Discurso durante a 192ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentário sobre as declarações do Presidente Lula de que só quer oposição a partir de 2010.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. MOVIMENTO TRABALHISTA. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Comentário sobre as declarações do Presidente Lula de que só quer oposição a partir de 2010.
Aparteantes
Heráclito Fortes.
Publicação
Publicação no DSF de 24/11/2006 - Página 35370
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. MOVIMENTO TRABALHISTA. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • CRITICA, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, IMPOSSIBILIDADE, EXISTENCIA, OPOSIÇÃO, GOVERNO FEDERAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), POSTERIORIDADE, ELEIÇÕES, CONTESTAÇÃO, ORADOR, RELEVANCIA, POLITICA PARTIDARIA, CONSOLIDAÇÃO, DEMOCRACIA.
  • REPUDIO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, FALTA, INVESTIMENTO, GARANTIA, SEGURANÇA PUBLICA, ATENDIMENTO, SAUDE, INEFICACIA, PROVIDENCIA, EXTINÇÃO, GREVE, MEDICO RESIDENTE, COMPARAÇÃO, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, CHILE, INEXISTENCIA, QUALIDADE, EDUCAÇÃO, PAIS.
  • PROTESTO, GOVERNO FEDERAL, INJUSTIÇA, ESTADO DO PIAUI (PI), DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, INVESTIMENTO, VACINAÇÃO, EXPORTAÇÃO, GADO, COMBATE, FEBRE AFTOSA, NEGAÇÃO, CONSTRUÇÃO, PRONTO SOCORRO, MUNICIPIOS, CRITICA, FALTA, CONCLUSÃO, OBRA PUBLICA, USINA HIDROELETRICA, REGIÃO.
  • REGISTRO, APROVAÇÃO, COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO JUSTIÇA E CIDADANIA, COMISSÃO DE EDUCAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, CONSTRUÇÃO, HOSPITAL ESCOLA, ESTADO DO PIAUI (PI).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador João Batista Motta, que preside esta sessão; Srªs e Srs. Senadores aqui presentes; brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem por intermédio do sistema de comunicação, entendo que representar o povo é muito importante.

Senador João Batista Motta, outro dia, lendo o livro dos oitenta anos de Brossard, registrei onde ele diz que chegou a esta Casa e fez uma reflexão sobre o que faria, já que ele representava três milhões de gaúchos à época. Como são três representantes por Estado, ele representava um milhão de gaúchos, portanto, um terço. Então, ele disse que a única coisa que podia fazer era falar o que o povo tinha vontade, mas não podia, porque estávamos na ditadura. Brossard eternizou-se. Aliás, Senador José Agripino, ele é um dos poucos vivos que me prendem a este Partido, o PMDB. O que me prende ao PMDB, Senador Heráclito Fortes, V. Exª que já foi do MDB, são as mesmas ligações. Eu fiz uma reflexão e concluí que o que me prende ao PMDB são os mortos, Senador João Batista Motta: Ulysses Guimarães; Teotônio Vilela, com câncer, moribundo. Quando vi Ramez Tebet... E esse Teotônio saiu pregando a redemocratização. Ainda mais: Tancredo Neves, que se imolou; Juscelino Kubitschek. Eu sou como ele, sorridente. Juscelino disse: “É melhor ser otimista. O otimista pode errar; o pessimista já nasce errado e continua errando”.

Agora, o nosso morto, santo Ramez Tebet. Isso é o que dá a grandeza do PMDB. Os vivos... Eu fico a olhar os vivos do PMDB: Pedro Simon. Nós contamos no País todo como um dos vivos.

O que me faz acreditar nessa política foi quando ouvi o Senador José Agripino trazer a mais recente declaração de Lula, nosso Presidente eleito, já que teve a maioria de votos. “Oposição? Que me façam no ano de 2010”. Não é assim, José Agripino? Oposição em 2010.

Não é, Presidente Lula. Vossa Excelência venceu as eleições, teve mais votos do que o adversário. Mas eleição é algo confuso.

Senador Rodolpho Tourinho, V. Exª se lembra daquela eleição.

Senador Eduardo Suplicy! S. Exª largou o telefone e vai ouvir.

