Discurso durante a 178ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Leitura de nota dirigida ao povo do Rio Grande do Norte, sobre sua participação no segundo turno das eleições para governador.

Autor
Garibaldi Alves Filho (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RN)
Nome completo: Garibaldi Alves Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Leitura de nota dirigida ao povo do Rio Grande do Norte, sobre sua participação no segundo turno das eleições para governador.
Publicação
Publicação no DSF de 02/11/2006 - Página 33298
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • REGISTRO, PERDA, ORADOR, ELEIÇÃO, CARGO ELETIVO, GOVERNADOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), LEITURA, MENSAGEM (MSG), DESTINATARIO, POVO, AGRADECIMENTO, VOTO, ELEITOR, PARCERIA, COLIGAÇÃO PARTIDARIA, CUMPRIMENTO, CANDIDATO ELEITO.
  • COMENTARIO, CAMPANHA ELEITORAL, VISITA, MUNICIPIOS, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), GRAVIDADE, MISERIA, CARENCIA, AGUA, SANEAMENTO BASICO, URBANIZAÇÃO, HABITAÇÃO, AUMENTO, TRABALHO, INFANCIA, ELOGIO, BUSCA, ETICA, REITERAÇÃO, COMPROMISSO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, EXPECTATIVA, ATUAÇÃO, GOVERNO, MELHORIA, SITUAÇÃO, POPULAÇÃO.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente em exercício, Senador Marcos Guerra; Srªs e Srs. Senadores, retomo hoje a tribuna desta Casa, após participar da campanha eleitoral deste ano, disputando o Governo do Estado do Rio Grande do Norte, que já ocupei em duas oportunidades, em dois mandatos: de 1994 a 1998 e de 1998 a 2002.

Quero dar conhecimento aos meus Pares de uma nota que foi divulgada por mim após o resultado desfavorável das urnas. Quero dizer a todos que esse resultado, em absoluto, não me abateu, não me deixou, de maneira nenhuma, desanimado. Ao contrário, estou pronto para trazer minha contribuição ao Senado Federal com a experiência de quem participou de mais uma luta eleitoral e política, que leva aqueles que a disputam a um contato direto com a realidade de seus Estados e, conseqüentemente, do País.

A nota é a seguinte:

Mensagem ao povo do Rio Grande do Norte.

Ouvido o pronunciamento das urnas, a ele me submeto com a mais firme convicção de que cumpri o meu dever.

Político desde a juventude e sempre cercado pelo carinho e apoio do POVO, nunca entrou em minha prática política o temor de enfrentar qualquer desafio. Agora, permanece o sentimento de participar do embate político como meio de dar opções ao povo para seu julgamento e - na vitória ou na derrota - ser um dos instrumentos democráticos.

Neste primeiro instante, logo que conhecida a decisão popular, afirmo à multidão dos nossos eleitores [Sr. Presidente, são 749 mil eleitores num eleitorado de 2,1 milhões e num eleitorado votante de 1,6 milhão]: o resultado nos retempera para o futuro, estreitando os vínculos com o POVO. Uma palavra aos partidos que se aliaram ao PMDB (PFL, PP e PDT); aos corajosos dissidentes do PMN e do PV; e ao destemido prefeito de Parnamirim, Agnelo Alves; e a todas as lideranças que corajosamente se integraram à minha luta afirmo: tive ao meu lado nesta caminhada a solidariedade dos norte-rio-grandenses. Hoje, a maioria dos eleitores optou por outra escolha. [...]

         Por isso, aos milhares de homens e mulheres que votaram em mim e no meu companheiro de chapa, Deputado Ney Lopes, digo: a sinceridade da gratidão só é menor que o esforço para corresponder à confiança e fazer de nossa luta política o caminho firme para futuras vitórias.

Aos aliados PFL, PP e PDT, reafirmo a lealdade de nossos compromissos. Aos três valorosos Partidos, nas pessoas de seus presidentes, o senador José Agripino Maia, e aos deputados federais Nélio Dias e Álvaro Dias, faço a convocação: assumam conosco do PMDB o papel que o POVO do Rio Grande do Norte acaba de nos confiar, de sermos Oposição ao governo que acaba de ser eleito.

Para que possamos bem desempenhar a missão que o eleitorado acaba de nos outorgar, contamos com a colaboração das lideranças dos três partidos, prefeitos, vice-prefeitos e vereadores; deputados federais e estaduais; e da senadora eleita Rosalba Ciarlini, que - com certeza - terá papel fundamental no êxito da luta que hoje iniciamos.

Aos colaboradores da campanha afirmo que o inestimável esforço de cada um é reconhecido. Não desertarão, com certeza, pois estaremos juntos na próxima vitória.

Cumprimento, com o devido respeito, a governadora reeleita, Wilma de Faria. Espero que seu novo governo comece por devolver ao Rio Grande do Norte sua estatura política perdida, para que o povo possa efetivamente beneficiar-se, na justa medida, do processo de desenvolvimento do País.

Não há [Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ainda nessa minha mensagem] desencanto com o resultado das urnas. Declaro: a luta valeu a pena! Foram milhares e milhares de norte-rio-grandenses que acreditaram na nossa mensagem. Fosse apenas um já valeria o sacrifício de haver travado essa luta desigual na qual o poder avassalador do presidente da República, imposto sem barreiras nacionalmente, se aliou à prática estadual de um constrangedor populismo de clientela.

