Discurso durante a 180ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apoio ao senador Jorge Bornhausen que impetrou recurso na justiça contra um artigo de imprensa que o criticava.

Autor
Heráclito Fortes (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL.:
  • Apoio ao senador Jorge Bornhausen que impetrou recurso na justiça contra um artigo de imprensa que o criticava.
Publicação
Publicação no DSF de 08/11/2006 - Página 33812
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL.
Indexação
  • DIVERGENCIA, DISCURSO, IDELI SALVATTI, SENADOR, CONDENAÇÃO, ATUAÇÃO, JUSTIÇA, REFERENCIA, RECURSO JUDICIAL, IMPETRAÇÃO, JORGE BORNHAUSEN, CONGRESSISTA.
  • OPINIÃO, AUTORITARISMO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DISCRIMINAÇÃO, TRATAMENTO, IMPRENSA.

       O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª.

        Sr. Presidente, em primeiro lugar, quero me congratular com a Assessoria da Senadora Ideli Salvatti. Parabéns, Senadora, por escolher tão bem seus assessores e pela humildade de dizer que, quando V. Exª assume a tribuna, sua assessoria fica em pânico. É evidente que ela tem motivos para isso. Mas, ao que me parece, não é só a sua Assessoria; assim também o Palácio, seus companheiros, porque sabem que vem petardo por aí.

       Aliás, quero elogiar também a minha Assessoria, que é muito cuidadosa comigo e vive me pedindo para eu não pegar no pé da Senadora. Quero confessar que não é exatamente no pé que eu pego, mas na língua, porque a Senadora, com o intuito de levar, não sei até aonde, uma briga pessoal que tem com o Senador Jorge Bornhausen, aproveita-se de uma questão e distorce os fatos, uma prática que sempre usa.

       A questão da revista Veja que denunciei aqui é totalmente diferente do caso em tela. O Senador Bornhausen, sentindo-se atingido, recorreu aos meios legais através da contratação de um advogado que acusou o articulista, diferentemente do que foi feito com relação à revista Veja. No outro caso, o repórter da revista Veja foi chamado para um depoimento sobre matéria escrita e lá teve cerceados não só seus direitos, mas também suas liberdades, o que merece uma apuração. São duas questões diferentes. Aliás, a Senadora Ideli é sábia e pródiga em distorcer os fatos.

       Solidarizei-me com S. Exª, na semana passada, no calor da campanha, por uma atitude correta que tomara com relação a uma propaganda preconceituosa feita contra o Presidente Lula. Nessa campanha, usou-se um símbolo de trânsito que significava contramão e uma mão sem um dedo, indicando que não se queria mais o retorno daquele homem à Presidência. Pois bem, ela foi à Justiça e impediu a veiculação dessa propaganda contra seu Partido, mas não teve o mesmo cuidado com relação à propaganda em que se pedia mais quatro anos para o seu candidato a Presidente.

       A facciosidade das atitudes é que desvirtua o objetivo das pessoas. É o mesmo objeto, o mesmo preconceito, mas, como neste caso o seu candidato se beneficiava, ela se omitiu e não pediu à Justiça Eleitoral a mesma punição. Vê-se logo que, no caso, o que a incomodava não era a menção ao defeito físico do seu candidato, mas a propaganda usada para prejudicá-lo. Quando beneficia, cala-se, silencia-se, o que faz na questão da revista Veja.

       Sei, há muito tempo, que o semanário de preferência da Líder não é a revista Veja - é um direito que lhe assiste -, pois cada um prefere e dá crédito ao que lhe agrada. Agora, querer tirar a liberdade e o direito de uma jornalista que se sentiu cerceada no exercício da sua profissão, eu poderia dizer que é crime, mas não vou dizer. Esta é exatamente a prática de preferência do Partido dos Trabalhadores, tanto que a tendência, Sr. Presidente, de unificação da lei eleitoral e de cerceamento de liberdade cultural e de liberdade de imprensa foi manifestada no atual mandato. Daí por que não me surpreendo com atitudes dessa natureza.

       Conclui-se - finalizando - que a mão estendida pelo Presidente Lula é apenas uma falácia para que, nos bastidores e por debaixo do pano, a marcha ditatorial continue caminhando célere pelos seus mais acreditados líderes.

       Quando a Senadora, a partir da vitória de Lula, voltou “rediagramada”, com cabelos ajeitados, pensei que viesse preparada para novos tempos, para o diálogo, para a mão estendida, para aquilo que o Presidente da República anunciou. Mas vi que não: veio mais radical do que nunca. E não é assim que se vai construir o diálogo.

       Penso que a tentativa do Sr. Tarso Genro de colocar uma pauta mínima cai por terra com um comportamento dessa natureza, porque esta Casa tem como praxe não tocar no nome do colega sem sua presença, e não é a primeira vez que a Senadora acusa o Senador Jorge Bornhausen sem que S. Exª esteja presente. O Senador Bornhausen tem história nesta Casa e preside o meu Partido, merece respeito, merece consideração...

       O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) - Conclua, Senador, por gentileza.

       O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Estou concluindo. É preciso, sobretudo, que se cumpra uma regra desta Casa, que é a da ética. Muito obrigado.  


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/11/2006 - Página 33812