Jesus ou Barrabás? Barrabás! Foi uma eleição. O sistema foi por aclamação. Mas foi uma eleição.

Eleição há muitas, Presidente Lula. A história nos ensina, Senador João Batista Motta. Eu acho. O Senador Heráclito Fortes teve muita amizade e ele se encantou. Aliás, os mesmos encantamentos pelos Líderes do PMDB que eu citei aqui.

Winston Churchill muito me encanta. Os aviões nazistas sobrevoavam Londres e, num Senado como este - Londres apavorada, pois Hitler já havia tomado a França e rumava para Londres -, entregaram-lhe o Parlamentarismo e ele disse: “Eu só tenho a vos oferecer sangue, suor e lágrimas”. Mas teve muita inteligência. Foi buscar os Estados Unidos e a Rússia. Como era difícil: Rússia com Estados Unidos! Josef Stalin e Franklin Delano Roosevelt!

O Presidente Getúlio Vargas era o nosso. O meu bom Getúlio era simpatizante da Itália. Aliás, eu vou, ouvindo o Carreiro, para lá, muito obrigado, tomar a benção do Papa e representar este Congresso.

O Presidente Getúlio era simpatizante da Itália, de Benito Mussolini. Mas Winston Churchill o conquistou. Nós entramos e ganhamos a guerra. O Dia D.

Pois, é, Presidente Lula.

Suplicy, vem a recessão depois de uma guerra. O herói, o maior político, o maior militar, sabe o que ele disse, Suplicy? “A política é como a guerra...” - e ninguém podia definir melhor do que ele, porque ele foi a duas guerras: à primeira, como repórter; à segunda, como comandante - “com a diferença de que, na guerra, nós só morremos uma vez; na política, várias”. E ele perdeu as eleições; o vencedor, o pai do renascer da paz e da democracia perdeu. Depois, o povo meditou, e ele ganhou.

Eleição é assim, Presidente Lula. Vossa Excelência ganhou a eleição, mas eu quero ensiná-lo. Eu fui prefeitinho. Vossa Excelência, Presidente Lula, não foi prefeitinho. O Suplicy não o foi, mas foi vereador - o que é muito importante -, Presidente da Câmara, o melhor da história de São Paulo e, talvez, do Brasil. Talvez tenha sido isto que o trouxe para cá: a sua austeridade, essa marca. Suplicy, eu era contra os Silvas, a família do Alberto Silva. O Heráclito conhece. O Heráclito era Prefeito de Teresina. E eu não sei? O Heráclito era mais forte; e eu, da Parnaíba, uma das maiores cidades. Eu era minoria na Câmara. A Oposição era mais forte; era dos Silvas. E foi bom. Oposição é bom. Por isso, estou aqui. Sobre oposição, Santo Agostinho já dizia: “Eu prefiro quem me critica, porque assim me corrijo”. É melhor isso aos puxa-sacos, esses companheiros que tanto estragaram, que estão ali e prejudicaram.

Então, dizer que somente vai haver Oposição em 2010 é não conhecer o jogo democrático. Estamos aqui, Suplicy, é para isto. Senador é para ser o pai da Pátria, é para ensinar mesmo. O que me trouxe aqui foi muito estudo, muito trabalho e muita luta. Já ganhei eleições, já perdi eleições, mas nunca perdi a vergonha e a dignidade. Estamos aqui para ensinar. Oh, Deus, na hora em que não tivermos a moral de ensinar, não tem sentido!

Suplicy, Moisés quis desistir, mas ouviu a voz de Deus. Ele quebrou a tábua das leis e ouviu: “Não desista, busque os mais velhos e os mais experientes. Eles o ajudarão a carregar o fardo do povo”. Foi aí que nasceu a idéia de Senado, melhorada na Grécia, na Itália e na França. Aqui mesmo ela foi melhorada, com Rui Barbosa e com muitos que aqui passaram.

Então, isso é Oposição, meu Presidente, porque é o Presidente do País. O Presidente está errado. Bem-vinda a Oposição! Esse negócio de dizer que só vai ter oposição em 2010, não!

