Pronunciamento de Mozarildo Cavalcanti em 09/11/2006
Discurso durante a 182ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Considerações sobre a eleição presidencial em Roraima no segundo turno de votação e a declaração do Presidente Lula a respeito da busca da conciliação. (como Líder)
- Autor
- Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
- Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ELEIÇÕES.
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
:
- Considerações sobre a eleição presidencial em Roraima no segundo turno de votação e a declaração do Presidente Lula a respeito da busca da conciliação. (como Líder)
- Publicação
- Publicação no DSF de 10/11/2006 - Página 34228
- Assunto
- Outros > ELEIÇÕES. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
- Indexação
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- COMENTARIO, INFERIORIDADE, VOTAÇÃO, REELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ESTADO DE RORAIMA (RR), MOTIVO, NEGLIGENCIA, POLITICA FUNDIARIA, AMBITO ESTADUAL, REFERENCIA, POLEMICA, DEMARCAÇÃO, TERRAS INDIGENAS.
- EXPECTATIVA, DISPOSIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATENDIMENTO, REIVINDICAÇÃO, POPULAÇÃO, REGIÃO.
O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Roraima foi, com certeza, o local onde o Presidente Lula teve, no primeiro mandato, no segundo turno, a maior votação proporcional. Agora, nessa eleição, no primeiro turno, talvez, tenha tido a menor votação proporcional. No segundo turno, o candidato Alckmin teve a maior votação proporcional da história.
Faço esse registro, Sr. Presidente, já que o Presidente Lula está falando em conciliação, em rever métodos e em fazer um governo diferente do que fez. Espero que tenha esse mesmo espírito de reconciliação para com o povo de Roraima, povo que - repito -, na sua primeira eleição, no segundo turno, deu-lhe a maior votação. Agora, em ambos os turnos, teve a pior votação do Brasil. Por que isso aconteceu? Porque o Presidente Lula teve para com o povo de Roraima uma atitude de desconsideração de todos os pleitos apresentados aqui, ou seja, no tratamento com o funcionalismo público; na questão fundiária, no que tange às terras que estão sob o domínio do Incra indevidamente, porque éramos um território federal; nas demarcações desproporcionais de reservas indígenas, contrariando o interesse dos próprios índios que moravam na região; como também nos pedidos mais simples, como, por exemplo, um pacote de interesse de integração do Estado Bolívar, Venezuela, com o Estado de Roraima, isto é, uma integração entre Venezuela e Brasil por meio dos Estados de ambos os Países que fazem limite. Nada disso foi atendido.
Então, de maneira muito eloqüente, o povo de Roraima disse ao Presidente Lula que não concordava. Muitos diziam ao Presidente Lula que tudo isso que ele estava fazendo não pegava. E, talvez, pela pouca significação da quantidade de eleitores de Roraima, o Presidente realmente não ligou para isso.
Desse modo, pessoalmente, sinto-me tranqüilo e feliz de ver, hoje, que o Presidente Lula teve essa resposta. Portanto, espero que ele não se vá vingar do povo de Roraima fazendo pior do que fez no seu primeiro Governo. Faço aqui também um gesto de conciliação, já que ele fala nisso: que ele, agora, realmente ouça mais as pessoas de Roraima, que ali estão, os setores significativos e representativos da sociedade roraimense, começando pelos índios e não pelos seus interlocutores autonomeados, começando também pelos agricultores.
Ali existe, por exemplo, um absurdo: numa fronteira daquela, temos de praticamente expulsar de suas terras, de suas pequenas cidades, moradores que vivem na fronteira do Brasil com a Guiana e com a Venezuela. Serão praticamente extintas quatro pequenas cidades, e será desalojada a maior área de produção de arroz de Roraima, que corresponde a 25% do PIB do nosso Estado. E isso ocorrerá simplesmente porque determinado grupo de pessoas e de instituições convenceu o Presidente de que aquela era a melhor forma de fazer a demarcação.
Diante desse quadro, espero que esse gesto de conciliação do Presidente com os Partidos, a que Sua Excelência tem-se referido diariamente na televisão, estenda-se também a Roraima. E que ele não continue vendo o povo de Roraima só pela quantidade de eleitores ou de habitantes do Estado, mas que o veja pelo respeito que nosso povo merece. Tanto é verdade que nosso povo merece respeito, que a resposta foi dada nas urnas, até em desconformidade com o Brasil, mostrando claramente ao Presidente que o povo de Roraima quer ser ouvido de maneira correta, por intermédio de seus representantes - produtores, índios, empresários do setor madeireiro, agricultores em assentamentos do Incra -, para que possa realmente ser atendido.
Durante três anos, estive ao lado do Governo Lula, aprovando todas as matérias que foram apresentadas. Todavia, a partir do momento em que o Governo assumiu a posição de seguir critérios que não eram aqueles apresentados por uma Comissão Externa do Senado, coloquei-me contra a posição dele e a favor do povo de Roraima.
Reeleito Senador, proponho ao Presidente Lula que mude essa postura, que resolva os problemas expostos nos Ministérios, ouvindo os representantes do Estado, o Governador, os três Senadores, os Deputados Federais, a sociedade de Roraima, enfim, porque ela deu ao Presidente um recado: não está satisfeita com o que ele fez até aqui.
Não pretendo ser uma Oposição radical e inconseqüente. Da mesma forma, faço um gesto para que possamos ter um entendimento, mas que seja com a solução dos problemas do Estado, que são do conhecimento do Presidente.
Portanto, basta um gesto de boa vontade e de conciliação do Presidente. Se fizer isso, terá não só o meu apoio, como também, com certeza, o apoio do nosso povo.
Muito obrigado.