O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Tião Viana, Srªs e Srs. Senadores, sei que o ambiente nacional - e esta Casa reflete tal sentimento - , está todo voltado para o debate político-eleitoral. São tantos os oradores que têm ocupado esta tribuna, cada um em defesa dos seus pontos de vista, que, creio eu, não estarei fugindo muito à regra. Espero não decepcionar quem me ouve se me desviar um pouco desse debate. E quero fugir um pouco deste debate, Sr. Presidente, porque o Brasil precisa de desenvolvimento, de progresso; enfim, necessita andar.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as coisas, em alguns lugares deste Brasil, estão acontecendo. E, como estão acontecendo no meu berço, na minha cidade natal, como estão acontecendo em meu domicílio eleitoral, é muito difícil me conter e não vir aqui dizer da minha alegria, da minha satisfação de homem público, de filho da cidade de Três Lagoas, no Estado de Mato Grosso do Sul, ao ver aquela pujante cidade cheia de esperança pelas perspectivas, praticamente concretas, de grandes realizações em prol de Mato Grosso do Sul e do Brasil.

Hoje, ouvia pelo rádio, antenado, os discursos proferidos na minha cidade por ocasião da inauguração da segunda unidade da Metalfrio, maior fabricante de produtos para a refrigeração comercial. Empresa que existia somente em São Paulo agora também está nas barrancas do rio Paraná, em Três Lagoas, uma cidade preocupada com a sua infra-estrutura.

Srª Presidente, aqui está um representante de Três Lagoas, talvez o mais antigo, se não for o mais antigo, o mais caloroso defensor de Três Lagoas e de Mato Grosso do Sul, troféu que não entrego a ninguém! Troféu que ostento com muito júbilo e com muita satisfação. Lá, estamos de portas abertas! Por isso, quero aqui dizer o quanto foi bom, Srª Presidente, ver inaugurada a Metalfrio, uma unidade com mais de 8.000m² de área construída, que exigiu investimentos da ordem de R$7,5 milhões e que produzirá 50 mil peças anuais, gerando cerca de 100 postos de trabalho para uma produção que visa aos mercados interno e externo. Trata-se de tecnologia de ponta, de última geração, que se utiliza de processos de gestão de qualidade e de gestão ambiental, a exemplo de outras unidades como as da Dinamarca, da Rússia e da Turquia.

Quero aqui, portanto, saudar o presidente da empresa, Luiz Eduardo Moreira Caio, que ainda se encontra lá no meu torrão natal, entregando para a população, para a Prefeita Simone Tebet, a fábrica, que está levando a empresa a se posicionar como um dos líderes globais do setor de refrigeração.

Srª Presidente, é interessante como vale a pena sonhar! Permita-me uma digressão, que pode ser - e o é mesmo - sentimental, que parte do fundo do meu coração. Fui Prefeito da cidade, em 1975. Em meu discurso de posse, ocasião em que se iniciava o plantio, atualmente um dos maiores, senão o maior, de maciço florestal do Brasil, afirmei que a minha cidade do querido Estado de Mato Grosso do Sul estava fadada a ter a maior fábrica de celulose do mundo! E isso agora está acontecendo.

Não vim aqui apenas por causa da Metalfrio; vim unir esforços para dizer que em Três Lagoas existe uma parceria público-privada que vale a pena ser analisada e ser observada. Imaginem que o Grupo Votorantim e a Internacional Paper anunciaram, já para o dia 5 de dezembro, o lançamento da primeira pedra fundamental desta indústria de celulose e de papel. Portanto, é uma região fadada ao progresso e ao desenvolvimento. Como é bom falar do meu torrão natal pensando no Brasil! Esses empreendimentos são tão grandiosos, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que influenciarão em 0,15% o PIB nacional. Essa fábrica de papel e celulose vai gerar dois mil empregos. É uma feliz associação do Grupo Votorantim e da Internacional Paper, em maciço florestal atual de 200 mil hectares de eucaliptos, que vai gerar 13% do PIB estadual. Imaginem o benefício para a minha cidade, onde a minha filha Simone tem a responsabilidade de dirigi-la e de prepará-la para o futuro. Treze por cento do PIB de Município de Três Lagoas será o incremento que trarão essas e outras fábricas para aquele região.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS) - Srª Presidente, ouço a campainha tocar, alertando-me sobre o meu tempo, mas o que está tocando é a campainha do meu coração. Permita-me! Eu não quero parar. Senador Eduardo Azeredo, V. Exª foi Governador e sabe o que representa para um homem público, passados 31 anos, ter feito um prognóstico, ter sonhado e ter lutado para que as coisas viessem a acontecer e vê-las agora concretizadas pela força do destino e pela mão de Deus, justamente quando a minha própria filha é Prefeita daquela cidade e no momento em que venceu as eleições e vai tomar posse um Prefeito aliado, um Prefeito amigo, meu afilhado político, André Puccinelli. Então, fico descortinando e, ao dizer que estou falando da minha cidade, estou falando do Brasil, porque haverá esse incremento do PIB! Não será apenas Três Lagoas que irá progredir; não será apenas Dourados que estará progredindo, recebendo com o aumento do ICMS; não serão apenas os municípios do bolsão sul-mato-grossense nem apenas a capital do Estado, mas o Brasil inteiro estará ganhando.

