Discurso durante a 188ª Sessão Especial, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento do Senador Ramez Tebet, ocorrido no dia 17 último, na cidade de Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento do Senador Ramez Tebet, ocorrido no dia 17 último, na cidade de Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul.
Aparteantes
João Ribeiro.
Publicação
Publicação no DSF de 21/11/2006 - Página 34843
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, RAMEZ TEBET, SENADOR, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), EX PRESIDENTE, SENADO, COMISSÃO DE ETICA, EX MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, VICE-LIDER, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ELOGIO, VIDA PUBLICA, CONTRIBUIÇÃO, HISTORIA, CONGRESSO NACIONAL.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje, encontramo-nos em uma tarefa triste, sofrida: relembrarmos a presença de Ramez Tebet, um amigo, com quem convivi por dois mandatos.

O Senador José Agripino disse, com muita propriedade, que ele era um homem de partido, um homem que estava sempre ligado a nós, em nossas dificuldades, a nos aconselhar, e sempre com prudência. Eu, como sou muito agitado, às vezes, considerava sua prudência demasiada. No entanto, ele era, com toda a certeza, uma das últimas pessoas a falar, a nos aconselhar.

Ramez foi um amigo pessoal com quem convivi em muitas ocasiões. Uma delas foi a viagem que fizemos ao Oriente, aos países árabes, oportunidade em que ele me relembrava palavras e comidas típicas daquela região. Em suma, ele foi o meu instrutor naquela viagem, relatando-me os costumes e a culinária árabe. Sempre com aquele papo agradável, contava-me histórias interessantíssimas.

Ramez foi um habitué dos jantares que fazia em minha casa. Sempre indagava os Ministros e as autoridades que lá estavam com muita perspicácia, com muita sabedoria. Ele era um dos que não podiam faltar às nossas reuniões com os vários Ministros que se sucediam, aos jantares que proporcionávamos mensalmente em nossa residência.

Seja no PMDB, onde nós convivemos durante todo esse tempo, por mais de uma dezena de anos, seja no Ministério - ele foi Ministro da Integração, e eu o substituí naquela Pasta. Trocamos informações antes da minha entrada e depois da minha saída. Sempre estávamos conversando sobre as necessidades tanto do Estado dele quanto do País em geral.

Fui com ele ao Estado do Mato Grosso do Sul e vi como ele era querido. Participei lá, como Ministro, de várias inaugurações. Ele me acompanhou em todas elas, e eu fiquei perplexo de ver como ele era querido no seu Estado.

Como Líder do PMDB - ele, como Vice-Líder, ultimamente -, eu via o grau de humildade que ele tinha. Ele veio falar comigo um dia para pedir desculpas pelas vezes em que não podia estar nas Comissões ou nas reuniões, por causa de seu estado de saúde. E me contava, com muita tristeza, sobre a evolução da doença; contava-me, Senador Mão Santa, que o médico havia dito que ele precisava descansar, que ele tinha de ir para casa e descansar. E ele foi, mas, sentindo uma tristeza tão grande por estar isolado, apenas assistindo à TV Senado, não podendo estar aqui conosco, que pensou: “Eu não posso me dar a esse luxo. Mesmo que eu morra lá, tenho de estar lá, participando do partido, dos problemas nacionais e dos debates”. E ele veio e me disse: “Quando não dói, não tem problema; porém, às vezes, sinto dores. Aí, sim, é um sacrifício maior, mas, mesmo assim, prefiro estar aqui”.

Agora, no final, com a quimioterapia minando, dia a dia, o seu organismo, eu liguei para ele várias vezes no hospital. Ele, que já estava com a voz sem a potência habitual, dizia: “Estou melhorando. Vou voltar”. Eu lhe dava forças, dizendo: “Estamos te esperando”. Enfim, eram aquelas conversas que, inexoravelmente, viremos a ter, um dia, com outras pessoas e com outros amigos - e aí me refiro até a nós mesmos.

Lamento enormemente a falta que esse companheiro fará, pelos seus conselhos, pelo seu posicionamento, pelas suas questões e pela sua humildade. Como eu acabei de dizer, ele tinha a humildade de pedir desculpas por não poder vir por causa da doença, e dizia: “Se for preciso, se estiver fazendo falta na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania” - em que ele adorava estar presente e da qual foi Presidente -, “substitua-me; mas, se não for preciso, deixa, porque eu estou fazendo força para ir”.

Esse era o Ramez Tebet. Era um homem que, mesmo com todo esse sacrifício, toda essa doença, toda essa dor, estava aqui, lutando e cumprindo seu dever para com seu Estado, para com seu mandato, para com seu povo e para com o Brasil.

Fico muito triste, realmente, pelo passamento de Ramez Tebet, mas o seu sofrimento, nesses últimos dias, era muito grande. Ele estava sofrendo muito. Todos temos a nossa hora. Chegou a hora do meu amigo Ramez Tebet.

O exemplo dele fica, como Presidente desta Casa, como Presidente do Conselho de Ética, como Ministro de Estado, como Senador atuante. Enfim, como uma pessoa amiga que se vai, mas que nos deixa não só a saudade...

O Sr. João Ribeiro (Bloco/PL - TO) - Senador Ney Suassuna...

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PA) - Pois não.

O Sr. João Ribeiro (Bloco/PL - TO) - Senador Ney Suassuna, quero aproveitar o tempo de V. Exª, até porque cedi o meu tempo para o Senador Paulo Octávio, para dizer que, realmente, esta Casa perde um grande amigo, um grande Líder. Moramos no mesmo bloco. Eu, que era praticamente seu vizinho, sempre me encontrava com ele nas caminhadas. Nos últimos tempos, ele já estava um pouco debilitado. Quando o encontrava, eu parava e o cumprimentava. Da última vez em que conversei com ele, disse-me: “Senador, estou animado. Vou me recuperar. Preciso ajudar este País”. Então, realmente, o Senador Ramez Tebet era um apaixonado pelo Brasil, pelo seu Estado, pela causa pública - um grande defensor. Lembrava um Senador aqui hoje, mais cedo, um fato interessante: ele brigava por um empréstimo para o seu Estado, mesmo sendo adversário político do Governador. Esta, a figura do homem público, do representante que a população deseja para qualquer Estado brasileiro. Quero aproveitar a sua fala para dizer que realmente ele deixa muitas saudades. Já o conhecia antes, mas o conheci mais de perto assim que cheguei a esta Casa, há quase quatro anos, e tinha uma grande admiração pessoal por ele. Que Deus o tenha num bom lugar e que a sua família seja confortada! Nós vamos sentir muitas saudades dele, dos seus momentos, das suas tiradas aqui na Casa. Às vezes, ele era duro no enfrentamento, mas é muito importante que o político seja sincero; às vezes, é necessário que ele seja duro até com os seus amigos, em defesa das suas idéias, em defesa dos interesses do País. E assim era o Senador Ramez Tebet, que esta Casa e o Brasil conheceram. Meus parabéns pelo pronunciamento.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, nobre Senador. V. Exª, que também é um amigo, colocou muito bem essa posição. Lamento não ter podido ir ao enterro, mas lá estavam o Presidente Renan Calheiros, o Senador José Sarney e outros companheiros do PMDB, que nos representaram.

E quero, em nome da Liderança do PMDB, dizer da nossa tristeza, da nossa dor e transmitir à família este nosso sentimento, e também aos seus assessores, que gostavam tanto dele e de quem ele também gostava muito.

            Então, deixo um grande abraço, em nome do PMDB, da minha amizade e da Paraíba. Um abraço!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/11/2006 - Página 34843