Discurso durante a 164ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem a Ulysses Guimarães que na data de hoje completaria 90 anos. Defesa do candidato Geraldo Alckmin.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL. ATUAÇÃO. ELEIÇÕES.:
  • Homenagem a Ulysses Guimarães que na data de hoje completaria 90 anos. Defesa do candidato Geraldo Alckmin.
Publicação
Publicação no DSF de 07/10/2006 - Página 30474
Assunto
Outros > HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL. ATUAÇÃO. ELEIÇÕES.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ULYSSES GUIMARÃES, EX-DEPUTADO, EX PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS, ELOGIO, ATUAÇÃO, VIDA PUBLICA, COMBATE, DITADURA, DEFESA, DEMOCRACIA, COMPARAÇÃO, CONDUTA, GETULIO VARGAS, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • CRITICA, AUSENCIA, ETICA, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • APOIO, CANDIDATURA, GERALDO ALCKMIN, EX GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PRESIDENCIA DA REPUBLICA, ELOGIO, IDONEIDADE, ATUAÇÃO, CANDIDATO, VIDA PUBLICA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senadora Heloísa Helena, que preside esta sessão de 6 de outubro, Senadoras e Senadores na Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes ou que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, Rádio Senado, AM, FM, TV Senado, hoje faria 90 anos, e é este o motivo da minha presença aqui, Ulysses Guimarães. Noventa anos! Árvore boa dá bons frutos, por isso, ontem, todos nos emocionamos, quando, em 5 de outubro de 1998, precisamente há 18 anos, ele conseguia dar ao País uma nova Constituição, Constituição esta que ele beijou emocionado, depois de 18 meses de trabalho neste Congresso, e que deu muitos avanços, pois é graças a ela que vivemos este momento de democracia.

Ulysses Guimarães, emocionado, beijou a Constituição, chamou-a de cidadã e disse “desrespeitar a Constituição é como rasgar a Bandeira do Brasil”.

Ulysses Guimarães - e tenho, aqui, um livro sobre sua biografia - deixou-nos muitos ensinamentos, entre os quais a coragem de lutar. Senadora Heloísa Helena, um de seus pensamentos é que, perdendo-se a coragem, perdem-se todas as virtudes. Coragem essa que V. Exª, como mulher, demonstrou ao País, neste momento difícil da democracia e da história do Brasil, em que ela é desmoralizada pela corrupção a cada instante. V. Exª deu um prazo para o País meditar, refletir, saber o que é democracia e que são valores e ética.

Nós somos daqueles que acreditamos que cada um para onde vai leva a sua formação profissional. Sou médico e, como tal, somos afeitos à ética. Todos nós fazemos o juramento de Hipócrates, que é um código de ética. No currículo de Medicina, hoje, nos dedicamos a aprender deontologia médica. Enfim, os profissionais da Medicina chegam à política levando e valorizando a ética. Não acredito em política sem ética, sem os valores da virtude.

E Ulysses Guimarães, que completaria, hoje, 90 anos, deixou-nos muitos ensinamentos. O primeiro foi a coragem de lutar anos e anos, a coragem de se candidatar, a bravura que a Heloísa Helena repetiu.

Em 1974, no apogeu da ditadura, ele e Sobral Pinto se lançaram como anticandidatos, sem nenhuma perspectiva de vitória, já que era um Colégio Eleitoral dominado pelo partido do Governo, a Arena, no bipartidarismo com o PMDB. Ele começava uma grande luta e uma oportunidade de levar os anseios da democracia que o povo estava a exigir. Ele tombou diante o Colégio Eleitoral, mas, sem dúvida nenhuma, foi ali que nasceu a grande arrancada da redemocratização neste País.

E Ulysses Guimarães teve essa persistência e deu uma demonstração de que, nem na História, chegar ao poder é como entrar na glória. É necessário lembrar da história de Roma em que Nero atingiu o poder, Calígula atingiu o poder. Rui Barbosa também tombou em uma campanha honrosa, como a de V. Exª e de Cristovam Buarque, por duas vezes, porque ele queria consolidar a democracia, a força civilista neste País.

E o Brasil esquece os nomes dos que venceram Rui Barbosa, mas todas as crianças, jovens e adultos sabemos o significado de Rui Barbosa. E como reconhecimento, o próprio Senado, nos seus 180 anos de existência, mantendo a democracia, a ordem e o progresso deste País, levantou apenas um busto aqui - de Rui Barbosa, que é respeitado e lembrado. Ele também escreveu, como Heloísa Helena, uma das páginas mais belas.