Suplicy, V. Exª foi o melhor vereador da história de São Paulo. V. Exª foi exemplo. Lá, não tem um busto de V. Exª, não? Devia ter! Ó, paulistas, vereadores ingratos! Busto do Senador Eduardo Suplicy! Eu quero ir. A posição merece.

Era uma roubalheira lá, e ele colocou moral. Pelo menos chegou essa repercussão ao País todo.

Eduardo Suplicy na Câmara e aqui só tem Rui.

Presidente Lula, medite. Nós estamos aqui para ensinar, senão não tem sentido. Senador que não for capaz, não tem sentido... É o Poder aconselhador, o Poder moderador.

A Oposição e o exemplo estão aqui. São 180 anos. É muito tempo. Quanta gente passou por aqui. Suplicy, V. Exª já vai para 24 anos de Senado. V. Exª merece. O povo paulista votou bem.

Para Rui Barbosa, Suplicy, foram 32 anos. Ó, Presidente Lula, no Império, Rui não era governo, não, porque era abolicionista. Foi Deodoro da Fonseca que clamou o nascer da República. Então, era Governo, quando foi Ministro da Fazenda. Marechal Floriano foi Governo. Quiseram colocar o terceiro militar e ele disse: “estou fora”. Então, disseram: “você será novamente Ministro da Fazenda”.

Olha o ensinamento, Senador João Batista Motta, para o meu PMDB. No meu partido, quem está me prendendo são os mortos.

Quanto aos vivos, olho assim e pergunto: quem nos liderará? Pedro Simon, porque o meu líder tem que ser melhor do que eu. O povo já sabe: há uns que não são bons; estão aí, na vida suja, enlameada.

E Rui Barbosa disse, e eles não aprenderam: não troco a trouxa das minhas convicções por um Ministério. E aqui a turma só está falando em cargo, em vantagem. E o povo? Tem haver oposição, Presidente Lula, porque eu desejo, eu quero - e sou igual aos 190 milhões - a felicidade do meu povo, da minha gente. Mas o Governo vai mal.

Suplicy, com todo o respeito, vamos saber o que é bom e o que é ruim. Norberto Bobbio, senador vitalício da Itália - a Itália do Renascimento, que escolhe uns luminares para serem perpétuos senadores, para serem luzes -: o mínimo que se tem de exigir de um governo é a segurança. Eu pergunto, brasileira ou brasileiro, àqueles que diziam para deixar o homem trabalhar: este País tem segurança? Respondam: tem segurança?. A Cláudia, onde está a Cláudia? Está ali. Secretária executiva, jovem, bonita, sorridente. Há pouco, ela dizia: você foi para Ipanema? 

Não, para Buenos Aires. Por quê? Porque lá se tem segurança. Cláudia, há dez dias, eu estava com a minha Adalgisa, às 4 horas, andando nas avenidas, nos restaurantes; entrando nas livrarias com a minha Adalgisa.

Quem tem coragem de andar, com sua esposa, com sua namorada, na rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, ou na Cinelândia, nas madrugadas? Ô, João Batista! E nas ruas de São Paulo, no subúrbio? Em Teresina, eu não tenho - e Teresina é provinciana. Não há segurança neste País.

O Heráclito é um homem do mundo. Senador Heráclito, nunca me esqueço de uma cena - gosto mesmo de ser feliz. Eu vinha, com minha mulher, de uma casa de show, de madrugada, às 4 horas, em Madri, e vi um casal namorando na praça. Um casal de velhinhos! Casaco, muitas jóias, e imaginava os nossos avós, com jóias, com ouro, namorando nas praças do Brasil, do Rio de Janeiro, na Cinelândia, na minha cidade.

Neste País não há segurança. Norberto Bobbio: o mínimo que se tem de se exigir de um governo é a segurança. A vida, a liberdade - estão cerceando até jornalistas - e a propriedade. Quem está com suas propriedades, quem é criador e homem de fazenda: os sem-terra só invadem onde há terra, gado, luz, água, energia.

Segurança. Qual a nota que vocês dão? Gente boa está presa nos condomínios, enjaulada. E aí?

