O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, com a permissão do Senador Antero Paes de Barros, quero apenas registrar nos Anais da Casa que, enquanto o Presidente Lula faz bravata no Palácio do Alvorada, ouve-se o que diz aqui o delegado. Mas vejam, senhoras e senhores, o que ousa o Presidente da República dizer: que Alckmin se comportou como “delegado de porta de cadeia”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva - candidato do PT à reeleição - disse nesta segunda-feira que ontem foi o dia mais triste da sua vida política, em referência ao debate com o seu adversário no segundo turno, o tucano Geraldo Alckmin, promovido pela TV Bandeirantes.

Até aí, concordo. Continua o artigo:

            Lula disse que Alckmin, a quem chamou de “cidadão do samba de uma nota só”, se comportou como um “delegado de porta de cadeia” e destacou que esse foi o pior nível de debate de que participou em sua vida política, indicando que Alckmin não tem qualificação para enfrentá-lo.

Senador Antero Paes de Barros, quero apenas fazer esse registro para vermos o nível do ocupante do Palácio da Alvorada. O médico Alckmin é, no entender dele, um “delegado de porta de cadeia”. E, depois, queixa-se do nível do nível da campanha! Acusa o candidato do PSDB, que, durante toda a semana, passou pressionado psicologicamente com as chantagens desse dossiê da privatização, que agora circula e que se está espalhando. É um dossiê tão criminoso como o de Mato Grosso, porque são colocadas no seu contexto afirmações de quem não disse nada.

O Presidente Lula não ter lido o Programa de Governo de Geraldo Alckmin, isso não é nenhuma novidade. Mas alguns Senadores do porte do Senador Roberto Saturnino, um homem que tem uma biografia e uma história a zelar, entrarem nessa linha sem ler o programa?!

Permita-me, Senador Saturnino, mandar-lhe o Programa de Governo, para que V. Exª o leia, acredite nele ou não. Mas isso é que é lamentável!

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Acredito no que foi dito, no que foi feito.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Dito por quem?

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Por V. Exª. No tempo em que foram feitas as privatizações, V. Exªs batiam palmas e diziam que o Brasil estava encontrando sua redenção. Como agora vêm negar isso?

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senador Roberto Saturnino, não existe aparte quando o orador fala pela ordem. Vamos respeitar. Ninguém obedece à Constituição, mas vamos obedecer ao Regimento Interno, de que o Sr. Carreiro é guardião ferrenho. Inclusive, há um orador na tribuna.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Vou encerrar.

Os problemas que o Governo Fernando Henrique Cardoso enfrentava eram exatamente de privatização - uns eram contrários; outros, favoráveis. Os problemas do atual Governo são os episódios do dólar na cueca, dos dossiês forjados e comprados e de corrupção, em que o ato inaugural se deu na pessoa do Sr. Waldomiro. A partir do momento em que o Presidente da República não tomou providências, todos pensaram que poderiam ser um Waldomiro, porque nada acontecia nesse Governo. E a impunidade é que está fazendo com que um delegado da Polícia Federal - que, em determinado momento, o PT tentou manipular, cerceando as investigações - tenha coragem de dar declarações dessa natureza.

E aí vem o Presidente Lula dizer que Geraldo Alckmin é “delegado de porta de cadeia”. Cadeia não é lugar que Geraldo Alckmin freqüente. A proximidade da cadeia é...

O SR. ROBERTO SATURNINO (Bloco/PT - RJ) - Sr. Presidente, não vejo questão de ordem alguma no pronunciamento do Senador.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Vamos orientar aqui. Senador Heráclito, encerre.

E V. Exª pede pela ordem, por dois minutos, em respeito ao orador que está na tribuna.

O SR. ROBERTO SATURNINO (Bloco/PT - RJ) - Não vejo questão de ordem no pronunciamento do Senador Heráclito, que quer apenas...

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - V. Exª declinou. Então, vamos ouvir o orador que está na tribuna.

O SR. ROBERTO SATURNINO (Bloco/PT - RJ) - Eu só quero dizer isto: que esse delegado, em vez de dar declarações, poderia trabalhar mais celeremente para apurar isso e mostrar à Nação, que é o que todo mundo está querendo.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - É o lado autoritário do Governo.