O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há seis décadas o povo brasileiro vem contando com os préstimos do Serviço Nacional da Indústria (Sesi), que cumpre, desde 1946, a relevante tarefa de oferecer programas de cultura, educação, esporte e lazer aos trabalhadores da indústria, aos seus familiares e ao conjunto dos cidadãos.

            Promover o bem-estar social é a meta do Sesi, e 1946 foi, para o Brasil, o primeiro ano de uma nova era de paz e de bonança, após a Segunda Guerra Mundial, hecatombe de tão triste memória, que, ao banalizar o mal, resultou na morte, no sofrimento e no desterro de milhões de seres humanos.

            Após a Segunda Grande Guerra, o Brasil, que havia contribuído para a derrota das famigeradas tropas nazi-fascistas, passou a experimentar uma época áurea, de forte confiança no seu potencial e justificável esperança na grandeza do seu futuro, no seu destino manifesto, na sua vocação natural para o desenvolvimento econômico e para o progresso social.

            Nesse contexto de otimismo, o Sesi iniciou suas atividades, tão fundamentais para o setor industrial brasileiro, que vinha se expandindo em ritmo acelerado e, por isso, necessitava qualificar melhor sua mão-de-obra.

            O aperfeiçoamento do crescente número de trabalhadores da indústria logo se converteu na mais importante tarefa assumida pelo Sesi, entidade apartidária, sem qualquer filiação a correntes políticas ou ideológicas, e totalmente custeada pelo empresariado da indústria.

            Com o firme propósito de harmonizar os interesses de classe, por vezes antagônicos, o Sesi, tão- logo surgiu, passou a oferecer inúmeros benefícios aos trabalhadores, como assistência médicohospitalar, odontológica, jurídica e alimentar. Ao mesmo tempo, o Sesi oferecia cursos populares de todo gênero, como corte-e-costura, bordado e culinária, além de atividades esportivas, em clubes recreativos destinados ao trabalhador brasileiro.

            Srªs e Srs. Senadores, a missão do Sesi consiste em "promover a qualidade de vida do trabalhador e dos seus dependentes, com foco em educação, saúde e lazer, e estimular a gestão socialmente responsável da empresa industrial", e esse espírito, pioneiro e moderno, que remonta à própria criação do Sesi, tem acompanhado toda a história da Entidade.

            Vale ressaltar que os números apresentados pelo Sesi, de tão eloqüentes, falam por si mesmos, já que os vinte e sete departamentos e as duas mil, duzentas e oitenta e cinco unidades de atendimento desse verdadeiro patrimônio brasileiro trabalham em fina sintonia, oferecendo programas como o de "Educação de Jovens e Adultos", de modo a qualificar os trabalhadores brasileiros para o difícil contexto, altamente concorrencial, da economia globalizada.

            Com foco na nova atmosfera pós-globalização, o Sesi, hoje presente em 1.565 municípios, recebeu nada menos que 680 mil matrículas para os seus cursos, apenas no ano de 2005. Desse total, quase 369 mil vagas foram preenchidas por trabalhadores da indústria, e o restante por seus dependentes, todos atendidos por um corpo docente composto por pouco menos de 14 mil professores.

            Também no ano passado, o Sesi criou bibliotecas itinerantes, virtuais e fixas, em 16 das suas unidades regionais. O acervo contribui, materialmente, para o esforço da instituição, no sentido de renovar, no espírito do trabalhador brasileiro, a sua natural capacidade de empreendimento.

            A cultura empreendedora, aliás, é uma semente que deve ser plantada na consciência das crianças, dos futuros cidadãos brasileiros, a partir de iniciativas como a do programa que distribuiu, em 2005, 12 milhões de exemplares da revista "Sesinho", na qual assuntos como a qualidade de vida, a saúde e o lazer são abordados em linguagem infantil.

            Em outra frente de luta para melhorar nosso País, o "Projeto Sesi por um Brasil Alfabetizado" cadastrou 300 mil beneficiários, em 734 municípios, para com eles desenvolver um programa de alfabetização contextualizada, em que o estudante é o sujeito central da aprendizagem, a partir de uma abordagem metodológica que respeita o universo em que o saber é construído.

            De novo e sempre, a contribuição do Sesi reside na inclusão social de crianças, adolescentes e adultos, com base em projetos bem formulados, verdadeiros antídotos às profundas desigualdades socioeconômicas, étnicas e de gênero, que, lamentavelmente, deitam raízes na História do Brasil.

            Srªs e srs. Senadores, a retomada da confiança em nosso imenso potencial é um imperativo do tempo presente. Se voltarmos o nosso olhar - sem qualquer travo de negativismo, descrença ou desânimo - para a envergadura do projeto coletivo que o povo brasileiro foi capaz de edificar, ao longo do século XX; se pensarmos no quanto crescemos, social e economicamente, desde a Primeira República até os nossos dias - e no quanto ainda seremos capazes de crescer, no curso das próximas décadas -, a confiança irrestrita em nosso futuro é a síntese irretorquível que se nos impõe, em nosso feliz silogismo.

            Nada tememos. Nada haveremos de temer, e essa confiante perspectiva realiza-se na luta cotidiana de brasileiros como os 13.945 professores do Sesi, uma instituição que, nos próximos 60 anos, continuará no cerne do nosso esforço coletivo por um Brasil melhor, mais justo, mais culto e educado, mais humano e auto-realizado.

            Srªs e Srs. Senadores, termino minha fala reiterando que o Serviço Nacional da Indústria é mais um, entre tantos outros exemplos, do muito que fomos, somos e seremos capazes.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.