Discurso durante a 187ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Reflexão sobre as últimas eleições. Homenagem ao Vice-Presidente da República, José Alencar.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ELEIÇÕES. POLITICA SOCIAL.:
  • Reflexão sobre as últimas eleições. Homenagem ao Vice-Presidente da República, José Alencar.
Publicação
Publicação no DSF de 18/11/2006 - Página 34772
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ELEIÇÕES. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, HISTORIADOR, AUTOR, TEXTO, ANALISE, CHEGADA, ESCRAVO, BRASIL, COMPARAÇÃO, ELEIÇÃO, SENADO, ORADOR, NEGRO.
  • COMENTARIO, PARTICIPAÇÃO, CAMPANHA ELEITORAL, MUNICIPIOS, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), REPRESENTAÇÃO, COLIGAÇÃO PARTIDARIA, RECEBIMENTO, MANIFESTAÇÃO, POPULAÇÃO, HOMENAGEM, APOIO, ATUAÇÃO, ORADOR, AGRADECIMENTO, TEXTO, AUTORIA, CRIANÇA, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, REGISTRO, VISITA, ELOGIO, PROPRIEDADE RURAL, TRATAMENTO, ALCOOLISMO, PARQUE, ENERGIA EOLICA, CRITICA, SITUAÇÃO, RIO DOS SINOS, NECESSIDADE, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, CONGRESSO, ENTIDADE, APOSENTADO, DEBATE, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, BENEFICIO, IDOSO, TRABALHADOR, OPORTUNIDADE, APRESENTAÇÃO, ORADOR, RELATORIO, COMISSÃO MISTA, SALARIO MINIMO, APOSENTADORIA, EXTINÇÃO, FATOR, NATUREZA PREVIDENCIARIA.
  • LEITURA, TELEGRAMA, AUTORIA, ORADOR, DESTINATARIO, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, VOTO, RECUPERAÇÃO, SAUDE.
  • ANUNCIO, LANÇAMENTO, LIVRO, AUTORIA, ORADOR, DISTRITO FEDERAL (DF), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço, Senador Mão Santa. Quero lembrar que quem ler o livro deve buscar a crônica de Décio de Freitas.

Décio de Freitas é um historiador, um escritor, é branco. Quando me elegi para o Senado, ele fez uma bela crônica com o título: “Teremos Zumbi no Senado da República”. Eu o menciono, não porque ele fala de mim, mas porque faz uma reflexão da chegada dos negros ao Brasil até o momento em que, em sua avaliação, Zumbi chegava ao Senado, referindo-se à minha chegada a esta Casa após a disputa eleitoral.

Faço essa reflexão como homenagem a Décio de Freitas, que já faleceu, mas que foi um lutador, um homem que tem uma história de vida belíssima. Décio de Freitas mereceria um livro somente para contar sua vida.

Senador Mão Santa, faço um pronunciamento hoje, da tribuna, que muitos vão achar um pouco diferente e que, na verdade, vai refletir o processo eleitoral por que passamos e a jornada, a verdadeira cruzada que fiz pelo Rio Grande. Senador Mão Santa, eu o faço - grande parte do Brasil, que está assistindo à TV Senado, talvez entenda -, porque recebi alguns e-mails em que me perguntam como foi minha participação nas eleições, já que não apareci tanto quanto entendiam necessário, na televisão.

Eu explico: não mando nos programas de televisão. Quem articula, quem discute, quem encaminha isso é a equipe da coordenação. Então, faço um relato aqui, para que não fique nenhuma dúvida sobre essa caminhada em relação ao processo eleitoral.

Srªs e Srs. Senadores, o período eleitoral é sempre o momento de confrontar as idéias, de fazer afirmações de projetos ou de mudanças de rumos. O povo é soberano e, com a mesma convicção que nos elege, Srªs e Srs. Senadores, também nos afasta. Isso é a democracia, pela qual sou um apaixonado.

Tive a grande oportunidade de viajar pelo meu Estado, fazendo campanha para a chapa majoritária da Frente Popular em nível nacional e estadual.

Senador Mão Santa, foi muito bom andar pelo meu querido Rio Grande, como V. Exª andou pelo seu querido Piauí, poder conversar com os meus conterrâneos, ouvir seus anseios, seus desejos e, para não falar só de flores como diz a canção, também ouvir suas queixas e as suas frustrações. Fiz isso e foi muito bom.

Vi nos olhos do nosso povo a esperança brilhando enquanto abordávamos o que fizemos, mas também dizendo o muito que ainda há por fazer por nossa gente. Eles diziam: “Paim, nós queremos muito mais”. E eles estão certos.

Participei, Sr. Presidente Mão Santa, do Congresso Nacional da Cobap, que convidou todos os candidatos à Presidência da República para que falassem de seus projetos em relação aos aposentados, aos trabalhadores, ao nosso povo. Apresentei lá o relatório da Comissão Mista do Salário Mínimo como reivindicação dos trabalhadores e aposentados: principalmente o fim do Fator do Previdenciário, que o salário mínimo seja reajustado no ano que vem e alcance R$ 400,00 e, daí para frente, seja reajustado uma vez por ano, no mínimo conforme a inflação e o dobro do PIB e que se estenda o mesmo índice de reajuste do salário mínimo a todos os aposentados e pensionistas.

Srs. Senadores e Senadoras, tal qual as águas dos rios que terminam no oceano, as límpidas fontes dos anseios populares vêm desaguar em nós. Temos de regar nossas idéias todos os dias com as águas das fontes da decência do bem comum.

