Discurso durante a 157ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Conclama o povo brasileiro a que medite bem a fim de escolher os melhores candidatos aos cargos eletivos nas próximas eleições.

Autor
João Batista Motta (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/ES)
Nome completo: João Baptista da Motta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Conclama o povo brasileiro a que medite bem a fim de escolher os melhores candidatos aos cargos eletivos nas próximas eleições.
Aparteantes
José Jorge.
Publicação
Publicação no DSF de 28/09/2006 - Página 29577
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, CONSCIENTIZAÇÃO, POPULAÇÃO, VOTO, ELEIÇÕES, REFORÇO, DEMOCRACIA.
  • REGISTRO, HISTORIA, BIOGRAFIA, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), ELOGIO, VIDA PUBLICA, DEFESA, NECESSIDADE, EXPERIENCIA, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, EXERCICIO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • APRESENTAÇÃO, PROPOSTA, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), VALORIZAÇÃO, DOLAR, MELHORIA, EXPORTAÇÃO, REDUÇÃO, IMPOSTOS, BUROCRACIA, RECUPERAÇÃO, RODOVIA, PORTO, COMBATE, CORRUPÇÃO, BRASIL.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), AQUISIÇÃO, DOCUMENTO, DIFAMAÇÃO, ADVERSARIO, PARTICIPAÇÃO, CORRUPÇÃO, QUESTIONAMENTO, JUSTIÇA, AUSENCIA, DETENÇÃO, ACUSADO, MOTIVO, ELEIÇÃO.
  • REPUDIO, INCAPACIDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO, PAIS, CRITICA, AUMENTO, IMPOSTOS, INEFICACIA, REALIZAÇÃO, OBRAS.
  • COMENTARIO, NECESSIDADE, REDUÇÃO, VIOLENCIA, RODOVIA, AUMENTO, INVESTIMENTO, PRODUÇÃO, CRESCIMENTO, SALARIO, TRABALHADOR, APROVAÇÃO, REFORMA POLITICA, REFORMA TRIBUTARIA.

O SR. JOÃO BATISTA MOTTA (PSDB - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Marco Maciel, saudoso ex-Vice-Presidente deste País, homem brilhante da grande terra que é Pernambuco; Srªs e Srs. Senadores, quero usar esta tribuna para fazer um apelo ao povo brasileiro para que medite sobre alguns erros que nós, eleitores, já cometemos no passado. Quem não se lembra da eleição de Collor, oportunidade em que o povo brasileiro deixou de votar em Mário Covas, talvez o segundo homem deste País, depois de Juscelino, nos últimos tempos? Eu queria que o povo brasileiro não se esquecesse disto: deixamos de votar em Mário Covas para votar em Lula e Collor; depois, elegemos Collor. De lá para cá, vejam o que vem acontecendo com o nosso País.

Neste momento, o Brasil vive um momento ímpar, uma oportunidade muito grande de escolher aqueles que têm condições de conduzir um País da dimensão do nosso.

Vejam bem: o nosso candidato a Vice-Presidente quem é? Um professor universitário, graduado em universidades do mundo; um homem que se formou em engenharia; um economista; um homem que foi Ministro, sem alardes e com muita competência; um homem que foi Deputado Federal por vários e vários anos e que hoje é um Senador que orgulha esta Casa e o País. Refiro-me ao Senador José Jorge, de quem todos nos orgulhamos por tê-lo nesta Casa.

O candidato a Presidente evidentemente dispensa apresentações: um homem que, aos 22 anos, ocupou a Prefeitura do seu Município e fez uma grande administração - é lembrado até hoje; um médico que honrou a sua profissão e é querido entre os seus colegas; não foi médico apenas de fachada, foi um excelente profissional, principalmente para a população mais pobre; foi Deputado Federal e exerceu o mandato de maneira ímpar, como todo o País sabe; foi, depois, Vice-Governador, amigo sincero e companheiro de todas as horas do grande Mário Covas, como já falei aqui; Governador de São Paulo - e que governador! Brasileiros, procurem saber as condições das estradas e dos hospitais de São Paulo; a luta que esse Governador travou combatendo a corrupção, combatendo a violência em seu Estado, enfrentando cara a cara, investindo maciçamente para combater a violência.

Porém, não se trata de um projeto para um Estado. Bandido de São Paulo, quando combatido lá, vai para o Rio de Janeiro; quando combatido no Rio, vai para o Espírito Santo; quando combatido no Espírito Santo, no Rio de Janeiro e São Paulo, vai para Minas Gerais; e por aí afora. Precisa-se de uma política nacional, precisa-se de uma política exercida por um presidente que tenha pulso, que saiba administrar, que tenha experiência administrativa, que tenha currículo para comandar as diretrizes de um país como o Brasil.