Nós tivemos o privilégio de conhecer V. Exª e, antes de conhecê-la, nos identificamos porque ambos soldados da saúde: médico e enfermeira. Somos companheiros da saúde e entendemos que as ciências da saúde são as mais humanas das ciências e os que as fazem são benfeitores da humanidade. Nós chegamos aqui com essa força. É um serviço público o que prestamos na saúde. Nós conhecemos as mazelas do povo, daí a identidade da nossa participação.

A própria Organização Mundial de Saúde, ao dissertar e descrever saúde, diz que saúde não é apenas ausência de doença ou de enfermidade, mas o mais completo bem-estar mental, físico e social. Bem-estar social, Heloísa Helena, é o pauperismo, a miséria, a desigualdade social. E podemos dizer que, no nosso mandato, fomos verdadeiros apóstolos da melhoria da saúde neste País, porque, aqui, as nossas lutas, as nossas afirmações e os nossos pronunciamentos foram sempre de que a saúde deveria ser como o sol, igual para todos.

E, nesta homenagem a Ulysses Guimarães, que está encantado no fundo do mar, lembramos seu pensamento: “Ouça a voz rouca das ruas”. Essa foi a orientação do PMDB, que serve para o momento atual. Estou nesse Partido como cheguei; apresentei-me e, como tenho direito de escolha, escolhi o meu Líder: Pedro Simon. E estou do mesmo jeito, jamais aceitei os que estão aí, os que sujaram o nome do PMDB, os que prostituíram o PMDB, impedindo-o de ter candidatura própria, quando quatro valentes homens, com suas características próprias, tentaram esse direito que o Partido deveria ter-lhes assegurado: o ex-Governador Anthony Garotinho; o Governador Germano Rigotto; o ex-Presidente Itamar Franco e o virtuoso Pedro Simon, que é o meu Líder.

E quero dizer que estou como cheguei, escolhi, optei, acreditei: o meu Líder no PMDB é Pedro Simon.

E, desde já, eu o convido, se o PMDB é majoritário na próxima legislatura, a ser Presidente desta Casa, já que não o deixaram ser candidato a Presidente da República ou Líder do nosso Partido. Essa é a minha posição. Jamais nos curvaremos a qualquer outro.

Curvamo-nos às virtudes, achamos a história do PMDB bela, com Ulysses Guimarães, com Teotônio Vilela, o Menestrel das Alagoas, que, moribundo, com câncer, estoicamente, pregou a democracia. E não vamos esquecer aquele que se imolou, Tancredo Neves, que, sabendo da doença, retardou o seu tratamento cirúrgico, banal, de diverticulite, porque só ele poderia garantir a paz da transição. Eu operei dezenas lá na minha Santa Casa de Misericórdia da Parnaíba, no Piauí.

Então, ele imolou-se, sacrificou-se, essa é a verdade. Ele tinha uma enfermidade simples, uma diverticulite, que, cirurgicamente, é igual a uma apendicectomia, mas ele retardou o tratamento e agravou a doença, mas salvou a democracia.

E não podia me esquecer também, nesse Partido, de Juscelino Kubitschek, da saúde como nós, médico-cirurgião como eu, de Santa Casa; Prefeito; Governador do Estado; Presidente da República; e cassado - cassado e humilhado aqui. Mas, como diz a Bíblia, os humilhados serão exaltados. Ninguém mais, meus jovens, ninguém supera Juscelino Kubitschek. Ele traduz a vida de sofrimento e de luta de um político coerente, de um político decente.

Ulysses Guimarães tentou candidatar-se no Colégio Eleitoral, mas não recebeu apoio do seu Partido, como Rui Barbosa. É um exemplo.

Quero dizer que grandes homens que lutaram e sonharam não chegaram à Presidência da República. Mas, Lula, vou lembrar-lhe um fato: Calígula chegou a ser César, Nero também, e Vossa Excelência pode ir para a história como o Jamanta da Presidência da República, que tudo não sabe e nunca viu.

