Discurso durante a 188ª Sessão Especial, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento do Senador Ramez Tebet, ocorrido no dia 17 último, na cidade de Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul.

Autor
Demóstenes Torres (PFL - Partido da Frente Liberal/GO)
Nome completo: Demóstenes Lazaro Xavier Torres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento do Senador Ramez Tebet, ocorrido no dia 17 último, na cidade de Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul.
Publicação
Publicação no DSF de 21/11/2006 - Página 34850
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, RAMEZ TEBET, SENADOR, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), EX PRESIDENTE, SENADO, ELOGIO, VIDA PUBLICA, CONTRIBUIÇÃO, HISTORIA, CONGRESSO NACIONAL.

O SR. DEMÓSTENES TORRES (PFL - GO. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, naturalmente que a sessão está encerrada, porque o Presidente é a autoridade maior desta Casa, o homem que fala por todos nós.

Cheguei durante o momento em que V. Exª, Sr. Presidente, se pronunciava e adiro às suas palavras, bem como às de todos aqueles que falaram em homenagem ao nosso querido Ramez Tebet.

Gostaria apenas de lembrar algumas passagens que tive com ele. A primeira ocorreu antes mesmo de eu tomar posse como Senador. Eleito Senador, convidado por ele, a fim de participar da campanha no 2º turno de sua candidata, fui a Mato Grosso do Sul, mais precisamente a Três Lagoas, onde fui recebido de forma extraordinária. Outra ocasião, em visita à Presidência da Casa, onde o Senador me acolheu como a um irmão, como alguém de que já tinha alguma referência, como alguém que ele pensava poderia ter sucesso como Senador.

Em muitos momentos, especialmente em um, quando no início deste ano, ele me convidou: “Olha, Demóstenes, vamos bater um papo.” E fomos para um lugar de que ele gostava muito, um restaurante muito simples daqui. E lá pudemos trocar uma série de idéias, o que ele pensava sobre o Brasil e sobre algumas pessoas desta Casa. A grande angústia dele era com o fato de que o Brasil está vivendo um momento de ocupação simulado: todo mundo está muito ocupado, e o Brasil sem resultados práticos. É claro que ele apoiava e incentivava este Governo, mas, ao mesmo tempo, era uma espécie de crítico, que imaginava que as coisas poderiam ir adiante, caminhar.

Eu fazia algumas provocações a ele, como, por exemplo, o que ele achava das figuras do Senado e ele dizia: “Cada qual tem a sua missão. Tem você, que trabalha na área jurídica; tem o Cristovam Buarque, que entende muito de educação; tem o Mão Santa, que é um nordestino típico e que é um homem extremamente apurado em termos de conhecimento, que parece folclórico, mas é muito mais conhecimento”. Eu o espetava e lhe perguntava: “Mas e figuras como o Senador Antonio Carlos Magalhães?” Ele dizia: “São aquelas imprescindíveis à Casa. Muitos vão, depois que ele já não fizer parte, perceber da importância que ele tem; ele, o José Sarney, a Heloísa Helena, o Pedro Simon”. E falávamos mesmo sobre o Parlamento.

Um dia, alguém que caminhava ao meu lado dizia: “Ele está saindo do hospital, mas a luta que ele tem para viver é um negócio impressionante. Olha, ele chega, às vezes, ao Senado quase carregado, mas, quando entra no plenário, faz questão de fazê-lo com coragem, pela sua altivez e para mostrar que, acima de tudo - acima até das suas forças físicas -, ele representa um ideal e seus eleitores em um Brasil que precisa ir adiante.

Então, as referências que tenho do Senador Ramez Tebet e a convivência que tive com ele são as mais elogiosas e as melhores.

Senti muito. Naquela manhã de sábado, liguei para o nosso querido Presidente, Senador Renan Calheiros, que iria - como, de fato, foi - fazer uma visita à família e levar as condolências de todos nós neste momento difícil. Não tive como ir porque eu estava em São Paulo e o problema de aviação que estamos enfrentando no Brasil é terrível.

No entanto, eu queria me unir a toda a Casa e fazer das palavras do Senador Renan Calheiros uma referência que todos nós gostaríamos de fazer. Foram palavras carinhosas e doces, mas verdadeiras, acerca de um homem que foi também um pouco do retrato do Brasil: um homem firme, um homem que se impunha não somente pela sua valentia - pois, quando preciso, também o era -, mas principalmente pelo conhecimento, pela galhardia, pela cortesia e pelo sentimento de que o Brasil pode chegar a ser aquele País do futuro e que não serão os Governos que, ocasionalmente, irão frustrar essa nossa expectativa.

Parabéns a V. Exª, Sr. Presidente. Suas palavras são as palavras da Casa e eu adiro a elas.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/11/2006 - Página 34850