Discurso durante a 162ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Análise acerca das eleições no Estado da Bahia e agradecimentos aos inúmeros e incansáveis militantes e a todos que contribuíram com o seu trabalho para o partido.

Autor
Rodolpho Tourinho (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Rodolpho Tourinho Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. ESTADO DA BAHIA (BA), GOVERNO ESTADUAL. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Análise acerca das eleições no Estado da Bahia e agradecimentos aos inúmeros e incansáveis militantes e a todos que contribuíram com o seu trabalho para o partido.
Aparteantes
Alvaro Dias, Arthur Virgílio, César Borges, Eduardo Azeredo, Eduardo Suplicy, Ideli Salvatti, Mão Santa, Ney Suassuna, Paulo Paim, Ramez Tebet, Sibá Machado.
Publicação
Publicação no DSF de 05/10/2006 - Página 30220
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. ESTADO DA BAHIA (BA), GOVERNO ESTADUAL. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • ANALISE, SITUAÇÃO POLITICA, ESTADO DA BAHIA (BA), BALANÇO, GESTÃO, PAULO SOUTO, GOVERNADOR, FAVORECIMENTO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, POPULAÇÃO.
  • REGISTRO, HISTORIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), GOVERNO ESTADUAL.
  • COMENTARIO, INJUSTIÇA, AUSENCIA, REELEIÇÃO, PAULO SOUTO, GOVERNADOR, NECESSIDADE, FISCALIZAÇÃO, GESTÃO, CANDIDATO ELEITO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DA BAHIA (BA).
  • AGRADECIMENTO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), ENTIDADE, SOCIEDADE CIVIL, APOIO, CAMPANHA ELEITORAL, ORADOR, COMENTARIO, IMPORTANCIA, FUNÇÃO, SENADOR.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, PROGRAMA, AUTORIA, ORADOR, FORNECIMENTO, ENERGIA ELETRICA, CAMPO, ESTADO DA BAHIA (BA), ESTADO DO ACRE (AC), ANALISE, FUNÇÃO, VIDA PUBLICA, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, POPULAÇÃO.

O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, inicialmente, quero agradecer ao Senador Paulo Paim a gentileza de ter feito uma permuta de horário, de forma a me propiciar falar desta tribuna hoje, sobretudo acerca das eleições ocorridas na Bahia.

Ganhar ou perder faz parte do jogo democrático - todos sabemos disso -, mas perder com a certeza do dever cumprido foi seguramente o que aconteceu na Bahia.

O Governador Paulo Souto deixará o Governo com excelentes índices de aprovação por parte da população, com o Estado crescendo duas vezes mais do que o Brasil há mais de três anos - e isso se repetirá este ano, pelo quarto ano consecutivo. O Estado tem crescido no agronegócio, ao contrário da tendência nacional; tem crescido, muitas vezes, mais do que no restante do País.

O Governador deu grande avanço na saúde, com ênfase na prevenção de doenças e na construção de unidades de referência no interior do Estado e na Capital, sendo que, na Capital, construiu a maior maternidade pública do Nordeste e um Instituto do Coração, algo genuinamente baiano, visando, outra vez, a atender aos menos favorecidos.

Também os indicadores sociais na Bahia melhoraram muito, de forma sistemática. Houve redução da mortalidade infantil; aumento da expectativa de vida, que, hoje, está dentro da média nacional; redução do analfabetismo e melhor distribuição de renda do Nordeste.

É importante frisar que a Bahia continua sendo um Estado fiscalmente ajustado. Isso se deu a partir de 1991, quando, aliás, nem se falava em Lei de Responsabilidade Fiscal. O mais importante é que, ao longo desse tempo, vem reduzindo a carga tributária estadual. O ICMS foi reduzido para produtos de cesta básica e de medicamentos, visando a beneficiar a população mais carente do Estado, mas também foi reduzido e simplificado para o pequeno e microempresário e para segmentos da distribuição.

