A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje, ocupo a tribuna para falar, em primeiro lugar, da vitória do nosso Presidente Lula no segundo turno, no último domingo. Realmente, foi uma disputa democrática. Houve o primeiro turno, e, no segundo turno, a vontade popular se manifestou de maneira grandiosa, como todos os brasileiros e brasileiras puderam perceber. No segundo turno da campanha eleitoral, assistimos - o mundo inteiro assistiu - à lição de democracia que aconteceu no Brasil. Estamos, após longas batalhas, preparados para, finalmente, dizer em alto e bom tom: somos uma democracia consolidada neste imenso continente.

Sr. Presidente, como diz e canta muito bem o poeta, “foi bonita a festa; fiquei contente”. Cada brasileiro, cada brasileira pode cantar isso, como já fez o poeta.

É preciso destacar, inicialmente, elogiar e reconhecer o fantástico trabalho da Justiça Eleitoral. A urna eletrônica é um sucesso espetacular. Poucos minutos depois de encerrado o processo eleitoral, o mundo já sabia quem era o novo Presidente da República e quais eram as Governadoras e os Governadores escolhidos. Por isso tudo, meus parabéns à Justiça Eleitoral e a todos que contribuíram, direta ou indiretamente, para o sucesso do pleito, especialmente os mesários de todos os rincões do nosso País, em particular os do meu Estado de Mato Grosso, homens e mulheres que, de forma cívica, dispuseram-se a participar do processo eleitoral, assegurando que ele acontecesse com tamanha tranqüilidade e grandiosidade! Em Mato Grosso, nossas homenagens ao Desembargador Antônio Bitar, que, no comando do TRE, deu exemplo de agilidade e de competência, orgulho para todos nós, mato-grossenses.

Foi muito bonito assistirmos ao amadurecimento de lideranças importantes do nosso País. Foi muito sábio o candidato Geraldo Alckmin, quando ligou para o Presidente Lula, reconhecendo a vitória e desejando-lhe um bom governo, numa demonstração de que não cabe, em momento algum, o “terceiro turno” de que alguns falavam por aí. A mensagem do candidato Geraldo Alckmin foi clara: “Reconheço a vontade de 60 milhões de brasileiros e de brasileiras”.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, neste meu pronunciamento, além de elogiar o amadurecimento da nossa classe política, desejo a nosso companheiro Lula que os próximos quatro anos sejam muito felizes, com realizações efetivas de seus sonhos e de sua gestão.

Gostei muito do pronunciamento do Presidente Lula, quando destacou que “encerrada a disputa eleitoral, o que interessa a todos é a vitória do Brasil, pois os verdadeiros adversários são a injustiça social, a desigualdade e as várias formas de atraso que atravancam a vida nacional”.

E disse mais o Presidente, com palavras que devemos ecoar: “Volto a afirmar que o nome do meu segundo mandato será desenvolvimento - desenvolvimento com distribuição de renda e educação de qualidade. E é em torno desta proposta, capaz de unir todos os brasileiros e brasileiras, que venho pedir o esforço e o entendimento nacionais”.

Devo dizer, Sr. Presidente, que, diante de tão sinceras palavras e diante desse chamamento maduro que faz Sua Excelência, o nosso Presidente, só resta a nós todos, Parlamentares do Congresso Nacional, dedicarmo-nos às questões maiores que realmente sejam do interesse de toda a Nação brasileira.

Não tenho dúvida de que, naquilo que depender de nós, Senadores, “a votação de matérias importantes que já estão no Congresso, como o Fundo Nacional de Educação Básica, que vai aumentar em dez vezes os recursos para o ensino básico; a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, que vai diminuir impostos e a burocracia para o empreendedor; e a reforma tributária, que vai tornar mais justa a cobrança de tributos e reforçar o equilíbrio federativo”, serão tratadas prioritariamente.

Inclusive, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ouvimos, em uma entrevista coletiva, o Presidente do Congresso Nacional, Senador Renan Calheiros, falar da importância de fazermos essa pauta de votação, de tamanha relevância, no Congresso Nacional e, especialmente, no Senado.

Acerta o Senhor Presidente da República quando afirma que, “pela primeira vez, o Brasil enfrentou uma disputa presidencial sem nenhum tipo de abalo econômico, seja antes, durante ou depois das eleições. A estabilidade é uma das conquistas que precisamos manter e ampliar”. E essa conquista, reconheço, não pertence apenas a esse Governo, mas é resultado do amadurecimento da própria democracia e de suas instituições.

