A SRª FÁTIMA CLEIDE (Bloco/PT - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Sr. Presidente.

Como disse o Senador que me antecedeu, Roberto Cavalcanti, é muito importante que venhamos a esta tribuna para agradecer.

Ocupo hoje esta tribuna para agradecer. Agradecer carinhosamente os mais de 185 mil eleitores de Rondônia que a mim confiaram seu voto neste pleito eleitoral.

Candidata a Governo do Estado, tive a alegria, nesta segunda campanha em que meu nome se submete à apreciação do eleitor, de ter o reconhecimento de cidadãos e cidadãs que comigo sonharam e acreditaram nas propostas da nossa coligação denominada Rondônia no Coração. São propostas sustentadas pela diretriz de promover em Rondônia o desenvolvimento responsável, o desenvolvimento que abomina o desperdício dos recursos naturais.

O desenvolvimento que agrega valor a nossos produtos, acabando com a mera condição de corredor de exportação de nossas matérias-primas.

O desenvolvimento que reconhece na ciência, na pesquisa e na tecnologia instrumentos vitais para o planejamento e o crescimento econômico do Estado de Rondônia.

O desenvolvimento que fortalece a agricultura familiar, não bastando estradas, mas também acesso ao crédito - como está fazendo o Presidente Lula em nosso Estado -, à assistência técnica, à saúde.

O desenvolvimento que potencializa na educação de nossos jovens a oportunidade para o trabalho de qualidade. Por isso, nosso programa tinha como eixo a educação técnico-profissional.

O desenvolvimento que valoriza o funcionário público, agente essencial para o funcionamento o pleno funcionamento do Estado brasileiro.

Eleitores de todas as classes sociais, trabalhadores do comércio, policiais militares, civis, trabalhadores da educação e da saúde, trabalhadores rurais, empresários, comerciantes, estudantes e donas de casa reconheceram a necessidade de mudança, apostando nessas propostas, que, indiscutivelmente, levariam Rondônia a uma nova realidade. Enfim, propúnhamos no nosso Plano de Governo mudar a realidade social do Estado, que pode ser resumida numa frase: Estado rico com povo pobre. Isso é demonstrado pela Pnad - Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar - que, em Rondônia, constatou que, em 75% dos nossos domicílios, a renda familiar está em torno de meio a dois salários mínimos no máximo. É um absurdo para um Estado que é detentor de tantas riquezas naturais e minerais, cujo valor ainda não mensuramos.

Mas quis a vontade soberana do eleitorado reeleger o atual Governador. Respeito e aceito essa decisão, mas é necessário alertar o meu querido povo de Rondônia da necessidade de fiscalizar este Governo, de cobrar políticas para geração de emprego e renda, principalmente para os nossos jovens, atendimento digno na saúde e, principalmente, o fim da violência. É impossível, Sr. Presidente, um Estado com uma população de apenas 1,5 milhão de habitantes ser detentor de marcas que estão entre as primeiras do Brasil, demonstrando que o nosso Estado é um dos mais violentos do País.

É isso que farei daqui, nas trincheiras da tribuna do Senado Federal. Serei vigilante implacável do Governo reeleito. É minha obrigação e dever, principalmente com aqueles que confiaram esta responsabilidade à minha pessoa.

Fiz uma campanha propositiva, sem ataques a meus adversários, embora tenhamos muitas coisas a dizer. Fiz uma campanha limpa, modesta, sem uso da máquina pública. Em Rondônia, administramos diversos órgãos e instituições federais, sete municípios, entre eles a capital do Estado. Infelizmente, isso não aconteceu do outro lado. Tanto é que, próximo ao dia da eleição, a chefe da imprensa oficial do Estado foi presa, porque foi flagrado o caminhão da coligação a que pertence o Governador reeleito, retirando papel da imprensa oficial para a sede da gráfica onde era reproduzido o seu material.

Levei propostas concretas e viáveis ao povo de Rondônia, e no último debate na televisão boa parte da população pôde se certificar da qualidade de nossa campanha, de nossos propósitos, de nossa disposição em oferecer uma alternativa, um rumo político novo para Rondônia.

Continuarei defendendo os ideais de uma sociedade que respeita as diferenças. Continuarei defendendo a parceria e o diálogo, condições essenciais para um governo transparente e aberto à participação popular.

Continuarei defendendo o desenvolvimento que considere o ser humano em primeiro lugar, o desenvolvimento que faça uso de nossas imensas riquezas naturais de forma responsável e equilibrada, para melhorar a qualidade da renda do nosso povo.

Continuarei defendendo o bom uso dos recursos públicos, a administração correta e eficiente.

Continuarei defendendo as minorias, os mais necessitados e desamparados. E continuarei a defender as políticas públicas adotadas pelo Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Governo que reduziu a pobreza no País e que apresenta os melhores indicadores sociais dos últimos dez anos.

Como fez o Senador Roberto Cavalcanti, eu também faço desta tribuna questão de agradecer ao Presidente Lula, porque se existem investimentos hoje no Estado de Rondônia são, com certeza, Sr. Presidente, investimentos do Governo Federal.