Outra coisa importante é a saúde. A saúde vai bem? Senadora Ana Júlia Carepa, acredito em V. Exª: mulher de coragem. A mulher é melhor do que o homem. Na história do Brasil, uma mulher governou poucos dias, escreveu a página mais bela, libertou os escravos. V. Exª, sem dúvida nenhuma, trará grandes obras e realizações à civilização do Pará. Mas pergunto: e a saúde?

Tenho 40 anos. Só a Jatene eu me curvo, esse extraordinário Ministro. Dizer que a saúde está à beira da perfeição? Ô, Suplicy, olhe a quantidade de mulheres que estão marcando exame de mamografia para julho de 2007; a quantidade de pessoas com insuficiência renal, precisando de hemodiálise, que não funciona, ou nas filas de transplantes, que não existem.

Ontem li nesta Casa dados do IBGE. Atentai bem, Ana Carepa: 255 hospitais fecharam neste País. É o IBGE que diz, Senador João Batista Motta. Só se fala em InCor, porque ele é de São Paulo e é grande, mas 255 hospitais fecharam!

As taxas ridículas do SUS não existem, Ana Carepa. Senadora Ana Júlia Carepa, um parto é R$100,00 e representa um ano de trabalho, nove meses de pré-natal, o parto em si, nas caladas da madrugada, e o puerpério. É uma tabela de consulta de um pouco mais de R$2,00. Não existe. Estão enganando.

Melhorou? Melhorou. Vamos dar a verdade. Surgiu o PSF, um programa de Cuba. Eu conheço Cuba! Cuba é a metade do Piauí. Então, existe o PSF; adotou-se aqui o médico de família. Mas este País grande tinha uma medicina avançada, de resolubilidade. Quem não se orgulhava de Zerbini e do Professor Hilton Rocha, oftalmologista de Belo Horizonte? Passei, vi e senti a decadência da medicina de resolubilidade. Com as tabelas de cirurgia, uma próstata... Deus me livre! Eu operei muito, João Batista, mas é muito complicado, é muito trabalho! Ninguém está fazendo mais.

Basta dizer que os médicos residentes, que são os sonhadores, os idealistas que querem buscar a ciência para a consciência e, com ciência, fazer avançar a medicina, estão em greve! Hoje é dia 23: no dia 1º de novembro, os médicos residentes entraram em greve. Eles é que fazem funcionar os hospitais grandes. São 17 mil médicos residentes, que ganham um pouco mais de R$1.000,00. Não dá para eles subsistirem. Eles têm que pegar condução, comer, vestir, comprar livro. Livro é caro, Senador João Batista! E ninguém resolve. Eles querem um preceptor, um professor para orientá-los e que não sejam vistos como trabalhadores de mão-de-obra barata. Está tudo parado. Os hospitais não estão funcionando. Funcionam 30%, porque são os residentes que os fazem funcionar.

Então, não vai bem a saúde. Para os ricos, vai. Os ricos têm dinheiro e planos de saúde. Mas, nesses hospitais em que estão em greve os médicos residentes, não estão operando nada! Está na fila o povo pobre. E o povo pobre é que foi enganado. Foi uma caridade, foi bom. Caridade é bom, Ana Carepa; faça caridade em seu governo. O apóstolo Paulo disse: “Fé, esperança e caridade”. O Bolsa-Família é uma caridade.

Eu fico com Luiz Gonzaga lá do nosso Piauí. O cântico, Motta, comunica mais que os discursos. Daí, os salmos da Bíblia. É cântico! É Davi dedilhando sua harpa e cantando, não é verdade? Pois Luiz Gonzaga disse: “Uma esmola pra um homem que é são/ ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”. É isso, Presidente Lula! Vossa Excelência, que é do Nordeste, não viu essa mensagem de Luiz Gonzaga, o nosso salmista?

            Vou lhe dar um dado sobre educação, Ana Carepa, já que sei do seu entusiasmo, do seu ideal - seu povo escolheu bem. Trinta e sete por cento dos jovens do não têm o ensino fundamental no Brasil. Eu acho que o que lhe deu coragem foi a nossa viagem ao Chile. Bachelet... Eu sempre fui você, mais do que Bachelet. Você é mais bonita do que ela, mais inteligente, mais ousada. Quando estivemos lá, Bachelet fazia campanha. Medite: Ricardo Lagos, ex-presidente do Chile obedecia a Constituição, que dizia que o chileno tinha de ter oito anos de ensino, todos - se não tiver, vai preso o responsável. Antes de sair, ele aumentou para doze anos.

