Discurso durante a 172ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Os investimentos da China em educação.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA EXTERNA.:
  • Os investimentos da China em educação.
Publicação
Publicação no DSF de 25/10/2006 - Página 32830
Assunto
Outros > POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • AGRADECIMENTO, PRESENÇA, SENADO, PROFESSOR, FACULDADE, DIREITO, ESTADO DE RORAIMA (RR).
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, REGISTRO, AUMENTO, INVESTIMENTO, MELHORIA, ENSINO SUPERIOR, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, REALIZAÇÃO, FEIRA, UNIVERSIDADE, INICIO, INTERCAMBIO, CULTURA, PARCERIA, BRASIL, POSSIBILIDADE, TROCA, EXPERIENCIA, CIENCIAS.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, AMBITO INTERNACIONAL, EFICACIA, ENSINO SUPERIOR, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, MOTIVO, TROCA, CONHECIMENTO, UNIVERSIDADE, EMPRESA PRIVADA, DETALHAMENTO, INVESTIMENTO, EDUCAÇÃO, SITUAÇÃO ECONOMICA, SITUAÇÃO SOCIAL.
  • REGISTRO, PRETENSÃO, AMPLIAÇÃO, INVESTIMENTO, PESQUISA, DESENVOLVIMENTO, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, ANUNCIO, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL.
  • NECESSIDADE, BRASIL, EQUIPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, INVESTIMENTO, EDUCAÇÃO, CIENCIA E TECNOLOGIA, MELHORIA, DESENVOLVIMENTO, PROGRESSO, PAIS.

O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Roberto Saturnino, Srªs e Srs. Senadores, antes de iniciar meu pronunciamento, gostaria de agradecer, mais uma vez, a presença aos acadêmicos de Direito da Faculdade de Rondônia (Faro), de Porto Velho, na pessoa do Professor Raduan, Coordenador do Curso daquela instituição.

Segundo a revista Ensino Superior, Sr. Presidente, a China investe bilhões de dólares para transformar o ensino superior do país no melhor do mundo. Neste mês de outubro, o governo chinês, junto com a embaixada chinesa no Brasil e a Câmara Brasil China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE), vai lançar, em São Paulo, a China Education Exibition 2006, a primeira feira universitária e cultural do país, realizada em um país latino-americano, com a participação de mais de 40 instituições de ensino superior daquele país. Organizada pela China Scholarship Council, a feira terá como objetivo, de acordo com o Presidente da CBCDE, Paul Liu, dar início ao intercâmbio cultural entre os dois países, como já é feito com os Estados Unidos, com a Europa e com a Ásia. Mais de 60 representantes chineses das áreas de educação, de cultura e de turismo poderão trocar idéias e experiências nessas áreas com cientistas, com acadêmicos, com professores e com outros profissionais brasileiros.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho, neste pronunciamento, o objetivo de mostrar os valores orçamentários e a estratégia adotada pela China, visando a seu crescimento e desenvolvimento econômico, exemplo excelente para o nosso Brasil. Aliás, já temos o exemplo da Coréia do Sul, que, em 30 anos, deixou de ser um país atrasado, um país de Terceiro Mundo, para se transformar em um país de Primeiro Mundo. Inclusive, o Japão, antes mesmo da Coréia do Sul, há mais ou menos 50 anos, também não era tão avançado assim; no entanto, hoje, está entre os países mais avançados do mundo.

Nos próximos dez anos - e isso faz parte dos planos qüinqüenais do governo deste ano (até 2010) e de 2010 (até 2015) -, os chineses querem transformar suas principais universidades nas melhores do planeta. E, mesmo que a aposta tenha sido feita só agora, a China já começa a saborear alguns resultados prévios. O suplemento “Educação” do jornal The Times, da Grã-Bretanha, publicado em outubro do ano passado, mostra a Universidade de Beijing (nome atual da Capital Pequim) no 15º lugar, entre as melhores do mundo, e em primeiro lugar na Ásia, ultrapassando, pela primeira vez na história, a Universidade de Tóquio, no Japão. No ranking global de Master Business Administration (MBA) do ano passado, o Instituto Comercial Internacional China-Europa passou para a 22ª posição no mundo e também para a primeira posição entre os países asiáticos. O sucesso nessa área deve-se, em parte, e de acordo com especialistas do setor, à interação entre as universidades e as empresas na formatação curricular. Não é à toa que o governo chinês vem investindo alguns bilhões de dólares por ano na área de educação no país.