A nossa gente não quer mais ouvir a velha e surrada frase de que seremos um grande país no futuro. Os brasileiros querem viver no grande e fraterno país do presente. Este gigante chamado Brasil precisa oferecer melhores dias para o nosso querido povo.

Senhoras e senhores, viajei, como já disse anteriormente, por oitenta cidades de todas as regiões do Rio Grande. Nesse andar, eu vi toda a essência da decência, civilidade e gestos de fraternidade do povo do meu Estado.

Foi lá no planalto médio, Senador Mão Santa, na cidade de Passo Fundo, que me falou um aposentado: “Senador Paim, continue assim, lutando por mim e pelo povo. Graças ao Estatuto do Idoso, eu já não sofro mais de saudades, pois posso visitar minha filha que mora em Soledade ou o meu neto, em Monlevade”.

Soledade, meus caros, é uma cidade que fica na divisa da Serra com o Planalto. Há uma música que diz assim: “Soledade, terra de gaúcho forte, se precisar enfrenta a morte. Não liga pra tempo feio...”

Monlevade fica em Minas Gerais, terra do nosso Vice-Presidente José Alencar.

A visita a Cruz Alta, Senador Mão Santa, para mim foi muito importante. Lá estava o Prefeito Vilson Roberto, que disse que jamais esqueceria um pronunciamento que fiz no comício de sua vitória.

Na ocasião, eu falava dirigindo-me ao povo, e ele repetiu: “A noite é de chuva, e não há nenhuma estrela no céu, porque as estrelas que brilham com a chama da justiça e da liberdade estão aqui na Terra: são vocês”.

Foi lá em Cruz Alta também, terra de Erico Verissimo, que um gaúcho, trajado a rigor, me falou com muito ardor: “Senador, continue rebelde e não abra mão de seus projetos, porque eles são justos, e o povo, a qualquer custo, vai cavalgar a seu lado até que eles sejam aprovados”. É bom ouvir isso. A equipe que me acompanhava gravou, e eu faço aqui essa citação.

Outro gaúcho, que disse conhecer muito a história, me falou o seguinte: “Senador Paim, a obra O tempo e o vento, de Erico Verissimo, retrata com fidelidade por que o gaúcho não reelege governador. No diálogo, o personagem Rodrigo Cambará diz que governo existe para ser derrubado. Outro personagem, Pedro Terra, rebate: “Mas se o governo estiver certo?” Rodrigo Cambará responde: “O governo nunca está certo!”.”

Outro me falou o seguinte: “Os estudiosos dizem que não reeleger governador é coisa que os gaúchos aprenderam com nossos vizinhos uruguaios”.

Já outro gaudério, um desses gaúchos de quatro costados, gritou lá do canto: “Só sei dizer que hoje a história se repetiu, e o atual Governador já está derrotado”.

O Rio Grande tem uma história de tradição, que aqui reproduzi, de não reeleger governador.

Nos campos de cima da Serra, onde prevalecem a pecuária e a agricultura, visitei Lagoa Vermelha, onde fui muito bem recebido pelo Prefeito em exercício, Getúlio Cerioli. Cheguei lá em meio à cerimônia em que ele estava sendo empossado. Foram fotos e entrevistas para todos os lados. Foi uma festa, Senador Mão Santa.

Andei na serra gaúcha, nas cidades de Farroupilha, Carlos Barbosa, Bento Gonçalves e Caxias do Sul, minha terra natal. Nos campos de cima da serra, fui também a Vacaria. Mas o que ouvi todos os dias, em todos os lugares, foi: “Continue assim, Senador, trabalhando com humanidade, pois todos os estatutos de sua autoria são obras de fraternidade e só querem o bem comum, paz, amor e felicidade”.

Fui a São Lourenço do Sul, caminhei com o Prefeito Zé da Gaita, o grande Zé da Gaita! Depois fui a Pelotas e Rio Grande. Passei pela linda reserva ecológica do Taim, local onde a natureza resiste e preserva os animais que vivem em seu território natal.

Em Santa Vitória do Palmar, no extremo sul, no Chuí, onde o Brasil Florão da América termina e começa o Uruguai, vieram gaúchos a cavalo para assistir ao nosso palavreado. Santa Vitória nos recebeu com fogos de artifício e com churrasco assado na lenha: ovelha assada inteira, feijão e arroz de carreteiro, cardápio típico da nossa gente querida lá da fronteira.

Foi ali, num grande comício, que falei ao lado do Prefeito Batata, que me recebeu com grande carinho: “Na mesma praça, no mesmo banco, as mesmas flores, os mesmos jardins, estou feliz porque hoje vejo a cidade sorrir para eleger Olívio Governador e Lula Presidente do Brasil”. Foi o momento em que fui mais aplaudido - claro que fui buscar inspiração na canção muito bonita “Na mesma praça”.

Lá também, Senador Mão Santa, que é cidade de fronteira, um doble chapa me falou em seu portunhol: “Contiue assim, Senador, fiel ao seu povo e ao seu trabalho. O senhor é um dos tribunos do Rio Grande, dos trabalhadores, dos aposentados, o Senador do salário mínimo! Senadores são quase cem e convencer homens de bem é uma tarefa fascinante. O senhor há de conduzir entre seus pares um novo tempo de progresso que vai alcançar todos os lares”.

Senhoras e Senhores, os “doble chapa” são cidadãos que têm dupla cidadania. São filhos de brasileiros e uruguaios. Eles exercem o seu direito de votar nos dois países. São ardorosos militantes nas campanhas políticas tanto no Brasil quanto no Uruguai.