Ao longo de 16 anos, o PFL governou o Estado quando o povo baiano, em várias eleições, manifestou livremente sua vontade. Eleitos pelo povo democraticamente, durante todo esse tempo, os últimos governos mudaram a face do meu Estado. Deixam um Estado pujante industrialmente, que produzirá mais da metade dos pneus nacionais, mais da metade do papel e da celulose produzidos no País, mais da metade dos produtos petroquímicos, mais de 10% dos veículos de passeio, com um pólo calçadista importante, que gera mais de 30 mil empregos. Isso, entre outros avanços, foi feito no Estado, inclusive com a interiorização das indústrias.

Na agricultura, verificamos o crescimento do agronegócio, o aumento da produção de grãos, que, nos últimos dez anos, cresceu 150% e que hoje representa 5% de toda produção nacional. Esse grande desenvolvimento do oeste baiano já se verifica também em outras áreas, como em parte da Chapada Diamantina, onde se desenha também o futuro do Estado.

No turismo, o Estado mostra sua liderança, seu grande desempenho, e continuará criando empregos, certamente.

Por tudo isso, com certeza, um dia, a Bahia reconhecerá que não foi justa com o Governador Paulo Souto. Daqui para frente, com o novo Governo, os baianos terão de acompanhar de perto o cumprimento das promessas que foram feitas pelos adversários, que, aliás, têm a tradição de não se lembrarem daquilo que foi prometido em campanhas. Esse acompanhamento precisa ser feito de forma sistemática, simplesmente por uma razão: o povo não pode ser enganado.

Ao longo da campanha, muitas coisas foram colocadas nos programas de televisão dos nossos adversários que não correspondiam à realidade. Não creio que seja essa a melhor maneira de se tratar a população de um Estado. No futuro, tenho a certeza de que caberá, entre outras coisas, restabelecer a verdade. Muitas artimanhas ou inverdades foram colocadas, à nossa vista, nos programas de televisão, no programa eleitoral. Basta verificar as penalidades impostas pelo Tribunal Eleitoral, com perda de tempo no horário eleitoral gratuito, para que se verifique realmente que muita coisa que foi afirmada não era verdadeira.

Nesta análise que faço da eleição no meu Estado, digo que me sinto forte, com o gosto que determinados tipos de vitória despertam.

Por isso, subo hoje a esta tribuna, sobretudo, para agradecer a todos os que me acompanharam nesta eleição.

Agradeço aos meus companheiros Senadores, que, ao virem a público apontando e reconhecendo o trabalho que fizemos nesta Casa, independentemente de partidos ou de siglas de direita ou de esquerda, mostraram que o importante é manter aceso o desejo de construir o melhor para o Brasil. Essa, meus amigos, é e será sempre a nossa maior obrigação e contribuição para a República.

Quero agradecer também à minha Bancada e ao meu Partido o apoio que deles recebi. Testemunhei a luta diária na qual todos se empenharam igualmente: do Senador Antonio Carlos Magalhães, que, ao me lançar candidato, ao incentivar minha candidatura, acreditou em meu desempenho, estando sempre a meu lado; do Senador César Borges, ex-Governador do meu Estado, que foi um companheiro constante e viajante incansável; do Governador Paulo Souto, que, em todas as horas da campanha, mostrou seu apoio e disposição para a luta; dos inúmeros e incansáveis militantes, atentos ao trabalho de nos prover do que fosse possível no corre-corre que é estar numa campanha política decidido a mostrar o meu verdadeiro rosto para os eleitores baianos.

É muito importante para mim elogiar o empenho da minha equipe, de quem me acompanhou, citando-a como exemplo de trabalho. Nós partimos, Sr. Presidente, de 2% nas pesquisas, no início da campanha, para chegarmos ao fim dela, em pouco mais de um mês, com 35% da preferência popular, representando mais de um terço dos votos dos baianos.

Incansavelmente, todos dedicaram todas as horas de todos os dias em que foi necessário trabalhar. E foram necessárias muitas horas, em todos esses dias, fiquem certos.

