Discurso durante a 169ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Leitura do texto da decisão do juiz ao pedido de habeas corpus, negado na Justiça de Santa Catarina, para soltar o Sr. Aldo Hey, que era assessor especial do Secretário da Fazenda do Estado de Santa Catarina.

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Leitura do texto da decisão do juiz ao pedido de habeas corpus, negado na Justiça de Santa Catarina, para soltar o Sr. Aldo Hey, que era assessor especial do Secretário da Fazenda do Estado de Santa Catarina.
Publicação
Publicação no DSF de 18/10/2006 - Página 31294
Assunto
Outros > ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • LEITURA, TRECHO, DECISÃO, JUIZ, NEGAÇÃO, PEDIDO, HABEAS CORPUS, LIBERDADE PROVISORIA, ASSESSOR, SECRETARIA DE FAZENDA, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), REGISTRO, IMPORTANCIA, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, GOVERNO ESTADUAL.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Para uma explicação pessoal. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, fui à tribuna para falar a respeito de como se criam factóides, como é que, do nada, sem prova alguma, sem documento algum... Porque a reportagem da revista Veja é isto: ela, a partir do relato de três delegados, cujos nomes não dá, não apresenta sequer um papel sem timbre, não dá um único elemento para construir aquela falácia de quatro ou cinco páginas, sem prova nenhuma, e isso vira o fato político da semana. Aliás, essa questão de ficar lançando coisas sem apresentar prova - preto no branco, escrito - para que se apresentem ou se construam as situações, é algo a que tenho assistido aqui. Já tive até oportunidade de dizer que beira o ridículo. Depois, tentam consertar, dizendo que não era bem assim, que era código, que não sei o quê, mas já se chegou ao ridículo de uma matéria, inclusive desmentida pelo jornalista, continuar ainda servindo de embasamento para criar os tais dos fatos políticos.

Farei aqui a leitura do texto da decisão do juiz ao pedido de habeas corpus, negado na Justiça de Santa Catarina, para soltar o Sr. Aldo Hey, que, volto a dizer, era assessor especial do Secretário da Fazenda do Estado de Santa Catarina, cuja única tarefa era exatamente tratar das questões dos créditos de importação, a base da Operação Dilúvio, em que apareceram todas as falcatruas. Diz o seguinte:

A influência do paciente [ou seja, o preso] junto a agentes públicos e políticos decorre da notícia do pagamento de US$100.000,00 (cem mil dólares americanos) pelo Compex, pela MXT Trading, negociados com Aldo, mas observando Lucchesi que o valor seria destinado ao alto escalão do governo do Estado de Santa Catarina.

Isto é prova, é documento escrito por um juiz.

Portanto, a indignação - e até a minha expectativa - é de que a mesma contundência do Sr. Geraldo Alckmin ao perguntar, de manhã, de tarde, de noite e de madrugada, dia sim e outro também, de onde vem o dinheiro - que todos nós queremos saber de onde veio, não só o dinheiro, mas também o que tinha nos documentos, até as últimas conseqüências - seja usada lá em Santa Catarina. Até porque, se fosse levar comparativamente, lá é mais dinheiro, mais de R$2 milhões, e está há mais tempo - a apreensão foi em agosto. Portanto, a contundência da exigência deveria ser até maior. Ou nós vamos continuar com o posicionamento, como eu tive a oportunidade de criticar desta tribuna, do Deputado Fernando Gabeira, que foi, a pedido do Presidente da CPI, a Cuiabá buscar o dossiê e selecionou os documentos. Só trouxe o que lhe interessava, ou o que achou mais conveniente, ou, conforme está aqui, reiteradas vezes nesta tribuna, neste plenário, que só interessa investigar, só, quando tem como objetivo central atingir o Presidente Lula, o PT ou o nosso Governo.

Eu tenho um posicionamento e já disse isto inúmeras vezes: corrupção e ato ilícito não têm prazo de validade, nem têm nicho de mercado.

A Srª Serys Slhessarenko (Bloco/PT - MT) - Nem coloração partidária...

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Nem coloração partidária - ajuda-me, aqui, a Senadora Serys Slhessarenko.

Se há mais de R$2 milhões apreendidos em Santa Catarina, que ninguém sabe ainda de onde vieram, mas já há um despacho, assinado por um juiz, de que há fortes indícios de serem destinados ao alto escalão do Governo do Estado de Santa Catarina, precisamos ter a mesma contundência de exigir. E, lá em Santa Catarina, são duas perguntas a fazer: de onde veio o dinheiro e para onde ele ia.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/10/2006 - Página 31294