Discurso durante a 195ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários à reportagem do jornal Folha de S.Paulo, de hoje, sobre o acordo entre a Rede 21, emissora de TV do Grupo Bandeirantes, e a Gamecorp, empresa do filho do Presidente.

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ADMINISTRAÇÃO PUBLICA. MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • Comentários à reportagem do jornal Folha de S.Paulo, de hoje, sobre o acordo entre a Rede 21, emissora de TV do Grupo Bandeirantes, e a Gamecorp, empresa do filho do Presidente.
Publicação
Publicação no DSF de 29/11/2006 - Página 35878
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ADMINISTRAÇÃO PUBLICA. MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • NECESSIDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ALTERAÇÃO, MODELO, GOVERNO, FISCALIZAÇÃO, IRREGULARIDADE, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DENUNCIA, ACORDO, EMPRESA, PROPRIEDADE, FILHO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARCERIA, EMISSORA, TELEVISÃO, RECEBIMENTO, FINANCIAMENTO, ORGÃO PUBLICO, GARANTIA, EMPRESA PRIVADA, FATURAMENTO, PUBLICIDADE, REDE DE TELECOMUNICAÇÕES.
  • CRITICA, FALTA, ESCLARECIMENTOS, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, LEITURA, TRECHO, DECISÃO, JUIZ, APOIO, ORADOR, EXTINÇÃO, SIGILO, CONTRATO, EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÕES.
  • DENUNCIA, COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DO VALE DO SÃO FRANCISCO (CODEVASF), FINANCIAMENTO, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), NATUREZA POLITICA, DESVIO, RECURSOS, RECUPERAÇÃO, RIO SÃO FRANCISCO, FAVORECIMENTO, PREFEITURA, MUNICIPIOS, ESTADO DO PIAUI (PI), PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), NEGLIGENCIA, IRRIGAÇÃO, VALE DO SÃO FRANCISCO, REGISTRO, CONTESTAÇÃO, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU), IRREGULARIDADE, DESTINAÇÃO, VERBA.
  • SOLICITAÇÃO, AGILIZAÇÃO, PROCESSO, VOTAÇÃO, ORÇAMENTO, GARANTIA, IGUALDADE, VERBA, CONGRESSISTA, CONGRESSO NACIONAL, EXPECTATIVA, SENADO, APROVAÇÃO, REQUERIMENTO, SOLUÇÃO, SITUAÇÃO, MEDICO RESIDENTE.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, sempre procuro colaborar com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na aparência, os discursos são contrários, mas, na realidade, são favoráveis, no sentido de que ele modifique a maneira de governar o País. O Brasil não aceita mais o modo de governar do Presidente.

Sr. Presidente, a Folha de S.Paulo de hoje traz assunto da maior gravidade: acordo secreto entre a Rede 21, emissora de TV do Grupo Bandeirantes, e a Gamecorp garante à empresa do filho de Lula 50% do faturamento na publicidade da emissora. Segundo a Folha, a Gamecorp recebe o mínimo de R$250 mil mensais, fora o que virá da divisão da receita obtida com os vinte maiores anunciantes da emissora em 2005, entre os quais figuram - veja V. Exª! - a Secretaria de Administração da Presidência da República, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, o Ministério da Saúde, além de inúmeras concessionárias de telefonia.

A Veja já tinha denunciado esse esquema e, por isso, está sendo processada.

Vejam que interessante: quando veio à tona que a Telemar destinara R$5 milhões para a inexpressiva firma do filho do Presidente da República, a concessionária, com o beneplácito incrível da CVM, negou-se a explicar as razões e os termos do acordo por entender que tais informações eram de interesse estratégico.

            A decisão do Juiz Régis Rodrigues, da 1ª Vara Cível do Fórum de Pinheiros, recusando o sigilo é uma lição e um alerta ao próprio Governo. Olhem o que diz o Juiz:

Convém ao interesse público que o contrato seja regido pelo princípio da publicidade, porque um dos contratantes é filho do Presidente da República, e, em tese e sempre em tese, sem qualquer pré-julgamento por parte deste Juízo, fazem-lhe acusações de uso inadequado de verbas públicas.

O Juiz tem razão. Convém mesmo que esses contratos, inclusive os anteriores, celebrados com a Telemar - sempre tenho pedido aqui, e nenhum Líder do Partido do Governo vem trazer esclarecimentos -, sejam conhecidos, para que fique claro como foi possível ao filho do Presidente, em menos de dois anos, levar sua firma medíocre, com capital de R$10 mil, inicialmente à condição de sócia de uma concessionária pública de telefonia, com um aporte de recursos de R$10 milhões - 520 vezes superior ao seu capital -, e, depois, também à condição de sócia de uma emissora de TV, com um acordo que a torna beneficiária direta de recursos vindos de patrocinadores governamentais. É o Governo que está dando dinheiro para a empresa que é sócia de Lula Filho na TV do Canal 21.