Minhas crianças, tenho 63 anos de idade. Bilac disse: “Não verás nenhum País como este! Olha que céu! Que mar! Que rios!”. Ninguém pode dizer: olha que corrupção, que imoralidade! Nunca antes, na história deste País, em 506 anos, viu-se o que se vê agora. Houve governantes portugueses, capitanias hereditárias, governo geral, os imperadores, a Princesa Isabel - a princesinha, como Heloísa Helena, que, em poucos dias, escreveu a melhor página, a página da libertação dos escravos. O que seria deste Parlamento sem Paim, de cor negra, mas o mais decente, o mais competente, o mais correto?

Este País já teve de tudo.

A democracia foi alterada por um ditador civil bom, um homem bom, puro, e correto, e honrado, e honesto: Getúlio Vargas. Heloísa Helena, eu já li a biografia dele, dois tomos, dia-a-dia. Oh homem trabalhador!

Heloísa Helena, só cito a V. Exª um fato: Getúlio governou por 15 anos. E, agora, os ladrões do PT.

Olha, Heloísa Helena, conheço o Piauí. Aqueles sindicalistas estão todos de Hilux, de apartamentos de luxo!

Getúlio Vargas - atentai bem, brasileiras e brasileiros! - ficou 15 anos no poder. Heloísa Helena, vou lhe contar um fato: meu avô era empresário - só para comparar a época. Meu avô tinha três geladeiras a querosene - V. Exª não viu. Ele sempre dizia: “Menino, vá ver o pavio”. Havia um pavio. Colocava-se o querosene num espelho metálico para a geladeira gelar - não sei explicar o funcionamento por meio da física. Mas ele gritava: “Menino, vá ver o pavio; a geladeira não está gelando”. Ele tinha uma na casa dele; outra, na praia e mais uma na firma.

Atentai! Contem para o seu pai como é ladrão o PT! O PT não é Partido, é uma organização criminosa!

Atentai bem! Getúlio, 15 anos no poder, enfrentou uma guerra para entrar, a Revolução de 1930, enfrentou uma guerra na qual os paulistas quiseram tirá-lo; e a 2ª Guerra Mundial. Ele, então, recuou, porque veio a democracia, não é verdade? Ele saiu do governo e o entregou na paz.

Depois, Heloísa Helena, ele foi para São Borja - atentai bem! contem para os pais de vocês que este PT é uma organização criminosa, não é Partido. Ele não tinha uma geladeira! Quinze anos como Presidente da República, e Getúlio Vargas não tinha uma geladeira.

E esses ladrões do PT! No Piauí, andam todos de Hilux, moram nos melhores apartamentos. Eram uns pobretões. Havia um, eu me lembro, na época em que eu era Governador, que andava de chinelo. Parou um ônibus para entrar. Agora, é uma pose! É rico e fabuloso.

Getúlio Vargas, depois de 15 anos como Presidente deste País, foi para a fazenda e não tinha uma geladeira, Heloísa Helena! Atentai bem, Paim!

Quando chegou a São Borja, um empresário ofereceu-lhe uma geladeira. E ele, com pudor de gaúcho, Paim, honrado, da terra de Bento Gonçalves, de Lanceiro Negro, de Alberto Pasqualini, não quis aceitar. Quinze anos como Presidente da República! Meu avô tinha três dessas geladeiras - estou dizendo isso para que se faça um paralelo -, era um empresário.

Paim, atentai bem! Um amigo chegou e disse-lhe: “Aceite! Estão lhe oferecendo”. Uma geladeira a querosene! Quinze anos! Onde nós estamos?

Este PT não é o PT do Paim. O de V. Exª é o do Getúlio! PTB: Partido Trabalhista Brasileiro. Esse era o verdadeiro.

Getúlio aceitou. Paim, um amigo empresário quis doar-lhe uma geladeira, e ele aceitou. Relutou, mas um amigo disse-lhe: “Aceite! Estão lhe dando um presente”. E ele foi para São Borja. Depois, ele disse: “Sabe que é boa essa geladeira”?

Geraldo Mesquita, em 15 anos, Getúlio Vargas saiu da Presidência e não tinha uma geladeira a querosene. Atentai bem!

Paim, ele confidenciou mais tarde: “Olha, até que eu gostei, porque tomo um sorvete de noite”. Um sorvete! Esta era, Senador Geraldo Mesquita, a mordomia de Getúlio: tomar um sorvete da geladeira que ele ganhou de presente depois de 15 anos como governante deste País.

