Discurso durante a 168ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Referências ao pronunciamento da Senadora Ideli Salvatti de critica a forma pelo qual se tem conduzido o debate eleitoral.

Autor
João Batista Motta (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/ES)
Nome completo: João Baptista da Motta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Referências ao pronunciamento da Senadora Ideli Salvatti de critica a forma pelo qual se tem conduzido o debate eleitoral.
Aparteantes
Antonio Carlos Magalhães, Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 17/10/2006 - Página 31163
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • DEFESA, ATUAÇÃO, GERALDO ALCKMIN, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, DEMONSTRAÇÃO, REVOLTA, POVO, CRITICA, GESTÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ESCLARECIMENTOS, AUSENCIA, INTERESSE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PRIVATIZAÇÃO, PATRIMONIO, PAIS, ESPECIFICAÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), CAIXA ECONOMICA FEDERAL (CEF), BANCO DO BRASIL.
  • CRITICA, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, GOVERNO FEDERAL, AUSENCIA, CRIAÇÃO, EMPREGO, ESCLARECIMENTOS, POSIÇÃO, GERALDO ALCKMIN, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, OPOSIÇÃO, CASAMENTO, HOMOSSEXUAL.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, POSIÇÃO, GERALDO ALCKMIN, EX GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), SEMELHANÇA, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, INAUGURAÇÃO, OBRAS, AUSENCIA, CONCLUSÃO.
  • NECESSIDADE, PROGRAMA, CAMPANHA ELEITORAL, HORARIO GRATUITO, COLIGAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), DIVULGAÇÃO, IRREGULARIDADE, GOVERNO FEDERAL, ABANDONO, AGRICULTURA, DENUNCIA, SITUAÇÃO, RODOVIA, GASTOS PESSOAIS, CONJUGE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, GASTOS PUBLICOS, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, AQUISIÇÃO, AERONAVE, QUESTIONAMENTO, ORIGEM, DINHEIRO, CORRUPÇÃO.

            O SR. JOÃO BATISTA MOTTA (PSDB - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estava ouvindo atentamente o pronunciamento da Líder Ideli Salvatti, que reclamou da falta de respeito e da irreverência, segundo ela, do Presidente Geraldo Alckmin por ocasião do debate ocorrido na Rede Bandeirantes.

            Quero dizer à Líder Ideli e ao povo brasileiro que nos assiste de casa que, na realidade, não houve falta de respeito. O que houve foi uma demonstração de revolta sentida por todo o povo brasileiro, que não suporta mais isso, até porque sabemos perfeitamente que falta de respeito não é se dirigir a um Presidente e dizer daquilo que ele não fez, daquilo que não é verdade ou daquilo que não aconteceu. Quero acrescentar que falta de respeito é a boataria que o Governo e o PT soltam diariamente em todas as partes do País, mediante panfletos pela Internet, como, por exemplo, dizendo que Geraldo Alckmin vai privatizar. Ora, se tivesse que ter privatizado o Banco do Brasil, a Caixa Econômica ou a Petrobras, isso teria sido feito no Governo FHC, e não se fez. Querem misturar alhos com bugalhos. Privatizar fabricante de ônibus, empresa que fabrica aço é uma coisa. Privatizar Banco do Brasil, Petrobras, empresas estratégicas, é outra coisa bem diferente. Se não os privatizaram no passado, evidentemente não vão fazê-lo no futuro. É óbvio!

            Então, é uma boataria que não deveria ser feita mediante panfletos, tampouco a boataria de que Geraldo Alckmin vai cortar o Bolsa-Escola ou o Bolsa-Família. Foi o PSDB, o Presidente Fernando Henrique Cardoso que criou o Bolsa-Escola. Como quem criou um filho vai matá-lo?! Não tem sentido essa boataria. E o povo que nos está vendo tem que ficar atento para esclarecer a seus vizinhos, aos pobres que vivem a seu redor e que recebem esses benefícios que isso não é verdade, não tem sentido.

            A discussão para eleger um Presidente da República não deve ser assim, porque quem hoje recebe um benefício do Governo de R$ 60,00 por mês a recebe pela necessidade, porque não tem emprego. O emprego que deveria ser gerado no Brasil hoje está sendo gerado no exterior, principalmente na China, e todos sabem por quê. Porque este País não pode viver com a taxa de câmbio que está sendo praticada hoje.

