O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Renan Calheiros, Senador Antonio Carlos Magalhães, a quem cumprimento pela belíssima entrevista dada à revista Veja desta semana - meus parabéns -, Srªs e Srs. Senadores, quero dar um abraço especial em todos os funcionários do gabinete do Senador Ramez Tebet que estão aqui presentes, ao Chefe de Gabinete e a todos os amigos desse grande brasileiro, o inesquecível Senador Ramez Tebet.

Digo isso porque tive o privilégio de conviver com ele, durante dois anos nesta Casa, como seu Vice-Presidente na Comissão de Assuntos Econômicos e pude conhecer bem o seu brilhantismo, a sua competência, o seu destemor. Foi um aprendizado para mim. Devo muito ao Senador Ramez Tebet e, por isso, deixo aqui, em primeira mão, um abraço a toda a família, o reconhecimento do Senado, o reconhecimento de Brasília a esse grande Parlamentar.

Venho também somar minha voz a esta honrosa homenagem que o Senado Federal presta à memória do nosso exemplar colega, Senador Ramez Tebet, representante do Mato Grosso do Sul nesta Casa.

Falo aqui em nome da minha família, no meu próprio nome e também em nome de todo o povo brasiliense, do mais simples cidadão aos nossos líderes empresariais, sociais, culturais e políticos.

Falo como Vice-Governador eleito do Distrito Federal e também em nome do futuro Governador, José Roberto Arruda.

Quero prestar esta homenagem a esse homem guerreiro, pai de Simone, que é Prefeita de Três Lagoas, sua cidade natal, de Eduarda, de Rodrigo, de Ramez, e à sua querida esposa.

O Distrito Federal tem uma histórica dívida de gratidão com o Senador Ramez Tebet, que nos deixou aos 70 anos, no final da semana passada, após uma árdua luta de 20 anos contra uma doença que não o curvou, não lhe tirou a serenidade, nem o desejo de lutar, com ética e coragem, pela vida e pelo povo brasileiro, que ele amou tanto.

Para orgulho de Brasília e de todos nós, o Senador Ramez Tebet recebeu, há cerca de seis meses, numa concorrida cerimônia realizada no auditório Petrônio Portella, o título de Cidadão Honorário de Brasília, outorgado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, por iniciativa da Deputada Eliana Pedrosa, colega do PFL, com o apoio e o respeito de todos os Deputados Distritais.

Há, entre Brasília e o Senador Ramez Tebet, uma firme costura, feita com a agulha da amizade recíproca e com a linha do carinho e do respeito. Uma costura eterna, inquestionável e indissolúvel.

Ele foi peça fundamental na aprovação pelo Congresso Nacional, em 2002, da proposta que apresentei, como Deputado Federal, para a criação do Fundo Constitucional do DF, pelo qual a União manteria as despesas de educação, saúde e segurança de Brasília, cidade que recebe e hospeda os Poderes federais.

Foi por seu esforço incomum que o Senador Ramez Tebet, então Presidente do Senado Federal, nas últimas sessões daquele ano legislativo, nos últimos dias de dezembro, com o Congresso Nacional prestes a encerrar seus trabalhos, levou nossa proposta a plenário para sua aprovação.

Era Relator do projeto o Senador por Brasília Lindberg Azis Cury.

Foi, realmente, uma jornada inesquecível. Juntos, toda a bancada do Distrito Federal, Deputados e Senadores irmanados, Ramez Tebet na liderança, aprovamos neste plenário o Fundo Constitucional e o levamos para sanção do Presidente da República, na época, Fernando Henrique Cardoso.

Por esse gesto, é possível avaliar a imensa gratidão que nós, brasilienses, temos pelo Senador Ramez Tebet. E me lembro aqui, como se fosse hoje, do último dia de sessão, em que, neste plenário, aprovamos o nosso Fundo. Já iniciada aquela histórica votação, um dos Senadores pediu vista do processo, querendo justamente paralisá-la, e Ramez Tebet, Presidente da Casa, impediu a vista e concluiu a votação. Naquele exato momento, decidiu-se o futuro da Capital de todos os brasileiros. Por esse gesto é possível avaliar a imensa gratidão que nós, brasilienses, temos pelo Senador Ramez Tebet. Graças à sua visão de futuro, somada à sua coragem cívica e patriótica, o Distrito Federal alcançou determinada independência financeira.