Por isso, vim à tribuna. Eu não posso perder nenhuma oportunidade e deixar para amanhã o que eu posso fazer hoje, principalmente em relação a assunto que me diz tão de perto, assunto que diz respeito à qualidade de vida da minha população.

Ao formular votos, faço aqui um apelo ao Governo Federal, à Bancada e ao Partido dos Trabalhadores, ao Ministro dos Transportes, ao Presidente da República, em favor da BR-158, um trecho de 60km, cujos recursos no Orçamento foram todos colocados por mim. O Presidente Lula, há dois anos e meio, quando foi a minha cidade, prometeu terminá-la. Faltam apenas 8km para finalizar essa obra! Não tem uma obra sequer do Governo Federal em meu Estado - quero proclamar isto aqui! Está na hora de se lembrarem de Mato Grosso do Sul! Não há qualquer obra na região do bolsão sul-mato-grossense! É preciso terminar essa obra! Isso é um absurdo! É preciso que a cidade, que o Estado estejam preparados para receber o progresso e o desenvolvimento. É preciso construir a ponte sobre o rio Paraná, que tem cerca de 40km, para desafogar o trânsito, porque serão 400 caminhões a mais, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a trafegar sobre a Usina de Jupiá, cuja segurança estará ameaçada, caso essa obra não seja concluída. Essa obra foi prometida e não foi realizada.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Permita-me V. Exª um aparte?

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MA) - Eu tenho o direito de cobrá-la! Tenho este direito, porque o faço em benefício do Brasil! Não estou defendendo só a minha cidade; não estou defendendo uma ponte sobre um córrego da minha cidade; estou defendendo uma ponte sobre um recurso hídrico chamado rio Paraná, que mantém as usinas de Jupiá e de Ilha Solteira, que geram 4.6 milhões de kW/força. Estou defendendo essas indústrias que vão para lá e das quais precisamos!

A prefeita, o prefeito, os vereadores desta cidade e o Governador do Estado precisam dessas obras, que são de infra-estrutura. É preciso melhorar a segurança pública.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS) - Com muito prazer, Senador.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Parabenizo V. Exª pelo seu discurso e pela bravura com que defende constantemente desta tribuna não só o Mato Grosso do Sul, mas também o Brasil. Senador Ramez Tebet, este é o Governo que nós temos: o Governo que combate as elites. Ontem, vimos no palanque do Presidente Lula a elite política brasileira, agora com o reforço do Sr. Mangabeira Unger, um dos maiores economistas do mundo, da Universidade de Harvard, que estava exatamente dando conselhos para Lula a respeito de economia. Vamos ver como ele se comporta daqui para frente. Eu só espero que ele, ao ouvir, não comece a falar com sotaque inglesado. Senador Ramez Tebet, aqui está uma prova de que este Governo não é sério. O Presidente Lula fala toda hora da ferrovia Transnordestina e disse, no debate, que as obras já tinham começado. Pois agora o Governo dele toma a seguinte medida: Ibama embarga obra da ferrovia nordestina, porque não foram cumpridas as exigências feitas por aquele instituto. É o próprio Governo que faz com que o Presidente passe para a História como homem que não fala a verdade. Como V. Exª fala em investimento, em seu site, o jornalista Claudio Humberto diz algo grave: “Planalto custa mais [aos cofres públicos] que quatro ministérios”. E a conta aumentou este ano. Gasta-se mais no Planalto, nas contas da Presidência da República, do que nos Ministérios da Cultura, do Esporte, do Turismo e do Meio Ambiente juntos. É uma brincadeira, Sr. Senador! Por isso, concordo com a indignação de V. Exª. Muito obrigado.

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS) - Agradeço muito a V. Exª. Encerro dizendo que tenho razão mesmo de pedir, porque o investimento que será feito lá pela Votorantim Celulose e pela Internacional Paper supera R$1,5 bilhão. Serão gerados dois mil empregos. É muito. É preciso que o Governo ajude a minha cidade e o Estado de Mato Grosso do Sul.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS) - Ouço V. Exª com prazer.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Serão apenas 30 segundos. Falava há pouco aqui ao Senador Pedro Simon que V. Exª nos emociona com a sua forma de agir e de atuar na defesa dos interesses dos municípios do seu Estado e do Brasil. Para mim, V. Exª é um dos maiores exemplos de homem público que existem no Congresso Nacional. Fico emocionado ao vê-lo defender com tanta veemência os interesses do seu Estado e do Brasil. Mas acrescento apenas, Senador Ramez Tebet, que Santa Catarina também está em situação difícil. As rodovias estão precárias. Não há atendimento decente por parte do Governo Federal em relação à Santa Catarina.

(Interrupção do som.)

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Agora, no período eleitoral, começaram a fazer algumas obras paliativas, mas estamos vendo todos os dias acontecerem acidentes gravíssimos por falta de investimento em sinalização, em acostamento, em infra-estrutura, por falta de respeito do Governo Federal com quem paga impostos. Há uma contribuição sobre a comercialização de gasolina, de combustível, que é a Cide. O Governo não libera aquilo que é direito dos municípios, dos Estados, para que invistam em rodovias. E o pior é que não investe nas rodovias que são de sua incumbência, que são as rodovias federais. Quero apenas cumprimentá-lo pelo seu pronunciamento. Obrigado.

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS) - Eu agradeço a V. Exª e dou por encerrado o meu pronunciamento.

Muito obrigado.