            Agora, no meu Estado, há panfletos sendo distribuídos que dizem que o candidato Geraldo Alckmin é a favor do casamento gay. Há pastores revoltados com isso, porque alegam que não podem admitir que o candidato Geraldo Alckmin seja a favor de casamento gay. Ora, temos de esclarecer à população brasileira que isso é mais uma mentira, mais uma desonestidade praticada pelo Governo, porque todos sabem que, no Dia de Nossa Senhora Aparecida, Geraldo Alckmin estava ao lado do Arcebispo. Geraldo Alckmin é católico praticante, é família, é honestidade, é seriedade. Geraldo Alckmin não é bandido. Geraldo Alckmin tem currículo - currículo idêntico ao de Juscelino Kubitschek, como disse o Senador Mão Santa. Juscelino Kubitschek foi o homem que construiu este País, e os currículos são idênticos: médicos bem sucedidos, Prefeitos bem sucedidos, Deputado Federal, Vice-Governador e Governador.

            Enquanto Geraldo Alckmin mostra 19 hospitais construídos em São Paulo, o Presidente Lula mostra como obra dele o aeroporto de Recife, que começou antes mesmo do Governo Fernando Henrique Cardoso. Vejam a incoerência! Outra coisa: aeroporto não é feito com dinheiro do Orçamento. Recursos para aeroportos vêm de uma taxa que é paga pelo cidadão que usa avião.

            Também o Presidente anda pelo Brasil afora, soldando um cano no Espírito Santo, um cano no Rio Grande do Sul, um cano que é de propriedade da Petrobras, que é uma estatal, mas que é uma multinacional. É uma empresa que vive investindo em todas as partes do mundo e não só no Brasil. E esses recursos para investimento, essas obras que a Petrobras tem feito, sobretudo, é porque vende a gasolina mais cara do mundo para os brasileiros.

            Concedo um aparte, primeiro, ao Senador Mão Santa e, depois, ao Senador Antonio Carlos Magalhães.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador João Batista, atentamente, eu e o País estamos ouvindo V. Exª. Primeiro, a Líder do PT foi infeliz, porque eu, por exemplo, nunca tinha visto o tal cartaz que ela expôs aí. Vi hoje aqui. Então, ela divulgou o negócio: Quarenta e cinco. Quatro numa mão e cinco na outra, deu quarenta e cinco. Então ela é que está propagando isso. Essa foi a primeira vez que vimos esse cartaz. O PT era useiro e vezeiro nessa atuação. O PT, a meu ver, é uma organização criminosa. Que fale São Paulo, Santo André: eles perderam a eleição por isso. Houve um aumento da diferença. Eles eram useiro e vezeiro nisso. Eles introduziram essa prática. Quem não se lembra que foi o Deputado José Dirceu, com assessoria do Waldomiro Diniz, que tornou exponencial numerários bancários para macular a vida do ex-presidente da Câmara Ibsen Pinheiro. Quem é que não se lembra disso? Foi o PT, entre tantos outros, que acusou o Ministro Eduardo Jorge. Hoje Eduardo Jorge está sendo absolvido em todos os processos, inclusive o próprio José Dirceu já admitiu os erros em relação a ele. Sem contar com o Ministro Alceni Guerra, que o PT também colocou na lama. Portanto, o PT está, agora, provando do veneno que ele mesmo ensinou. Continuo achando o PT uma organização criminosa.

            O SR. JOÃO BATISTA MOTTA (PSDB - ES) - Muito obrigado, Senador Mão Santa.

            Concedo um aparte ao Senador Antonio Carlos Magalhães.

            O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - V. Exª tocou em dois pontos com relação aos quais fico à vontade para falar. Um é a Infraero. O problema da Infraero é grave. Suas contas não são bem examinadas, se é que são examinadas. É algo que o Presidente da República e o Presidente da Infraero, inclusive o anterior, decidiam. Pediam até aos Governos para fazerem as obras de tanto dinheiro que tinham. Então, se a Infraero for examinada, acredite, coisas gravíssimas vão surgir. Infelizmente, gente do Governo e da Oposição não deseja examinar a Infraero. Mas é preciso ver; assim vai ficar provado que tenho razão no que digo. Sobre a Petrobras, quero dizer que ainda hoje vi o Sr. Jaques Wagner se jactar da vitória - que reconheço - na Bahia. Reconheço sua vitória; não a contesto, mas posso dizer que nunca se viu tanto dinheiro da Petrobras, na Bahia, como na campanha do Sr. Jaques Wagner. S. Sª também fazia parte do grupo que protegia a GDK e que, agora, protege uma similar da GDK na Petrobras. Isso tudo é assunto para ser discutido nesta Casa. Será assunto para ser discutido nesta Casa em tempo hábil. Mas, como V. Exª falou nessas duas empresas, quero felicitá-lo e dizer que tem absoluta razão, porque, na hora em que isso for examinado, muita podridão vai surgir.