E o Geraldo Alckmin e o José Jorge o que estão querendo, Sr. Presidente? Estão querendo exatamente que o dólar seja valorizado diante do nosso real, para que o brasileiro possa exportar, para que possamos gerar emprego aqui no Brasil, não na China! O nosso Presidente atual não tem condições de enxergar sequer isso.

O que querem José Jorge e Geraldo Alckmin? Querem gerar emprego no Brasil. O que querem mais? Querem menos impostos. O Geraldo já fez isso em São Paulo. Vejam o currículo do homem! Geraldo Alckmin e José Jorge sabem que o Brasil precisa de menos burocracia. Ninguém suporta mais a burocracia brasileira! Um caminhoneiro que se desloca do Espírito Santo para Belém do Pará ou para Recife tem que parar em vinte ou trinta barreiras, humilhado por todos os fiscais onde pára. Esse cidadão não tem prazer de ser brasileiro nem tampouco de votar em ninguém. Isso tem de acabar. Se não há “Mercobrasil”, para que Mercosul? Para quê? Que o diabo o carregue! Precisamos ter liberdade primeiro aqui dentro deste País!

O que eles querem com isso? Eles querem o crescimento econômico, eles querem uma agricultura forte, eles sabem o que está sofrendo o homem do campo. Um Presidente sem currículo não tem condições de enxergar essas coisas. Eles querem melhores estradas. Eles querem melhores portos. Eles querem combater a corrupção.

Senador Marco Maciel, que imagens vemos na televisão no dia-a-dia? São membros do PT e do Governo sendo presos nos camburões e nos aeroportos, ora com dinheiro nos hotéis para comprar dossiê, ora com dinheiro na cueca, dizendo que venderam verduras, ora pegando 50 milhões emprestados no Banco Rural - aliás, não pegaram coisa nenhuma, é mentira, foi uma maneira de acobertar o pagamento da compra de meia-dúzia de parlamentares desonestos que se venderam ao Governo Federal.

O Sr. José Jorge (PFL - PE) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. JOÃO BATISTA MOTTA (PSDB - ES) - Perfeitamente, Senador José Jorge.

O Sr. José Jorge (PFL - PE) - Senador Motta, em primeiro lugar, agradeço-lhe os elogios que V. Exª fez, mas penso que a parte mais importante do pronunciamento de V. Exª não é a dos elogios, mas a de suas considerações em relação à atuação do Governo do Presidente Lula. A organização internacional que classificou, quanto à competitividade internacional, o Brasil algumas posições para trás o fez por conta, em primeiro lugar, do aumento e da má qualidade do gasto público no Brasil e, em segundo lugar, da corrupção. Hoje, a corrupção no Governo é sistêmica. Não é uma “corrupçãozinha” nesse ou naquele ministério, é uma corrupção que envolve todo o Governo, assessores do Presidente, do Partido, enfim, tudo e todos. Para nós, que estamos mais perto, o que irrita neste Governo, mais do que a corrupção, é a mentira. Temos que admitir que apenas uma em cinco ou dez operações é descoberta. Quer dizer, deve haver muitas operações como a do dossiê ou a do dólar na cueca. Quantos outros dólares foram transportados na cueca e não foram descobertos? Quantas operações desse tipo foram feitas e não foram descobertas? Mas, quando é descoberta, o que mais irrita é a mentira. Em vez de reconhecer e punir, o que o Presidente Lula faz? Passa a mão na cabeça: é o “nosso Delúbio”, são “os meninos”. Sempre são tratados com carinho aqueles que não cumprem o que deveriam cumprir. E o Governo sempre procura dar uma desculpa para conseguir caracterizar como um crime menor. Quando se praticou o crime do mensalão, disseram que não era mensalão, mas caixa dois. Com relação à compra de dossiê, dizem que é caixa dois, que é crime eleitoral. Na realidade, tudo isso é crime. Então, se essa pesquisa sobre a competitividade internacional levasse em conta a mentira - leva em conta a corrupção, mas não a mentira -, tenho certeza de que o Brasil não teria caído apenas nove posições, mas umas vinte. Nunca vi um governo contar tanta história que não seja verdadeira. Vou citar exemplos ocorridos na campanha eleitoral. Primeiro, publicaram a foto de uma refinaria de Pernambuco que não existe; está prevista, porém não há nenhum tijolo colocado lá. Em segundo lugar, o Presidente visitou a ONU, onde fez um discurso burocrático, num dia difícil para ele, porque foi exatamente quando se descobriu a compra do dossiê. Ele foi para Nova York, mas imagino que sua cabeça tenha ficado aqui administrando isso. Ele fez um discurso, em português, evidentemente, que não causou maior entusiasmo a ninguém. Ninguém aplaudiu seu discurso; ele terminou burocraticamente. Dois ou três discursos depois falou Kofi Anan, Secretário-Geral da ONU, que está saindo da Organização. Kofi Anan, com seu discurso de despedida, foi aplaudido por todo o plenário de pé. O que o programa eleitoral do Presidente Lula fez? Exibiu o discurso de Lula proferido naquela ocasião e o aplauso a Kofi Anan, como se Lula tivesse sido aplaudido de pé na ONU. É uma burla ao eleitor. Lula não foi aplaudido sentado e nem de pé. Tudo bem, não era importante que ele fosse aplaudido de pé, nada disso. O importante aí é a mentira, o engodo, utilizar-se do programa eleitoral para mentir, para dizer uma coisa que não aconteceu. Isso é muito grave, pois o programa eleitoral é feito para que se diga a verdade. Infelizmente, o Presidente Lula não está dizendo a verdade em seu programa eleitoral. Mais do que a corrupção, acho que este Governo se caracteriza por sempre inventar histórias que não são verdadeiras. Muito obrigado.