Mas, principalmente, eu precisava aproveitar este momento para dedicar meu agradecimento especial a algumas pessoas. Não há palavras para falar das minhas agentes comunitárias de saúde, que cuidam da população mais carente deste País; dos aposentados que precisam manter seu poder aquisitivo ao longo de sua vida; das donas de casa que um dia poderão finalmente se aposentar; dos jovens que estão na Universidade por causa do Faz Universitário ou do aumento de vagas que introduzi no ProUni; dos artistas que acreditaram no Faz Cultura; do homem do interior que passou a ter energia elétrica na roça com o Luz do Campo; dos meus amigos da comunidade negra que têm esperança de ver aprovado o Estatuto da Igualdade Racial; de todas as mulheres que procurei valorizar por meio de tantos projetos de lei e de tanta atenção, em especial as mulheres negras; dos prefeitos e vereadores, parceiros da nossa luta municipalista.

Queria, neste ponto, destacar alguns Municípios importantes que estiveram conosco, que nos deram uma votação estrondosa, como Planaltino, Cocos, Cordeiros, Formosa do Rio Preto, Mortugaba. Destaco também grandes Municípios, como Vitória da Conquista, terceira maior cidade do Estado; Itapetinga; o Município de Luís Eduardo Magalhães, um dos Municípios que mais cresce neste País. Ao destacar esses Municípios, destaco todo o trabalho que foi feito em meu Estado por muitos Prefeitos, Vice-Prefeitos, ex-Prefeitos e lideranças regionais.

Então, digo apenas que essas pessoas às quais me dediquei no Senado merecem, mais do que cada projeto de lei que fiz, meus sinceros agradecimentos pelos ensinamentos que cada um deles deixou em mim.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA) - Já termino, Sr. Presidente.

Para mim, no entanto, a coroação das idéias que desenvolvemos, a verdadeira vitória, foi a percepção de que meu trabalho fez mesmo diferença na vida das pessoas.

Quando vi nos olhos delas o significado que meu trabalho no Ministério de Minas e Energia teve em suas vidas e a influência que cada bom projeto que fazemos no Senado exerce sobre o futuro de cada família, percebi concretamente a importância de tudo - as minhas agentes de saúde tinham salvado a vida de muitos filhos, e muitos aposentados e donas de casa tinham voltado a ter esperança de conseguir uma vida melhor, com menos dificuldades, por causa de cada projeto que ajudei a escrever e que ajudei a defender nesta Casa.

Foi aí que me vi não apenas como um homem público - essa palavra às vezes se perde dentro do contexto da burocracia política brasileira -, mas também como um homem útil, o que me tornou melhor e mais maduro do que antes.

A mim foi permitido ver a serventia de cada lei que saiu das minhas mãos ou que ajudei a fazer se refletir nos olhos das pessoas. É por isso que saio melhor do que entrei, Senador César Borges, e sair melhor significa crescer, ganhar.

Na Bahia, tivemos uma boa batalha. Pode não ter dado para vencer essa eleição, mas deu para vencer todos os limites estabelecidos, todas as expectativas que tínhamos.

Com muito prazer, concedo um aparte ao Senador César Borges.