E hoje? Hoje vemos que nunca se roubou tanto em tão pouco tempo neste País. Sindicalistas que conhecíamos, que andavam de ônibus, de chinelo, hoje andam de Hilux; as passeatas são feitas de Hilux, na frente do povo. Hilux!

É muito bom, Geraldo Mesquita, lembrarmos Ulysses e o ensinamento dele - hoje é aniversário de Ulysses; 90 anos, brasileiras e brasileiros!

Atentai bem! Getúlio, depois de 15 anos como Presidente da República, foi para sua fazenda e não tinha uma geladeira a querosene.

Vejam a cara desses homens do PT hoje! Os milionários, os assaltantes, os banqueiros, as Hilux, o luxo! Getúlio, depois de 15 anos, brasileiras e brasileiros, ganhou de presente uma geladeira em São Borja. Não havia luz elétrica, ele não a levou para a sua propriedade privada.

Feliz do país, Geraldo Mesquita, que não precisa buscar exemplo na história de outros países. O exemplo está bem ali, no Rio Grande do Sul. E não é do passado, não; é de Bento Gonçalves, de Getúlio, de Alberto Pasqualini, de Pedro Simon e do próprio Paim. Os exemplos estão aqui.

Ulysses trouxe o remédio - hoje, ele completaria 90 anos, Geraldo! O que ele disse? Ninguém lutou mais do que ele pela democracia.

Enfrentou, lutou, foi humilhado em 1974, depois de uma eleição direta. E o que ele disse? “A corrupção é o cupim que mais destrói a democracia”. Ulysses o disse. Nunca se viu tanto cupim - há cupim no seu Acre? - no Brasil, em Brasília, no Piauí. A corrupção é o cupim que destrói a democracia.

Essa é a minha homenagem a Ulysses. Eu queria relembrar algumas frases dele: “Em política, quando se evita a solução natural, só se provocam crises”. Ulysses disse ao Café: “Nenhum Presidente da República sobrevive no Brasil se não impõe respeito. Um Presidente que deixa deputado fazer isso com ele não dura muito tempo”. Esse é um conselho muito atual: respeito.

Olha a franqueza de Ulysses sobre o seu adversário Carlos Lacerda: “Foi o maior líder político que conheci”, pela veracidade. Sobre Juscelino, dizia - não houve político como JK: ”Se você me perguntar qual é o maior político que conheci, o mais completo, respondo que foi Juscelino Kubitschek. Este realmente tinha tudo, um pouco de todas essas qualidades”. Entre essas qualidades, Ulysses destacava a coragem. E olhem a ingratidão da política: esse Juscelino foi afastado e cassado no Senado, mostrando que, neste País, quem tem coerência, ideal firme e forte liderança sofre as opressões dos poderosos. De fato, aconteceu.

Coragem, lembrava Ulysses Guimarães, capacidade de trabalho: “Ele trabalhava incansavelmente. Certa vez, me chamou ao Catete às três da manhã.”.

Otimismo. “Juscelino era o homem otimista, que enfrentava as adversidades pensando que ele faria as coisas boas. Era o homem que fazia as coisas boas, não era um presidente que apenas queria evitar o pior, como tantos outros.”.

“Política é a esperança”, e é essa esperança que queremos trazer ao Brasil.

Realmente, dois Senadores merecem nossos elogios e reconhecimento: Professor Cristovam Buarque, do PDT, e Heloísa Helena, do P-SOL, ambos candidatos à Presidência da República. Foi sua coragem que possibilitou este momento de democracia que vivemos, para o País fazer uma reflexão e valorizar a luta democrática, que considero, sem dúvida alguma, a maior conquista da Humanidade.

Aristóteles disse, e ninguém contestou, que o homem é um animal político. Esse animal político, ao longo da História, busca formas de Governo.

Sem dúvida alguma, os reis dominaram a história da Humanidade. Eles seriam Deus na terra e Deus seria um rei no céu, mas o povo sofria, era esquecido. Era bom para o rei, que era perpétuo, e para os seus familiares, que continuavam no palácio, mas o povo sofria, esquecido. Esse povo, que é forte, foi às ruas e gritou: liberdade, igualdade e fraternidade! Esse grito derrubou todos os reis do mundo. Como as coisas retardam neste País, foram necessários 100 anos - de 1789, na França, a 1889 - para esse grito derrubar os reis do Brasil, mas eles caíram e nasceu o governo do povo, pelo povo e para o povo, assim definido por Abraham Lincoln, que fez uma luta maravilhosa para a libertação dos negros. Ele disse: “Sem malícia contra ninguém; com caridade para com todos; com firmeza no correto...” Dr. Geraldo Mesquita, Senador do Direito.