Os eleitores de Rondônia, que de coração aberto depositaram suas esperanças em minha candidatura e na do Presidente Lula, podem continuar contando com o meu trabalho e com a atuação dos Deputados Eduardo Valverde e Anselmo de Jesus, reeleitos para a Câmara Federal, assim como podem contar também com o trabalho dos Deputados Neri Ferigolo, Professor Dantas e, também, do nosso companheiro Dr. Ribamar Araújo, eleitos para a Assembléia Legislativa de Rondônia. Com certeza, farão um trabalho que merecerá destaque naquela Casa.

Estamos satisfeitos e conscientes do dever cumprido, fazendo política diferente em Rondônia: prestando contas do mandato, acompanhando a execução de cada centavo das emendas dos recursos que conseguimos mobilizar do Orçamento Geral da União, atendendo às demandas dos movimentos sociais e tratando com igualdade todos os prefeitos e prefeitas do meu Estado.

Srªs e Srs. Senadores, não posso deixar de parabenizar as vitórias que o meu Partido, o Partido dos Trabalhadores, obteve na eleição para governos de Estado em primeiro turno. Festejo a eleição do ex-Ministro Jaques Wagner para o Governo da Bahia, mais um passo importante naquele querido Estado.

Festejo também as vitórias de Marcelo Deda, em Sergipe; de Wellington Dias, no Piauí; e de Binho Marques, no Acre. Com reais chances de vitória, a nossa companheira Senadora Ana Júlia, no Pará; e o ex- Ministro Olívio Dutra, no Rio Grande do Sul, devem se unir aos quatro eleitos, quando poderemos passar a contar com seis Governadores.

Festejo igualmente a eleição de 83 Deputados Federais pelo Partido dos Trabalhadores, a segunda Bancada na Câmara dos Deputados, o que de modo nenhum me surpreendeu, mas certamente deixou desapontados comentaristas e analistas da artilharia pesada contra o Partido dos Trabalhadores, que anunciavam encolhimento drástico de nossa Bancada na Câmara.

Embora a Bancada feminina na Câmara não tenha crescido - continuamos com 45 Deputadas -, devo saudar o esforço de todas as mulheres que participaram dessas eleições. Saudar seu exemplo, exemplo que foca a determinação de aumentarmos a participação da mulher no processo político. Impossível aqui listar todas as mulheres da Região Amazônica que deste processo participaram. Em meu Estado parabenizo a Deputada Federal Marinha Raupp, que obtém seu quarto mandato; e, no Amapá, quatro mulheres elegeram-se Deputada Federal, fenômeno sem dúvida digno das crônicas políticas desta eleição. Saúdo, especialmente, a ex-Governadora Dalva Oliveira, do PT, e Janete Capiberibe, do PSB.

Nesta eleição, lamento um ranking negativo, para variar, em meu Estado, Rondônia. O Estado, segundo levantamento da Polícia Federal, liderou o número de prisões no dia das eleições - foram 85 detenções de um total de 251 no País. Somente na minha cidade, Porto Velho, foram detidas 53 pessoas pelos crimes de boca de urna, distribuição de combustível e de alimentos e distribuição de material de campanha. É um indicador, infelizmente, do quanto é crônica a ilegalidade perpetrada pelo poder econômico. E isso, Srs. Senadores, mesmo com as pesquisas de intenção de votos favoráveis aos candidatos endinheirados. Mas sei que esse tipo de coisa ganha, a cada eleição, o repúdio de maior número de eleitores.

É preciso, por outro lado, ficar atento, porque os enganadores estão em toda parte e vão, neste segundo turno, Senador Sibá, tentar tirar, com métodos escusos, a hegemonia que o Presidente Lula tem na capital do meu Estado, Porto Velho.

Aliás, quero pedir ao Governador reeleito, Ivo Cassol, do PPS, coordenador, no Estado, da campanha do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, que desça do palanque, que pare de atingir, com ofensas, com palavras de baixo calão, a minha pessoa, a pessoa do Senador Amir Lando, a pessoa dos seus concorrentes e principalmente a pessoa do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Tenho certeza de que os eleitores do atual Governador não o reelegeram para isso e não querem ver esse tipo de baixaria acontecer no meu Estado.

Não iremos permitir, Sr. Presidente, que isso aconteça.

Conto com os eleitores rondonienses, com a nossa militância, para termos um segundo turno vitorioso. Vitorioso, sim, para o País, que tem muito mais pobres do que ricos; para o País, que é sustentado pela agricultura familiar, e não pelos 200 homens do agronegócio.

Agradeço também, Sr. Presidente, à Direção Estadual do PT, do PCdo B, do PRTB, do PSC, que confiaram a mim esta tarefa de representá-los em tão importante disputa ao Governo Estadual.

Ouço, com prazer, o aparte do Senador Valdir Raupp.

O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - Senadora Fátima Cleide, congratulo-me com V. Exª pela brilhante campanha que fez. Foi uma campanha limpa e humilde, com pouco dinheiro, sem avião, sem helicóptero para percorrer o Estado de ponta a ponta, sem comícios, por falta de estrutura. E V. Exª teve um desempenho fantástico, com aproximadamente 25% dos votos...