            O SR. JOÃO BATISTA MOTTA (PSDB - ES) - Muito obrigado, Senador Antonio Carlos Magalhães.

            O Governo mostra uma propaganda, na televisão, em que está duplicando Tucuruí, quando todo o povo do Pará sabe que ele não duplicou coisa nenhuma. Pelo contrário, ele manteve as obras paradas durante esse tempo. Tucuruí não está funcionando na duplicação. Não vai ser inaugurada neste Governo, não há a menor possibilidade. Mesmo que fosse, é uma obra feita com recursos do cidadão que paga sua energia. A Eletrobrás cresce, arrecada, vende energia. Não é obra de Orçamento, pelo amor de Deus! Os aeroportos também não são obras de Orçamento, assim como as obras da Petrobras não têm dinheiro de Orçamento.

            Eu queria que o Presidente Lula dissesse da nova rodovia que ele abriu neste País para tentar comparar-se com Juscelino, que abriu centenas delas. Eu queria que ele mostrasse que estava fazendo uma capital como Brasília para poder se assemelhar a Juscelino.

            Quem se parece com Juscelino é Geraldo Alckmin pelo seu currículo, pela sua capacidade e pelo que fez como Governador de São Paulo, como Juscelino fez também, como Governador de Minas Gerais, antes de ser Presidente.

            É um absurdo, inclusive, que o próprio programa do PSDB, o próprio programa de Geraldo Alckmin não mostre isto na televisão: as mentiras, as incoerências, as inverdades, acenando com chapéu alheio, como se fosse autor daquilo que tem acontecido em termos de desenvolvimento no Brasil.

            Quando o Governo não se apodera desses artifícios, se apodera da geração de empregos, que está sendo promovida por uma safra de Governadores excelentes, que vai do Rio Grande do Sul ao Espírito Santo, que foi da Bahia a Brasília, que passou por Goiás, por Mato Grosso, e que chegou a outras partes do Brasil. São Governadores abnegados, que trabalharam, procuraram desenvolver seus Estados. E, em razão disso, o Brasil não está numa situação ainda pior. Porque, na verdade, o que o Governo Federal tem feito é prejudicar aqueles que trabalham, aqueles que produzem.

            Agora mesmo, o Governo Federal comemora porque aumentou o valor das exportações. Aumentou, povo brasileiro, porque o minério triplicou de preço; aumentou porque estamos exportando muito minério, estamos exportando muitos produtos primários. Não estamos exportando sapato; estamos exportando pouca soja; não estamos exportando arroz nem feijão nem milho, ou muito pouca coisa. Todo o agronegócio faliu. E o programa do PSDB, o programa de Geraldo Alckmin não está mostrando na televisão a situação caótica em que se encontra o agronegócio, o homem do interior; não está mostrando que, nos Estados do agronegócio, o Presidente Lula perdeu fragorosamente e vai perder mais ainda no segundo turno, porque nada fez por essa gente, nada fez por aqueles que têm as mãos calosas e que sempre produziram para o bem deste País.

            Exportar minério de ferro, ouro, prata, urânio, produtos in natura, que não geram emprego e que não agregam valor, isso não conta, não tem graça. Esses produtos estão indo para que Países como a China possam estocá-los e depois vendê-los bem mais caros para outras partes do mundo, inclusive para o Brasil. Isso não está certo, isso está completamente errado.

            Estamos com as nossas estradas completamente esburacadas, e o povo brasileiro nelas não pode trafegar. Basta ver o último número produzido pela Polícia Rodoviária Federal. No último feriado, ocorreram mais de 60 mortes no fim de semana, mais de mil acidentes, porque não temos estradas. E o Governo pensa que está fazendo um bom trabalho.

