Discurso durante a 169ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Justificação de requerimento encaminhado à Mesa solicitando a inserção de voto de congratulações ao economista bengalês Muhammad Yunus e ao Grameen Bank, pelo recebimento do Prêmio Nobel da Paz de 2006. (como Líder)

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.:
  • Justificação de requerimento encaminhado à Mesa solicitando a inserção de voto de congratulações ao economista bengalês Muhammad Yunus e ao Grameen Bank, pelo recebimento do Prêmio Nobel da Paz de 2006. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 18/10/2006 - Página 31299
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, ECONOMISTA, FUNDADOR, BANCO PARTICULAR, PAIS ESTRANGEIRO, BANGLADESH, RECEBIMENTO, PREMIO, AMBITO INTERNACIONAL, MOTIVO, ESFORÇO, PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, PESSOA CARENTE.
  • HISTORIA, VIDA, BANQUEIRO, PAIS ESTRANGEIRO, BANGLADESH, INICIATIVA, CONCESSÃO, EMPRESTIMO, PESSOA CARENTE, FACILITAÇÃO, CREDITOS, MULHER, COMENTARIO, ORADOR, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, VALOR ECONOMICO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DETALHAMENTO, POBREZA, MELHORIA, SITUAÇÃO SOCIAL, POPULAÇÃO, REGIÃO.
  • REGISTRO, ANTERIORIDADE, ACOMPANHAMENTO, ECONOMISTA, PAIS ESTRANGEIRO, BANGLADESH, VISITA, SEDE, BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL (BNDES), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), HISTORIA, BANCOS, ATENDIMENTO, PESSOA CARENTE, REDUÇÃO, POBREZA, TENTATIVA, ERRADICAÇÃO, FOME.
  • COMENTARIO, ATUAÇÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, POLITICA SOCIAL, IMPORTANCIA, PROGRAMA ASSISTENCIAL, BOLSA FAMILIA, RENDA MINIMA, EXPANSÃO, CREDITOS, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, POPULAÇÃO, PAIS.
  • REQUERIMENTO, INSERÇÃO, ATA, VOTO, CONGRATULAÇÕES.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pela Liderança do PT. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Tião Viana, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria de somar a minha palavra à dos Senadores Ramez Tebet e Mão Santa, que ontem apresentaram requerimento de voto de congratulações ao economista bengalês Muhammad Yunus e ao Grameen Bank pelo recebimento do Prêmio Nobel da Paz de 2006. Eu gostaria, inclusive, de fazer isso em nome do Partido dos Trabalhadores nesta Casa, porque se trata de algo extremamente positivo para a Humanidade.

O Comitê Norueguês do Nobel decidiu conceder o Prêmio Nobel da Paz, dividido em duas partes iguais, a Muhammad Yunus e ao Grameen Bank, por seus esforços em promover desenvolvimento econômico e social dos mais pobres.

Pois, como afirma o Comitê:

(...) a paz duradoura não poderá ser alcançada a menos que grandes grupos de população encontrem meios de eliminar a pobreza. O microcrédito é um desses meios. O desenvolvimento dos mais pobres é também ferramenta no avanço da democracia e dos direitos humanos.

Em 1974, após concluir o seu PhD na Vanderbilt University e retornar a Bangladesh, Yunus ficou chocado com a fome e passou a visitar as vilas pobres para tentar achar uma solução. Também constatou que havia grande contingente de pessoas, principalmente as mulheres, que sobreviviam com atividades informais - muitas delas com chances de progredir -, mas que ficavam estagnadas por falta de acesso a crédito.

Diante dessa realidade, reuniu alunos e formou um fundo de investimentos que emprestou US$27 a 42 pessoas. O resultado foi positivo. O nível de inadimplência foi zero e o êxito levou à obtenção de doações de bancos privados e entidades internacionais para dar início às operações do Grameen.

Ele criou um novo tipo de sistema bancário, voltado para atender os necessitados, particularmente mulheres, em seu país natal, permitindo que os bengaleses iniciassem pequenos negócios com maior facilidade. Com a iniciativa, ele foi o pioneiro de um modelo exaustivamente copiado por mais de 100 países.

O seu livro O Banqueiro dos Pobres - Grameen significa banco da aldeia ou do vilarejo - tornou-se um notável best-seller no mundo, inclusive no Brasil.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, de fevereiro de 2005, afirmou:

No Grameen Bank, criamos um sistema que ia na contramão dos bancos tradicionais, que, por natureza, excluem os pobres. Não temos exigências e levamos o serviço do banco às portas das pessoas. Os procedimentos são simples e fáceis de entender e não exigem do tomador de empréstimo que seja alfabetizado. Além disso, as mulheres formam grupos de cinco pessoas em seus bairros antes de obter o dinheiro. Esses grupos podem-se transformar em centros federais, geralmente constituídos por, no mínimo, oito grupos. Os integrantes dos grupos e dos centros ganham força individual por meio da solidariedade, e também se concede às mulheres a oportunidade de desempenhar o papel de líder nesses grupos ou centros.

Em maio de 2006, o Grameen Bank registrava 6,61 milhões de operações de crédito realizadas, sendo que 97% foram destinadas às mulheres, atingindo todos os vilarejos de Bangladesh.

Acompanhei a visita do professor Muhammad Yunus, em agosto de 2000, à sede do BNDES no Rio de Janeiro, onde estavam a Srª Ruth Cardoso, o Presidente daquele Banco, Francisco Gros, e outros. Foi um encontro altamente estimulante. Na ocasião, relatou a experiência do Gramneen Bank e de como o banco se dirigiu a outras áreas além do microempréstimo (acesso à educação, tecnologia para os pobres, seguro de vida e outras), com o objetivo de reduzir a pobreza e erradicar a fome.

Dessa forma, o Prof. Yunus nos mostra que o microcrédito é um dos instrumentos de política econômica que mais poderá contribuir para a construção de uma nação civilizada e justa, ao lado do programa Bolsa-Família - e acredito que este será mais tarde transformado no Renda Básica de Cidadania -, da reforma agrária e da expansão do microcrédito, das oportunidades de educação de boa qualidade de todos os níveis e do atendimento público de saúde, que são fundamentais.

É muito importante que possamos saudar a escolha do Prêmio Nobel da Paz deste ano. Ressalto que também foi feliz a escolha para o Prêmio Nobel de Economia, pela Real Academia Sueca das Ciências: o Prof. Edmund Phelps, que tanto tem estudado os problemas de emprego e desenvolvimento nas sociedades.

Muito obrigado, Sr. Presidente, Senador Tião Viana.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/10/2006 - Página 31299