Também fui ao Litoral Norte para fazer campanha em Osório, onde fui muito bem recebido pelo Prefeito Romildo, do PDT, que declarou apoio à Frente Popular. Mas, quando entrei na Freeway, lembrei-me de que, ainda Deputado, apresentei um projeto para que se chamasse Rodovia Luiz Carlos Prestes, mas os conservadores não deixaram e o projeto foi reprovado. Prestes foi o lutador das causas populares. Prestes foi um revolucionário. Prestes foi um homem do bem. Da rodovia, palco dessa discussão que enfrentei e não me arrependo, vi o parque eólico em pleno funcionamento. São muitos cata-ventos gerando eletricidade com as forças do vento. É uma obra de grande dimensão. Espero que muitos parques como esse se espalhem pela Nação, gerando energia limpa sem causar poluição.

Estive em Imbé, com o Prefeito Jadir que, com muito carinho, me recebeu e manifestou também o apoio à Frente Popular. Ele, do PMDB. Passei por Capão da Canoa, Tramandaí e Torres, onde visitei um CTG com os gaúchos de bombacha e as prendas de vestido longo. Lá tinha um chimarrão bem servido. É a nossa tradição! Lá, mais uma vez, ouvi: “Continue assim, Senador, com as suas convicções, porque a gauchada que não se curva, lhe estende a mão! Viva Zumbi dos Palmares! Viva Sepé Tiarajú! Leve daqui um abraço do tamanho do Rio Grande, mas que eu sei - disse ele - que é do Brasil, do Oiapoque ao Chuí”.

Estive em Maquiné com o Prefeito Pedro Nicolau, com quem tive um bom diálogo. Lá pude mais uma vez colocar meus olhos naquela linda região da Mata Atlântica. Não há quem não se encante frente a tamanha beleza! Mantê-la viva, Sr. Presidente, é a nossa maior façanha.

Mas foi em Santo Antonio da Patrulha, com o Prefeito José Francisco, que é da Oposição, em um encontro com homens e mulheres de cabelos brancos, que fiquei muito impressionado com as demonstrações de carinho dos idosos, aposentados ou não. Foram mais de 2.000 mil pessoas no salão! Os idosos não querem compaixão. Eles têm consciência que construíram esta Nação. Querem os seus direitos e com toda a razão. Querem ser tratados com respeito por tudo que fizeram. Eles querem o fim do fator previdenciário e a manutenção, Senador Mão Santa, do valor de compra dos seus salários. É um direito da nossa gente. Eles também me disseram: “Continue assim, Senador”. Ali, Senador Mão Santa, fui abraçado por lutadores do Partido dos Trabalhadores, mas também pelos adversários.

Em Venâncio Aires, lá, Zezinho, eu falei com o Nestor, Sindicalista, Vereador, Líder do PDT, que declarou - e fez questão na minha presença: “Senador Paulo Paim, eu apóio Lula Presidente e Olívio Governador”.

Em Santa Cruz do Sul, fiz palestras para os vigilantes em congresso estadual, apoiando projeto original do Chico Vigilante, hoje Deputado Distrital; aqui no Senado, o Relator foi o Senador Romeu Tuma, e já está aprovado.

Também fui na região carbonífera, pois o Rio Grande tem a maior reserva de carvão do País. Estive em Arroio dos Ratos e nas Minas do Leão. A região quer melhores condições, pois sabe que seu carvão é uma grande solução para resolver os problemas de energia da Nação.

Também fui a Butiá, Charqueadas e São Jerônimo, onde o povo gritou com a maior tranqüilidade: “É isto aí, Senador Paim, continue assim!”

Lembro-me do Jaime, Prefeito, agora independente, porque saiu do PT, dizendo: “Senador e Valdeci - Valdeci foi o coordenador da campanha do Lula no nosso Estado - vou com a Frente Popular porque aqui é meu lugar”.

Grande Jaime, Senador Mão Santa.

Na região metropolitana, tive atividades e em Porto Alegre participei do Encontro Estadual dos Profissionais em Segurança Pública, apoiando o seu direito a ter aposentadoria especial, já que estão sendo discriminados em relação aos outros Estados.

Fui no Parque da Harmonia, na Semana Farroupilha, de que V. Exª fala tanto aqui, encontrar-me com a minha gente nessa linda festa cívica que comemora a Revolução dos Farrapos: 10 anos de luta nas coxilhas, foram muitos os nossos heróis que tombaram na luta contra o poder imperial. Lembramos aqui muitas vezes dos lanceiros negros, morreram, mas não se entregaram. Mas lembremos também que muitos homens e mulheres, brancos e negros, tombaram, mas ficaram até o fim, lado a lado. Como diz o Hino do Rio Grande: “Sirvam as nossas façanhas de modelo a toda a terra”.

O fato mais triste dessa campanha foi - e já comentei aqui - andar à beira do querido rio dos Sinos. É um retrato dantesco ver o rio pedindo socorro e os peixes agonizando por falta de oxigênio. É a mãe natureza chamando e dizendo: ajudem, eles estão morrendo.

Se nós, homens, temos a capacidade de assassinar um rio e toda vida que vive nele, tenho certeza de que podemos salvá-lo não somente com medidas punitivas, mas educativas.

Com o apoio desta Casa, tenho certeza, caminharemos juntos para salvar o rio dos Sinos, o rio da nossa mocidade. Há uma canção original gaúcha que diz assim, em defesa das águas: “Não deixe morrer meu rio, me ajude, por favor... O Biguá que mergulhava já morreu, o Aguapé não dá mais flor (...)”

Sr. Presidente, depois dessa passagem pelo rio, estive em Esteio, Sapucaia, Igrejinha, Estância Velha, Taquara, Parobé, Nova Hartz, Portão, São Sebastião do Caí.