Então, isso é a democracia. Foi o povo que a construiu.

Montesquieu, um Geraldo Mesquita da época, dividiu o poder absoluto dos reis em Legislativo, Judiciário e Executivo. Eu contesto que sejamos um poder. Isso é vaidade nossa, pois não o somos. Poder é o povo, que trabalha e paga imposto. Nós somos apenas instrumentos da democracia. O Judiciário, o Legislativo e o Executivo são instrumentos.

Poder é o povo, que trabalha e paga conta. Nós somos vaidosos, então, vamos mudar esse entendimento.

O povo é soberano na democracia. O povo decide, reflete, escolhe, coloca e tira. O povo colocou Lula e vai tirá-lo, porque foi a nossa decepção. Foi a minha e a do Geraldo Mesquita. O Paim vai-se abster, então são dois a zero na nossa votação. Essa é a verdade.

Nós votamos. Eu votei no Presidente Lula e no Governador do Piauí, mas fui enganado. Quem está livre de ser enganado? E quem é enganado cria confusão. Quando uma mulher engana o marido ou um marido engana a mulher, isso dá rolo. Ninguém quer ser enganado. Nós, brasileiros, fomos enganados. O PT dizia que era honesto, que tinha ética, competência, civismo, amor à Pátria e decência, mas nos enganou, pois o que se viu foi imoralidade, corrupção, indignação.

Rui Barbosa dizia: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”.

Chegou esse dia, brasileiras e brasileiros, o dia em que o PT está mandando no Brasil. No entanto, a democracia tem uma riqueza que também é nossa: a alternância do poder. Ela foi conquistada agora, nessa prorrogação, para uma reflexão sobre a mentira, o engodo, a falsidade e o descaramento de se dizer: “Não, ele não leu nenhum livro, mas sabe mais do que quem leu.”. Que mentira, que engodo. Não sabe, não. Deve-se ler, estudar e aprender. Até para se jogar futebol se estuda, quanto mais para se governar um país.

Napoleão Bonaparte, o estadista francês, disse que a maior desgraça de um homem é exercer um cargo para o qual não está preparado. O Lula não estava preparado.

Aqui, definimo-nos pela conscientização. Existe uma hierarquia no saber, na Zoologia, na Igreja - o sujeito não passa de seminarista a papa -, no Exército - de soldado não se passa a general -, na universidade, que Platão fundou e Aristóteles continuou - estudante, docente, mestre, doutor, diretor e reitor. Na política, também há uma hierarquia e é sobre isso a nossa meditação. Essa é a função do Senado, que deve ser o pai da Pátria. Como um de seus integrantes, quero dizer que quem tem a hierarquia do saber é Geraldo Alckmin.

Primeiramente, deve-se analisar o DNA da política. É muito importante conhecer-se a sua origem. Na Argentina, ainda hoje, o Kirchner e o Menem se orgulham de pertencer ao Partido Justicialista de Perón. São “filhotes” de seus ideais e conquistam o povo. Aqui mesmo, houve Juscelino, Getulio, Goulart.

Senador Geraldo Mesquita, tenho 63 anos de idade. Combati a ditadura em 1972, na minha cidade - antes de Ulysses, em 1974. Vi muita coisa, mas, de todos os homens públicos que conheci, Mário Covas foi o maior merecedor de respeito. Ele era Governador de São Paulo e eu, do Piauí. Atentai bem! Só havia reunião de governadores quando se dizia: “O Mário Covas vai.”. Aí, todos iam. Chorávamos em seu ombro pelas dificuldades e nunca vi tanta dignidade e firmeza. Naqueles instantes, ele era muito mais forte que o Presidente da República de então, Fernando Henrique Cardoso, com todo o respeito. Que homem leal! Nunca ouvi um desabafo seu. Sabendo das dificuldades dos companheiros governadores, procurava solucioná-las. Ele foi cassado na luta política contra a ditadura, foi prefeito e governador invejável. Moralista, seu enterro simbolizou a grandeza.