O Sr. César Borges (PFL - BA) - Senador Rodolpho Tourinho, é com muito orgulho e com muita satisfação pessoal que faço este aparte para parabenizá-lo pelo discurso correto que faz nesta tarde. Gostaria essencialmente de dizer que V. Exª travou o bom combate. V. Exª sai dessa campanha eleitoral vitorioso. V. Exª, que nunca havia participado de uma campanha eleitoral diretamente como candidato, fez com que o eleitorado baiano lhe desse dois milhões de votos, uma votação expressiva em diversas e importantes cidades da Bahia. Além disso, quero dizer que V. Exª faz justiça também ao grande Governador que a Bahia tem, o Governador Paulo Souto, eleito democraticamente duas vezes. Ganhar e perder na vida pública, política, faz parte do dia-a-dia de qualquer político; não há quem não tenha vitórias e derrotas nessa caminhada ao longo da vida pública. Entretanto, quando se perde com os melhores, perde-se satisfeito. Sinto-me extremamente orgulhoso, porque fiz a campanha de V. Exª e a do Governador Paulo Souto e não tenho dúvida alguma de que temos os melhores nomes - disse isso durante a campanha e o reafirmo, ao mesmo tempo em que reitero meu respeito à vontade democrática do povo baiano. Refiro-me também com orgulho ao Governador Paulo Souto pelo trabalho realizado à frente do Governo da Bahia. Trata-se de homem sério, íntegro e trabalhador, que fez, por suas mãos honestas, uma campanha em que não recebeu nenhuma acusação do ponto de vista ético e moral. O mesmo posso dizer em relação a V. Exª: nossos adversários, em momento algum, levantaram qualquer tipo de nódoa na vida pública e política de V. Exª. Portanto, V. Exª está de parabéns também pelo grande respeito de que goza entre seus Pares nesta Casa. Lamentavelmente, Senador Rodolpho Tourinho, quem perde com sua ausência nesta Casa é o próprio Parlamento brasileiro, porque há um reconhecimento de sua capacidade como Senador pelos projetos de sua autoria e por aqueles que V. Exª relatou com muito brilho nesta Casa. Esse fato é reconhecido por todos, Oposição e Governo. O Senado sentirá sua ausência, e a Bahia mais ainda, pois tenho a certeza de que, tendo V. Exª como Senador e homem público, teria o melhor. Não foi assim, porque o povo não quis. V. Exª finaliza seu discurso dizendo que sairia desta Casa melhor. Tenha a certeza de que sairá daqui melhor não por uma apreciação pessoal sua, mas dos seus colegas, que, certamente, vêem V. Exª como um homem competente e trabalhador, um grande Senador da República que honrou esta Casa. Muito obrigado pelo aparte que V. Exª me permitiu fazer neste momento como um ardoroso combatente por sua candidatura.

A Srª Ideli Salvatti (Bloco/PT - SC) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA) - Pois não, Senadora Ideli.

A Srª Ideli Salvatti (Bloco/PT - SC) - Antes de mais nada, quero dizer-lhe que faço com muita sinceridade este aparte. Comemorei a vitória de Jaques Wagner na Bahia - como acho que muitos petistas comemoraram -, e todos sabem disso. Comemorei, particularmente, porque havia algumas coisas emblemáticas nessa eleição, havia algumas situações nas quais efetivamente o resultado eleitoral teria um significado. Mas, da mesma forma como comemorei a vitória de Jaques Wagner - isso estava fora de todas as perspectivas, e, inclusive, o diagnóstico eleitoral era exatamente o inverso, pois dava vitória ao Governador Paulo Souto no primeiro turno e não, como aconteceu, a Jaques Wagner -, eu não poderia deixar de dar meu testemunho sobre V. Exª. Este é o testemunho de uma pessoa que conviveu com V. Exª ao longo desses quatro anos. Testemunho sua atividade, sua participação no debate e, principalmente, seu comportamento político propositivo, buscando sempre encontrar soluções, fazendo negociações, para que pudéssemos avançar nas votações e nos debates tanto nas Comissões quanto no plenário e nas relatorias de projetos importantes que V. Exª comandou. Por tudo isso, eu não poderia deixar aqui de dar o testemunho do trabalho brilhante de V. Exª. Ideologicamente, podemos ter posições diferenciadas, e as temos, mas a competência e a eficiência que V. Exª sempre demonstrou ao longo do período em que tive oportunidade de conviver com V. Exª não me permitiriam não fazer este registro público do reconhecimento de sua atuação parlamentar respeitosa e proveitosa para o País. Senador Tourinho, nunca devemos deixar de registrar aquilo que é sincero. Não faço elogios quando não os sinto, porque minha fisionomia demonstra sempre. É de coração que digo que perdemos um bom adversário no Senado, um adversário respeitoso e participativo, que, fazendo o bom combate, sempre buscou contribuir.

