A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, inicialmente agradeço a gentileza do Senador Antonio Carlos Magalhães de fazer a permuta.

Gostaria de falar em nome de toda a Bancada do Partido dos Trabalhadores. Antes de iniciar a sessão, o Senador Suplicy, por telefone - S. Exª teve problemas com o vôo e não conseguiu chegar a tempo -, e a Senadora Serys Slhessarenko, que está deslocando-se para o Estado, pediram que eu me manifestasse em nome de todos os Senadores e Senadoras do PT que aqui não podem estar. Tenho certeza de que o Senador Paulo Paim usará da palavra também.

Nestes quase quatro anos de convivência com o Senador Ramez Tebet, tive a oportunidade de conhecê-lo, talvez não na sua grandiosidade, porque o Senador Ramez Tebet teve uma história política muito digna. Serviu seu povo e o nosso País em quase todos os cargos públicos de relevância. De acordo com a lista que tenho à mão, só não foi Vereador e Deputado Federal. Foi Prefeito, Deputado Estadual, Vice-Governador, Governador, Ministro de Estado, Senador da República e Presidente do Senado Federal. Por sua experiência acumulada, realmente tinha sempre muito a nos ensinar.

Durante o período em que convivemos, eu brincava muito com ele. Quero reproduzir como eu, ousadamente, costumava chamá-lo: Senador “Tebete”. Em vez de chamá-lo de Senador Ramez Tebet, chamava-o de “Tebete”, na brincadeira, pela cordialidade que ele sempre demonstrou em suas atividades e no trato, aqui, no Senado Federal.

O Senador Ramez Tebet era um orador às antigas, do verbo empolgado. Quando vinha à tribuna, dava gosto ouvi-lo, porque ele tinha uma oratória toda especial e falava em um tom diferente, sempre com muita empolgação. Diferentemente de outros, apesar de ser muito firme, muito convicto, nunca ultrapassava o limite da cordialidade. Ele sempre tinha um discurso que, com toda a convicção e a segurança, nunca deslizava para a ofensiva e a agressividade, e isso era digno de muito respeito. Por isso, acho que todos, quando subirem à tribuna para homenageá-lo, irão fazê-lo, tenho certeza, com a mesma emoção que sinto aqui, pela convivência e pelos ensinamentos que o Senador Ramez Tebet propiciou a todos nós.

Mais do que um político do Centro-Oeste, do Mato Grosso, depois partilhado em Mato Grosso do Sul, que ele representava tão bem aqui, era um político do centro, que atraía para o centro, atraía para o somatório e para a conciliação. Então, essa é uma outra característica muito relevante do Senador Ramez Tebet.

Além de toda a vida política, a experiência e a firmeza que ele demonstrou - não tive oportunidade de conviver aqui nessa época, mas os relatos são muito seguros do que ele propiciou aqui na Presidência do Senado, ao buscar condições de andamento aos trabalhos da Casa logo em seguida a uma das graves crises que o Senado sofreu na Legislatura anterior -, foi exatamente o Senador Ramez Tebet que teve essa capacidade de dar andamento, com o seu jeito cordial, conciliador e firme.

Senador e Ministro Hélio Costa, ao final do seu período da vida política e da sua atuação aqui, no Senado, ele ainda deu uma lição de vida, porque fez questão absoluta de enfrentar até o último momento a doença com a qual brigava há muitos anos. Era visível a batalha quase perdida frente à doença, mas ele não deixava de estar aqui. Enfrentou até o último esforço físico, inclusive sobre-humano. Muitas vezes, olhávamos para o Senador Ramez Tebet e perguntávamos: como ele está aqui? Como consegue estar aqui? E ele estava. Talvez essa tenha sido uma das suas últimas grandes lições, de uma pessoa imbuída e convencida de que tem um papel tão importante a desempenhar, que nem uma doença tão grave, tão dolorida e sofrida como a que enfrentou o tirou do combate, da trincheira.

Por isso, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, quero expressar o nosso mais profundo pesar e transmitir nossas condolências a todos os familiares, aos parentes, aos amigos, aos correligionários, a todo o PMDB, aos que ele aqui representava, os cidadãos de Mato Grosso do Sul, e ao Brasil como um todo, pela perda desse homem tão importante, que eu brincava de chamar de “Tebete”, mas que, indiscutivelmente, era um grande patriota, um grande brasileiro e um grande Senador da República.

Muito obrigado, Sr. Presidente.