Esse homem tem um filho político: Geraldo Alckmin. Árvore boa dá bons frutos. Ele é o filho político e tem a hierarquia do saber. Foi vereador, que lamento não ter sido, porque é muito importante ser Vereador!

Sr. Presidente, Senador Geraldo Mesquita, Giscard d’Estaing, estadista de Charles de Gaulle, que governou a França por sete anos - extraordinário governo -, ganhou no primeiro turno, mas, no segundo turno, concorreu com Miterrand, que fez um malabarismo em seus debates ao prometer a solução do desemprego e que das oito horas trabalhadas ele diminuiria para cinco e, com isso, daria milhares e milhares de empregos públicos; ele ganhou. Giscard d’Estaing, que havia ganhado no primeiro turno, perdeu no segundo. Miterrand foi empossado. E Giscard d’Estaing - atentai bem! - ao ser perguntado o que ele faria após a derrota, respondeu: “Vou ser Vereador na minha cidade natal”. Que beleza!

O Geraldo Alckmin foi Vereador! Que experiência! Lula não foi. O Geraldo Alckmin foi Deputado Estadual brilhante; Lula não foi. Alckmin foi Deputado Federal e fez a Lei do Consumidor. Foi Vice-Governador e teve como mestre Mário Covas. Alckmin foi Governador do maior Estado. Então, isso é a hierarquia do saber! Eu vou votar nele, porque ele é melhor para meu Estado, o Piauí. Aliás, no Piauí, eu só vi mentira, e mentira não leva a nada. Esse foi lá, disse que ia fazer o porto, que está do mesmo jeito. Esse foi lá e comprou, levou o presidente do meu Partido, e disse que ia fazer uma ferrovia, a Parnaíba-Luís Correia- Parnaíba, que está do mesmo jeito. Disse que ia fazer hidrovia, que está do mesmo jeito. Disse que ia fazer uma ponte em Teresina, a do sesquicentenário, no entanto, Teresina já fez 154 anos e nada. Eu fiz uma ponte em 87 dias; Heráclito Fortes, em 100, e estão lá.

O Hospital Universitário, mesmo com toda a nossa briga, apenas para funcionar um ambulatório pálido. O Pronto-Socorro municipal, o Prefeito apela...O que tem em Teresina foi o que eu criei quando Governador. Ele prometeu cinco hidroelétricas! Uma ignorância tão grande e audaciosa! Lá, só temos a de Boa Esperança, construída por Milton Brandão, que está inacabada e leva energia para o Maranhão, que falta no Piauí. Prometeu cinco! Cinco! Olha o descaramento! A Transcerrado... Então, é só mentira! O camarão, que era exportado pelo Piauí, de US$20 bilhões baixou para US$3 milhões. Antes, a exportação era controlada por uma secretaria do meio ambiente, depois, com a presença do Governo, incompetente, a exportação passou a ser controlada pelo Ibama - a quadrilha do PT. Então, eles, ao chegaram lá, apenas multaram, fazendo com que os empresários, que vieram do Quito e do Equador por causa de uma epidemia havida com o camarão, para lá novamente retornassem. Então, é o Governo da falácia. A Universidade Federal do Delta, nada. Tudo mentira! O metrô, conversa! Só mentira, mentira e mentira! A Lei do Goebbels.

Votaremos porque temos a convicção e o compromisso com Geraldo Alckmin. Com este, sim, poderemos sonhar com o Porto de Luís Correia, com a ferrovia... Até o gado, a pecuária, que tinha a vacinação prevista para 2005, hoje, apresenta risco desconhecido - alto, médio e pequeno risco -, porque não vacinaram o gado. Por isso, o boi do Piauí vale um terço do preço do boi de outros Estados; o mesmo acontece com bode.

Então, dessa falácia e dessa mentira, eu entendo.

Então, como é o melhor para o Brasil, também o será para o Piauí pela sua competência. Sr. Presidente, eu acredito no estudo. Nas minhas crenças, confesso: creio em Deus; creio no amor, que une a família; creio no estudo - eles não crêem -, que leva à sabedoria; creio no trabalho, que leva à riqueza, e creio no povo, que fez a democracia, povo que, sem dúvida alguma, saberá fazer a alternância do poder.

Para um Brasil decente, eu vou votar no Presidente Geraldo Alckmin!

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/10/2006 - Página 30474