O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - No ano 2000, os países-membros das Nações Unidas, por unanimidade, se comprometeram a cumprir, até o ano 2015, oito objetivos necessários para reduzir a distância entre pobres e ricos, os chamados Objetivos de Desenvolvimento do Milênio: erradicar a pobreza e a fome; garantir o acesso universal ao ensino fundamental; promover a igualdade de gênero; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde materna; combater o HIV / AIDS, a malária e outras doenças; garantir a sustentabilidade ambiental; e estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.

O Fundo de População das Nações Unidas implantou um projeto denominado "Conquistando Sonhos: as Jovens Faces dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio", que é uma iniciativa intergerencial das Nações Unidas, sobre as aspirações de jovens de todo o mundo por melhores condições de vida.

O projeto contou com o apoio da Embaixada da Finlândia, do Programa dos Voluntários das Nações Unidas, do Laboratório de Estudos do Futuro da Universidade de Brasília, da Câmara dos Deputados, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS, do Banco Mundial, da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, da Campanha do Milênio das Nações Unidas e da Rede de Emprego de Jovens.

Em síntese, o projeto expõe imagens e textos sobre a vida de oito jovens em oito lugares diferentes: Brasil, Camboja, Índia, Jamaica, Marrocos, Ucrânia e Uganda (neste país há dois casos, proveniente o primeiro da periferia urbana, o outro de um campo de refugiados).

São histórias reais e comoventes, de oito jovens de diversas partes do mundo, que demonstram que a juventude de todos os locais tem muito em comum: ideais, sonhos de uma vida melhor e coragem para enfrentar e vencer obstáculos, além, é claro, de muitas dificuldades para atingir esses objetivos.

O projeto da ONU mostra algumas histórias que merecem um destaque especial: Sílvia, de 15 anos, é uma jovem de Uganda cujos pais faleceram, deixando-a sem teto e comida. Sem se deixar abater, Sílvia se dedica totalmente aos estudos, freqüentando as aulas de uma ONG católica que presta serviços comunitários e promove a melhoria da qualidade de vida e os valores espirituais daibmuhidatte.

Kaima, uma menina indiana de 12 anos, é a primeira mulher na história de sua família a aprender a ler e a escrever. Seu sonho é continuar a estudar e se tomar piloto da Força Aérea. Kaima recebe o apoio de uma ONG que tem como objetivo ajudar os jovens a enfrentar as dificuldades da transição para a fase adulta.

Anna, uma jovem soviética de 22 anos, foi forçada à escravidão sexual após o colapso da União Soviética e a morte de seu pai. Conseguiu reconstruir sua vida com a ajuda de uma organização chamada Vera, Nadezhda, Lyubov (Fé, Esperança e Caridade), que presta auxílio a vítimas do tráfico de pessoas, fornecendo abrigo, alimento, atendimento à saúde, apoio jurídico, treinamento profissional e tratamento psicológico.

Uridéia é uma jovem brasileira de 19 anos que busca um futuro melhor como chefe de cozinha, mas não consegue emprego, como milhões de outros jovens. O Instituto Lina Galvani está ajudando Uridéia e outros jovens desempregados da favela Jaguaré, em São Paulo, patrocinando aulas de culinária e facilitando seu ingresso no mercado de trabalho.

Essas são apenas algumas das muitas histórias reais e comoventes de jovens que procuram uma oportunidade de realização na vida pessoal e social e que merecem uma chance e o apoio de todos nós. O que falta aos jovens, do Brasil e do mundo inteiro, são oportunidades de realização, oportunidades muitas vezes a eles negadas por outros segmentos etários.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos nós que temos responsabilidade política e responsabilidade pública precisamos assumir o papel que nos cabe nessa enorme tarefa de oferecer condições de realização pessoal e social aos jovens do Brasil e do mundo.

Eles não são apenas a esperança de um futuro melhor para a nação. Mais que isso, são o alicerce da construção de um mundo melhor, mais solidário, mais justo e mais humano. Os jovens querem participar dos destinos do País e trazer sua colaboração para nosso desenvolvimento. Uma prova desse desejo de participação pode ser verificada pelo crescimento do número de eleitores jovens no Brasil, entre 16 e 17 anos, para os quais o voto é facultativo. Em 2002, havia 2.217.948 jovens que se cadastraram voluntariamente para votar. Em 2006, são 3.089.762 jovens eleitores voluntários, o que significa um crescimento de 39,3% em quatro anos.

Gostaria de encerrar este meu pronunciamento com as palavras do Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofí Annan, sobre o projeto "Conquistando Sonhos: as Jovens Faces dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio":

"A juventude possui energia, idéias e otimismo para fazer diferença. Trata-se de uma força para alavancar mudanças positivas. No entanto, milhões de pessoas jovens ainda vivem em condições de pobreza, exploração e desespero (...) A mensagem intrínseca é clara: se nós encararmos seriamente o compromisso de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio até 2015, devemos mobilizar os jovens hoje. Devemos investir neles; devemos aprender com eles; devemos ser seus parceiros. Enquanto estiver vendo as vidas dos oito jovens corajosos que dividiram suas tragédias mais íntimas, esperanças e sonhos com o mundo, pense sobre o que você pode fazer para ajudá-Ios a alcançar seus sonhos".

Muito obrigado.