Discurso durante a 162ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o relatório do Senador Jefferson Péres no processo contra S.Exa. no Conselho de Ética.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), AMBULANCIA. IMPRENSA.:
  • Considerações sobre o relatório do Senador Jefferson Péres no processo contra S.Exa. no Conselho de Ética.
Publicação
Publicação no DSF de 05/10/2006 - Página 30227
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), AMBULANCIA. IMPRENSA.
Indexação
  • ANALISE, DECLARAÇÃO, JEFFERSON PERES, SENADOR, RELATOR, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, AMBULANCIA, AUSENCIA, COMPROVAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, EXPECTATIVA, DECISÃO, COMISSÃO DE ETICA.
  • NECESSIDADE, REVISÃO, LEGISLAÇÃO, COBRANÇA, RESPONSABILIDADE, IMPRENSA, DIVULGAÇÃO, FATO, AUSENCIA, VERACIDADE, DIFAMAÇÃO, HONRA, POLITICO.
  • REGISTRO, COMENTARIO, NOTICIARIO, TENTATIVA, DIFAMAÇÃO, ORADOR, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso, Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, até que enfim chegou o dia do Conselho de Ética; até que enfim nós conhecemos o relatório que, embora para nós fosse sigiloso, não o era para a imprensa.

Quero dizer aos senhores que, apesar das contrariedades normais de quem não concorda com uma opinião, eu me senti satisfeito, porque na página 17 do relatório de S. Exª o Senador Jefferson lê-se, no segundo parágrafo:

            Observe-se que não há nos autos uma única prova de efetivo envolvimento do Senador Ney Suassuna na quadrilha apelidada de Sanguessugas. Não há sequer indícios de que o Senador houvesse se locupletado dos valores pagos a título de comissão a seu assessor Marcelo Cardoso.

Isso para mim não é uma declaração de inocência total porque S. Exª, em outros aspectos - e com a nossa discordância -, diz que eu devo ser punido. Mas em relação ao assunto levantado e à acusação aqui está: inocente, inocente. Isso me deixa feliz, porque foi sobre esse tema que, em bombardeios na tevê dia e noite, o povo da Paraíba me indagava e muitos me insultavam. Mesmo assim tive 725 mil votos.

Sr. Presidente, quanto aos outros aspectos, caberá ao douto Conselho, tão bem presidido por V. Exª, decidir. O Conselho de Ética do Senado vai, com toda a certeza, tomar a decisão. É claro que vamos acatar a sua decisão; mas vamos também nos defender no que seja possível. Todavia, dessa grave acusação eu já me livrei. Não há nenhuma prova, não há o leve indício. Vou ler mais uma vez: “Não há sequer indícios de que o Senador esteja participando”.

Para quem passou 139 dias sob tiroteio cerrado de parte da imprensa nacional é um alívio. Espero agora que façam justiça. Não sou sanguessuga, não me locupletei, não tenho nenhuma ligação com este povo e paguei o pato talvez até pelo calor político do período que antecede as eleições.

Queria falar da nossa responsabilidade em relação à lei. Chegou a hora de pensarmos a respeito de uma lei séria para a imprensa. Por quê? Não é que eu queira, de maneira alguma, o cerceamento da liberdade de imprensa. Ela tem que ser livre, porém responsável.

Se V. Exªs lerem hoje jornais importantes, encontrarão na primeira página: “Lula provoca ACM, derrotado na Bahia”. Nesse título, ao final da nota, está dito que o Lula começou a montar a sua tropa de choque no PMDB, passou a tarde negociando com Líderes de Goiânia, Íris Rezende, o Senador Maguito Vilela, que disputa o segundo turno em Goiás, com Geddel Vieira Lima, da Bahia, e o Senador Ney Suassuna, “investigado pela máfia das sanguessugas”. Espero que agora acabe esse tipo de comentário, uma vez que está aqui, provado por um Relator extremamente duro, que não há leve indício.

Ao abrirmos a página oito, temos: “Lula recebe Ney Suassuna, Geddel e Maguito”. Diz aqui que fui recebido pelo Presidente, mas que sou um Senador investigado pelo caso das sanguessugas e que fui, inclusive, aliado de Fernando Henrique Cardoso. Se pegarmos ainda dois outros jornais, também veremos essa repercussão.

V. Exªs podem indagar: por que estou dizendo isso. Digo porque não estive com o Lula. Absolutamente! Não estive com o Presidente Lula nem ontem, nem anteontem, nem há um mês. Passei um mês internado na minha Paraíba. Ele esteve lá, mas fiz questão de não ir vê-lo, até porque um amigo deve zelar pelo outro. Fiz questão de não vê-lo para que não tirassem fotografias e dissessem que eu, o acusado, estava lá, colado ao Lula - e, agora, já nem estou mais sendo acusado.

Por que um jornal importante, que tem um nome a zelar, faz uma coisa dessas no dia de hoje? Não deve ser para me atacar, embora o jornal traga em maior destaque: “Lula recebe Ney Suassuna, Geddel e Maguito”. Isso, com certeza, não foi para me atacar, mas talvez para atacar o Presidente.

Pergunto-me: será que isso deve ser assim sempre? Será que a imprensa pode veicular o que lhe dá na telha, inventar fatos como este - e reitero que não estive com o Presidente Lula - e ficar por isso mesmo? Eu queria deixar essa indagação a V. Exªs.

Há uma lei que tramita nesta Casa e que já deveríamos ter votado há tempos. Creio que é hora de pensarmos nisso, porque a imprensa passou dos limites. Ela veicula o que quer e como quer. Não quero o cerceamento da imprensa, mas quero que lhe seja cobrada responsabilidade.

Nós, Parlamentares, podemos terminar este ano concluindo esse assunto, o que, com certeza, dará mais credibilidade à imprensa.

         Hoje, quando pego um jornal, já penso que 50% deve ser mentira. Penso assim porque vejo inúmeras mentiras escritas todo os dias! Essa é uma. Faz mais de mês que estive com o Presidente. E houve até um comentário de um Ministro, dizendo que era importante porque tive muitos votos. É algo incrível, realmente incrível!

Era isso o que eu queria deixar à consideração de V. Exªs. Creio que chegou a hora de pensarmos não em cercear, mas em deixar meios para se cobrar responsabilidade a respeito de notícias como essa.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/10/2006 - Página 30227