Sim, Srªs e Srs. Senadores, sem a sua compreensão e determinação, Brasília não teria esse apoio legislativo que a colocou como verdadeira Capital da República, num patamar digno de hospedeira dos Poderes da República.

Ao criar o Fundo Constitucional do DF, o Congresso Nacional trouxe respeitabilidade política e econômica aos nossos Governadores, que não necessitam mais ficar sempre de pires na mão, para se socorrer da União em face das nossas despesas de saúde, educação e segurança, que, constitucionalmente, eram bancadas pela União, mas sem fixação de valores, o que tornava a ajuda aleatória e dependente.

Essa sua atitude tem reflexos positivos e progressistas nos dias atuais e continuará tendo por muitos e muitos anos.

Disso, nós, moradores e dirigentes de Brasília, jamais, Senador Ramez Tebet, poderemos esquecer-nos.

Para falar sobre o gigantesco perfil e sobre a atuação política desse verdadeiro democrata, vários outros oradores já ocuparam ou certamente irão ocupar esta tribuna hoje; sei que o Senador Renan Calheiros o fará com muita competência. Mas não poderia deixar de pontuar alguns fatos que para mim são exemplares e apontam um caminho a ser seguido.

Afinal, nesta Casa, ele só deixou amigos. Sua carreira política teve uma trajetória brilhante, sempre no rumo da concórdia e do entendimento. Formado em Direito pela Universidade do Rio de Janeiro, nunca perdeu o estilo eloqüente do advogado em busca de justiça.

Foi Promotor Público, Deputado e Prefeito pela sua cidade natal, Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul. Foi também Secretário de Justiça do seu Estado, Vice-Governador, Governador e Superintendente da Sudeco.

Sua atuação no Senado mereceu reconhecimento da sociedade e de seus Pares. Anos seguidos, foi apontado pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) como uma das cem mais importantes lideranças políticas do Congresso Nacional.

Convocado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso para dirigir o Ministério da Integração Nacional, tomou posse em meados de 2001 e fez um belíssimo trabalho na pasta. Sua gestão, porém, teve de ser encerrada três meses antes do fim do Governo, pois foi convocado por seus colegas Senadores, para concorrer à Presidência do Senado Federal, que na época enfrentava uma de suas mais graves crises.

Com a serenidade de sempre e com a firmeza necessária, Ramez Tebet pacificou o Senado Federal, conduzindo o Congresso Nacional de volta ao caminho da normalidade institucional e da produção legislativa.

Esse é o perfil do político que ora homenageamos. Um perfil, como já disse, que nos serve de exemplo e de luz. Uma vida voltada para o desenvolvimento econômico e para o bem-estar de sua gente querida do Mato Grosso do Sul e de toda a região Centro-Oeste.

Brasília jamais esquecerá esse grande amigo, Senador Renan Calheiros, seu colega do PMDB.

Ao receber o título de Cidadão Honorário, Ramez Tebet se intitulou “um brasiliense nascido nas barrancas do rio Paraná”. Lembrou também que sua participação na comissão que aprovou o Fundo Constitucional do DF “foi um serviço prestado ao Brasil, já que Brasília é a síntese deste País” e que se sentia “o quarto Senador do Distrito Federal”.

Agora, somos nós, de Brasília, que lhe retribuímos tanta generosidade.

Muito obrigado.

Senador Ramez Tebet, sua vida e sua memória estão gravadas, para sempre, nesta cidade construída pelo Presidente Juscelino Kubitschek, também seu colega de Senado, tão enaltecido ontem na entrevista que o Senador Antonio Carlos deu à revista Veja como o melhor Presidente da história deste País.

Esteja onde estiver, Senador, é também em nome de JK que agradeço a convivência que tive com V. Exª.

Deus saberá reconhecer sua missão.

Descanse em paz. Deus o abençoe e também a sua família.

Muito obrigado pela sua existência; muito obrigado por tudo que fez por Brasília e pelo Brasil.