A SRª FÁTIMA CLEIDE (Bloco/PT - RO) - Quase 26%; foram 25,9%.

O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - Com 25,9% dos votos. Era uma eleição para se levar para o segundo turno. Infelizmente, isso não aconteceu. Penso que é salutar a disputa em segundo turno, porque dá uma oportunidade a mais para os eleitores refletirem sobre os dois postulantes finais, como acontece agora no Brasil. Em Rondônia, seria muito bom que V. Exª, que ficou em segundo ou outro candidato que tenha ficado em terceiro ou quarto lugares, pudesse ter disputado o segundo turno. Infelizmente, isso não foi possível, mas dou parabéns a V. Exª pela campanha limpa, séria e honesta que fez, como já falei, humilde, de pé no chão mesmo, rumo ao Governo de Rondônia. É esse tipo de campanha que engrandece a democracia brasileira e a do nosso Estado. Parabéns mais uma vez a V. Exª. Muito obrigado.

A SRª FÁTIMA CLEIDE (Bloco/PT - RO) - Eu é que agradeço, Senador Valdir Raupp, e espero que a partir deste segundo turno das eleições presidenciais, possamos construir um projeto diferente para o Estado de Rondônia, um projeto que conte com o apoio de forças que realmente desejam ver a mudança do nosso Estado, que é tão rico, mas que, infelizmente, detém, no ranking de pobreza, um dos primeiros lugares do País. E isso para nós é inadmissível.

Espero contar com V. Exª, com o PMDB de Rondônia, nessa jornada, para que possamos oferecer ao cidadão e à cidadã rondoniense uma perspectiva de esperança, pelo menos.

Ouço com prazer o Senador Sibá Machado.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Senadora Fátima Cleide, queria dizer o quanto nós do Estado do Acre respeitamos V. Exª e admiramos os esforços que tem feito ao longo da sua vida pública em Rondônia, com as dificuldades que o Estado oferece, em função das distâncias, da situação geográfica, e das questões já apresentadas aqui pelo Senador Valdir Raupp. Temos tido sucesso em Porto Velho: V. Exª aqui no Senado Federal e dois colegas nossos eleitos para representação na Câmara dos Deputados, repetindo agora essa votação. Demos um passo significativo no Estado de Rondônia. Considero esse esforço muito parecido com o que, na Biologia, é chamado de resiliência: quando um lixo da natureza é duramente agredido e que, com o passar do tempo, ele se supera com suas próprias condições e consegue se reabilitar. Ainda acho que foi correto o que aconteceu em Rondônia, quando o PT e sua aliança política e o PMDB e sua aliança política trilharam independentemente porque tinham que apostar num segundo turno. Não podíamos cometer o erro de apostar numa eleição plebiscitária de ter apenas duas concorrências lá. No nosso entendimento, isso atrapalharia a possibilidade de conversar melhor com a sociedade sobre os eventos que pairaram sobre o Poder Legislativo, Executivo e Judiciário do Estado. Ficou o Estado atribulado, a sociedade meio atônita, sem saber em que porta bater para fazer até alguma reclamação. Então, acho que foi de muita coragem. Não gosto de olhar para um processo eleitoral, seja com resultado vitorioso ou não, como se aquele fosse o último dos resultados. São experimentos. São experiências. A sabedoria popular se compara aos desígnios divinos. Isso são testes e somos cobaias dessas experiências. Devemos, portanto, tratá-las com a grandeza que V. Exª traz no pronunciamento de hoje. Continuaremos juntos, insistindo no diálogo com a comunidade rondoniense, para que ela possa compreender que aquele Estado tem um potencial enorme de ser um dos Estados mais importantes do ponto de vista econômico e também político-social. Parabenizo V. Exª pelo trabalho e pelos votos que os rondonienses deram à Fátima Cleide Governadora.

A SRª FÁTIMA CLEIDE (Bloco/PT - RO) - Muito obrigada, Senador Sibá Machado. Devo dizer que este é o nosso sonho, o de ver o Estado de Rondônia industrializado, potencializando a agroindústria, principalmente para fortalecer a agricultura familiar. Temos potencial de riqueza, e digo que hoje Rondônia é um dos Estados mais ricos do País. Foi abençoado por Deus e tem de tudo.

Agora mesmo, somos chamados mais uma vez para oferecer uma das riquezas que a mãe natureza nos deu, que é a água, para gerar energia. Nós, no Estado, não precisamos - neste momento, temos em construção 39 pequenas centrais hidrelétricas e mais duas hidrelétricas de médio porte -, mas oferecemos o nosso recurso natural para que o Brasil não sofra possíveis apagões, caso não se construam imediatamente as hidrelétricas do Madeira. Novamente somos chamados e oferecemos o nosso recurso natural como matéria-prima para o desenvolvimento e o crescimento econômico deste País, mas, desta feita, vamos participar de uma forma diferente. Quero contar com a parceria dos Senadores e do Governo do Estado do Acre para que possamos nos colocar não de forma ajoelhada diante da Nação, mas de forma soberana, porque detemos riquezas.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigada, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores.