O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Com muito orgulho, colega de Partido de V. Exª, Sr. Presidente.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, faleceu ontem em São Paulo o ator capixaba Jece Valadão.

Jece nasceu em 24 de julho de 1930, na cidade de Cachoeiro do Itapemirim. Aos dezesseis anos saiu de casa e chegou a tentar a sorte como locutor de rádio no Rio de Janeiro. Sua primeira incursão no cinema foi no filme “Também Somos Irmãos”, em 1949, de José Carlos Burle. Mas o conselho que ouviu de diretores o fez desistir, por um tempo, da profissão. Diziam que ele não era bonito o bastante, e hoje, ironicamente, ele é identificado como um dos maiores galãs da sua época.

O ator deixa uma galeria de personagens machões e mal-encarados, que fizeram grande sucesso no cinema nacional nas décadas de 60 e 70.

Sua atuação em “Rio, 40 Graus” rendeu-lhe um prêmio de melhor ator. A partir daí, seu nome esteve associado a uma produção imensa e de qualidade variável, de comédias a chanchadas. Entre peças e filmes, atuou nas adaptações de “Boca de Ouro”(1962), “Bonitinha, mas Ordinária”(1963), “Asfalto Selvagem”(1964), “Navalha na Carne”(1969) e “Dois Perdidos Numa Noite Suja”(1971). Fez muitos filmes, baseados em peças de Nelson Rodrigues, de quem era cunhado, pois fora casado com sua irmã. Sua parceria mais marcante, no entanto, talvez tenha sido com o Cinema Novo, onde teve papéis de destaque nos clássicos “Os Cafajestes”, de Ruy Guerra, e “A Idade da Pedra”, de Glauber Rocha.

Após uma vida turbulenta, converteu-se à religião evangélica e dizia que havia abdicado dos vícios.

Seu último destaque na TV foi como Joe Wayne, na novela da Globo “Bang Bang” (2005). Protagonizou recentemente o documentário “O Evangelho Segundo Valadão” e a série “Filhos do Carnaval”. O ator estava agora gravando o filme “A Encarnação do Demônio”, dirigido por José Mojica Marins.

Jece Valadão será sepultado na manhã de amanhã, na cidade de Cachoeiro do Itapemirim, que decretou luto oficial de três dias pelo seu passamento.

Solicitamos, Sr. Presidente, que, nos termos do art. 218 do Regimento Interno e de acordo com as tradições da Casa, sejam prestadas as seguintes homenagens:

-     Inserção em ata de voto de profundo pesar;

-     Apresentação de condolências a sua esposa Vera Lúcia Valadão, a sua ex-esposa Vera Gimenez, à sua enteada Luciana Gimenez e a seu filho Marco Antônio Valadão Gimenez.

Muito obrigado, Sr. Presidente.