Discurso durante a 168ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Avaliação da conjuntura política no presente processo eleitoral, que, ao ver de S.Exa., é a pior de toda a história do país.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ELEIÇÕES.:
  • Avaliação da conjuntura política no presente processo eleitoral, que, ao ver de S.Exa., é a pior de toda a história do país.
Aparteantes
Roberto Saturnino.
Publicação
Publicação no DSF de 17/10/2006 - Página 31152
Assunto
Outros > HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ELEIÇÕES.
Indexação
  • CONTINUAÇÃO, HOMENAGEM, ECONOMISTA, FUNDADOR, BANCOS, CREDITOS, LONGO PRAZO, POPULAÇÃO, BAIXA RENDA, PAIS ESTRANGEIRO, BANGLADESH.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, EMPRESTIMO EM CONSIGNAÇÃO, APOSENTADO, SERVIDOR, SUPERIORIDADE, JUROS, EFEITO, INADIMPLENCIA.
  • DEBATE, EVOLUÇÃO, DEMOCRACIA, ANALISE, HISTORIA, BRASIL, IDONEIDADE, GETULIO VARGAS, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, DIFERENÇA, ENRIQUECIMENTO ILICITO, MEMBROS, GOVERNO, GRAVIDADE, CORRUPÇÃO, ATUALIDADE, ACUSAÇÃO, CRIME, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • COMENTARIO, RECEBIMENTO, MENSAGEM (MSG), INTERNET, ELEITOR, OPOSIÇÃO, REELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • DEFESA, ELEIÇÃO, GERALDO ALCKMIN, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Papaléo Paes, que preside esta sessão, Srªs e Srs. Senadores presentes na Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, a satisfação em rever o Senador Ramez Tebet é enorme, pois ele simboliza uma esperança para aqueles que construíram o MDB, o PMDB, e busca forças ao enfrentar problemas de saúde. O Senador Ramez Tebet é um vencedor e coloca este Senado atualizado quando presta homenagem a um dos homens mais importantes da atualidade.

Senador Papaléo Paes, o Professor Yunus é indiano.

Atentai bem, Ramez Tebet: a Índia, antes do Professor Yunus, era um dos países atrasados e, hoje, cresce 10% ao ano, como a China, o Japão, Taiwan e a Rússia. E este Brasil grande cresce ganhando por pouco do Haiti, que está em guerra. O Professor Yunus é um economista indiano que estudou nos Estados Unidos. Depois, dedicou-se à vida universitária. Foi economista e criou esse banco com o apoio dos universitários, que serviu à mulher indiana, que, pelos costumes da religiosidade, vivia com muitas dificuldades. Ele conseguiu esse crédito para que elas conseguissem independência e a participação e a valorização da mulher. A Índia hoje é um dos países mais avançados e cresce mais de 10% ao ano. Talvez seja este o reconhecimento da Suécia: a escolha de Muhammad Yunus para receber o Prêmio Nobel da Paz.

Senador Papaléo Paes, muitas vezes, neste plenário, eu ventilava a idéia de que o PT devia buscar a inspiração no Banco do Povo do Professor Yunus, de Bangladesh, o Banco Grameen. Tanto é verdade que, até nos Estados Unidos, país forte, com rede bancária internacional, ele conseguiu ter um diálogo com Hillary Clinton. De repente, ele estava falando com o Presidente Bill Clinton, que, não podendo colocar, em sua programação orçamentária, o Grameen, por pressões daquele país capitalista e cheio de bancos potentes, orientou a esposa e secretários para que o banco fosse implantado nas regiões mais pobres dos Estados Unidos. É uma pena que o Brasil tenha esquecido esse exemplo, que agora todo o mundo apóia.

Ele se baseia essencialmente, Senador Papaléo Paes, em um crédito longo e coletivo. Dezenas de pessoas o recebem simultaneamente. Um fica responsável pelo outro, de tal maneira que todos cumprem os compromissos assumidos. O empréstimo é a longo prazo, diferente dos nossos do Brasil; é diferente do empréstimo consignado, uma das maiores desgraças que o PT trouxe para este País.