O Presidente demonstrou, ainda, que não quer esquecer problemas éticos, lembrando que “deseja continuar empenhado em que os órgãos de investigação e da Justiça apurem todas as denúncias de corrupção e que os verdadeiros culpados sejam exemplarmente punidos”.

Com Lula reeleito, nosso esforço deve-se voltar para a ampliação das conquistas sociais. É importante que o Brasil resgate, definitivamente, a dívida que tem com as populações mais pobres.

Como representante de Mato Grosso neste Congresso Nacional, quero também destacar a importância de que se resgate a dívida com Regiões como o Centro-Oeste, que tanto tem contribuído para os resultados econômicos do nosso País, mas que precisa de mais investimentos no que tange à ampliação de sua infra-estrutura.

Na próxima terça-feira, dia 07, em Mato Grosso, numa iniciativa da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso, acontece o I Fórum de Infra-Estrutura, que vai discutir justamente esses problemas, procurando garantir novos investimentos em logística, de forma que nossa produção possa ser ampliada e chegue aos outros Estados e aos outros países com preço mais competitivo.

É muito importante que nosso Governo, o Governo do Presidente Lula, em sua segunda fase, atente para os problemas de Mato Grosso e garanta os investimentos que se fazem necessários em rodovias, em ferrovias, em hidrovias e em dutos, já que Mato Grosso, hoje, é o maior produtor de soja, de algodão e de carne bovina e despontará, nos próximos anos, como um dos grandes produtores de biodiesel e de álcool.

Um Estado com alta produtividade como o nosso precisa, no tempo necessário, ter infra-estrutura de escoamento da produção, porque, do contrário, terá muitas dificuldades. Hoje, Mato Grosso conta praticamente só com as rodovias, pois as ferrovias atingem pequena parte do Estado, mas acredito que a Ferronorte chegará em breve a Rondonópolis e a Cuiabá.

Temos a certeza de que o Presidente Lula concluirá a importante BR-163, conduto fundamental para que a produção mato-grossense possa chegar ao Porto de Santarém e, daí, alcançar os portos da Europa e dos Estados Unidos. A BR-163, em Mato Grosso, está asfaltada, mas precisa ser restaurada. A população do Estado e do Pará buscam, hoje, as pontes e o asfaltamento do trecho paraense. A BR-163 é tão importante para o Pará quanto o é para Mato Grosso. Essa rodovia permitirá o escoamento da produção do chamado Nortão do nosso Estado de Mato Grosso, onde a produção é grande - não é só no Nortão, mas ali é muito significativa. A saída da produção de soja, de algodão e também de carne, por Santarém, é fundamental. São significativos os frigoríficos existentes nessa região. E também é importante a entrada de fertilizantes por um preço bem mais acessível, com importação via Santarém.

Nossa expectativa, nossa certeza é a de que o Governo do Presidente Lula garantirá também a chegada dos trilhos da Ferronorte até Cuiabá e da Ferrovia Norte-Sul, na região também do Nortão, a que já me referi, até Lucas do Rio Verde, até Sorriso, que estão realmente disputando um braço da Ferrovia Norte-Sul.

Nossa expectativa é a de que a continuidade na produção de energia, que é fundamental em Mato Grosso, acontecerá. Já estamos com contrato assinado do Linhão, de Querência a Vila Rica, que chega em excelente hora - não é nem em boa hora -, porque a região do norte do Araguaia precisa não só do término do asfaltamento da BR-158, como também de energia, para que realmente deslanche, para que dê grande salto na produção. As terras são férteis, o povo é trabalhador, mas agora é que está realmente se consolidando a questão da rodovia. Todos creiam que há rodovia em Mato Grosso, como a BR-158, com cerca de 400 quilômetros ainda sem asfalto dentro do nosso Estado. Um Estado com tamanho potencial ainda tem essa necessidade. Foi retomado o asfalto da BR-158 no Governo do Presidente Lula, mas a energia também se fazia extremamente necessária, pois toda essa região é movida a motores a diesel. Agora, com a chegada do Linhão, há a certeza de que essa região vai dar grande salto no seu desenvolvimento.