Segundo Liu, representante da China no Brasil, a China investiu, em 2004, 724 bilhões de yuans (cerca de US$90,5 bilhões) no setor como um todo, cifra 16,6% a mais do que foi aplicado em 2003. Esse montante que o governo chinês destinou apenas à educação é pouco menos do que o Brasil exportou em produtos e em mercadorias para o mundo inteiro naquele ano (US$96 bilhões). Só o ensino superior, explica o Presidente da Câmara, “consumiu 510 bilhões de yuans (aproximadamente US$63,7 bilhões) desse total, enquanto o ensino básico e o secundário nos grandes centros e na área rural do país absorveram 113 bilhões de yuans (US$14 bilhões) e 101 bilhões de yuans (US$12,6 bilhões), respectivamente”.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, se a meta do governo é transformar a Universidade de Beijing no maior e principal centro de ensino superior do mundo, por que os estudantes chineses quase brigam aos tapas para estudar nas principais universidades norte-americanas e européias? A resposta é simples, sem levar em conta a demanda (número de chineses que saem do ensino secundário em busca de uma profissão), nem a quantidade de universidades chinesas disponíveis: é o aprimoramento e o aperfeiçoamento profissional para, depois, voltar à China, que, aos saltos, como nas danças folclóricas do dragão chinês, passará, ainda este ano, da sétima potência econômica do mundo para a quarta, superando a Grã-Bretanha, a França e a Itália.

Na área de pesquisa e de desenvolvimento, por exemplo, a China pretende ampliar os investimentos dos atuais 1,44% do PIB para 2,5% do PIB até 2020, de acordo com o “livro branco” - são pesquisas para o planejamento estratégico -, um estudo publicado pelo Escritório de Informação do Conselho de Estado sob o título “O caminho para o Desenvolvimento Pacífico da China”. Não custa nada lembrar que o PIB chinês é de US$1,97 trilhão, três vezes o tamanho do Brasil. Com a expansão de 9,4% prevista, a economia chinesa passará para US$2,16 trilhões, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, do Japão e da Alemanha. “Acredito que, nos próximos dez anos, o crescimento econômico da China será maior e mais rápido, porque os resultados dos investimentos no ensino, tanto básico quanto superior, começarão a ser sentidos nos próximos anos”, afirma o Presidente da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE).

Sr. Presidente, “a China precisa depender mais de si mesma para resolver os problemas relativos ao desenvolvimento”, diz ele, que informa que a estratégia do governo para a promoção científica e tecnológica pretende obter resultados a médio e longo prazos, razão pela qual estabeleceu metas para os próximos 15 anos. O “livro branco” aponta ainda que a China realizará reformas em um amplo leque de áreas, incentivará a abertura de sua economia e estabelecerá instituições e mecanismos que permitam um desenvolvimento social e econômico coordenado e sustentado. Em relação ao fortalecimento de recursos humanos, o documento sustenta que, entre este ano e 2010, os centros técnicos de formação profissional produzirão 25 milhões de estudantes; e os de curso superior, cerca de 12 milhões. Em dez anos, a quantidade de doutores e de formados nas universidades cresceu cinco vezes. Só em Engenharia, a China está produzindo cerca de 450 mil novos graduados por ano, além de 48 mil mestres e 8 mil doutores.

Não tenho dúvidas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em afirmar que a iniciativa adotada pela China tornará aquele país um grande diferencial competitivo no modelo globalizado, e o exemplo serve perfeitamente para nossa reflexão, com a certeza da importância do investimento em Educação, em Ciência e em Tecnologia.

Acredito, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que o Brasil, que já melhorou muito na área de educação, precisa fazer uma reflexão e tirar como exemplo o avanço educacional do Japão, da Coréia do Sul e, mais recentemente, da China, país até pouco tempo considerado atrasado, mas que avançou, sem dúvida, por meio da educação. Somente a educação revolucionou a Coréia do Sul e o Japão. A educação está revolucionando a China e poderá trazer desenvolvimento e progresso plenos ao nosso País, o Brasil.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/10/2006 - Página 32830