Atentai bem: o empréstimo consignado permite aos funcionários públicos de todos os Estados e aos aposentados receberem empréstimos de quase 3% de juros ao mês - ao ano, juro sobre juro, chega a 40%. Nossos velhos aposentados honrados, corretos e direitos, ao receberem o desconto em seu contracheque, tornaram-se vítimas de uma propaganda enganosa que dizia ser um bom negócio. Não é um bom negócio. O juro é muito alto, de mais de 40% ao ano. Fizeram propaganda enganosa, publicidade na mídia, dizendo que era um negócio bom, de pouco mais de 2% de juros, mas ao mês. É juro sobre juro. Tem havido casos de suicídios de pessoas que aderiram a esse empréstimo. Velhos aposentados corretos e decentes estão com seus orçamentos comprometidos. Muitos daqueles poucos cruzados que ganham de aposentadoria estavam comprometidos com medicamentos. Essa é a verdade e é essa a homenagem da fundação da Suécia que criou esse prêmio Nobel, que agora homenageia o Professor Yunus.

Senador Roberto Saturnino, está escrito no livro de um tal Crivella, que é do seu Estado, e eu tenho muito e-mail aqui para debater. Outro dia, perguntei a ele se estava na Bíblia aquela sabedoria que diz: “Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”. Ele, que é teólogo, disse que isso não estava na Bíblia. No entanto, Senador vitalício Carreiro, isso aqui apresenta muita publicidade, e há dezenas de pastores dizendo que não existe essa passagem, mas que há palavras de outros evangelhos que, no fim, dizem o mesmo.

Está na Bíblia que, sob os céus, há um tempo determinado para cada propósito. E o tempo agora é de eleição. Entendo que a eleição surgiu porque a democracia surgiu, e isso foi uma das conquistas mais belas da humanidade.

Sr. Presidente, Senador Papaléo Paes, somos animais sociáveis, políticos. Aristóteles disse isso antes de Cristo, e ninguém o contestou. Como animais políticos e sociáveis, vivemos em sociedade, em comunidade e sempre buscamos a melhor forma de governo. Tivemos muitas formas de governo. A que predominou foi a Monarquia, porque havia a mitologia segundo a qual o rei era um deus na terra. Então, conseguia governar por mais tempo com a força mitológica de que o rei era um ungido, um deus na terra, como Deus seria o rei do céu.

Ulysses Guimarães, que é recente, disse: “Ouça a voz rouca das ruas”, que é o povo. O povo ia mal. Era bom para o rei, pois ele era perpétuo, passava o poder para o seu filho. Era bom para quem estava no Palácio. Era bom demais para eles, mas o povo, esquecido, não estava satisfeito. Então, esse povo começou a contestar. Foi o povo que derrubou o rei, passando a gritar nas ruas: “Liberdade, igualdade e fraternidade”. Com esse grito, caíram todos os reis do mundo.

Aqui as coisas são lentas, Professor Roberto Saturnino. O Senador Roberto Saturnino foi um homem do MDB, nos tempos do Brossard, que o citava como um... Ele era mais valente que nós somos hoje, Senador Papaléo Paes. Esse foi do tempo do Brossard, e nós o vemos hoje no Governo. Mas ele foi do tempo da ditadura. Paulo Brossard disse uma frase muito interessante: “Oposição não pede licença para fazer oposição.” Então, eu não vou pedir licença a esses metidos a dono do mundo aqui do Senado Federal.

Senador Papaléo Paes, Paulo Brossard foi um “gigante tão grande” que ele chegou aqui - aqui era a mesma coisa - e disse que, como naquele tempo o Rio Grande do Sul tinha aproximadamente três milhões de habitantes, ele representava um milhão de gaúchos, um terço dos gaúchos, porque o Estado somente tem três Senadores.

Isso foi pelos anos de 1975, na época da ditadura. Agora, há essa corrupção que é pior que a ditadura. A ditadura fez o ato institucional, mas preservava a Justiça; o juiz tinha moral, tinha força, tinha independência. Agora, está pior. Eu vivi a ditadura, eu combati a ditadura.

Nós vivemos um momento muito pior que a ditadura. É a corrupção, é um mar de lama. A perda de todas as virtudes, de todos valores humanos está campeando. Vivemos o pior momento do Brasil.

Olavo Bilac disse na minha mocidade: “Criança, não verás nenhum país como este”. Quem ousa dizer... Um país de corrupção, de indecência, de indignidade, de maus exemplos. Bilac disse naquele tempo. Hoje não há um poeta! Mande que esses compositores, mande que Chico Buarque de Hollanda cante e decante: “Criança, não verás nenhum país como este”. Este é o país da corrupção, do desemprego, da imoralidade, de um Congresso corrupto, assim como os Poderes Executivo e Judiciário. E é porque está escrito aqui.