Em São Leopoldo, estive inúmeras vezes. Fiz comícios e palestras para os trabalhadores empregados e desempregados, para os negros, brancos, deficientes, sindicalistas e aposentados.

Visitei também Alvorada. Estive com o ex-Prefeito Ridi e o atual Prefeito Alex. Em Cachoeirinha, estive com Stédile, do PSB; em Gravataí, com o ex-Prefeito Bordion e com o atual Prefeito Sérgio. Fui depois a Sapiranga, Campo Bom, Canoas, Eldorado do Sul, Guaíba, terra do Marcão, que além de nosso assessor é nosso motorista. Que Deus o ajude muito pela importância do trabalho que exerce para todos nós.

Participei de muitas atividades com Olívio, Jussara, Bernadete, Rossetto e Lula. Foram comícios, palestras e caminhadas.

Cumpri a orientação partidária, Senador Mão Santa. No primeiro turno, fui dar todo o apoio a Rossetto. Fizemos, inclusive, uma carta pessoal de apoio ao nosso candidato a Senador. No segundo turno, dobramos os esforços para Lula Presidente e Olívio Governador.

No comício de Porto Alegre, o povo chorou quando Lula falou. No de Alvorada e Caxias a emoção tomou conta de todo o povo, com o refrão: “Lula veio para ficar e o Olívio para o governo vai voltar”.

O de Canoas superou a tudo, não tinha explicação. Eram cerca de quarenta mil pessoas gritando: “É Lula lá, Olívio aqui”. Era um mar de bandeiras vermelhas, azuis, amarelas, brancas, roxas, era pura paixão.

Estive também, Sr. Presidente, em Novo Hamburgo, onde recebi, na Escola Fundamental Sagrado Coração de Jesus, um poema declamado pelo aluno Jackson Nander de Almeida Zanuni, de autoria do mesmo, que é deficiente visual, e deixo-o aqui registrado.

Com o Deputado Tarciso...

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI. Fazendo soar a campainha.) - Senador, o vosso tempo regimental acabou, mas prorrogo por mais cinco minutos. Mas depois, V. Exª desejando, terá mais tempo.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Só quero concluir, Sr. Presidente, para que não fique nenhuma dúvida da minha responsabilidade nessa caminhada.

Com o Deputado Tarcisio Zirmermann e o Ronaldo Zulke, estive em Novo Hamburgo e fiz uma visita à Fazenda Renascer, que trabalha para curar as pessoas dependentes de bebidas e de drogas.

Foi um momento muito educativo, pois falamos do mal causado pelas bebidas e pelas drogas. Sempre achamos que isso não vai acontecer conosco, construímos um escudo protetor invisível para nossos familiares. É um grande engano, quando percebemos, já será tarde, eles já entraram em nossas casas e levaram nossos filhos.

Na Fazenda Renascer, as pessoas buscam a internação por vontade própria. A fazenda, Senador Mão Santa, só recebe pacientes que queiram efetivamente se internar por livre e espontânea vontade. 

Esta Casa tem de trabalhar muito para que nossas fronteiras não sejam um paraíso onde o narcotráfico passe com sua mercadoria, que só traz morte e desgraça.

Fui a Santa Maria, Lajeado, Teutônia.

Na cidade de Montenegro, visitei a Escola Estadual de Ensino Fundamental Delfina Dias Ferraz e recebi das mãos de Janice Pereira de Araújo, deficiente visual, um poema lindo de sua autoria:

Para o amigo Paulo Renato Paim

Anjo amigo:

Estive sozinha

Perdida, sem ninguém

O mundo era sombrio e vazio

E muito triste também

Eu andava por caminhos

Era tudo escuridão

Silencioso só solidão

Mas vi que uma imagem

No ar refletia

Dando-me uma mensagem

De paz e harmonia.

Não tenha medo de mim

Vou te proteger

Seguir seus passos onde

Estiver

E estar contigo

Para o que der e vier

Não fujas de mim.

Não tem mais perigo

Porque eu sou e sempre serei

O seu anjo amigo.

Um abraço da amiga Janice.

Muito obrigado, Janice. É muito bom saber que uma criança, de doze ou treze anos, escreveu essa poesia e remeteu-a para mim.

Sr. Presidente, fui depois a Santiago do Boqueirão, onde uma senhora me disse: “Continue assim, Senador, trabalhando sempre com humildade, pois o Congresso Nacional vai aprovar o Estatuto da Igualdade Racial e fazer justiça no combate a essa desigualdade”.

Também andei por Missões, Fronteira Oeste, Quaraí, Santana do Livramento, Alegrete, terra de Mário Quintana, poeta e velho menino que queria ser “estrela para iluminar a lua e aquecer a alma tua, minha, de todos”.

De São Gabriel, jamais vou esquecer o quadro que trouxe para o meu gabinete e que recebi de Paulo César Lederes, um grande produtor de arroz da região, que diz:

A Terra dos Marechais quero exaltar neste ato, chimangos e maragatos, farrapos e imperiais, aqui Sepé Tiaraju tombou sobre o nosso capim, São Gabriel é assim bem mais amor do que guerra, hoje os filhos dessa terra saúdam o Senador Paulo Paim.

Também fui a Dom Pedrito, Bagé, Candiota e Pinheiro Machado. Na estrada, olho para o lado e vejo a história do meu povo.

Senador Mão Santa, no Cerro dos Porongos, o 1º Regimento dos Lanceiros Negros, combatentes, guerreiros, foram atacados à traição, foram assassinados porque não abriram mão de termos um país sem escravidão.