O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA) - Muito obrigado, Senadora Ideli. Muito obrigado também, Sr. Senador César Borges, com cuja análise concordo inteiramente. Aliás, já tinha destacado aqui o trabalho de nosso Governador Paulo Souto, que muito fez por nosso Estado, que atuou com muita propriedade, sempre buscando escolher as prioridades para dar ao povo baiano aquilo que fosse melhor. Tenho certeza de que esse trabalho ele fez.

Concedo aparte ao Senador Eduardo Azeredo.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador Rodolpho Tourinho, ainda faltam quatro meses para a conclusão de seu mandato. Portanto, felizmente, ainda vamos ter sua companhia aqui durante quatro meses.

Mas, sem dúvida alguma, o Senado vai perder muito com a sua ausência, e vamos perder a sua amizade, a sua companhia, sempre fidalga e amiga. V. Exª lembrou bem a sua atuação em alguns projetos, tais como o da aposentadoria para donas de casa, os ligados aos agentes de saúde, que foram projetos importantes. Ainda ontem, aprovamos o projeto que dispõe sobre o fato de a Receita restituir o Imposto de Renda até o fim do ano em que a declaração tenha sido apresentada. Todos esses são projetos de interesse público, o que sempre norteou o seu trabalho aqui durante esses quatro anos que convivemos. O resultado da eleição realmente faz com que a Bahia perca um representante da sua categoria, da sua qualidade, aqui no Senado. Junto com o Governador Paulo Souto, V. Exªs fizeram uma campanha bonita, uma campanha crescente e que saiu de patamares mínimos de Ibope, de votação, para se chegar a uma votação muito expressiva e muito importante. Aliás, é sempre importante lembrar que, quando se tem uma decisão, deve-se sempre se respeitar aqueles que não votaram no mesmo sentido, que é uma parcela muito grande da população, mesmo quando há uma derrota. Mas quero, então, Senador Rodolpho Tourinho, cumprimentá-lo e lamentar que não continue conosco aqui no ano que vem, fazendo questão da sua presença aqui nos próximos quatro meses.

O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA) - Muito obrigado, Senador Eduardo Azeredo.

Concedo, com muito prazer, um aparte ao Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Rodolpho Tourinho, quero apenas dar o testemunho de que, quando governei o Piauí, V. Exª era Ministro, e um Ministro extraordinário, muito competente e dedicado. Então, não foi surpresa para mim a sua atuação durante esses quatro anos. Coincidentemente, fazíamos parte da Comissão de Assuntos Econômicos; onde ninguém o excedeu em competência, em dedicação, em amor à prática para as melhores soluções. Eu quero dizer aqui - está ali o Rui Barbosa - que tenho a minha desconfiança se em tão pouco tempo ele teria sido tão brilhante como V. Exª: Rui Barbosa passou 32 anos no Senado; V. Exª, quatro anos. Eu quero crer que a Bahia mantém, então, o patrono do nosso Senado, Rui Barbosa, que teve 32 anos de admiração de todo o País na sua constituição democrática, lembrando que ele teve algumas derrotas políticas, mas nunca perdeu a vergonha e a dignidade. E vemos V. Exª representar com muita competência a gente do Nordeste e da Bahia. Portanto, penso que ninguém, em tão pouco tempo, fez tanta coisa por este Senado da República como V. Exª.

O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA) - Muito obrigado, Senador Mão Santa.