A reeleição do Presidente Lula representa, mais uma vez, a vitória da esperança. Em Mato Grosso, constata-se uma alegria muito grande, uma grande expectativa com relação a esse novo Brasil que se está desenhando. E, dentro desse Brasil, certamente, existe um espaço vital e de grande importância, como já disse aqui, para o nosso Estado de Mato Grosso e para a nossa gente de Mato Grosso e do Centro-Oeste.

Com Lula, no segundo mandato, Mato Grosso, com certeza, vai avançar muito mais, assegurando um padrão de dignidade a tantos quantos vivem e trabalham em nosso Estado.

É certo também que muitos brasileiros e brasileiras, de todas as Regiões do Brasil - mais do Sul e do Nordeste, mas também do Sudeste e um pouco do Norte -, dirigiram-se para o nosso Mato Grosso, que é um Estado que recebe todo mundo de braços e corações abertos. O seu povo, que lá nasceu, e aqueles que para lá foram, realmente, merecem e precisam de um Estado de Mato Grosso com o desenvolvimento que está sendo encaminhado e com muito mais, para que possam ter sua qualidade de vida melhorada.

Há a agricultura familiar. Há questões de assentamentos, vários deles com problemas. Daí a reforma agrária ser um dos pontos essenciais para que o nosso Mato Grosso dê o salto de qualidade que buscamos e que acreditamos ser totalmente possível.

Temos a certeza de que, para aqueles que ainda não têm a terra ou para aqueles que já a têm, mas que ainda vivenciam problemas com suas pequenas propriedades - problemas ligados a crédito, ligados à regularização de suas terras -, a agricultura familiar é fundamental. É fundamental especialmente no que diz respeito à questão do biodiesel, eu diria, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores.

É preciso que os pequenos agricultores do Estado de Mato Grosso, que a agricultura familiar assuma, de uma vez por todas, uma das questões que é de fundamental relevância para nosso Estado, ou seja, a cadeia produtiva do biodiesel como um todo. Não pode o pequeno agricultor continuar a ser mero produtor da matéria-prima, aquele que entrega a matéria-prima para meia dúzia de pessoas que irão industrializá-la e para um, dois ou três que farão sua comercialização, especialmente quando esse produto, com certeza, estará sendo produzido em quantidade, inclusive para exportação. Temos de acabar com esse tipo de modelo. Queremos a cadeia produtiva e vamos trazer toda a nossa contribuição possível para que a agricultura familiar, em Mato Grosso - não apenas lá mas onde for possível ser desenvolvido o biodiesel -, Senador Valdir Raupp, ocupe realmente todos os espaços da cadeia produtiva do biodiesel como um todo, da produção, na nascente, na terra, até a comercialização e, em próximos tempos, até a exportação, inclusive. Basta que a agricultura familiar se organize de alguma maneira, por meio de cooperativismo ou de qualquer outra forma. Mas que se organize, para que seja realmente a “dona” de toda a cadeia produtiva!

Por fim, eu não poderia deixar de fazer, mais uma vez, o chamamento às mulheres brasileiras a participar da vida política de nosso País. Somos poucas ainda no enfrentamento político, mas estamos chegando lá. Por isso, quero deixar aqui meu abraço muito carinhoso às Governadoras eleitas, à minha querida companheira Ana Júlia Carepa, mulher comprometida, mulher de história no Pará. Ana Júlia, com certeza, você terá um discurso muito especial da minha parte, o que não se dará hoje. É minha queridíssima companheira Ana Júlia, de militância partidária e de Senado. Quero saudar a Governadora Yeda Crusius, do PSDB, que comandará meu Estado de origem, o Rio Grande do Sul, e a Governadora Vilma Farias, do PSB. São poucas, é certo, mas foram eleitas estrategicamente nos extremos do País: Ana Júlia, no Pará; Yeda Crusius, no Rio Grande do Sul; e Vilma Farias, no Rio Grande do Norte. Boa sorte a todas as Governadoras eleitas!

Vou dedicar outro espaço a uma fala sobre isso, porque, hoje, meu tempo está acabando e sei que outros Senadores querem falar também.

Hoje, gostaria também de falar sobre as Senadoras eleitas. São mulheres que estão chegando ao Senado. Infelizmente, algumas estão saindo, como Heloísa Helena e Ana Júlia Carepa, mas outras estão chegando, e esperamos que, em cada eleição, mais e mais mulheres cheguem não só ao Congresso Nacional, mas também às Assembléias Legislativas, aos Governos de Estado, às Prefeituras, às Câmaras Municipais.

Muito obrigada, Sr. Presidente.