Numa homenagem a essa região, declamei um poema, que não vou aqui declamar, chamado “Negros Lanceiros”.

Noite de Porongos

Noite da traição.

Lanceiros, sei a noite em que morreram

(...)

Não sei o dia em que nasceram.

(...)

Enfim, vocês tombaram pela liberdade, pela igualdade, pela justiça.

Foram mais de 80 cidades, mais de 10 mil quilômetros rodados, mais de 150 entrevistas para rádios, jornais e televisão.

Em todos os debates, Senador Mão Santa, tive o cuidado de seguir o conselho de meu pai, Ignácio Alves Paim, já falecido, que sempre me dizia: “Respeite os adversários e nunca humilhe os inimigos”.

Tive certamente contato pessoal com mais de 200 mil gaúchos e gaúchas, e as palavras que mais ouvi foram: “Continue assim, Senador!”

Termino minha fala, Sr. Presidente, agradecendo a V. Exª a tolerância e dizendo que também esteve conosco, em Porto Alegre...

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senador Paulo Paim, prorroguei o seu tempo por mais cinco minutos, pois o que V. Exª está usando é pouco. Lembro-me do Senador Paulo Brossard, que fazia discursos cuidadosos, buscando as palavras de nossa língua que melhor se adaptassem. S. Exª demorava mais de duas horas, mas o Piauí e o Brasil o aplaudiam, como agora estamos aplaudindo o Senador Paulo Paim.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Sr. Presidente Mão Santa, agradeço a V. Exª.

Quero terminar fazendo uma homenagem ao José Alencar, Vice-Presidente da República, que conquistou o coração dos gaúchos e das gaúchas e que esteve comigo num grande comício em Porto Alegre.

Faço questão de ler um telegrama que encaminhei a S. Exª, porque vou transformar esse pequeno pronunciamento em uma separata.

Caro amigo José Alencar,

Mesmo à distância, estou acompanhando este momento difícil de sua vida. Desejo, mais uma vez, expressar minha enorme admiração e apreço por Vossa Excelência. Sem abrir mão de suas convicções, o amigo foi fundamental para que um operário chegasse à Presidência da República e se reelegesse. Sua história de vida é um exemplo para todos nós. Tenho absoluta certeza de que sua operação nos Estados Unidos será - como é - vitoriosa. Aguardamos ansiosamente a sua volta para casa e que assim possamos vê-lo reassumir a vice-presidência da República, para o bem do povo brasileiro.

Sr. Presidente, eu tinha de fazer esse balanço. Talvez muitos pensem: “Por que ele está fazendo esse balanço do Rio Grande do Sul para o Brasil?” Senador Mão Santa, serei muito sincero e concluirei.

Durante a época eleitoral, todos são amigos. Termina a época eleitoral, começam pequenas agulhadas desnecessárias. Esse balanço é um demonstrativo para aqueles que não entendem e desconhecem a nossa história, caminhada e coerência. Graças a Deus, V. Exª é um pouco testemunha disso tudo, pela minha forma de atuar aqui no Congresso.

Lançarei meu livro O Rufar dos Tambores em Brasília e no Rio de Janeiro. Quem sabe irei ao Piauí para lançá-lo, a convite de V. Exª. Os tambores continuam rufando.

Sempre digo que para mim é fundamental que os palácios de Brasília, inclusive o Congresso, ouçam a batida do tambor, do pandeiro, do tamborim e o barulho dos homens e mulheres nas ruas, que não ouçam somente o som do piano. Não é que eu não goste do piano ou do violino, mas quero também que o tambor seja ouvido em Brasília.

Obrigado, Sr. Presidente.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR PAULO PAIM.

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O Paulo Paim (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, o período eleitoral é sempre o momento de confrontar as idéias, de afirmações de projetos ou de mudanças de rumos.

O povo é soberano e com a mesma convicção que nos elegem, Srs. Senadores, também nos afastam.

Eu tive a maravilhosa oportunidade de viajar pelo meu Estado, fazendo campanha para a chapa majoritária da Frente Popular, em nível nacional e estadual. Andar pelo meu querido Rio Grande do Sul, poder conversar com meus conterrâneos, ouvir seus anseios, seus desejos e, para não falar só de flores, também ouvir suas queixas e suas frustrações.

Vi nos olhos do nosso povo a esperança brilhando, enquanto abordávamos o que fizemos, mas também dizendo o muito que ainda há por fazer pela nossa gente que merece muito mais.

Participei do Congresso Nacional da Cobap, que convidou os candidatos à Presidência da República para falar dos seus projetos em relação aos aposentados. Apresentei o Relatório da Comissão Mista do Salário Mínimo como reivindicação dos trabalhadores e aposentados. Principalmente o fim do Fator Previdenciário, e que o salário mínimo seja reajustado para R$400,00 em 2007, daí para frente o reajuste seja no mínimo a inflação e o dobro do PIB. O mesmo índice de reajuste do SM será estendido para todos os aposentados.

Sras e Srs. Senadores, como diz a canção, as águas dos rios correm para os oceanos. Nós, Senadores, temos de ser como os oceanos, onde as límpidas fontes dos anseios populares vêm desaguar, e temos de regar nossas idéias todos os dias nas fontes da decência e do bem comum.

A nossa gente não quer mais ouvir a velha e surrada frase de que seremos um grande País no futuro. Os brasileiros querem viver no grande e fraterno País do presente. Este gigante chamado Brasil precisa oferecer melhores dias para o nosso povo querido.

Sras e Srs. Senadores, viajei por 80 cidades de todas as regiões do Rio Grande. Nesse andar eu vi toda a essência da decência, civilidade e gestos de fraternidade do povo do meu Estado...