Concedo, com muito prazer, o aparte ao Senador Paulo Paim.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Rodolpho Tourinho, quero ser muito rápido, porque sei que aqui dezenas de Senadores - não só hoje, mas em outros dias - farão a homenagem devida a V. Exª. Mas quero lhe dizer que, quando cheguei à Casa, no primeiro e no segundo ano, fiz uma pergunta ao Governo - V.Exª é um parlamentar de Oposição. Perguntei ao Líder do Governo por que V. Exª relatava os principais projetos de interesse do Governo. A resposta que ouvi: competência, capacidade, honestidade e seriedade. V. Exª, sem sombra de dúvida - e não fiz pesquisa -, deve ter sido o Senador que mais recebeu relatórios do Governo para fazer. Por isso tudo, Senador Rodolpho Tourinho, eu também poderia dar um testemunho de iniciativas nossas: o Estatuto da Desigualdade Racial, que V. Exª relatou e aprovou; está na Câmara dos Deputados. Em relação a uma outra política de lei combate aos preconceitos, V. Exª construiu uma alternativa e ainda me perguntava - olha a sua humildade; para mim só os grandes homens são humildes, quem não é humilde não é coisa alguma -: “Paim, posso fazer o substitutivo, já que acho que dá para avançar um pouco mais?” V. Exª elaborou o substitutivo e sempre dizia: “O autor é o Senador; eu construí o substitutivo”. Eu poderia falar aqui do Estatuto de Igualdade Racial, da política de combate aos preconceitos, do PL 58, que beneficia os aposentados e pensionistas, poderia falar de hoje de manhã, pois, para votar o relatório da Comissão Mista, de Deputados e Senadores, precisava de V. Exª, que, de pronto, se desloca de seu gabinete, vai à Comissão para dar o seu voto a favor do trabalhador, dos aposentados, do fim do fator, de uma política permanente de recuperação para os aposentados e pensionistas. Só vou encerrar, pois não tenho mais meia hora para falar: não conheço o Senador que a Bahia elegeu, mas respeito porque faz parte do processo democrático. No entanto, o Senado e o Brasil, sem dúvida, perderam um grande Senador. Só posso acreditar que a Bahia o quer de volta muito rapidamente e, por isso, acabou pedindo que V. Exª voltasse. Aprendi aqui a respeitá-lo muito. Quero deixar este depoimento, e V. Exª sabe por muito que falamos, que é com muita sinceridade. Eu poderia aqui continuar a falar muito desse Senador, Senador Ramez Tebet, porém encerro dizendo a V. Exª, Senador Rodolpho Tourinho: parabéns. É bom que o Brasil tenha homens como V. Exª. Um abraço.

O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA) - Muito obrigado, Senador Paulo Paim.

Senador Ramez Tebet.

Estamos sem som, Senador.

O Sr. Ramez Tebet (PMDB - MS) - Ontem, eu afirmei daquela tribuna que não sou um homem afeito a despedidas, porque acho que despedida dói no coração, compunge os corações dos seres humanos. Mas sou um homem com elevado espírito de justiça, e V. Exª não tenha dúvida disso. Quando faço um elogio, faço-o porque acredito naquilo que estou falando e acredito que a pessoa sobre quem estou falando é merecedora daquilo. Eu me recordo que ontem, ao me referir a V. Exª, disse: “o grande Relator desta Casa”, e é assim que o vejo. Estou sucedendo, no meu aparte, o Senador Paulo Paim, que apontou, como a Casa aponta, os vários projetos em que V. Exª se destacou, sem nunca indagar a marca, a origem, a etiqueta, o selo dos projetos que relatou. V. Exª sempre procedeu assim: tem a marca do Brasil, tem a marca do povo brasileiro, não só do povo da Bahia. Foi assim que V. Exª não segurou projetos do Governo, mas procurou aprimorá-los. Foi assim que V. Exª sempre procurou agir diante daqueles que demonstravam interesse pelos projetos que estavam sob sua responsabilidade, fossem de sua iniciativa ou da Relatoria. De sorte que quero continuar me expressando sempre da forma como estou falando e não da undécima hora, porque entendo que a maior paga que um homem público pode ter é a recompensa do seu povo, é a certeza do dever cumprido, e isso V. Exª tem dentro do seu coração e dentro dos corações de todos aqueles que conviveram, convivem e ainda vão conviver por algum tempo com V. Exª aqui nesta Casa, sempre auferindo da nossa parte os grandes ensinamentos com que tem norteado a sua conduta. Queira receber, portanto, os meus cumprimentos. Muito obrigado a V. Exª.

O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA) - Obrigado, Senador Ramez Tebet.