Então, todos estamos participando nessa coisa construída pelo povo, a democracia. Nasceu “o governo do povo, pelo povo, para o povo”. Esta é a definição de Abraham Lincoln para a democracia.

O que eles deferiram logo? Os franceses, por intermédio de Montesquieu, diziam que o rei era absoluto, uno - ele julgava, pedia, soltava, administrava -, e dividiram esse poder. Aqui estão os Poderes.

Além disso, o homem, com sua inteligência, criou uma pérola, uma jóia da democracia: a alternância do poder. Na democracia, o povo é soberano, é forte, é quem decide, é quem escolhe, é quem vota. O povo é livre, o povo elege e tira. O sujeito vota. Eu votei em Lula. E como trabalhei! Não sei se o Senador Papaléo votou, mas eu votei. Fui enganado. Aliás, eu não, o Brasil todo. Eles eram sérios, honestos, honrados, éticos. Que coisa! Nunca vi!

Estudo a História do Brasil. Conheço tudo, desde Pedro Álvares Cabral. Fomos governados por portugueses. Vieram as capitanias hereditárias, veio o governo-geral, vieram os imperadores - Dom Pedro I, Dom Pedro II, sua filha -, veio a República, os militares da Primeira República, depois o governo civil ditatorial de Vargas.

Vargas era um homem muito bom, muito honesto e honrado. Saiu depois de 15 anos e não tinha uma geladeira. Senador Roberto Saturnino, V. Exª sabe dessa? S. Exª tem um livro sobre Vargas. É varguista. Quem sou eu para aconselhá-lo. Ele é o meu Roberto Carlos. Então, disse-lhe: aumente a sua experiência. Mas quero dar-lhe esses ensinamentos sobre Vargas. Isso é muito bom para o PT, é muito bom para você brasileiro, para você brasileira. Vargas, quando saiu, depois de 15 anos, não tinha uma geladeira, daquelas movidas à querosene, da Electrolux. Meu avô tinha três. Meu avô era empresário. Tinha três. Só para que V. Exªs tenham noção. Lá no Piauí, tinha uma na empresa dele, uma na casa dele e outra na casa de praia dele.

Meu avô tinha três. Getúlio, após 15 anos na Presidência, não tinha uma geladeira! Ele foi para sua fazenda e lá não tinha luz elétrica. Hoje o que fazem eles? Eu os conheci de chinelo, na fila do ônibus. Estão todos com Hilux, ricos, milionários, com os melhores apartamentos. Que negócio é esse? Nunca se roubou tanto, em tão pouco tempo, neste País! Quem não os conhecia? Senador Papaléo, você não deu carona para eles? Eu dei carona para muitos do PT que estão aí, milionários. Eles estavam na fila dos ônibus, de chinelos. Hoje estão com Hilux, são os mais ricos e os mais poderosos.

Senador Saturnino, vou conceder-lhe o aparte, porque quero aprender sobre Getúlio. Sei que ele saiu, após 15 anos, sem uma geladeira. Aí um amigo paulista, Papaléo, ofereceu-lhe uma geladeira. Ele, no poder, por causa da ética, não quis aceitar. Mas aí outro amigo pediu-lhe que aceitasse o presente do empresário paulista. Ele levou a geladeira para São Borja. Era geladeira a querosene. Tinha querosene lá, tinha um espelho metálico. Meu avô gritava: “Menino, vá ver a chama!” Isso porque, quando havia fumaça, não gerava. Eu não sei qual o mecanismo. O Saturnino conhece aquela geladeira, porque ele tem mais idade do que eu.

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Conheço.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu abaixava lá para ajeitar a chama. Aí gelava. Getúlio não tinha uma, mas acabou recebendo e, depois, em suas memórias, ele conta isso. Eu até gostei, porque tomava um sorvete à noite... Quinze anos, ó exemplo! Felizes somos nós, brasileiros e brasileiras, que não precisamos buscar exemplos em outras pátrias, em outra história. O exemplo está aqui mesmo.

