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DISCURSO PROFERIDO PELO SR. SENADOR ALVARO DIAS NA SESSÃO DO DIA 20 DE NOVEMBRO DE 2006, QUE, RETIRADO PARA REVISÃO PELO ORADOR, ORA SE PUBLICA.

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O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Para encaminhar. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadoras, em uma de suas poesias, o poeta Borges dizia que:

Olhar o rio feito em tempo e água

e relembrar que o tempo é outro rio,

e que passam os rostos como a água.

O Senador Ramez Tebet deixa-nos lembranças, saudades, mas, acima de tudo, uma referência importante de ética e honradez na política e na vida pública.

A sua postura digna, no Parlamento e nos importantes cargos que ocupou, não vai passar; ela permanece e ficará como exemplo de correção ética a nortear e a inspirar todos aqueles que na vida pública deste País desejam honrar seus mandatos.

A sua trajetória de homem público foi um itinerário vitorioso: Promotor Público; Professor universitário; Prefeito de sua cidade natal, Três Lagoas; Deputado estadual; Vice-Governador; Governador; Senador; Ministro de Estado; Presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional.

Pela sua qualificação e postura ética, foi sempre requisitado pelo seu Partido para o exercício das funções mais importantes. Lembro-me bem da sua atuação no Conselho de Ética do Senado Federal, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania que presidiu, na Comissão de Assuntos Econômicos, que também presidiu, e em CPIs, nas quais se constituiu sempre Relator competente e imparcial.

Em mais de 40 anos de vida pública, dedicados, sobretudo, ao Mato Grosso do Sul e ao País, jamais se distanciou de suas raízes e de sua Três Lagoas: autêntico, afável, generoso, conciliador, um homem que cultuava a simplicidade.

Na fase aguda da doença, fez questão de se manter firme na tribuna do Senado da República - uma prontidão ética que demonstrava o seu apreço pelo País e pelo mandato de que estava investido. Resistia à dor da doença com bravura ímpar. Jamais ouvimos do Senador Tebet qualquer palavra de queixa,qualquer manifestação verbal relativa ao sofrimento que vivia nas fases mais duras do tratamento a que era submetido.

Nesta sessão de homenagem ao Senador Tebet, fazemos uma pausa para reverenciar o colega. Amanhã, prosseguirão os nossos trabalhos e a rotina desta Casa. Por isso trago Mário Quintana, que nos lembra que o tempo não pára, só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo.

Sentiremos saudades, e isso é inevitável. A postura de Tebet na política, o seu espírito conciliador, o seu chamamento para que o Parlamento assuma o seu verdadeiro papel na vida nacional são exemplos a nos inspirar. Exemplo a nos inspirar também a sua capacidade de indignação diante das injustiças.

A vibração com que assomei a esta tribuna tinha muito a ver com essa capacidade de indignação. Disse ele no dia 2 de outubro de 2001: “O Congresso Nacional não é Casa de radicalismo, de intolerância. O Congresso Nacional é a Casa da construção dos grandes debates do entendimento”.

Essa sempre foi a visão de Ramez Tebet e nos proporciona razões para a reflexão. É um momento de perda para a Casa e para o País. Os dias que se seguem serão certamente difíceis, com a complexidade que os novos tempos estão a impor numa atividade pública tão carente de homens com o perfil ético e moral de Ramez Tebet. A lacuna é, sem dúvida, irreparável, mas há o exemplo a nos inspirar.

Como afirmou Roosevelt, é um inútil desperdício de tempo celebrar a memória dos mortos se nós, os vivos, não nos esforçamos com as obras da vida em nos mostrarmos dignos deles.

Certamente, diante dos desafios que enfrentaremos nos dias que se seguem sem Ramez Tebet nesta Casa, haveremos de nos valer do seu exemplo de dignidade, de decência, de honradez, de lealdade, de disposição para o trabalho e de eficiência. Muitos morrem muito tarde; outros, muito cedo. Quem satisfaz sua missão morre vitorioso. É o caso de Ramez Tebet.

Muito obrigado, Sr. Presidente.