Concedo o aparte ao Senador Eduardo Suplicy.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Rodolpho Tourinho, quero expressar o meu respeito a V. Exª, dar o meu testemunho da forma tão dedicada com que abraçou projetos complexos sob sua relatoria, dando uma contribuição do mais alto nível a todos nós. Agradeço-lhe também pelo respeito que sempre teve para comigo, fazendo com que aqui, no Senado, tivéssemos uma convivência muito construtiva em defesa do interesse público. V. Exª sabe, estive apoiando o ex-Ministro, companheiro Jacques Wagner, que conseguiu ser eleito Governador na Bahia. Não pude acompanhar tão de perto a disputa eleitoral para o Senado naquele Estado, mas tenho certeza de que ali V. Exª procurou dizer das coisas positivas que aqui realizou como nosso colega no Senado. Agradeço-lhe pelo aparte e o cumprimento pela maneira como se portou aqui, representando a Bahia.

O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA) - Muito obrigado, Senador Eduardo Suplicy.

Concedo um aparte ao Senador Ney Suassuna, com muito prazer.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Nobre Senador Rodolpho Tourinho, tive a honra de conviver com V. Exª por esses oito anos. Em várias vezes, tivemos projetos concomitantes, correlatos, e admirei sempre a lisura de V. Exª, inclusive não deixando politizar assuntos técnicos - isso jamais vou esquecer. Quero deixar o registro da minha alegria de ter sido contemporâneo de V. Exª, nesses oito anos.

O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA) - Muito obrigado, Senador Ney Suassuna.

Concedo, com muito prazer, um aparte ao Senador Alvaro Dias.

O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Rodolpho Tourinho, também registro minha homenagem a V. Exª e destaco a admiração que tenho pela qualificação técnica demonstrada durante o seu mandato. V. Exª é um dos Senadores necessários, porque qualifica o debate com eficiência técnica e busca o aprimoramento das propostas que surgem no Congresso Nacional. Quantas vezes V. Exª corrigiu equívocos, avançou em matérias importantíssimas para o País. Essa qualificação técnica é indispensável no Senado Federal, e V. Exª é um daqueles Senadores que, lamentavelmente, farão muita falta nesse período de ausência. Certamente a Bahia o reconduzirá a esta Casa ou a outra função pública, porque V. Exª é uma figura pública necessária, sobretudo num país como o nosso, onde a qualificação, a decência, a honradez, a dignidade são produtos em falta nas prateleiras da política nacional. V. Exª cumpriu o seu dever de forma exemplar. Um abraço a V. Exª.

O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA) - Muito obrigado, Senador Alvaro Dias.

