejarmos, se não tivermos como embasamento para a decisão do que cada um está dizendo que pretende fazer com o País aquilo que está fazendo ou já fez. Esse é o parâmetro, esse é, indiscutivelmente, o balizador, o divisor de águas.

E quero dizer que o Presidente Lula está absolutamente preparado para debater o que vem fazendo, para dizer o que pretende ampliar e aperfeiçoar, principalmente partindo da questão que considero central, que está, inclusive, delineada em seu plano de governo apresentado à opinião pública, que é o crescimento com inclusão social e o fortalecimento da educação. E, quanto a isso, o Presidente tem o que apresentar, não só no que pretende ampliar, evoluir, aprofundar, aperfeiçoar, mas no que faz, no que fez ao longo desses quase quatro anos.

Um Presidente da República que pode apresentar à Nação 19% de queda na pobreza - maior índice de queda na pobreza nos últimos dez anos -, um Presidente que pode apresentar a distribuição de renda e a ascensão social de nada mais nada menos que sete milhões de pessoas - brasileiros que tiveram a oportunidade de sair das classes de menor renda e de ascender à classe média -, um Presidente que se pode apresentar efetivamente à Nação com resultados de ação de governo tem respaldo para pedir o voto de cabeça erguida e para ganhar essas eleições no segundo turno.

Dirijo-me agora aos que estão magoados com o resultado das urnas, aos que não querem respeitar a vontade do povo: é bom que todos nós tenhamos a humildade de reconhecer a sabedoria popular, mesmo que não consigamos alcançá-la, mesmo quando não conseguimos ter o entendimento devido, porque, muitas vezes, ela não se conjuga com nossa vontade, com nossa intenção. Que tenhamos a capacidade de respeitar o povo brasileiro, porque quem não o respeita não tem o direito de exercer qualquer parcela de poder em seu nome!

Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/10/2006 - Página 30123