O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pela Liderança do PFL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em primeiro lugar, quero tranqüilizar os agentes de saúde no sentido de que já fizemos um acordo para votar hoje essa proposição, que é tão importante para o Brasil e de que V. Exª, que está presidindo, é o Relator e foi praticamente o Senador que lutou mais pela sua aprovação. De modo que será até um prêmio se V. Exª estiver na presidência, embora não possa porque estará na relatoria, ao votarmos hoje, impreterivelmente, essa medida provisória.

Quero tranqüilizar os agentes de saúde e dizer que esse foi um tema da sua campanha e que V. Exª, sem dúvida, será um grande vencedor quando terminar essa votação.

Em segundo lugar, quero dizer que, no meu discurso de ontem, falei no Freud Godoy várias vezes. Entretanto, em determinado trecho, aparece Fred Suter. Pode haver um equívoco. Citei Freud Godoy várias vezes. Todos sabem que não citaria Fred Suter, que nada tem com esse assunto. É um jornalista conceituado e, como tal, não deveria ser comparado com Freud Godoy. Ainda citei: o psicanalista Freud Godoy. Quero, publicamente, dizer que jamais pensei em ofender o jornalista Fred Suter. Ao contrário, quero louvá-lo e dizer que hoje me dirijo a ele, pedindo que se retifique o erro que surgiu em uma parte do meu discurso, embora, muitas e muitas vezes, tenha falado no Freud Godoy. Até falei que estava manchando, maculando o psicanalista. O Freud Godoy do Lula não é o mesmo.

Feitos esses esclarecimentos, quero dizer que Sua Excelência, o Presidente da República, quando recebeu o Governador eleito da Bahia ontem - isso está em todos os jornais -, tirou fotografia com o Governador e sua esposa e mandou que os fotógrafos me procurassem para tirar a minha fotografia. Podem tirar todas as vezes.

Não encontrarão em mim um Presidente bêbado, como é o Senhor Lula. Não encontrarão em mim um Presidente desonesto, como é o Senhor Lula. Não encontrarão em mim um Presidente que só anda com ladrões, que estão desfilando pelo Brasil. E, a cada dia, aumenta o número de ladrões na sua companhia, para dilapidar os cofres públicos do País.

Enquanto não explicar o problema do dossiê que ele e Ricardo Berzoini fabricaram, para, na eleição de São Paulo, prejudicar o candidato José Serra, ele não tem autoridade nem de ser fotografado, o que dirá de aparecer em público. Falta-lhe dignidade para o exercício da Presidência. Falta-lhe moral para o exercício da Presidência. Falta-lhe aquilo que é mais indispensável: a credibilidade.

Mas, como ele quer fotografar-me, como está achando que precisa de uma fotografia minha, eu lhe mandarei algumas. Talvez ele goste de se distrair com boas fotografias, de pessoas que têm uma fisionomia diferente da dele, que é a de um turrão, de um homem que não tem a capacidade de raciocinar, de um homem que não sabe trabalhar, de um preguiçoso que iludiu o povo brasileiro por meio da publicidade.

            Quero dizer ao Presidente da República que estou aqui para ser fotografado e para mandar fotografias para ele. Não aparecerei bêbado, como ele tem aparecido muitas vezes. Tampouco ninguém vai me colocar na página policial, como ele deveria estar e vai estar um dia, quando deixar de ser Presidente da República e de ter os privilégios que o cargo lhe garante, porque não pode explicar o dinheiro que tem, nem o que deu para o seu filho Lulinha.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Sr. Presidente, gostaria de dois minutos a mais, porque faço uma explicação importante, tendo em vista que o Presidente está querendo ver a minha fisionomia e que V. Exª não pode impedir que ele veja. Eu quero que ele veja. Estou aqui falando para ele, estou me dirigindo a ele, sorrindo dele, da sua figura grotesca.

Daí por que, Sr. Presidente, eu dizia que tem chegado ainda um maior número de ladrões para a companhia do Presidente e dinheiro que jogaram nas eleições da Bahia, como salientou, com muita competência, o Senador César Borges. E V. Exª foi vítima, Sr. Presidente.