Foi lá no planalto médio, na cidade de Passo Fundo , que me falou um aposentado: “Senador Paim, continue assim lutando por mim e pelo povo. Graças ao Estatuto do Idoso eu já não sofro mais de saudades, pois posso visitar minha filha que mora em Soledade, ou o meu neto em Monlevade”.

            Soledade, meus caros, é uma cidade que fica localizada na divisa da serra com o planalto. Tem até uma música que diz assim: “Soledade terra de gaúcho forte, se precisar enfrenta a morte. Não liga prá tempo feio ...”

Monlevade fica em Minas Gerais, terra do nosso Vice-Presidente José Alencar.

Em Cruz Alta fui muito bem lembrado pelo Prefeito Vilson Roberto, que disse que jamais esqueceria as palavras que eu havia dito no comício de sua vitória. Na ocasião eu falei: “A noite é de chuva e não há nenhuma estrela no céu, porque as estrelas que brilham com a chama da justiça e da liberdade estão aqui na Terra e são vocês”.

            E foi lá, em Cruz Alta também, terra de Érico Veríssimo, que um gaúcho, trajado a rigor, me falou com ardor: “Senador, continue rebelde e não abra mão de seus projetos , pois eles são justos e o povo, a qualquer custo, vai cavalgar ao seu lado até que eles sejam aprovados”.

            Outro gaúcho que disse conhecer a história me disse: “Senador Paim, a obra O tempo e o Vento, de Érico Veríssimo, retrata com fidelidade por que o gaúcho não reelege governador. No diálogo, o personagem Rodrigo Cambará diz que governo existe para ser derrubado! Outro personagem, Pedro Terra, rebate: Mas se o governo estiver certo? Rodrigo Cambará rebate: Governo nunca está certo!”

E um outro me falou o seguinte: “Os estudiosos dizem que não reeleger governador é uma coisa que os gaúchos aprenderam com nossos vizinhos uruguaios”.

Outro gaudério, um desses gaúchos de quatro cortados gritou meio extraviado: “Só sei dizer que hoje a história se repetiu e o atual Governador já está derrotado”.

Nos campos de cima da Serra, onde prevalece a pecuária e a agricultura, visitei Lagoa Vermelha, onde fui muito bem recebido pelo Prefeito em exercício, Getúlio Cerioli. Cheguei lá em meio à cerimônia em que ele estava sendo empossado. Foram fotos e entrevistas para todos os lados.

Andei na serra gaúcha nas cidades de Farroupilha, Carlos Barbosa, Bento Gonçalves e Caxias do Sul. Nos campos de cima da serra também fui em Vacaria. Mas o que ouvi todos os dias, em todos os lugares, foi: “Continue assim Senador, trabalhando com humanidade, pois todos os estatutos de sua autoria são obras da fraternidade e só querem o bem comum, paz, amor e felicidade”.

Em São Lourenço do Sul, caminhei com o Prefeito Zé da Gaita. Depois fui a Pelotas e Rio Grande. Passei pela linda reserva ecológica do Taim, local onde a natureza resiste e preserva os animais que vivem em seu território natal.

Em Santa Vitória do Palmar, no extremo sul, no Chuí, onde o Brasil Florão da América termina e onde começa o Uruguai, vieram gaúchos a cavalo para assistir a nosso palavreado. Santa Vitória nos recebeu com muitos fogos de artifícios e com churrasco assado na lenha: ovelha assada inteira, feijão e arroz de carreteiro - cardápio típico da nossa gente da fronteira.

Foi ali, num grande comício, que falei, ao lado do Prefeito Batata, o qual me recebeu com grande carinho: “Na mesma praça, no mesmo banco, as mesmas flores, os mesmos jardins, estou feliz porque hoje vejo a cidade sorrir para eleger Olívio Governador e Lula Presidente do Brasil.

Lá também, um doble chapa me falou com seu “portunhol”: “Continue assim, Senador, fiel ao seu povo e ao seu trabalho. O senhor é o tribuno do Rio Grande, dos trabalhadores e aposentados, o Senador do salário mínimo! Senadores são quase cem e convencer homens de bem é uma tarefa fascinante. O senhor, homem brilhante, há de conduzir entre seus pares um novo tempo de progresso que alcance todos os lares .”

Sras. e Srs. Senadores, os “doble chapa” são cidadãos que têm a dupla cidadania. São filhos de brasileiros e uruguaias ou vice-versa. Eles exercem o seu direito de votar nos dois países. São ardorosos militantes nas campanhas políticas do Brasil e do Uruguai.

Também fui ao Litoral Norte para fazer campanha em Osório, onde fui muito bem recebido pelo Prefeito Romildo, que declarou apoio à Frente Popular. Quando entrei na Freeway me lembrei que apresentei um projeto para que ela se chamasse Rodovia Luiz Carlos Prestes, mas, os conservadores não deixaram e o projeto foi reprovado. Prestes foi um lutador das causas populares. Da rodovia, palco dessa discussão, vi o parque eólico em pleno funcionamento. São muitos cata-ventos gerando eletricidade com a força dos ventos. É uma obra de grande dimensão. Espero que muitos parques como esse se espalhem pela nação, gerando energia limpa, sem causar poluição.

Estive em Imbé, com o Prefeito Jadir, que calorosamente me recebeu e manifestou seu apoio à Frente Popular. Passei por Capão da Canoa, Tramandaí, e Torres, onde visitei um CTG com os gaúchos de bombachas e as prendas de vestidos longos e no qual havia um chimarrão bem servido. É a nossa tradição! Lá, mais uma vez, ouvi: “Continue assim, Senador, com as suas convicções, porque a gauchada que não se curva, mas lhe estende a mão! Viva Zumbi dos Palmares! Viva Sepé Tiarajú! Leve daqui um abraço do tamanho do Rio Grande, mas que eu sei que é do Brasil, do Oiapoque ao Chuí”.