Da mesma maneira que o apóstolo Paulo, combati o bom combate e guardei a fé, Sr. Presidente. Combatendo este bom combate, não há derrota, mas só vitória e o êxito que vem do exemplo dado aos que desanimam e sucumbem.

Sim. É preciso resistir. É preciso clamar e proclamar que a política é o exercício do bem; e o exercício do bem não pode ser instrumento de dominação dos fracos e desvalidos. Basta esta postura de luta para nos dar a certeza de que venceremos.

Sr. Presidente, aqui está o meu testemunho sobre tudo aquilo que se passou nesta eleição da qual - repito e reafirmo - participei com muita alegria, com muita determinação e com muito entusiasmo, como volto a ocupar esta tribuna com os mesmos sentimentos.

Ocupando esta tribuna, quero dizer mais: percorri todo o meu Estado e pude caminhar por comunidades paupérrimas para constatar as nossas carências sociais, onde faltam as mínimas condições de uma vida digna: água, saneamento básico, drenagem, calçamento e habitação de alvenaria. E tudo isso, Sr. Presidente, contrastando com edifícios suntuosos, avisando-nos que o desenvolvimento econômico ocorre, mas que, infelizmente, não é democratizado.

Apesar de não ter logrado êxito eleitoral, talvez essa, a minha décima campanha, depois de nove vitórias, tenha sido a campanha mais bonita que disputei, pois vislumbrei uma luz em meio à escuridão ética e de propostas que vivenciamos.

Sr. Presidente, tenho certeza - e aproveito a presença da Senadora Heloísa Helena - de que o mesmo fenômeno que foi percebido no Rio Grande do Norte por mim deve ter sido percebido nos outros Estados e na campanha presidencial, nas campanhas dos colegas do Senado, Senadora Heloísa Helena e Senador Cristovam Buarque, que levaram as suas bandeiras de luta ao povo brasileiro. Senadora Heloísa Helena que nos deixa, mas que se mantém no exemplo e na luta por uma política mais ética e compromissada com os seus ideais. O Senador Cristovam Buarque que levou a todo o Brasil uma bandeira essencial que é a da educação.

Pude constatar também outras realidades ao mesmo tempo desalentadoras, mas que nos servem de exemplo para que possamos contestar que tudo está indo às “mil maravilhas”. Sabemos que não está. O trabalho infantil, por exemplo, cresceu, no Rio Grande do Norte, 28% do final de 2002 até o final de 2005. Na faixa mais crítica, das crianças de 5 a 9 anos, as quais deveriam estar brincando, estudando, recebendo o carinho dos pais, irmãos e amigos, aumentou, portanto, absurdos 60%.

É esse, Sr. Presidente, um dos desafios que o Presidente da República reeleito irá se deparar novamente. Um Presidente que obteve mais de 60% dos votos válidos, mas que não deve sucumbir a uma posição de empáfia e distanciamento desses nossos problemas, e tenho certeza de que Sua Excelência vai ser sensível a toda essa realidade que percebemos no Rio Grande do Norte e que eu já disse que é um retrato dos outros Estados da nossa Federação.

Quis ser Governador do meu Estado para continuar um trabalho que interrompi em 2002. Tive algumas felicidades durante o meu governo: a primeira foi a de ter reduzido a mortalidade infantil no meu Estado em 60%, talvez o índice mais significativo do meu Governo; a felicidade de ter levado água de qualidade para mais de um milhão de pessoas em um programa de recursos hídricos composto de adutoras, barragens, poços tubulares e dessalinizadores.

Queria ser Governador para investir prioritariamente em saneamento, para trazer uma significativa melhoria de qualidade de vida à nossa população. A cada real gasto com saneamento, Sr. Presidente Marcos Guerra, poupam-se quatro com gastos hospitalares. Até porque, antes de tratarmos das doenças das pessoas, temos que lhes dar saúde.

Sr. Presidente, vou continuar a minha contribuição, tentando, ao lado dos meus colegas, realizar as minhas idéias, apresentando os projetos que, claro, não terão, para mim, a satisfação da eficiência da adoção de medidas que adotamos no Executivo, medidas urgentes e inadiáveis, mas que aqui, no Parlamento, submetem-se ao debate mais prolongado.

Vamos voltar a investir em infra-estrutura básica de forma mais maciça; resgatar, portanto, o compromisso da classe política com a ética. E vamos, Sr. Presidente, enfrentar os desafios que temos pela frente.

O importante é que eu possa dizer, diante dos meus colegas, que eles vão deparar-se, agora, com um homem mais retemperado ainda pela luta que foi travada no Rio Grande do Norte. Chego, aqui, com o ânimo mais forte, mais convicto de que temos de lutar, cada vez mais, com relação aos desafios, cuja gravidade, muitas vezes, não temos idéia se não temos o contato direto, como eu tive, percorrendo vilas, lugarejos, cidades e favelas. Esse contato direto muitas vezes até nos traz uma tristeza muito grande. As pessoas que me acompanhavam, na campanha, me diziam isso: “Candidato Garibaldi, não se deixe abater”. Então eu dizia, Sr. Presidente, a mim mesmo que não era hora de me abater, mas de, em qualquer circunstância, ou no governo, cujo exercício não alcancei novamente, ou no Senado, voltar a lutar para que este País se torne mais humano e mais justo.

Muito obrigado a todos!

Contem comigo, de volta a este Senado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/11/2006 - Página 33298