            Senador Mão Santa, se acessarmos o site da Presidência da República, vamos perceber que foram pagos R$ 23 mil para que Oscar Niemeyer projetasse um galinheiro para a esposa do Presidente criar galinhas. E, segundo estamos sabendo, esse galinheiro, parece-me, vai ser subterrâneo, para que os gaviões não comam as galinhas da esposa do Presidente.

            E mais, o Presidente encomendou roupões agora, mas o fio tem que ser egípcio. Mas o PSDB, a propaganda do Geraldo Alckmin não mostra nada disso. Está no site para quem quiser ver.

            Quando se fala em Aerolula, o que o programa tinha que mostrar? Tinha que mostrar que o avião equivale à construção de cinco hospitais e que o Papa não tem avião, que a Inglaterra não tem avião, que a França não tem avião. E já tínhamos um avião, o Sucatão, em que o Presidente podia voar muito bem.

            Se fôssemos um País rico, se não fôssemos um País de miseráveis, tudo bem. Mas somos um País de pobres. Então, esse tipo de gasto que ninguém ousou fazer até o dia em que o Presidente entrou no poder fica sem explicação, Presidente Mão Santa. E temos que dizer isso para a população brasileira; temos de mostrar que não tem cabimento este País continuar marchando do jeito que está.

            A mentira tem sido uma coisa terrível, e a Líder diz que é falta de respeito dizer isso ou aquilo contra o Presidente. Ora, falta de respeito é não dizer ao povo brasileiro de onde veio o R$ 1,7 milhão. Isso é que é falta de respeito para com o povo, porque o Presidente e todos sabem hoje a origem desse dinheiro. É dinheiro sujo que entra na campanha política, como dinheiro sujo foi aquele usado para comprar Parlamentares desonestos. Os Parlamentares desonestos foram expostos, porque receberam dinheiro de corrupção, receberam dinheiro para vender o seu voto. Agora, povo brasileiro, não interessa a você saber quem é o corruptor? Quem arranjou esse dinheiro? De onde esse dinheiro veio para comprar Parlamentares a fim de votarem com eles? Não é crime isso? Ele está imune? Nada pega no Presidente? Nada pega no Poder Executivo? Não fez nada de errado? Não é corrupção? Não é ser corruptor? Quem pagou os R$ 50 milhões do Banco Rural? Quem pagou? Estão devendo? Já pagaram? E quanto ao escândalo dos Correios, quem está preso?

            Presidente Mão Santa, este País tem de tomar juízo. Nós temos de tomar juízo. Estamos diante de uma encruzilhada que o povo pode ver com muita clareza. No passado, este País deixou de votar em Mário Covas para escolher entre Lula e Collor. Escolheram Collor. Vejam bem, deixaram de votar em Mário Covas para votar em Lula e em Collor! Hoje estamos na mesma encruzilhada. Nós temos um filho de Mário Covas - como V. Exª falou há pouco -, um discípulo de Covas, um homem sério, íntegro, e temos um Presidente fanfarrão. Esse Presidente que não fala coisa com coisa, que não sabe de nada e que vai à televisão mostrar obras da Petrobras e de hidrelétricas que foram construídas no passado. Esse Presidente que mostra aeroportos construídos em governos passados; que mostra obras, como a refinaria de Pernambuco, que não tem o terreno para montá-la, e dá como certa a obra. Esse Presidente que fala de biodiesel, quando não há nada em execução, não há nada de concreto, não existe carro rodando com biodiesel. Isso é Governo? Enquanto isso, a conservação das nossas estradas sequer é atendida pelo Governo Federal. Os nossos hospitais estão abandonados, a nossa saúde está completamente abandonada. Não há segurança no País; não há a mão do Governo Federal dada à mão dos Governos estaduais para que possamos combater a violência. Não há assistência técnica ao homem do campo. Não há política para a agricultura brasileira; não há política para o agronegócio de modo geral. Os fabricantes de calçados do Rio Grande do Sul - o Senador Pedro Simon é testemunha - estão falidos, a indústria está falida e não tem como sair do buraco; estão falidos realmente. E assim é de ponta a ponta deste País: só mentira, só desonestidade, só conversa fiada, só televisão, só dinheiro investido em propaganda, só panfletos mentirosos. Chega disso!

            Povo brasileiro, vamos ter juízo, vamos ter responsabilidade no dia 29!

            Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/10/2006 - Página 31163