Sobre esse caso, merece registro o comentário do jornalista Josias de Souza, em seu blog de hoje. Ele diz: “O garoto de Lula achou a alternativa dele. Assim, deixem o Lulinha trabalhar... Afinal, alguém na família precisa mesmo contribuir para o crescimento do PIB”.

Aqui, está a reportagem na Folha de S.Paulo: “Publicidade oficial ajuda a bancar a TV do filho de Lula”. Aqui está, meus caros colegas Senadores, a manchete: “Verbas estatais ajudam a bancar o filho de Lula”. É essa a situação que vivemos.

A Drª Dilma Rousseff, que, aliás, tenho elogiado pela sua maneira de mandar - manda mais no Governo do que os Ministros, e isso é salutar; é preciso haver alguém que mande, já que o Presidente não manda em nada -, tenta explicar, mas não explica a situação grave que aconteceu.

Ora, Sr. Presidente, estamos cansados de, a cada dia, trazer duas, três, quatro denúncias. E, hoje, Sr. Presidente, estamos trazendo essa grave denúncia, para que o Líder do Governo, que acaba de chegar, possa defendê-lo. Posso repetir para V. Exª: trata-se do caso publicado - e V. Exª leu - do Lulinha com a TV 21. (Pausa.)

V. Exª prefere o silêncio. É melhor!

Mas, Sr. Presidente, é essa a situação que vivemos.

Se tratarmos da Codevasf - vamos sair do caso Lulinha, pois o Lulinha já está condenado, e todos aqui já sabem que ele participa da verba publicitária com a TV 21; o assunto está encerrado, todos já sabem -, vamos ver que a Codevasf, historicamente uma empresa executora de grandes projetos, vem-se transformando, no Governo de Lula, em mera intermediária de ONGs e financiadora de projetos políticos de seus dirigentes. Brevemente, virei à tribuna comprovar tudo isso numa hora própria. Antes de terminar o ano, venho aqui para mostrar tudo isso a V. Exª e ao Senado.

Dados demonstram que recursos destinados à revitalização do rio São Francisco estão sendo pulverizados em projetos diversos em prefeituras aliadas do Governo Federal.

Dados mostram que a Codevasf vem privilegiando a terra do Senador Heráclito Fortes, o Piauí, em detrimento dos Estados do Vale do São Francisco. Até mesmo para a construção de estradas piauienses, a Codevasf vem alocando recursos, algo que vem sendo contestado pelo Tribunal de Contas da União.

Não é à toa que, pela primeira vez, a Codevasf não conseguiu colocar em produção sequer um hectare irrigado no projeto do Vale do São Francisco. Isso foi perguntado ao Lula nos debates com o Sr. Geraldo Alckmin, e ele não respondeu. Não fez irrigação de um hectare no Vale do São Francisco.

Ah, Sr. Presidente, há muito que falar, mas citarei somente dois casos!

O primeiro é uma advertência. Quero advertir o Líder do Governo e, em particular, o Presidente Renan Calheiros e, na falta dos dois, o Vice-Presidente Tião Viana, que é, sem dúvida, das melhores figuras que esta Casa possui: vamos votar o Orçamento! Já que não podemos votar o Orçamento impositivo, que, pelo menos, não haja discriminação nas verbas dos Parlamentares da Câmara e do Senado. Coloquem no Orçamento: ou sejam pagas todas, ou nenhuma entre no Orçamento para não ser paga. Essa deve ser a posição nossa, da Oposição, da verdadeira Oposição, não daquela que fica conversando com o Presidente Lula para arrancar empregos ou outras coisas parecidas.

Fora daí, o que desejo é que seja votado o requerimento da Senadora Heloísa Helena, para que possamos resolver hoje o problema dos médicos residentes. Estou disposto, pela minha Comissão, a dar o parecer, na hora, em relação a todas as Comissões ou, então, a aceitar o relatório de outras Comissões mostrando a constitucionalidade da matéria. O que não podemos é deixar o Brasil sem o trabalho dos médicos residentes, que tanta falta fazem aos hospitais. São pessoas competentes e sérias que trabalham muito e ganham muito pouco. Está na hora de uma reabilitação, por menor que seja, do Congresso Nacional.

Peço a V. Exª, portanto, que faça chegar ao Presidente Renan Calheiros que é desejo do Senado votar hoje o requerimento da Senadora Heloísa Helena. Todos os Líderes o apóiam, e a Mesa também não poderá ser contrária.

Sendo assim, peço ao Dr. Carreiro, Secretário-Geral da Mesa, que prepare esse projeto, para que possamos, pelo menos, fazer justiça hoje aos médicos residentes do Brasil.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/11/2006 - Página 35878