O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado a V. Exª, Sr. Presidente.

Inicialmente, Sr. Presidente, eu gostaria de dizer que estive, nos últimos cinco meses, no Estado do Espírito Santo, exercendo a função de Secretário de Transportes e Obras Públicas do Governador Paulo Hartung.

Naquela Secretaria, estivemos à frente do maior programa rodoviário da história do Espírito Santo. Estamos construindo naquele Estado, que tem apenas 45 mil Km², cerca de 1,6 mil Km de rodovias asfaltadas.

No tempo em que fui Governador, todos os Municípios do Estado eram ligados à capital por estradas asfaltadas, mas, nos últimos 22 anos, foram criados vários Municípios. Esses novos Municípios ainda não estavam ligados a Vitória por rodovias asfaltadas.

O Governador Paulo Hartung lançou um programa exatamente para estender o meio de transporte mais seguro, mais eficiente e mais confiável a todos os Municípios do Estado do Espírito Santo. Esse programa está sendo completado agora com a inauguração de uma estrada que liga Afonso Cláudio à localidade de Serra Pelada, no Noroeste do Estado do Espírito Santo, junto ao limite com Minas Gerais.

O Estado do Espírito Santo, Sr. Presidente, passou por um período muito difícil nos últimos 20 anos. Durante esse período, houve a paralisação total das obras no Estado, o crescimento do crime organizado e do tráfico de drogas, além do acúmulo de um enorme déficit pelo Estado, fazendo com que a Administração Pública praticamente sofresse uma paralisia total.

O Governador Paulo Hartung, com um ano e meio de gestão, com a aplicação de recursos e a diligente ampliação da capacidade de arrecadação do Estado - às vezes sendo duro com a moderação dos gastos -, conseguiu fazer com que o Estado readquirisse sua condição de investimento.

Depois de Tocantins, Espírito Santo hoje é o Estado com a melhor situação fiscal do Brasil. O Estado de Tocantins não pode ser cotado como primeiro - na verdade, o primeiro é o Espírito Santo - porque, fundado recentemente, não tem funcionários aposentados ou instituto de aposentadoria. O Espírito Santo paga hoje 30% da sua arrecadação a servidores aposentados e, por isso, não está em primeiro. Está em primeiro Tocantins, que não tem aposentadoria.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, por estar no meu Estado na segunda-feira, quando foi realizada aqui sessão em homenagem ao Senador Ramez Tebet, não pude estar presente.

Entretanto, participei hoje da Missa de Sétimo Dia, realizada na Catedral Militar do Brasil, em sufrágio de sua alma, Missa da Esperança, como bem caracterizou Dom Osvino. Acompanhado de outros Senadores, funcionários da Casa, amigos do Senador Ramez Tebet, membros da colônia sírio-libanesa de Brasília, tivemos oportunidade de assistir àquela cerimônia, na qual o Arcebispo Militar do Brasil, Dom Osvino, fez uma homilia em que resumiu magistralmente a ação e o trabalho desenvolvidos pelo Senador Ramez Tebet neste Senado Federal e no seu querido Estado do Mato Grosso.

Com permissão dos demais companheiros, reproduzirei esta breve homilia feita por Dom Osvino, Arcebispo Militar do Brasil, referindo-se à pessoa de Ramez Tebet.

Começa S. Rev^ma, o Sr. Arcebispo Dom Osvino, dizendo o seguinte - leio a homilia do ilustre prelado:

Jesus tem o poder da vida. Assim Ele ensina no Evangelho que relata a ressurreição do filho da viúva de Naim. Todos lembramos aquele fato. Jesus estava entrando na cidade de Naim. Com Ele caminhava uma grande multidão. A presença de Jesus foi e é sempre uma presença de vida, de alegria, de festa, de entusiasmo. Jesus vem com aquela multidão cheia de entusiasmo para entrar na cidade de Naim. A cidade estava cercada por muros, mas havia uma porta e o cemitério da cidade era do lado de fora. Na hora em que Jesus entrava, saía da cidade um enterro. Era o enterro do filho único de uma viúva, e a multidão também estava impressionada com a morte de um jovem. Toda a cidade vinha acompanhando aquele enterro. E as duas multidões se encontram na porta da cidade. Naquela hora, Jesus se adianta, chega perto do caixão, daquele esquife e levanta o jovem. O jovem ressuscita. Jesus toma a mão do jovem e o entrega à sua mãe. Imaginemos a multidão dos que vinham naquela procissão da vida com Jesus e a multidão daqueles que vinham na procissão da morte, na procissão do enterro. De repente, para todos, tudo se torna vida. Vida representa o bem, representa a verdade, representa a justiça, representa o amor. Vida são todos os valores que Jesus veio trazer. Nós que seguimos a Jesus temos que ver esses valores da vida. Morte, ao contrário, representa tudo quanto é violência. Essas duas ‘coisas’ convivem entre nós, mas também dentro de nós. Nós temos o poder da vida, que é a força do espírito. É um mistério que existe dentro de nós. Nós queremos o bem, queremos a verdade, queremos tudo de bom, mas ao mesmo tempo experimentamos a tendência para o mal. A última vitória será a vitória da vida. O mal não vai vencer eternamente porque ele é a ausência do bem e Deus é o bem absoluto, a vida. É o bem que vai vencer. Mas, enquanto nesta luta, neste debate, nós precisamos estar atentos para estarmos sempre do lado do bem, colaborando com a graça de Deus que está dentro de nós. A ressurreição final é dom de Deus, mas não será alcançada sem o nosso mérito. Precisamos esforçar-nos e há jeito para tudo, há jeito para vencer. Por isso estamos aqui com a nossa presença e a nossa fé, para rezarmos pelo Senador Ramez Tebet, que recebeu de Deus o dom da Vida, cuja primeira etapa foi a experiência aqui na terra, realizada durante seus setenta anos.

E prossegue Dom Osvino:

Desses, dedicou trinta anos à lide política. Começou sua vida pública em 1975, quando foi nomeado Prefeito de Três Lagoas, em Campo Grande. Em 1994 foi eleito para seu primeiro mandato como Senador da República. Em 2001 foi convidado pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, para chefiar o Ministério da Integração Regional. Ainda em 2001, foi eleito Presidente do Senado. Ele também acumulou passagens pelo Executivo do Governo Sarney, como titular da antiga Sudeco. Formado em Direito pela Universidade do Rio de Janeiro, deixa esposa e quatro filhos. Era considerado por todos como uma pessoa correta, digna, afetuosa, pura e amiga. Estava sempre disposto a ajudar a quem dele precisasse. Como disse nosso Presidente Luiz Inácio Lula da Silva: ‘Ele foi um homem que contribuiu com o País, um homem que pensava o futuro da nossa Nação, um democrata e um homem que deixa um legado de contribuição a este País’.

           E prossegue Dom Osvino:

Assim foi o Senador Ramez Tebet, usou de suas qualidades no campo da vida pública para transmitir o bem como o Mestre Jesus nos ensinou. Na realidade, ele compreendeu bem que a vida humana aqui na terra é um serviço em nome de Deus a favor do próximo. Esse é o exemplo que o Senador nos proporcionou como um verdadeiro filho de Deus, pois deixou transparecer em si os traços de Deus, o Grande Pai, que nos exige a vida de amor mútuo: ‘Este é o caminho do céu. Eu sou a ressurreição e a vida’, disse Jesus. ‘Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais!’(Jo 11,25-27)

Assim disse o cardeal:

Sim, ó Senhor, nós cremos firmemente que estás vivo na Casa do Pai e que estaremos eternamente contigo porque em Ti fomos batizados e vivemos na fé que de Ti recebemos e honramos o Teu nome.

A essa homenagem prestada pelo arcebispo Dom Osvino ao Senador Ramez Tebet somam-se a tantas outras homenagens que ele vem recebendo aqui em Brasília, no seu querido Estado e por todo o Brasil.

E eu me recordo aqui, Sr. Presidente - e digo isto com emoção -, do dia em que disse a ele que eu iria me ausentar do Senado até o dia 31 de dezembro - acabei retornando um pouco antes. Ele me disse: “Talvez quando você voltar, eu já não me encontre aqui, mas cuidem do Brasil”.

Eu disse: “O que é isso, Ramez? Você está tão bem, está se recuperando!”

Ele falou: “Eu sei que o bichinho está me comendo”.

Ele foi para São Paulo. Depois eu tive ocasião de falar com a sua esposa lá e receber a infausta notícia.

Mas quero me associar, Sr. Presidente, às homenagens que prestamos a esse homem que foi nosso companheiro, nosso colega, mas, acima de tudo, um exemplo de vida para todos nós.

Muito obrigado.