O SR. JOÃO BATISTA MOTTA (PSDB - ES) - Agradeço, de coração, o aparte do Senador José Jorge.

Continuando, quero dizer que a Justiça mandou prender os criminosos no caso da compra do dossiê, mas eles não foram presos. A alegação é de que a lei protege o período pré-eleitoral, o que equivale a dizer que a lei quer proteger as eleições. O que tem a ver com isso a prisão de pessoas que cometeram o crime antes do período proibitório? Acho que não tem nada a ver uma coisa com a outra. Deviam estar presos, prestando esclarecimentos, para se evitar que amanhã, se porventura o Presidente Lula for reeleito, ele tenha que enfrentar, talvez, um impeachment após a sua reeleição, caso o esclarecimento desse crime chegue às portas do Palácio. Seria bom que isso fosse esclarecido antes.

É um alerta que faço ao povo brasileiro, principalmente ao povo do meu Estado que não vê campanha nas ruas, pois não tem campanha no interior deste País, onde só há campanha do Presidente, porque se trata de uma reeleição, e há cargos comissionados espalhados em todos os rincões do País, e a Oposição, evidentemente, aquela Oposição que é séria, que não tem dinheiro para jogar fora, para gastar horrores em suas campanhas, fica alijada de poder exercer o direito de fazer campanha.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, o povo que está nos ouvindo neste momento tem que ficar alerta quanto àquilo que deve fazer no dia das eleições: votar em quem tem currículo perfeito, em homens ilibados, homens sérios, homens direitos ou votar em quem não tem currículo? Ou votar em quem não teve condições de conduzir este País? Votar só porque ele se diz pobre, defensor dos pobres? Não! Que o brasileiro fique acordado, porque aqui no Brasil temos nada mais nada menos que um Hugo Chávez. Temos aqui alguém populista, incapaz de conduzir um país da grandeza do Brasil, com as riquezas que possui. Com tantos pobres, tantos miseráveis, tanta falta de educação, tanta falta de saúde, os governos só se preocupam em cobrar cada vez mais tributos e mais impostos para realizar obras que não nos levam a absolutamente nada, porque o que é importante não se faz.

Presidente Marco Maciel, todos os nossos portos estão sucateados, todas as nossas estradas estão acabadas e ninguém pode viajar por elas porque os assaltos são constantes. A violência atingiu patamares jamais vistos na nossa história. E isso vai continuar assim? É isso que o brasileiro quer para os filhos, para os netos? Não é possível! Acho que, neste momento, o brasileiro tem a responsabilidade, mais do que nunca, de levar este País para mãos boas, mãos sérias, de gente que tem competência de conduzir um país como o Brasil, que sinta amor, carinho pelos produtores nacionais, seja pelos que produzem soja, feijão, arroz e milho, seja por aqueles que produzem roupas, calçados, seja por aqueles que produzem automóveis, eletrodomésticos. No Brasil, temos que pôr na cabeça que temos que remunerar bem a produção, temos que fazer como os países europeus têm feito: remunerar bem a produção e, depois, dar um salário compatível para que o cidadão possa usufruir de tudo de bom que o nosso País produz. É essa a política que este País necessita. Precisamos de uma reforma política - sobre a qual não vou falar hoje -de envergadura, uma reforma tributária de envergadura. Precisamos acabar com a burocracia. Temos que enfrentar, que ter coragem, que arriscar nosso mandato, mas temos que fazer força para que este Brasil encontre os seus verdadeiros caminhos, aquilo que o povo mais necessita, porque, do jeito que a coisa anda, não há mais para onde ir. O abismo está à nossa frente e bem mais perto do que podemos imaginar.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/09/2006 - Página 29577