Além disso, Motta, agora são obrigados a falar duas línguas: o espanhol, a língua nativa, o idioma pátrio deles, e o inglês. Não vou comparar o Brasil com o Primeiro Mundo, mas vejam aí o Chile, que é bem ali. Aliás, eles se dizem a Inglaterra da América do Sul; para eles, Santiago é Londres. Comparados ao Chile, não estamos bem na educação.

Quanto à agricultura, vou fazer minhas as palavras daquele líder do PT que passou aqui, Delcídio Amaral.

Lá no meu Piauí diziam que a nossa bandeira era um couro de bode. Lá tem muito bode, somos fortes na caprinocultura, na ovinocultura - tem pouco colesterol. E há o gado. Nos primórdios da civilização saiam da minha cidade navios para vender carne para o Sul e para a Europa. Pois é, Senador Heráclito Fortes, agora não pode, porque não há vacinas para a febre aftosa. O gado, que era valorizado, que era vendido por R$600,00, agora está sendo vendido pela metade, porque só pode ter o valor interno.

É, tem risco desconhecido, alto risco, médio risco, pequeno e controle. O Piauí voltou para o risco desconhecido. Rindo, Heráclito? Risco desconhecido! Vacina, isso é que pedimos ao Presidente da República. Temos de acordar para resolver isso. E me compete estar aqui e lembrar ao Presidente da República que o Piauí votou nele, Sua Excelência foi eleito, o Governo é do Piauí.

Heráclito, porto de Luiz Correia: são US$10 milhões... Vejo tanta roubalheira aí, Heráclito... A estrada de ferro Luiz Correia/Parnaíba/Teresina: V. Exª hoje, presidindo com muita dedicação a Comissão de Infra-Estrutura, se preocupava em todos nós encaminharmos recursos. E prometeram isso ao Alberto Silva. Disseram que em sessenta dias estaria. E ele foi e apoiou. E nada, nenhum trem, apito, nada.

Aeroportos internacionais, prometeram dois. Pois não tem mais nem vôos nacionais em Parnaíba, em São Raimundo Nonato, onde fizeram a propaganda enganosa de aeroportos internacionais. E a revitalização dos Tabuleiros Litorâneos e dos Platôs de Guadalupe? E o Hospital Universitário, Heráclito, que há quase quinze anos é um simples ambulatório? E a Universidade do Delta?

Aliás, tenho um projeto de lei que foi aprovado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania e na Comissão de Educação, cujo Relator foi o Senador Alvaro Dias, e está lá. Cadê a maioria deste Presidente que não respeita o Piauí? Eles não aprovam. É tanta coisa imoral!

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Já, já.

E o pronto-socorro municipal com que Heráclito sonhou? Heráclito deu início a ele em 1989, Paim; eu era de Parnaíba, por isso é que sei. Está lá. Eu vi o Presidente Lula com o Governador do PT há quatro anos. Eu fiz um pronto-socorro anexo em um ano. Atentai bem, Paim: esse pronto-socorro foi começado com Heráclito. Heráclito, foi em 1989, 1990, 1991 ou 1992 que V. Exª começou o pronto-socorro?

E a estrada para a nossa produção de grãos, a Transcerrado? Uma refinaria de petróleo em Paulistana: tem sentido, Lula; os técnicos aprovaram, João Batista. Não é o Chávez que sabe não, somos nós. Não tem sentido, Suplicy, era Brasília não ter sentido. Por que Juscelino fez Brasília? Para integrar este País, que só era Rio, São Paulo e litoral. Investiu, investiu, e hoje Brasília é cidade padrão, aproximou as regiões do País e tem a melhor qualidade de vida.

Os técnicos exigem a refinaria de Paulistana. Paulistana é no sul do Piauí, eqüidistante para todas as capitais: Boa Vista, Macapá, Fortaleza, Teresina, Natal.