Estive em Maquiné, com o Prefeito Pedro Nicolau, com quem tive um bom diálogo. Lá pude mais uma vez colocar meus olhos naquela linda região da mata atlântica, não há quem não se encante, frente à tamanha beleza! Mantê-la viva é a nossa maior façanha!

Mas foi em Santo Antônio da Patrulha, com o Prefeito José Francisco, num encontro com homens e mulheres de cabelos brancos, que fiquei muito impressionado com as demonstrações de carinho dos aposentados. Foram mais de 2 mil pessoas no salão! Os idosos não querem compaixão. Eles têm consciência de que construíram a Nação, querem os seus direitos e com toda razão. Querem ser tratados com respeito por tudo o que fizeram. Eles querem o fim do fator previdenciário e a manutenção do valor de compra de seus salários!

É um direito da nossa gente! Eles também me disseram: “Continue assim, Senador!”. Ali fui abraçado por lutadores do Partido dos Trabalhadores e até pelos adversários.

Em Venâncio Aires falei com o Nestor, Sindicalista, Vereador e Líder do PDT, que declarou apoio a Lula Presidente e Olívio Governador.

Em Santa Cruz do Sul fiz palestra para os vigilantes em Congresso Estadual apoiando projeto original do Chico Vigilante nº 3742/92, de que o Senador Romeu Tuma foi Relator.

Também fui na Região Carbonífera, pois Rio Grande tem a maior reserva de carvão do País. Estive em Arroio dos Ratos e nas Minas do Leão. A região quer melhores condições, pois sabe que seu carvão é uma grande solução para resolver os problemas de energia e da nação.

Também fui a Butiá, Charqueadas e São Jerônimo, onde o povo gritou para mim: “Senador Paim, continue assim!”

Lembro-me do Jaime Prefeito, agora independente dizendo: “Senador e Valdeci (Coordenador da campanha do Lula no nosso estado), vou com a Frente Popular porque aqui é meu lugar Grande Jaime!

Na região metropolitana, tive muitas atividades e, em Porto Alegre, participei do Encontro Estadual dos profissionais em Segurança Pública apoiando o seu direito a ter aposentadoria especial, já que eles estão sendo discriminados em relação a outros Estados.

Fui ao Parque da Harmonia, na Semana Farroupilha, encontrar-me com a minha gente, nessa linda festa cívica que comemora a Revolução Farroupilha: 10 anos de lutas nas coxilhas, foram muitos os nossos heróis, que tombaram na luta contra o poder imperial, lembramos dos Lanceiros Negros, morreram mas não se entregaram.

            Como diz o Hino do Rio Grande: Sirvam nossas façanhas de modelo a toda a terra!

O fato mais triste de toda a campanha foi a mortandade de toneladas de peixes no Rio dos Sinos, rio onde nadei e pesquei e passei momentos felizes quando acampava em suas margens junto com familiares e amigos para pescar e churrasquear. É um retrato dantesco ver o Rio pedindo socorro e os peixes agonizando por falta de oxigênio! É a mãe natureza chamando e dizendo: “Eles estão morrendo.”

Se nós, homens, temos a capacidade de assassinar um rio e toda a vida que vive nele, tenho certeza que podemos salvá-lo não somente com medidas punitivas mas com medidas educativas.

Com o apoio desta Casa, tenho certeza de que caminharemos juntos para ajudar a salvar o Rio dos Sinos, o rio da nossa mocidade. Há uma canção regional gaúcha que diz assim: “Não deixe morrer meu rio, me ajude ,por favor... O Biguá que mergulhava já morreu, o Aguapé não dá mais flor...”

Estive também em Esteio, Sapucaia, Igrejinha, Estância Velha, Taquara, Parobé, Nova Hartz, Portão, São Sebastião do Caí.

Em São Leopoldo estive inúmeras vezes, fiz comícios e palestras para os trabalhadores empregados e desempregados, para os negros, brancos, deficientes, sindicalistas e aposentados.

Visitei também Alvorada, com o ex-prefeito Ridi e o atual Prefeito, Alex. Em Cachoeirinha com o Stedile do PSB, em Gravataí com o ex-prefeito Bordion e com o atual Prefeito Sérgio. Fui depois a Sapiranga, Campo Bom, Canoas, Eldorado do Sul, Guaíba, terra do Marcão, nosso assessor e motorista.

Participei de muitas atividades com Lula, Olívio, Jussara, Bernadete e Rossetto. Foram comícios, palestras, caminhadas.

Cumpri a orientação partidária. No primeiro turno fui dar todo o apoio ao Rossetto, fizemos inclusive uma carta pessoal de apoio ao nosso candidato a Senador. No segundo turno dobramos os esforços para Lula Presidente e Olívio Governador.

No comício de Porto Alegre o povo chorou quando Lula falou. No de Alvorada e Caxias a emoção tomou conta do povão com o refrão: “Lula veio para ficar e o Olívio para o Governo vai voltar”.

O de Canoas superou a tudo, não tinha explicação. Eram cerca de 40 mil pessoas gritando “É Lula lá, Olívio aqui”. Era um mar de bandeiras vermelhas, azuis, amarelas, brancas, roxas, era pura paixão.