Volto a dizer que o Presidente não pode discutir ética e corrupção. Ele está arregimentando mais corruptos para a sua gangue, como Berzoini e a turma do dossiê: Freud Godoy; Gedimar Passos; Expedito Veloso, vejam só, esse diretor do Banco do Brasil; Valdebran Padilha; e Jorge Lorenzetti, que é o seu churrasqueiro. O churrasqueiro do Presidente da República que pegou R$18 milhões e que toma conta, evidentemente, da sua filha, que mora em Santa Catarina.

Ah, Sr. Presidente, falei aqui de Humberto Costa, e não acreditaram. Ele foi denunciado pelo Ministério Público.

Tenho evitado falar do Sr. José Dirceu, porque tive um relacionamento pessoal com ele. Até ontem pensava que tinha, mas, como ele, no seu blog, atacou-me, estou à vontade para dizer que muitas lágrimas ele foi derramar na minha casa, e muita coisa ele contou do Presidente da República. De modo que ele não podia atacar-me, porque pude consolá-lo muitas vezes das mágoas que ele tinha do Palácio do Planalto. Muita gente sabe disso, mas ele não pode ignorar. A despeito de ele cassado e tudo isso, tive a coragem de jantar com ele em restaurante importante de São Paulo, para que o público visse, mas ele não está retribuindo com a dignidade que mereço pela minha atitude.

De maneira que hoje não tenho por que evitar citar José Dirceu e seus companheiros mensaleiros: Waldomiro Diniz, Delúbio, Valério, Henrique Pizzolato, Ivan Guimarães, João Magno e tantos outros.

.O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - Senador Antonio Carlos Magalhães, V. Exª me permite um aparte?

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Com prazer.

O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - Senador Antonio Carlos, fiquei surpreso, quando abri os jornais e vi uma referência do Presidente da República a V. Exª, dizendo textualmente que gostaria de ver a cara de V. Exª. Sei que V. Exª tem feito ataques muito duros ao Presidente, como é próprio da vida parlamentar - uns mais agressivos; outros, menos. V. Exª é da Oposição. Os Senadores da Base do Governo podem e até devem responder a V. Exª no mesmo diapasão. Agora, o inaceitável é que o Presidente da República se dirija a um político, a um Parlamentar individualmente, nesses termos ofensivos e debochados. É o que sempre digo: o Presidente Lula parece não se ter imbuído da natureza majestática do seu cargo, que é uma instituição, é a Presidência da República. Isso não deve, nem pode acontecer. De forma que, até por isso, receba a minha solidariedade.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Agradeço imensamente, Senador Jefferson Peres, essa solidariedade, partindo de quem parte, e o conselho que V. Exª dá publicamente ao Presidente da República, para que tenha compostura no exercício da função.

Uma coisa são os debates do Parlamento, outra é um Presidente da República que não sabe comportar-se com a dignidade, sobretudo quando ele ajuda a furtar a Nação e ainda se alia a ladrões iguais a ele.

O filho dele, Luiz Gushiken e a turma dos fundos da Previdência, como Marcelo Sereno, o Lulinha da Gamecorp, o irmão Vavá que dizia apenas avisar os empresários com negócios do Governo - foi o irmão dele quem disse. O filho recebeu R$15 milhões da Telemar. A turma de Ribeirão Preto: Rogério Burati, Juscelino Dourado, Ralph Barquete, Sérgio, o Sombra; sem esquecer também a célebre Jeanny Mary Corner. Paulo Okamotto, o doador universal e operador do Sebrae, que paga as contas de Lula e os seus cartões de crédito; Paulo Pimenta, aquele que foi o primeiro a fazer dossiê numa comissão de inquérito, foi pego distribuindo dossiê; Roberto Teixeira, o empresário amigo que pagava as contas da família de Lula, cujo sigilo bancário nunca foi aberto, porque, se assim o fizerem, as vergonhas surgirão; Waldomiro Diniz; a turma do Bingo, como Carlinhos Cachoeira e outros tantos.

Não citarei outros menos votados, Sr. Presidente, mas que quero dizer a V. Exª e a esta Casa que a minha cara é esta. Não sei se é boa ou ruim, mas é a minha; não tenho outra.

Agora, o Presidente tem várias caras. Tem a cara do bêbado, tem a cara do desonesto e tem a cara que infelicita a Nação brasileira mentindo desavergonhadamente todos os dias.

De modo que somos realmente diferentes. Ele é uma coisa, eu sou outra. Eu tenho mais de 50 anos de vida pública e posso falar, assim como falo; e ele não pode falar, porque não tem a dignidade de quem tem esse cargo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.