Quinze anos, atentai bem! Presidente Lula, seu filho está com dinheiro demais. Como é que pode? O Presidente Getúlio Vargas passou 15 anos e saiu sem uma geladeira Electrolux. E seu filho ganha logo R$5 milhões e entra como sócio. Que gênio é esse? Que estrondo é esse? Ele não ganhou o Prêmio Nobel de Tecnologia de Comunicação! Que negócio é esse?

Fico a pensar, Senador Roberto Saturnino. O Presidente Getúlio passou 15 anos, e já tinha sido um bocado de coisa antes de ser Presidente - não é verdade, Saturnino? Em 15 anos, e ele saiu sem uma geladeira. E vejo o filho do Presidente Lula com R$5 milhões, e ele não ganhou nenhum prêmio de economia, de gênio, de administração. Não vi.

Esse período é para reflexão.

Concedo um aparte ao Senador Roberto Saturnino, que foi o melhor prefeito que já existiu. Ele era companheiro do Brossard, que era brabo, era exigente, era mais duro do que eu hoje. Ele era contra a ditadura. Mas quero lhe dizer que hoje está pior do que na época da ditadura. Aqui é o mar da corrupção.

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Obrigado, Senador Mão Santa. Os pronunciamentos de V. Exª são sempre assistidos com muita atenção e muita consideração. E dou o testemunho de que V. Exª insiste comigo para que eu escreva mais sobre Getúlio Vargas, este que foi, a meu juízo, o maior estadista que o País já teve, o fundador do Estado nacional brasileiro, enfim, do Estado Republicano nacional brasileiro. Mas acontece que sou mais velho que V. Exª...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - E mais sábio.

O Sr. Roberto Saturnino (Bloco/PT - RJ) - Não; mais sábio, não; mais experiente, porque mais velho. Vivi os tempos de Getúlio e lembro, Senador Mão Santa, que hoje, com as perspectivas históricas que temos, 50 anos passados, V. Exª e todos os brasileiros podem fazer o juízo da honestidade e da honradez de Getúlio Vargas. Mas, naquele momento, em 1954, a população brasileira não podia fazer esse juízo, porque as acusações, Senador Mão Santa, eram tão grandes, mas tão grandes que o juízo que se podia fazer ao ler os jornais era de que Getúlio era o maior corrupto da História do Brasil. Essa expressão “mar de lama” foi cunhada naquele momento. Aquele gênio destruidor que se chamava Carlos Lacerda cunhou essa expressão, que toda imprensa brasileira repercutiu. Por isso, a classe média brasileira tinha ódio ao Getúlio, que, para não ser deposto, pois ia sê-lo, deu um tiro no coração. E, de repente, o povo trabalhador despertou, porque também já estava influenciado por aquela campanha, que foi terrível, Senador Mão Santa, que vi e vivi. Então, é por isso que, para se fazerem juízos bons ou mais perfeitos, mais definitivos, temos de dar um tempo e não nos apressarmos em embarcar na onda de uma campanha em um momento em que entram em jogo muitos interesses, inclusive de grandes grupos econômicos. É preciso um pouco mais de perspectiva de tempo, o que hoje temos. Daí por que podemos fazer o juízo de Vargas. Mas eu, que vi as acusações, naquele momento, parecia que todo o Brasil acreditava que Vargas era o maior corrupto do País. E hoje, no entanto, V. Exª está na tribuna a demonstrar que não era verdade. Então, é preciso ter cautela e esperar o tempo, que se encarregará de mostrar tudo. A perspectiva do tempo traz a verdade à tona. Cumprimento V. Exª pelo pronunciamento e por essa referência ao maior estadista que o Brasil teve, que foi Getúlio Vargas.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Roberto Saturnino, já mudei de opinião. Quero escrever o livro em co-autoria com V. Exª, porque a verdade não é bem essa. Vamos escrevê-lo juntos. Primeiro, houve dois períodos de Vargas, mas me refiro ao ditatorial. Ele era um homem bom, honrado e honesto, um exemplo para o Lula. Li o diário dele Dia-a-Dia... V. Exª leu? O de V. Exª é pequenininho, mas é como um perfume francês: pequeno e de muito valor.