Concedo, com muito prazer, um aparte ao Senador Artur Virgílio.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador Rodolpho Tourinho, ainda há pouco, eu conversava com o Senador Antonio Carlos, que dizia da bravura, da persistência, da pertinácia de V. Exª e de como V. Exª soube crescer na eleição nas condições que lhe eram dadas, e falava isso em tom de muita admiração. Mas o fato eleitoral é assim mesmo. V. Exª ainda não se despede, porque tem meses preciosos que se sucederão à eleição de 29 de outubro, e até fevereiro do ano que vem não poderemos prescindir do seu aconselhamento e da sua sabedoria. V. Exª, junto com o Senador Tasso Jereissati, foi o motor da constituição de alguns projetos relevantes como as PPP e a reforma tributária, que acabou empacando na Câmara. Tenho por V. Exª uma admiração muito profunda, um apego pessoal grande e uma admiração intelectual profunda, tanto que não é raro V. Exª me aconselhar a respeito de temas técnicos. Basta chegar aquele paper no meu gabinete e, a partir daí, elaboro o meu próprio discurso, toda vez que enveredamos, por exemplo, pelo terreno da economia tributária. É assim que tenho me portado. Devo dar esse testemunho de público. Mas eleição é isto: não quer dizer que as portas se fechem; não quer dizer que V. Exª não retorne à vida pública pelo viés do voto; não quer dizer que V. Exª não retorne ao Ministério. V. Exª que ocupou, com tanto brilho, o Ministério das Minas e Energia no Governo passado. Eu próprio acabei de disputar uma eleição. Não entrei achando que iria ganhar; sabia que iria perder. Meus adversários tinham 77% das preferências na pesquisa espontânea. Quando estimulava, aí é que eles tinham mais mesmo. Peguei uma cristalização muito grande. Uma pessoa que tivesse medo de assumir suas responsabilidades, que vivesse da flauta política - e não é esse o meu objetivo -, não teria entrado, porque eu não tinha necessidade nenhuma de entrar. Entrei sabendo que iria perder; entrei sabendo que não quebrava a polarização; entrei para fazer o que fiz: uma campanha limpa, propositiva, que deixaria um conceito - e esse conceito ficou - de que era possível fazer algo melhor do que há 24 anos se faz no Estado do Amazonas. Portanto, estou aqui superfeliz, superleve. E, por uma questão do destino, não estou deixando o Senado agora. Se o meu mandato estivesse no fim, eu estaria deixando o Senado agora, porque eu também, eu próprio, acabei de perder uma eleição no meu Estado. V. Exª disputou, porque teve de disputar; e eu disputei, porque tive de disputar. Portanto, não quero olhar este momento com nenhuma tristeza, embora V. Exª fará muita falta nesta Casa no ano que vem. Muita falta, mais do que a gente possa supor no emocionalismo do hoje. Quero avisá-lo de antemão que, seja qual for o resultado da eleição presidencial, V. Exª será chamado e utilizado por este País - quem sabe, nos primeiríssimos escalões? De outra hipótese, no mínimo, este seu amigo e admirador estará lhe telefonando para pedir os conselhos que sempre me orientaram todas as vezes que discutimos economia tributária. Deixo-lhe um abraço afetuoso, insistindo que não se trata de uma despedida; ainda falta muito tempo. Não é a despedida de V. Exª da política ou da vida pública, porque ela não pode prescindir de um quadro do seu preparo, do seu talento e da sua compostura. Vi tudo isso em V. Exª ao longo desses quatro anos em que convivemos lado a lado, dia a dia, neste Senado.

O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA) - Muito obrigado, Senador Arthur Virgílio.

Sr. Presidente, agradeço-lhe pela tolerância, mas, antes de encerrar, concedo um aparte ao Senador Sibá Machado.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Senador Rodolpho Tourinho, tive oportunidade de conhecê-lo quando V. Exª era Ministro das Minas e Energia. Lembro-me de que, no momento em que foi ao nosso Estado, lançou um programa de energia elétrica para o setor rural, e o Governador, impactado com aquela medida, presenteou V. Exª dando-lhe simbolicamente uma das casas de morador da nossa floresta, de seringueiro. Para nós, este é o efeito da democracia; nós nos submetemos à vontade popular. O importante disso tudo é sair de um mandato como este ciente de haver cumprido a missão de ter qualificado muitas coisas neste Senado. Foi um grande aprendizado a oportunidade de conviver com V. Exª durante esses anos. Portanto, fica aqui a palavra de agradecimento desse convívio, de uma pessoa que aprendeu muito com V. Exª. Parabéns! E, é claro, esperamos poder contar com V. Exª, o mais breve possível, de volta a esta Casa.

O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA) - Muito obrigado, Senador Sibá Machado, guardo bem na lembrança o lançamento do programa Luz no Campo, no Acre, importante para tudo que aconteceu. Só na Bahia, foram cento e quarenta mil ligações devido ao Programa, e, seguramente, duzentos e cinqüenta mil ligações já foram feitas no meu Estado. Isso é importante. Mas guardo na lembrança, com muita satisfação, a festa feita no Acre - na verdade, a festa da democracia, tenho certeza. É por isso também que, de alguma forma, Sr. Presidente, o gosto que me vem um pouco à boca agora é de vitória. E a palavra que quero usar aqui, Sr. Presidente, é a palavra agradecimento. Aliás, digo mais: nunca vi sentido na vida pública se ela não servisse para melhorar a vida das pessoas, para ajudar a vida das pessoas. Hoje, o que posso dizer neste momento da história do meu País é que consegui, de alguma forma, fazer alguma diferença.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/10/2006 - Página 30220