Discurso durante a 182ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Encaminhamento à Mesa de pronunciamento sobre a quebra do sigílo de telefone do jornal Folha de S.Paulo.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Encaminhamento à Mesa de pronunciamento sobre a quebra do sigílo de telefone do jornal Folha de S.Paulo.
Publicação
Publicação no DSF de 10/11/2006 - Página 34245
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ACUSAÇÃO, POLICIA FEDERAL, QUEBRA DE SIGILO, TELEFONE, EMPRESA, JORNALISTA, TENTATIVA, IDENTIFICAÇÃO, FONTE, ORIGEM, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, TENTATIVA, CENSURA, IMPRENSA.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, encaminho à Mesa para publicação um breve pronunciamento em que condeno a violência de que foi vítima o jornal Folha de S. Paulo em mais um passo perigoso na escalada de autoritarismo desse Governo.

Refiro-me à matéria da Folha do dia 9 de novembro último, sob o título “Telefone da Folha tem sigilo quebrado”; e subtítulo: “Pedido feito pela Polícia Federal e autorizado pela Justiça inclui 168 números que se comunicaram com envolvidos no escândalo do dossiê”.

“Advogado da Folha diz que princípio constitucional do sigilo da fonte foi ferido; já delegado da Polícia Federal afirma que o jornal não foi investigado”, que a Folha de S.Paulo não foi alvo de investigação.

Peço a V. Exª que permita constar dos Anais da Casa esta matéria e apresento à Mesa este curto pronunciamento, porque estou anotando, com muita atenção, Sr. Presidente, todos os casos que cheiram à tentativa de amordaçamento da imprensa. A planta daninha, venenosa, perigosa, vil, da ameaça às liberdades, tem de ser simplesmente extirpada dos campos da democracia brasileira. Não podemos contemplar a idéia de que a imprensa possa sofrer cerceamentos.

A Suprema Corte americana, por intermédio de um dos seus mais dignos magistrados, pontificou que a imprensa não tem de ser justa, e, sim, livre. Quando a imprensa é injusta, a ordem constitucional oferece remédios para as pessoas se queixarem, reclamando no cível ou na justiça criminal da injúria porventura sofrida. Mas não se pode impedir que alguém escreva o absurdo mais absurdo - escrever a respeito de quem quer que seja - e que depois ele pague as conseqüências do seu ato; ele próprio, jornalista, os proprietários do jornal, enfim, há lei para isso, mas não cabe a idéia da intimidação.

Então, quebra-se o sigilo telefônico da Folha de S.Paulo no fundo visando a saber quais são as fontes que estariam supostamente alimentando o jornal com denúncias contra o Governo. Isso é grave. Estou acompanhando esse fato atentamente.

Essas notícias estão virando um arquivo no meu gabinete. Nem bem começou o próximo Governo do Presidente Lula e nem bem terminou este, estou com uma pasta dedicada a agressões à liberdade de imprensa. E a pasta está crescendo, está ficando alentadinha!

Portanto, encaminho à Mesa este pronunciamento, Sr. Presidente.

Muito obrigado a V. Exª.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno)

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Matérias referidas:

“Telefone da Folha tem sigilo quebrado”.

(Folha de S.Paulo, de 9 de novembro de 2006.)

Piora percepção de corrupção no Brasil, diz ONG”.

(O Globo, de 7 de novembro de 2006.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/11/2006 - Página 34245