Então, não vamos confundir. No primeiro período, para ele entrar, houve uma guerra. Depois, os paulistas quiseram botá-lo para fora, em 1932, uma outra guerra. Por fim, veio a Segunda Guerra Mundial. Então, aquele homem bom, honesto e honrado enfrentou três guerras. Depois, ele... Não porque o povo não quisesse, porque ele era bom, honrado, trabalhador, saía do Catete e ia para a Cinelândia, sozinho, para ir ao cinema. V. Exª talvez tenha acompanhado isso, porque morava no Rio; eu só sei de história. Então, o maior fenômeno do mundo, Winston Churchill, venceu os países totalitários, contra Hitler e Mussolini. Venceu a democracia, pois tinham gritado liberdade, igualdade. Ele, então, cedeu pacificamente, e foi eleito Dutra, que criou dois partidos.

Quando ele voltou... Eu conheci Vargas. O meu tio era Prefeito de Ipanema em agosto de 1950, e ele foi lá, em campanha política, e eu vi Getúlio. Mas não vamos misturar as coisas para defender o PT. Defender o PT é muito complicado. Então, eu o vi, com um charutão, em uma rede, de branco, e aquele Gregório, que era a defesa pessoal dele, de branco, de terno. Sim, em agosto de 1950, eu era menino, tinha oito anos, e o vi.

Aí, ele foi eleito. Voltou nos braços do povo. Atentai bem, a verdade: ele era um homem bom, puro. E seus puxa-sacos, do jeito que o Lula está aí...Os dele eram menos, mas os do Lula são uns quarenta. Quem disse foi o único homem que tem vergonha neste País, o da Justiça, o do Ministério, que denunciou quarenta. Aquele homem merece um talho igual ao de Rui Barbosa no Ministério Público. E nós deveríamos fazer.

Então, o Lula tinha....Temos de esclarecer e falar. Aqui ninguém pode difamar o Getúlio. Houve isso. Uma posição forte de Lacerda e aqueles puxa-sacos - como Lula, tem muito pior. Todos ladrões. E matam também. Mataram lá em Santo André. O PT é essa organização criminosa.

Então, eles pegaram o moreno, o Gregório, que tinha vindo em 1930 com Getúlio, rapazinho da fazenda, e, ouvindo aquilo - dos grandalhões -, disse: “A gente tem é de acabar com esse Lacerda. Dar fim. Não pode falar do nosso patrão e do nosso chefe”. E ele tramou. Getúlio, puro, não era de matar ninguém. Eu li Memórias de um Cárcere, de Graciliano Ramos, que diz que ditadura nenhuma é boa. Eu estou contando a História.

Então, meteram o “neguinho”, que era o Gregório, que tinha vindo menino com ele, inspirado pelos “puxa-sacos”, aqueles mesmo que estão em torno do Lula, aquela quadrilha de bandidos - só que, na época, era contável; agora, é incontável: a diferença é essa. E o Gregório, então, planejou. A última visita que ele fez foi a Juscelino Kubitschek. E é bom a História registrar, pois a imprensa, essa mídia mentirosa que ainda hoje persiste aumentada e multiplicada, dizia: “Não, não houve nada, nada, nada”. Mas, desta tribuna, um homem, um Senador, Afonso Arinos, que representou... V. Exª está na cadeira dele; ele era mineiro, mas foi eleito pelo povo da Guanabara e foi a inspiração na nova Constituinte cidadã... Então, Afonso Arinos, desta tribuna, disse - a mídia toda e o DIP diziam: “Não, não foi nada, não houve atentado, é só conversa”. Afonso Arinos - e V. Exª, com muita dignidade, está ocupando a cadeira dele e também é um homem digno, correto e probo - disse assim: “Será mentira o órfão? Será mentira a viúva? Há um mar de lama no País”. E o Getúlio, bom, só tinha uma saída.

Daí por que pergunto ao Crivella, que está tonto e ainda não sabe receber, e eu tenho todos estes e-mails aqui dando passagem semelhante: “Diga-me com quem andas, e dir-te-ei quem és”. Essa é a pergunta que fiz ao Presidente Lula. Se está na Bíblia ou não... Mas todos estes e-mails são de pastores dando citação semelhante.

“Será mentira a viúva? Será mentira o órfão?” Esse discurso foi pronunciado em 18 de agosto. No dia 24, com a pressão, Getúlio, para não entrar numa guerra civil, saiu da vida para entrar na História e, com certeza, no céu, porque não é por um segundo, mas por uma vida que Deus vai nos julgar. A vida dele foi essa, um exemplo, e V. Exª tem o dever, a obrigação de ensinar a vida de Getúlio para todo o PT aprender a ser honesto.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/10/2006 - Página 31152