O SR. PRESIDENTE (João Batista Motta. PSDB - ES) - Senador Mão Santa, eu gostaria de contar com a colaboração de V. Exª...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Seriam investimentos de grandeza para tirar o Piauí do subdesenvolvimento.

E a vacinação do gado?

Na carcinicultura, a cultura do camarão, tivemos vinte milhões de dólares e baixou...

Com a palavra o Senador pelo Piauí Heráclito Fortes, que hoje lutava bravamente na comissão que preside para aprovar no Orçamento verbas úteis ao Piauí.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Senador Mão Santa, V. Exª faz não um pronunciamento, mas um desabafo contra os maus tratos que vêm sendo impostos ao Piauí e contra as promessas não cumpridas. Senador Mão Santa, V. Exª faz esse desabafo com toda justiça e razão. O Presidente Lula esteve no Piauí durante a campanha para o segundo turno e disse que o Banco do Estado era intocável. Agora, vemos o anúncio de que a venda, a privatização, é irreversível. E o Presidente a combatia! Vemos hoje os próprios companheiros de Lula, o Sr. Stédile no caso, criticando e condenando o projeto do biodiesel, que foi montado naquele Estado por um empresário paulista, que chegava lá de jatinho e agora foi denunciado por estar proibido, inclusive pela legislação nacional, de ter empresa de mercado aberto. Aliás, é bom que a Senadora e Governadora Ana Júlia Carepa esteja aqui, pois me falta uma única informação - depois quero conversar com S. Exª a esse respeito. Comenta-se, no Piauí, que o Sr. Lorenzetti - que eu me acostumei, quando menino, a conviver como chuveiro, mas agora chuveiro no Brasil é sinônimo de sujeira -, o mesmo Sr. Lorenzetti que se associou a um projeto de fruticultura no Pará e quebrou o investimento, estaria no lançamento do projeto do biodiesel, no Piauí. O povo piauiense padece dessa questão, porque investiu de maneira otimista no que o Presidente anunciou, dizendo, inclusive, que era uma nova Petrobras do biodiesel. E deu no que deu. V. Exª se lembra das promessas de 20 mil empregos em 2005, que a Companhia Vale do Rio Doce faria naquela região, e nada disso aconteceu. E o mais grave, Senador Mão Santa, é que hoje eu e V. Exª, em nome do Piauí, colocamos emendas para a construção da interligação da Ferrovia Transnordestina, para as eclusas, o gasoduto e o turismo. Vamos rezar para que não haja uma perseguição ao Piauí e o Governo Federal não corte esses gastos, se forem aprovados. Muito obrigado.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradeço, Senador Heráclito Fortes, e aplaudo o esforço de V. Exª em carrear as emendas na Comissão de Infra-Estrutura, que V. Exª preside com muita eficiência. E eu faço parte dela, representando o Piauí.

V. Exª lembrou bem. Atentai, Senador Eduardo Suplicy: eu vi o Presidente - e o Governador é do PT - dizer que construiria cinco hidroelétricas no Piauí. Foi construída uma, na Presidência de Castello Branco, que nem está concluída. Faltam as eclusas. Eu gostaria que concluíssem pelo menos o que já existe.

            Eu agradeço, Senador Heráclito. E as nossas...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ...últimas palavras são para lembrar ao Presidente Lula que está equivocado. Rui Barbosa, em seu longo mandato de 32 anos, creio que quase 70% ou 80% dele foi oposicionista. Foi benfazeja a oposição de Ulysses, como anticandidato, a de Mário Covas, de Tancredo, de Teotonio e de Ramez. O nosso PMDB, Senador Heráclito Fortes, aquele ao qual V. Exª já pertenceu.

Nesta Casa, entendemos que o povo é quem decide. O povo elegeu, os vitoriosos vão governar. Nós somos oposição. E para o Senado da República virão Roriz, Jarbas, Almeida Lima, Garibaldi, Geraldo Mesquita, Mão Santa, Pedro Simon, e vamos em busca do suplente de Ramez Tebet e de uma oposição que ajude a construir a nossa democracia.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/11/2006 - Página 35370