Estive também em Novo Hamburgo, onde recebi, na Escola Fundamental Sagrado Coração de Jesus, poema declamado pelo aluno Jackson Nander de Almeida Zanuni, de autoria do mesmo, que é deficiente visual e que faço questão de ler:

Hoje é o dia certo

Para você amar,

Sonhar, ousar, produzir,

Acreditar, ser feliz.....

Cada dia, um dia:

            Cada sorriso, um sorriso

Cada pessoa, um mundo;

Cada sonho, um degrau:

Cada passo, um risco;

Cada erro, uma oportunidade de aprender.....

Com o Deputado Tarcisio Zimermann e o Ronaldo Zulke, estive em Novo Hamburgo e fiz uma visita à Fazenda Renascer, que trabalha para curar as pessoas dependentes de bebidas e drogas.

Foi um momento muito educativo para mim, pois falamos do mal causado pelas bebidas e pelas drogas. Mas no fundo sempre achamos que isso só acontece com os outros e construímos um escudo protetor invisível para nós e nossos familiares.

É um grande engano, quando percebemos já é tarde. Eles já entraram em nossas casas e levaram os nossos filhos.

Na Fazenda Renascer as pessoas, em sua maioria, buscam a internação por vontade própria. A fazenda só recebe pacientes que querem efetivamente se internar por livre e espontânea vontade. É um trabalho sério de combate às drogas, que destroem vidas e famílias.

Esta casa, meus caros, tem de trabalhar para que nossas fronteiras não sejam um paraíso onde o narcotráfico passe com a sua mercadoria, que só traz mortes e desgraça.

Fui para Santa Maria, Lajeado e Teutônia.

Na cidade de Montenegro visitei a Escola Ensino Especial Fundamental Delfina Dias Ferraz e recebi das mãos de Janice Pereira de Araújo, deficiente visual, um poema de sua autoria que diz assim:

Para o amigo Paulo Renato Paim

Anjo amigo:

Estive sozinha

Perdida sem ninguém

O mundo era sombrio e vazio

E muito triste também

Eu andava por caminhos

Era tudo escuridão

Silencioso só solidão

Mas vi que uma imagem

No ar refletia

            Dando-me uma mensagem

De paz e harmonia

Não tenha medo de mim

Vou te proteger

Seguir seus passos onde

Estiver

E estar contigo

Para o que der e vier

Não fujas de mim

Não tem mais perigo

Porque eu sou e sempre serei

O seu anjo amigo

Um abraço da amiga Janice.

Em Santiago do Boqueirão uma moça me disse: “Continue assim, Senador, trabalhando sempre com humildade, pois o Congresso Nacional vai aprovar o Estatuto da Igualdade Racial e fazer justiça no combate a essa desigualdade!”

Também andei nas Missões, Fronteira Oeste, Quaraí, Santana do Livramento, Alegrete, terra de Mário Quintana, poeta e velho menino que queria ser estrela para iluminar a lua e aquecer a alma tua, minha, de todos.

De São Gabriel, jamais vou me esquecer do quadro que recebi de Paulo César Lederes que diz: “A Terra dos Marechais quero exaltar neste ato, chimangos e maragatos, farrapos e imperiais, aqui Sepé Tiaraju tombou sobre o nosso capim, São Gabriel é assim bem mais amor do que guerra, hoje os filhos dessa terra saúdam o Senador Paulo Paim”.

Também fui a Dom Pedrito, Bagé, Candiota e Pinheiro Machado, na estrada, olho para o lado e vejo a história do meu povo.

Lá no Cerro dos Porongos, o 1º Regimento dos Lanceiros Negros, combatentes, guerreiros, foram atacados à traição, foram assassinados porque não abriam mão de termos um país sem escravidão.

Numa homenagem a eles fiz o poema:

            Negros Lanceiros

Noite de Porongos

Noite da traição.

Lanceiros, sei a noite em que morreram

-14 de novembro de 1844

Não sei o dia em que nasceram.

Não sei os seus nomes.

Só sei que em tempo de guerra

Vocês foram assassinados em nome da paz.

Somos todos lanceiros.

Queremos justiça.

Somos amantes da paz e da vida.

Lanceiros, guerreiros,

Baluartes da liberdade.

Lutaram e morreram sonhando com ela.

Negro Lanceiro,

Mesmo quando tombou,

Dizia

Sou um lanceiro,

Sou negro, sou

Liberdade, liberdade, liberdade...

Foram mais de 80 cidades... Mais de 10 mil quilômetros rodados, mais de 150 entrevistas para rádios , jornais e televisão.

Em todos os debates tive o cuidado de seguir um conselho do meu pai Ignácio, já falecido: “Respeite os adversários e nunca humilhe os inimigos”.

Tive, certamente, contato pessoal com mais de 299 mil gaúchos e gaúchas e as palavras que mais ouvi, foram: “Continue assim, Senador!!!”

Termino minha fala com o telegrama de solidariedade que enviei ao nosso querido Vice Presidente, José Alencar, que esteve comigo no comício de Porto Alegre, capital do Rio Grande.

José Alencar conquistou o coração dos gaúchos e das gaúchas.

“Caro Amigo José Alencar.

Mesmo à distância estou acompanhando este momento difícil de sua vida. Desejo mais uma vez expressar minha enorme admiração e apreço por V. Exª. Sem abrir mão de suas convicções, o amigo foi fundamental para que um operário chegasse à Presidência da República e se reelegesse. Sua história de vida é um exemplo para todos nós. Tenho absoluta certeza de que sua operação nos Estados Unidos será vitoriosa. Aguardamos ansiosamente a sua volta para casa e que assim possamos vê-lo reassumir a Vice-Presidência da República para o bem do povo brasileiro.

Um forte abraço.”

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/11/2006 - Página 34772